-

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Abbey Road - em Capítulos

Capítulo 47  LINK


De minha saga  

O Universo das Canções dos Beatles


Todos os Capítulos da Saga têm acesso neste LINK 


47.1 O Cenário, neste LINK


47.2 Os Assuntos, neste LINK


47.3 As Canções (4 análises prontas)


1. Come Together

https://blogdohomerix.blogspot.com/2021/04/come-together-agora-junto-mim.html

 

2. Something

https://blogdohomerix.blogspot.com/2021/04/something-in-way-she-wooes-me.html

 

3. Maxwell´s Silver Hammer

https://blogdohomerix.blogspot.com/2021/04/maxwells-silver-hammer-ah-paul-menino.html

 

 4. Oh! Darling

https://blogdohomerix.blogspot.com/2021/04/oh-darling-paul-cried-almost-died.html

 

5. Octopus´s Garden

 https://blogdohomerix.blogspot.com/2021/05/octopuss-garden-ringo-queria-fugir.html

 

6. I Want You (She´s So Heavy)

 https://blogdohomerix.blogspot.com/2021/05/i-want-you-shes-so-heavy-so-bad-driving.html

 

7. Here Comes the Sun

https://blogdohomerix.blogspot.com/2021/05/here-comes-sun-la-vem-ele.html 

 

8. Because

https://blogdohomerix.blogspot.com/2021/05/because-love-is-you.html 

 

You Never Give Me Your Money

 

Sun King

 

Mean Mr Mustard

 

Polythene Pam

 

She Came in Through the Bathroom Window

 

Golden Slumbers

 

Carry That Weight

 

The End

 

Her Majesty




Oh, Darling,! Paul cried, almost died!

 Esta é a 4ª canção do Lado A do LP Abbey Road

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 5 canções sobre Saudade, na classe Desespero

                                        as demais 4 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

4. Oh! Darling  (Dispair Miss Song by Paul McCartney)

Paul grita 'Quando você disse que não precisava mais de mim, bem, você sabe, eu me desmontei e quase morri! Oh! Querida, se você me deixar, eu nunca vou conseguir ficar sozinho' 

Paul diz que quase morreu quando ela disse que não precisava mais dele. Se eu tivesse que designar uma coisa só dessa canção, eu diria: O MAIS ESPETACULAR DESEMPENHO VOCAL DE TODA A CARREIRA, DURANTE E PÓS BEATLES! Paul conta que ia todo dia gravar sozinho até chegar ao vocal sujo que ele desejava para o caráter primal do grito. E disse que cinco anos antes, teria feito muito mais facilmente, certamente se referindo por exemplo a I'm Down e Long Tall Sally. Tem uma interpretação paralela, de que o recado seria direcionada a John, por causa das desavenças entre eles, como um apelo pra que tudo voltasse aos velhos tempos!!! E olha, aquela canção foi até um marco que poderia ser um sinal de que tudo continuaria bem. John, e também George e também Ringo se dedicaram bastante, como uma banda, e produziram espetaculares participações. 

A estrutura é simples, com dois versos, depois uma ponte para um terceiro verso, mais uma ponte para um verso final. Apenas duas rimas na canção, ambas envolvendo verbos, uma delas entre versos, note: no Verso 1, o primeiro pranto, ou pleito, ou súplica, que são muitos ao longo de toda a canção, diz "Oh, darling, please believe me" que rima com a primeira linha do Verso 2, que diz "Oh, darling, if you leave me". Depois, nas pontes (que têm letras idênticas), ele rima "cried" com "died". E só! No resto, o que se denota é a profusão de termos suplicantes, "beg", "please", "don't", só faltou o "bended knees" de outras canções pretéritas! Puro desespero, como classifiquei a canção. E, acompanhado de berros agudos, roucos, primais, como disse antes, faz com que o recado seja muito bem dado, a gente fica até com pena do rapaz.

O que se ouve na versão final é Paul ao piano, com George assumindo o baixo, John em sua guitarra e Ringo em sua bateria, e mais vocais de apoio sensacionais de John e George e Paul. Esse line-up foi definido logo cedo, desde as primeiras vezes em que veio ao mundo, nos estúdios de filmagem do Projeto Get Back, em janeiro, quando a canção foi ensaiada com a presença de todos. Quando Billy Preston chegou ao grupo, trazido por George em sua volta (ele havia abandonado os Beatles!), Paul chegou a assumir o seu tradicional baixo, mas voltou depois ao piano. Ao final daquele mês, que culminou no show do terraço, Oh! Darling ainda não estava ainda pronta e foi rejeitada para o projeto. Ouça neste LINK, que havia a segunda voz de John, e Paul falando algumas partes da letra, e uma jam ao final, com John celebrando o divórcio de Yoko. 

