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sábado, 3 de abril de 2021

As Acid Story Songs dos Beatles

Capítulo 26

Esta é minha saga 

O Universo das Canções dos Beatles

Todos os capítulos têm acesso neste LINK 

Quando pensei na ordem em que apesentaria as Acid Songs, fiquei tentado a escolher as 'viagens', por apresentarem canções mais retumbantes, mas depois achei melhor começar pelas 'histórias', principalmente porque duas delas iriam trazer esclarecimentos sobre o início das drogas na vida dos rapazes. Este 26° Capítulo descreve as 4 canções que contam histórias, veladas ou diretas sobre pessoas (ou coisas) que habitam no cenário da mente alterada

Como disse no Capítulo 25, de apresentação das Acid Songs, não há necessidade de 'pie charts', pois são apenas duas, pizza sem graça!! 

Vocês verão, nos relatos, que John e George foram os primeiros a viajar no ácido. Depois, foi Ringo, e bem por último, depois de resistir bastante, veio Paul. E ele foi ingênuo o suficiente pra contar para a imprensa, e levou uma carraspana dos demais por tanta sinceridade...

Então, vamos à tabela, com o trecho de letra selecionado como evidência (que será traduzido posteriormente), e ano e mês em que foram lançadas!! 

E aqui, um LINK, com o áudios correspondentes aos trechos das letras selecionados!

E abaixo da tabela, a descrição possível de cada uma!!! 



1. Dr. Robert (Revolver - 1966)   

John conta: 'Ele é um homem em quem pode confiar. Ele ajuda a todos que precisam, Ninguém é melhor do que Doutor Robert. Bem, bem, bem, você se sente bem. Bem, bem, bem, ele o ajudará'. Há algumas versões sobre a quem John se referia. Todas elas remetem a pessoas que os teriam introduzido no mundo das drogas. Seria um nome disfarçado para John Riley, um dentista na casa de quem John, Cynthia, George e Pattie foram, e que lhes teria oferecido café batizado com LSD. Porém, há três Robert's candidatos ao posto de inspirador, que poderiam ser a solução da equação: 1. Robert Freymann, um médico que prescrevia vitaminas e anfetaminas para o high society de New York. 2. Robert Fraser, dono de galeria que era conhecido como bom fornecedor de maconha e cocaína, ou 3. Robert Zimmerman, mais conhecido por Bob Dylan, que apresentara a maconha para eles, num evento que já comentei na introdução, e voltarei a falar na próxima canção. John nunca confirmou a quem ele se referia, então sempre ficaremos no terreno das hipóteses, mas, sim confirmou que era sobre 'sentir-se melhor sob o efeito de drogas'. Coisas como 'He helps you to understand' ou 'If you are down he'll pick you up' ou 'Take a drink from his special cup' não deixam dúvidas disso. Musicalmente, a canção é simples! Paul teria contribuído com a sessão 'Well, well, well, you're feeling fine'. 


2. Got to Get You Into My Life (Revolver - 1966)  

Paul conta: 'Você não fugiu, você não mentiu, você sabia que eu só queria te abraçar. E caso tivesse ido embora, você saberia a tempo, nós nos encontraríamos de novo, pois eu lhe disse: Oh, você foi feita para estar junto de mim, Oh, e eu quero que você me ouça dizer que estaremos juntos todos os dias. Preciso ter você em minha vida.''. Perceberam a declaração de amor eterno? Quem seria a felizarda a quem era dedicada essa canção, uma verdadeira Love Song? Jane Asher, sua namorada? Bem, não foi bem assim. Muitos anos depois, Paul contou a verdade: era a maconha 'marvada'!!! Pois é, vamos voltar ao encontro com Bob Dylan que, aliás, pensava que eles já estavam na onda, porque na canção I Wanna Hold Your Hand, eles berravam 'I get high, I get high, I get hiiiiigh'   hehe, na verdade, era 'I can't hide, I can't hide, I can't hiiiide'. Todos ficaram chapados, mas foi Paul quem descobriu o 'segredo do universo'. No meio da viagem, ele chamou Mal Evans, o roadie que sempre estava com eles, e pediu 'Tive uma revelação. Anota aí, Mal, pra eu não me esquecer: Existem 7 níveis!' Paul achou engraçado quando Mal lhe entregou o papel no dia seguinte, e não fez nada com a descoberta, mas, brincadeiras à parte, o fato é ela realmente se tornou companheira dele, tanto, tanto, que as ÚNICAS noites de sua vida de casado em que não passou com Linda foram no Japão, quando ele foi PRESO ao chegar no aeroporto, por porte de maconha. Quem estava por aqui na década de 1970 com idade suficiente para gostar de boa música, com certeza notou a excepcional versão desta canção beatle do Earth, Wind & Fire. Conheça ou relembre neste LINK.