Nada do que se fez naqueles sete dias de janeiro foi considerado oficial, e Oh! Darling começou a ser gravada oficialmente em abril, já em Abbey Road, no dia 20. Foram 26 takes, com o último sendo a base para a versão final, mas veja aqui o Take 4, neste LINK, em que se ouve um vocal de Paul muito bom, mas ainda longe do que ouvimos no álbum, e também note o órgão de Billy Preston, que some na versão final. O take escolhido (26) já tinha o espetacular baixo anos 50 (tum tuuuum tuum tum tuuum), os acordes a cada dois tempos na guitarra de John, que acelera em subidas e descidas nos acordes das pontes, e um Ringo antenadíssimo, especialmente insano nas introduções das pontes, acompanhado de um orgulhoso Paul, ao piano! 
 
Àquela altura, ainda nem havia a decisão de se gravar um novo álbum, então apenas em 17 de julho, Oh! Darling voltou à baila, com a gravação dos backing vocals de John, Paul e George, note como começam em "uuuuuh"s e passam a "aaaaah"s no meio dos versos e somem nas pontes, para o esplendor da súplica berrada de Paul. Naquele mesmo dia 17, Paul chegou antes de todo mundo (ele morava a um quarteirão do estúdio) e começou sua batalha para atingir o vocal dos sonhos que ele queria.  Ele repetiria o movimento nos dias 18, 22 e 23, variando de configuração, sentado ou de pé, com ou sem fone de ouvido, com microfone de mão ou no pedestal, enfim, até que atingiu aquela pérola com que nos brindou. Ainda teve forças para dobrar os vocais nas pontes! 
 
John queria muito ter participado, mas era canção de Paul, era uma questão de honra para ele. Invejoso, John chegou a declarar que era uma ótima canção de Paul com um desempenho vocal abaixo do esperado. Sai pra lá, John! 
 
Em homenagem a Paul, vou fazer uma coisa que ainda não fiz, por temer que meu post seja proibido pela Apple. Eis aqui um LINK com a gravação de Oh! Darling original dos Beatles.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Maxwell´s Silver Hammer, ah Paul, menino mau!

Esta é a 3ª canção do Lado A do LP Abbey Road

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 7 canções com histórias engraçadas

                                        as demais 6 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

3. Maxwell´s Silver Hammer  (Funny Story Song by Paul McCartney)

Paul conta 'Posso levá-la ao cinema, Joan? Ela aceita e quando se apronta para ir, Maxwell chega à sua porta e 'Bang Bang, o martelo de prata de Maxwell atinge a cabeça dela, até ele ter a certeza de que ela está morta!' 

Caramba, Paul, what the hell? E tem mais, ele ainda vai à escola e a coisa se repete com a professora que lhe deu o castigo de escrever 50 vezes que não deve ser assim, e só depois o rapaz é preso, mas na hora do julgamento, aclamado por Rose e Vallery, repete a dose no juiz! Ah, Paul, mas que humor negro é esse?! Ah, eu gosto muito! E vou repetir aqui:

                D-I-V-E-R-T-I-D-Í-S-S-I-M-A!!!  

A estrutura da canção é composta de 3 Versos, um para cada martelada, cada um seguido por uma ponte, com letras diferentes, e depois o refrão "Bang! Bang! Maxwell's silver hammer came down upon her head. Bang! Bang! Maxwell's silver hammer made sure that she was dead" nos Versos 1 (Joan) e 2 (Professora) e trocando por "his/he" no Verso 3 (Juiz). Destaque-se o Paul de sempre em suas rimas internas ("Science in the home, Late nights all alone...", ("Teacher gets annoyed. Wishing to avoid ...", "So he waits behind, Writing fifty times" e "Maxwell stands alone, Painting testimonial pictures), e com a escolha de nomes dos personagens de sua historinha que se encaixassem no tema "Edison-Medicine", "phone -Joan", "Vallery-gallery". Isso, claro, além da multissilábica rima em "P.C. Thirty One, says 'we got a dirty one!'". Gênio, sem dúvida!