3. Lucy in the Sky with Diamonds (Sgt. Pepper's - 1967) 

John conta: 'Flores de celofane amarelas e verdes elevadas sobre a sua cabeça. Procure pela garota com o sol em seus olhos e ela se foi... Lucy no céu com diamantes ... Lucy no céu com diamantes... Lucy no céu com diamantes''. Julian, em seus 4 aninhos, mostrou a seu pai um desenho que fez para sua amiguinha, e disse:
'It's Lucy ... in the Sky ... with Diamonds'
Só que o pai de Julian se chamava John Lennon e ele disse para si: 'Isso dá samba!'  Ele garante que não viu essas três  letras com o destaque que eu dei, mas o fato é que fez uma letra psicodélica, colorida, com citações que só com a mente alterada sairiam, coisas como 'cavalo de pau comendo torta de marshmallow', 'táxis-jornal aparecendo na praia', 'céus de marmelada', e claro, 'a garota com olhos vidrados' ('caleidoscope eyes'), que é como ficam os olhos da pessoa com LSD nas ideias. 
Bem, a contribuição de Paul na letra foram as frases das pontes: 'Cellophane flowers' e 'Newspaper taxis'. Tenha ou não a canção sido inspirada em drogas, a canção é linda, maravilhosa! A começar pelo riff de abertura num órgão tocado por Paul, que só tem o defeito ser tão curto, mas fica marcado de muito tempo em nossas mentes. A voz de John está especialmente trabalhada para conceder um clima etéreo. George confere um clima indiano ao arranjo com uma tambura duplicando a melodia de John nas pontes, não se esqueça de se arrepiar com a batida de Ringo anunciando o refrão e com a linha de baixo espetacular de Paul ao longo do refrão!! E mesmo com tudo isso, John ainda achou que a canção não teve o arranjo adequado!! Aqui, vale o mesmo da canção anterior. Não deixe de conhecer, ou relembrar, a espetacular versão que fez da canção o grande Elton John. Ele contou que queria gravar algo do amigo, e John reclamou que ninguém ainda se havia lembrado de Lucy! Elton aceitou! Que bom! A versão é longa, mais de 6 minutos, com um riff de entrada longo (que ótimo!) e, após uma rendição obediente à original, permite-se mudanças de ritmo, e mudanças de melodia que só acresceram ao conjunto. E até hoje eu me lembro do grito: 'Lucy, oh oh oh Lucy' paralelo ao refrão! Conheçam ou relembrem aqui, neste LINK.


4. Sun King (Abbey Road - 1969)   

John anuncia: 'Todo mundo está rindo! Todo mundo está feliz! Lá vem o Rei Sol! Cuando paramucho mi amore de felice corazón. Mundo paparazzi mi amore cicca ferdy parasol. Questo obrigado tantamucho que canite carousel' Resolvi não traduzir os três versos com sequências de palavras nas 'romance languages' como os de língua inglesa chamam os idiomas espanhol, italiano, e português, sim, 'obrigado' é a única lírica tupiniquim em toda carreira beatle! E o tal 'chica ferdy'  era uma expressão da cidade natal Liverpool, pra não dizer 'fuck-off'. Essas palavras assim jogadas, meio sem nexo, quase me fizeram classificá-la como Nonsense Song... mas preferi deixá-la por aqui mesmo, porque é um anúncio da chegada do Sol, como a luz, que abre a mente de quem recebe aquele incentivo lisérgico. Além disso, o clima da canção é etéreo, aquelas harmonias vocais triplas de John, Paul e George, levam a um estado de elevação, de sonho. Sun King é a segunda canção do magnífico medley do Lado B de Abbey Road, aparecendo lentamente após You Never Give Me Money, e terminando abruptamente para uma esplêndida bateria de Ringo, que introduz Mean Mr. Mustard, que por sua vez se une magistralmente a Polythene Pam. Aliás, resolvi deixar aqui o áudio dessas últimas três canções conectadas, como acontece no álbum. É só clicar neste LINK. Além dos quatro Beatles em seus instrumentos usuais, e também bongôs, pandeiros e maracas, George Martin toca um órgão, ótimo como sempre. Ah, importante, o título original da canção era Here Comes The Sun King, o que inspirou George a escrever a magnífica Here Comes The Sun, daí resolveram tirar o anúncio da chegada do Rei Sol do nome!