Musicalmente? Um Vaudeville (*) delicioso, estilo dos anos 1920! Mas sou minoria! Críticos arrasaram.... e os demais Beatles detestaram. É que foi muita insistência de Paul. Ele começou a compor em Rishikesh, pretendia que fosse pro Álbum Branco, não deu, tentou nas sessões em Twickenham, no Projeto Get Back, não deu, queria até que fosse single, não deu. Então, de Abbey Road, não escapava, mas ele infernizou a vida de George e Ringo até chegar ao ponto que queria, foram muuuitos takes! Interessante o som do martelo, que foi obtido por Mal Evans batendo numa bigorna! E o sintetizador Moog, já definitivamente na lista dos instrumentos preferidos pelos Beatles. 

Mas vamos a mais um pouco de 

detalhe sobre o tal 'inferno'. A coisa começou ok, em 3 de janeiro, num estúdio de filmagem (Twickenham), onde tudo era filmado, o projeto Get Back. Paul apresentou a canção ao piano, e ensaiaram 10 vezes, primeiro com Paul no baixo, depois George assumiu, passando Paul ao piano. Dia seguinte, além de George ensaiar um backing vocal, a novidade foi a bigorna que Mal Evans trouxe para ser martelada, sugestão de Paul, e o roadie assumiu o martelo, primeiro batalhando pra acertar as horas certas de martelar. Nesse dia, foram mais 18 ensaios. E num terceiro dia, vai contando, mais 13 ensaios. E o quarto dia foi o infausto 10 de janeiro, quando George se desentendeu com Paul e foi-se embora! Mesmo naquele climão, Paul botou os outros dois pra mais 4 ensaios, com direito a vocais irônicos de Paul e John, que certamente veremos na nova versão do filme que está pra sair neste ano. George voltaria 10 dias depois, com Billy Preston, que aparece na foto da bigorna acima. 

Pulemos 6 meses e algumas estações de metrô adiante, e encontremo-nos em Abbey Road, estúdios da EMI, no glorioso 9 de julho de 1969, e imaginemos Paul, George e Ringo ansiosos pela volta de John após 10 dias de molho por causa daquele acidente de carro que mencionei em Come Together! 

Pausa para um evento marcante 

John chega aparentemente bem, com Yoko, como sempre, mas ela está meio combalida, grávida de risco, e logo depois abrem-se as grandes portas do estúdio e quatro carregadores invadem, com uma cama hospitalar, com rodinhas, e logo chegam camareiras com lençóis, travesseiros e colchas, fazem a cama, e Yoko lá se instala. Imagine-se as bocas abertas de todos. John comanda a instalação de um microfone para o caso de Yoko participar (!!). Constrangimento geral. Essa pantomima se repetiria por muitos dias, com a cama viajando em suas rodinhas entre os estúdios 2 e 3, conforme fosse o estúdio onde John trabalharia. 

 Fim da pausa para um evento marcante 

John não participou das gravações naquele dia, aliás em nenhum outro da canção. Recusou-se a participar. Naquele famoso dia, Paul comandou 16 takes, na mesma configuração dos ensaios de seis meses antes, piano-baixo-bateria. Paul também gravou seu vocal, completo nos Versos 1 e 2, e incompleto no Verso 3, ainda sem letra definitiva (ouça neste LINK). Paul foi muito impositivo com Ringo e George nas sugestões de como queria os instrumentos em sua canção. Paul e George também tocaram guitarra, harmonizando conjuntamente, e cantaram os "tchutchururu" dos refrões. No dia seguinte, mais overdubs, incluindo agora a famosa bigorna e martelo, para serem tocados nos Bang-Bang's, desta vez, por Ringo. E também George Martin num órgão. E Paul e George nos backing vocals em falsete de "Mawxell must go free" do Verso 3, e chamando Ringo para o grave de "Maxwell hammer man". Paul fez arpejos ao piano que se ouvem antes do Verso 3, e finalmente acrescentou o vocal com as letras finais desse mesmo verso, o do julgamento. John ouvia aquilo tudo de longe, impassível, de um canto do estúdio.... Bem, se você pensa que acabou, está enganado! Um mês depois, Paul acrescentou o tal sintetizador Moog em diferentes modos, nos interlúdios instrumentais logo antes do verso 2, e ao longo deles, ao fundo, e próximo à conclusão, todas as inclusões com um efeito maravilhoso.

A canção fecha, com chave de ouro, um pentateuco de fofurice explícita de Paul McCartney, que embarcou nessa onda e surfou muito bem nela, gênio, sempre em homenagem às canções que seu pai colocava ele pra escutar, quando criança. Vejam quais foram, todas fofíssimas, e cliquem em seus nomes para mais detalhes: 

When I'm Sixty Four - Sgt.Pepper's Lonely Hearts Club Band - 1967

Your Mother Should Know - Magical Mistery Tour - 1967

Honey Pie - Álbum Branco - 1968

All Together Now - Yellow Submarine - 1969

Maxwell's Silver Hammer - Abbey Road - 1969 

Bem, gente, nada melhor do que esta animação (LINK) para contar a história que Paul contou!!

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Something in the way she wooes me

 Esta é a  canção do Lado A do LP Abbey Road

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 27 canções de Amor por Garotas

                                        as demais 26 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

2. Something  (Love Girl Song by George Harrison)

George se declara: "Alguma coisa em seu jeito de andar me atrai como nenhuma outra. Alguma coisa no jeito como ela me seduz. Eu não quero deixá-la agora. Você sabe o quanto eu acredito" 

O maior momento de George no disco Abbey Road veio logo na segunda canção e merece alguns parágrafos especiais e até uma digressão, afinal é o biggest moment de George em sua carreira Beatle. Trata-se de 'alguma coisa' especial, ou 'Something' special. Tão especial que mereceu um lançamento em Lado A de compacto Beatle, deixando a ótima 'Come Together' no Lado B, e John não reclamou nem um instante, e eu ainda soube recentemente que ele inclusive sugeriu que ela fosse o Lado A (Yoko contou para Olívia, as duas já viúvas). Foi a primeira e última ocorrência deste tipo na história dos Beatles. Trata-se de uma das mais regravadas canções Beatle (perdendo apenas para 'Yesterday'), inclusive pelo Rei Elvis e o grande Frank Sinatra. Este último elegeu 'Something' como a mais bela canção de amor de todos os tempos! E olha que o 'old blue eyes' entendia do assunto. E, cá entre nós, ela merece a alcunha:  Olha só o começo da canção 'Something in the way she moves attracts me like no other lover, something in the way she wooes me...' Eu me arrepio ao escrever este trecho da letra, aliás... 
 
Pausa para digressão anglo-linguística!
E reparou no último verbo, 'woo'? Tenho quase certeza que você não conhecia, mas nem precisa dicionário, precisa? '... alguma coisa no jeito que ela me uuuuuuseia'. Esta é uma beleza do idioma inglês: a facilidade com eles substantivam um som, e depois verbalizam, ou seja, colocam ação no substantivo resultante, é uma grandeza. Então, 'She made a woo sound to me!' se transforma rapidamente em 'She gave me a woo!' para logo depois virar 'She wooed me!'. Mágico! A tradução pra o português resulta em 'flertar'. Chega a ser sem graça!
Fim da digressão anglo-linguística!

E antes de passar à parte musical quero deixar bem clara minha classificação da canção como LOVE GIRL SONG! É George falando para Pattie, sua então esposa, e inspiração desde 1964. Eu fiz questão de capitalizar o assunto que defini, porque, à época o George estava numa de dizer que toda canção dele era falando com Deus, e disse que Something era uma delas. SAI PRA LÁ!! Vou destacar algumas partes da letra "the way SHE moves", "the way SHE wooes", "Somewhere in HER smile SHE knows", "Something in HER style", "I don't want to leave HER now""Something in the way SHE knows""And all I have to do is think of HER"Ora, vá plantar batatas! Quer me enganar que conversava com Deus? Acresça-se que as principais divindades indianas, que é onde ele se descobriu em 1966, Brahma, Vishnu, Krishna, e até mesmo Shiva, que tem uma aparência feminina, são masculinas. Sorry, George! Aliás, se fosse uma conversa com Deus, por que você aceitou fazer aquele filme promocional, lindo, com os quatros casais Beatles em ternas imagens, incluindo edição mostrando Pattie andando, Pattie olhando e Pattie sorrindo, enquanto você os verbos correspondentes na letra? Deixo o filmezinho aqui, neste LINK, pra vocês!
 