 

Próximo Capítulo

As Trip Acid Songs - São 5 - neste LINK


 

4 comentários:

  1. Viagens e "viagens" com incursões pesadas ao mundo das drogas. O talento não pereceu, mas a mudança no estilo musical é flagrante. E para nós, houve ganhos ou perdas?

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  2. Seu artigo é muito bom, como sempre. E nos leva a pensar. Eu penso que a história da menina Lucy é verdadeira. Se fosse apenas John dizendo que não perecebeu nada poderia ser mentirinha. Mas tem a confirmação de Julian que já até mostrou a foto do desenho que ele fez. Portanto não há porque insistir ser uma musica sobre drogas. Lucy significa muito para Julian. Ela faleceu cedo com Lupus e ele faz campanha de conscientização dessa doença. Foi ele quem deu o titulo Lucy in the sky with Diamonds para seu desenho. Ele não pensaria em drogas. Era um garotinho.
    A letra é psicodélica? Sim. Mas temos de lembrar da influencia que John recebeu de Lewis Caroll E seu Alice no Pais das Maravilhas. É uma história que poderia ser considerada psicodélica. Mas não havia LSD no tempo dele. A inspiração pode vir por drogas, mas geralmente não é assim. Claro que pode ter havido alguma influência, mnas não signfica de forma alguma ser uma apologia às drogas. Ele descreveu principalmente o desenho do seu filho.

    Busquei sobre a expressão olhos de caleidoscópio e vi algo surpreendente. Pelo que encontrei não existia essa expressão. Passaram a usa-la relacionada a LSD por causa da música! Devido ao erro de interpretação da música. Mas quando John a usou ela não tinha tal conotação e duvido muito mesmo que ele tenha dito na musica que uma menininha amiga de seu filho vivia drogada. Uma menina com olhos de caleidoscópio não significa que ela tinha tomado LSD de forma alguma.Lucy tinha quantos anos? Quatro anos? Ela não tomava LSD. Por isso seus olhos não são "vidrados". Caleidoscpópio não significa vidrado.

    Lembrei aqui de quando olhei num caleidoscópio pela primeira vez. Eu devia ter a idade de Lucy. Fiquei fascinada porque a cada mexida as figuras mudavam, tudo muito colorido...e as cores mudavam também. Portanto há uma teoria de alguém que gosta da música que olhos de caleidoscópio seria ver tudo ao nosso redor de formas diferentes. Ver o que está oculto. Ver as variedades de cores que nos rodeiam. Pode ser.
    Só que a música fala numa menina com olhos de caleidoscípio. Olhos que se parecem com caleidoscópios. Como eu disse antas, não são vidrados. O que podemos imaginar é que seus olhos mudam a cada vez que para ele olhamos. Olhos não mudam de forma...mas alguns mudam de cor. E alguns tem diversas cores. Os de minha mãe eram assim. Tinha cinza, amarelo, castanho e verde. E mudavam sempre de acordo com sua roupa e com o tempo. Muitas vezes prevalecia o amarelo. De repente estavam verde musgo...Outras vezes verdes azulados. Pode ser que Lucy tivesse olhos assim. Paul tem. O nome certo é Hazel.

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  3. Dpaula, concordo plenamente com suas colocações
    Homero, maus uma vez, excelente

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  4. E Dr Robert pode ser também...ninguém em especial. Pode não existir. Acho difícil ser Bob Dylan. O mais provavel mesmo seria o dentista porque de fato jogou LSD no café deles. Dizem que a reação de George foi incrível. Ele teria se apaixonado por todas as pessoas presentes. E como é possível que eu não me encontrava lá para ele se apaixonar por mim?

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