 
A melodia de 'Something' é linda, suave, triste, a gente se arrepia já na introdução, de bateria e guitarra, o solo de guitarra de George no meio da canção é o mais lindo da história do rock, e na hora da ponte "You're asking me will my love grow, I don't know, III don't know!', a bateria de Ringo é inesquecível. Ela já estava quase pronta em setembrode 1968, quando apareceu no estúdio assim como quem não queria nada, quando George a cantou para Chris Thomas, dedilhando seu começo no cravo que ele ia usar para Piggies e o engenheiro se impressionou, e sugeriu que gravasse aquela canção. George perguntou: 'Você acha boa mesmo?', veja só! E ele pensou em dar para um outro gravar, um certo Jackie Lomax, artista novo da Apple, mas ele escolheu outra, veja só! E ele a deu para Joe Cocker e ele aceitou mas, felizmente, atrasou o lançamento para o final do ano e nesse meio tempo, George finalmente ganhou confiança para gravá-la com os Beatles, e deu no que deu! Insegurança, teu nome é George Harrison! 
 
Depois daquela amostra ao cravo, ele escreve outro verso e a melodia da ponte, e a traz para as sessões do Projeto Get Back, em janeiro de 1969, e pede sugestões de letra, e John sugere as linhas que seriam a finalização de todos os versos: "I don't want to leave her now, You know I believe and how". Incrível, não? Bem poderia então ser uma Harrison/Lennon, mas não foi o caso. Apenas um mês depois, em 25 de fevereiro, ocorreu o primeiro dia oficial de gravação, no formato demo, apenas George e sua guitarra, várias, e também piano. Uma parte dessa sessão sobreviveu e foi lançada no Anthology 3, e deixo aqui o LINK pra vocês, principalmente para mostrar uma letra que não sobreviveu, que ele cantava na sessão solo. Em abril, houve uma sessão estranha, sem a presença de Ringo, Paul tocou bateria e John o baixo, foram 13 takes, todos jogados fora. Duas sessões jogadas fora, aliás, pois tudo começou de novo, do zero, em 2 de maio, e então foram 36 takes, o último válido, com a base com John ao Piano, George nas duas guitarras, Paul no baixo, e Ringo na bateria. Três dias depois,  a sessão foi no Olympics Studios, e foram somente dois overdubs, George na guitarra e Paul no baixo, mas num sentido inverso do que se espera na evolução de uma canção: ele passa de uma tocada mais burilada, para uma mais simples ao final, a pedido de George, que não queria porque não queria que o baixo tivesse destaque em sua canção. Coisas daquela época... 
 
Quase dois meses se passaram, e apenas nesse tempo foi decido que um novo álbum seria gravado. Dia 1 de julho recomeçaram as gravações, e no dia 11, Something estava de volta! George gravou seu vocal e Billy Preston aparceu para brilhar com seu órgão. Nesse ponto, decidiu-se que o piano de John seria eliminado da versão final. E ele não mais voltou. Não existe John em Something!! Paul gravou um piano depois. Após uma mixagem no começo de agosto, George percebeu que uma 'orquestrazinha' iria bem! Que bela decisão! Encomendou o arranjo a seu xará Martin e, no dia 15, aquele magnífico som veio ao mundo! E não só da canção de George, mas de outras quatro de Abbey Road, incluindo a outra dele, Here Comes The Sun.  E foi uma extensa sessão com muitas horas extras pagas aos músicos, e uma conjugação de armengues para fazer com o gravador de oito canais de um estúdio fosse conectado com o Estúdio 1, aquele enorme, que não dispunha do console! Calro que deu tudo certo. E decerto, Abbey Road é o álbum com mais participações orquestrais da carreira dos Beatles! 
 
Entretanto, o mais marcante dessa já marcante sessão, é que George resolveu refazer o seu solo, sim, aquele magnífico solo de guitarra, o mais fenomenal solo romântico da história do rock. Só que.... não havia mais espaço na fita. O último canal tinha que ser o mesmo da orquestra. Ele teria que tocá-lo ao vivo, e sem falhas, para não vazar sons indesejáveis para os outros microfones! Ao ser colocado sobre o problema, George não teve dúvidas: "I'll do it!". 
 
E olha o que ele fez, ouve o que ele fez, sente o que ele fez!!! 
Un parfait Gran Finale pour une Grand Chanson!! 
Enfim, uma grande bola dentro de George. A melhor de todas, em minha opinião! E o mundo assim o percebeu. George a tocou nos dois únicos shows que fez ao vivo em sua carreira solo, Concerto para Bangladesh, e Live in Japan, vocês podem encontrar facilmente. Deixo pra vocês a melhor interpretação da canção, em minha opinião, que foi no Concert for George, neste LINK. Não vou nem descrever, pra vocês sentirem a emoção, a entrada de Paul no ukulele, e depois o arranjo completo, com Eric Clapton cantando, e com Ringo na bateria!

Boleto Para Pasear

EU ainda acredito em CD's!!
Aliás, se não for na forma de CD, físico, você perde uma das coisas boas da vida, abrir um encarte e ler as informações disponibilizadas. E certamente, no presente caso, será lamentável não ter essa experiência!

Se você quer conhecer Beatles, claro que recomendo adquirir a coleção toda, afinal são só 15 CDs. Agora, se a coisa tá preta e o dinheirinho só dá pra um CD, também tenho a solução. 
Compre 12001
Sim, 1 é o nome de uma compilação com todos os sucessos que atingiram o nº 1 das paradas americanas ou britânicas, em compactos. Foram 27. 
Ele próprio, o CD 1, também atingiu o topo das paradas em todo o mundo e rapidamente, Aliás, garantiu mais três ‘Book of Guinness Record‘ para os Beatles : 
1 foi disco com vendas mais rápidas de toda a história, com 13,5 milhões de cópias vendidas em um único mês, ao redor do mundo;
1 fez os Beatles serem os artistas mais vendidos em 2001;
1 foi simplesmente o disco mais vendido da década (mais de 30 milhões) 
Claro que, apesar de já ter toda a obra, adquiri 1 e agradeci muito a decisão: o grande lance é o encarte! Nele, estão, entre outras coisas, as capas do compactos lançadas em vários países (infelizmente não nos brindaram com os lançamentos brasileiros). Muito legal é que, nos países de língua espanhola, eles tinham o estranho hábito de traduzir os títulos das músicas (era lei!). 
É im-pa-gá-vel! 
Em outras línguas, português, francês, até japonês, mantêm-se os nomes originais em inglês, no mínimo como referência. Solamente los hermanos los ponen solo en español!!  Bem, vou listar abaixo alguns deles, em ordem crescente de divertimento. Primeiro, os títulos das obras de Los Beatles, en español.
         Leiam e tentem entender do que se trata:


·         Socorro
·         Lluvia
·         Ocho Días A La Semana
·         Sally La Longa
·         No Puedes Hacer Eso
·         No Puede Comprarme Amor
·         Me Siento Bien
·         Todo Lo Que Necesitas Es Amor
·         Es Una Mujer
·         Um Camino Largo Y Sinuoso
·         Si, Esto Es
·         Vuelve 
·         Anochecer De Un Día Agitado
·         Quiero Coger Tu Mano
·         Por Ti, Tristeza
·         Nene, Eres Un Hombre Rico
·         Déjalo Ser
·         Podemos Solucionarlo
·         Vacación De Un Día
·         Novelista

E, para terminar com Chave de Ouro,
     

Boleto Para Pasear

        
Bem, agora, os títulos originais em inglês:

                        Divirtam-se!!!


·         Help
·         Rain
·         Eight Days A Week
·         Long Tall Sally
·         You Can’t Do That
·         Can’t Buy Me Love
·         I Feel Fine
·         All You Need Is Love
·         She’s A Woman
·         The Long And Winding Road
·         Yes, It Is
·         Get Back 
·         A Hard Day’s Night
·         I Want To Hold Your Hand
·         For You Blue
·         Baby, You’re A Rich Man
·         Let It Be
·         We Can Work It Out
·         Day Tripper
·         Paperback Writer

E, para terminar com Llave de Oro,

                     Ticket To Ride

terça-feira, 27 de abril de 2021

Come Together sobre John

Esta é a  canção do Lado A do LP Abbey Road

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 5 canções inspiradas em viagens alucinógenas

                                        as demais 4 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

1. Come Together  (Trip Acid Song by John Lennon)

John segue viajando: "Ele não usa nenhuma graxa no sapato, ele tem dedos de jogador de futebol, ele tem dedo de macaco, ele atira na coca cola, ele diz: 'eu o conheço, você me conhece'. Uma coisa que eu posso dizer pra você é que você tem que ser livre. Venha cá, agora mesmo junto a mim!." 

Você usaria estas características acima, e outras como, 'velho chato', 'cabelos até o joelho', 'botas de morsa', para a campanha política de um amigo? Acho que não, né? Mas foi por aí que veio a idéia do nome da canção. Timothy Leary, guru do LSD, pediu-lhe uma canção para impulsionar sua campanha contra o ator Ronald Reagan, a governador da Califórnia, que usava 'Come Together' como slogan. Ele nem disputou porque foi preso, por posse de drogas, e nem usou a demo que John compôs pra ele, rapidamente, durante o segundo Bed-in de John e Yoko, em Montreal. Depois, a letra evoluiu, e virou a canção de enorme sucesso, e Leary chegou a reclamar, educadamente, ainda da prisão, o crédito pelo uso do nome da campanha, mas John disse: "Amigo, eu sou um alfaiate. Você encomendou um terno e não veio buscar. Eu vendi pra outra pessoa!'. Grande John Lennon!

Dizem que a figura estragada, degringolada, que ele criou seria um autorretrato, conforme ele se sentia naqueles anos pesados nas drogas. Outros encontram um personagem para cada um dos 4 Versos. Pode ser! O Verso 1 poderia ser referência a Ringo, por causa do 'Got to be a joker', afinal ele era The Funny Beatle, e outras menos convincentes. O Verso 2 poderia ser a George por causa 'He got monkey finger' devido à sua habilidade na guitarra e do 'One thing I can tell you is you got to be free', que era um mantra de George, sempre incitando a ter a mente livre; o Verso 3, claramente autorreferência, por causa de 'Ono sideboard', Yoko sempre a seu lado e do 'Walrus gumboot', claro, pois 'John was the Walrus', e do 'Bag production', referência à sua conferência em Viena quando se apresentou com Yoko, cada um envolto por enorme saco, além de ser o nomeda produtora que ele e Yoko criaram (Bag Productions); e Verso 4, a Paul, principalmente por conta do 'Got to be good looking', ele que era conhecido como The Cute Beatle, e do 'He say one and one and one is three' por estar sempre querendo dar ideias e ensinar aos outros, a até do 'roller coaster', por causa de sua composição Helter Skelter. Há outras associações menos convicentes. Enfim, interpretações estão sempre à disposição! John não confirmou nenhuma delas.

As sessões de gravação começaram em 1 de julho, mas a segunda veio só 20 dias depois, pois John estava de molho, após acidente de carro com Yoko e crianças (Kyoko e Julian), ele chegou a levar 17 pontos, e Yoko, grávida, acabou perdendo mais um filho algum tempo depois. Registrada a ocorrência externa, note bem os instrumentos em Come Together: o baixo levemente distorcido de Paul na introdução e nos versos é inovador, a bateria de Ringo nos 'Shoot me' da introdução é inesquecível, e a guitarra de George no final com o duelo com a voz de John é arrebatadora. Além, claro, do vocal inspirado de John.  E de Paul nos backing vocalsO piano elétrico é de John, notável na sessão instrumental. Paul queria tocar, afinal era o melhor pianista do grupo, mas John disse: 'Desta vez, deixa comigo!' Paul ficou triste, chegou a sair do estúdio. 

Ela abre o LP Abbey Road e foi simultaneamente lançada em compacto com Duplo Lado A, junto com Something, de George, direto ao topo das paradas. Ao vivo, os Beatles nunca a tocaram, mas John sim, uma das pouquíssimas vezes (pouco passa dos dedos de uma mão!) em que ele tocou canções da epoca dos Beatles. Foi em New York, 1972. Veja aqui neste LINK. Michael Jackson e Aerosmith gravaram covers muito bons! 

John teve problemas com Come Together, pois foi acusado de plágio, de uma canção de Chuch Berry, 'You Can't Catch Me', de 1956. O detentor dos direitos o processou e ganhou. A melodia era parecida, e a primeira frase, 'He come old flat top', quase igual. Paul alertou, mas John insistiu. O pagamento foi que John gravasse três canções produzidas pelo mesmo sujeito, inclusivea canção objeto da ação, e lhe entregasse o resultado das vendas. Acho que ficou mais barato que os US$ 5 Milhões que George teve que pagar por My Sweet Lord. 

Finalizando, é muito triste ver uma banda com todos os seus instrumentistas e criadores no ápice de suas capacidades anunciar o seu fim após coisas como as citadas e as outras de seu último LP. 

Como triste ficou o mundo, 11 anos depois, quando um maluco atendeu ao chamado da introdução...

 Shoot me ... Shoot me ... Shoot me ... Shoot me ...

Abbey Road - The End - Em Capítulos

  Capítulo 47 


De minha saga  

O Universo das Canções dos Beatles


Todos os Capítulos têm acesso neste LINK 


47.1 O cenário para Abbey Road - O Último Disco

         Neste LINK


47.2 Os Assuntos de Abbey Road 

Neste LINK

 

47.3 As análises das 8 canções 'normais' do álbum.

Neste LINK


47.4 As análises das 9 canções do medley do álbum.

Neste LINK


47.5 Lançamento, Recepção e Legado

                                                         Neste LINK

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Os Assuntos de Abbey Road

   Capítulo 47 


De minha saga  

O Universo das Canções dos Beatles


Todos os Capítulos da saga têm acesso neste LINK 


47.1 Aqui, este LINK, um relato do que aconteceu entre dois álbuns.

47.2  Os Assuntos de Abbey Road 


Foram 17 as canções gravadas. 

Todas Lennon/McCartney, excetuando-se as destacadas

  1. Come Together
  2. Something (George Harrison)
  3. Maxwell´s Silver Hammer
  4. Oh! Darling
  5. Octopus´s Garden (Richard Starkey)
  6. I Want You (She´s So Heavy)
  7. Here Comes the Sun (George Harrison)
  8. Because
  9. You Never Give Me Your Money
  10. Sun King
  11. Mean Mr Mustard
  12. Polythene Pam
  13. She Came in Through the Bathroom Window
  14. Golden Slumbers
  15. Carry That Weight
  16. The End
  17. Her Majesty

 
Agora, vamos aos Assuntos!! O álbum segue a tendência, iniciad a em Rubber Soul e jamais seria abandonada, de ser predominantemente de Mind Songs 

Percebam a tabela abaixo. 



Mais detalhes sobre a divisão entre Heart & Mind Songs, aqui, neste LINK

Traduzindo...

São 5 canções falando ao  Coração
  • 4 sobre Garotas, sendo duas na Classe Amor, uma de Paquera e uma
  • 1 sobre Saudade, na Classe Desespero

São 12 canções que falam à Mente
  • 5 com Histórias, sendo 4 Engraçadas e um Conto
  • 4 com Discursos, sendo 2 a uma Pessoa, 1 a um Grupo e 1 ao Mundo
  • 2 com Drogas, sendo 1 História e uma Viagem
  • 1 sobre Si mesmo, na Classe Sonho

O Álbum Branco segue sendo o ÚNICO dos Beatles a ter canções em TODOS os 7 Assuntos em que este cronista dividiu o mundo da música, a saber, a saber, Girl, Miss, Story, Speech, Self, Acid e Nonsense!!  Em Abbey Road, falhou o Assunto Nonsense!


E atualizemos nosso gráfico Heart x Mind, que introduzimos em Sgt.Pepper's!

Após o CAMPEÃO das Mind Songs,  Magical Mistery Tour  

Abbey Road, segue sendo predominantemente Mind, mas o índice é o menor desde Revolver.

Veja o gráfico:




Os próximos índices de Heart Songs serão:
  • Let It Be tem 2 Heart Songs (20%, 2 em 10 + 1 Cover)
  • Past Masters #1 tem 11 Heart Songs (100%, 11 em 11 + 4 Covers)
  • Past Masters #2 tem 5 Heart Songs (38%, 5 em 13)
Lembrem-se que os Past Masters #1 e #2
são coletâneas de canções fora dos LPs

Abbey Road é, portanto, no trinômio Grupo / Assunto / Classe, um

71% Mind,
29% Story,
24% Funny Album!

Em termos de autoria, adotando o conceito de 'propriedade' do álbum, criado em Yellow Submarine,  Abbey Road é um álbum de Paul McCartney, pois fez 8 das 17 canções. As canções estão assim divididas!
  • Paul com 8 canções, sendo 3 com Histórias (duas engraçadas e um Conto), 3 com Discursos (duas a uma Pessoa  e uma ao Mundo), uma sobre Garotas na Classe DR e uma sobre Saudade, na Classe Desespero
  • John com 6 canções, sendo 2 com Histórias (ambas engraçadas), 2 sobre Drogas (uma Viagem e uma História), e 2 sobre Garotas (nas Classes Paquera e Amor)
  • George com 2 canções, sendo uma com Discurso (a um Grupo) e 1 sobre Garotas (de Amor)
  • Ringo trouxe uma canção sobre Si mesmo, descrevendo um Sonho

Na tabela abaixo, as evidências, nas letras, do porquê da classificação acima!





Próximos temas da análise de Abbey Road

47.3 As análises das 8 canções 'normais' do álbum.

47.4 As análises das 9 canções do medley do álbum. 
 
47.5 Lançamento, R.ecepção e Legado