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sexta-feira, 9 de abril de 2021

Revolution 9 - Vanguarda na Veia

Esta (quase) canção é a penúltima canção do Lado B do 2° LP do Álbum Branco

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 3 canções Nonsense

                                                   as demais duas canções de mesmo Assunto, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

29. Revolution 9 (Nonsense Song by John Lennon)

Ouve-se: "Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... Número 9... ''  
A canção (?!) tem muito mais letra que isso, mas é só isso que a gente lembra, fica na nossa mente, como um loop eterno. E tenho certeza que John (e Yoko) não queria passar nenhuma mensagem nessa colagem de sons, loops, barulhos, gritos, sussurros, lamentos, instrumentos musicais e de percussão, tiroteio, buzinas, sons de rádio, e de TV, e de peças de teatro, tudo o que encontrou nos arquivos da EMI, ele colocou tudo junto e misturado e ao mesmo tempo agora, dezenas de fontes de sons, em mais de 8 minutos de faixa, a maior da carreira Beatle. Era John fazendo vanguarda, música concreta, chame lá o como quiser. O que não dá é usar esse espaço todo e deixar de fora as ótimas Not Guilty, de George, e What's The New Mary Jane, do próprio John, ou mesmo Child of Nature, também de John. Essa é minha opinião! Paul também não ficou nada impressionado e tentou, como tentou, demover John dessa ideia, apesar de ter sido ele Paul, bem mais antenado na vanguarda londrina em sua vida de solteiro (vide Good Morning Good Morning), que apresentou Stockhausen e John Cage ao amigo, mas decerto que não era para colocar numa gravação beatle. John até queria lançá-la como single!! Aliás, deixo aqui, como ilustração, a própria explicação do autor:

Revolution 9 was an unconscious picture of what I actually think will happen when it happens; just like a drawing of a revolution. All the thing was made with loops. I had about 30 loops going, fed them onto one basic track. I was getting classical tapes, going upstairs and chopping them up, making it backwards and things like that, to get the sound effects. One thing was an engineer’s testing voice saying, ‘This is EMI test series number nine’. I just cut up whatever he said and I’d number nine it. Nine turned out to be my birthday and my lucky number and everything. I didn’t realise it: it was just so funny the voice saying, ‘number nine’; it was like a joke, bringing number nine into it all the time, that’s all it was. 


A voz do 'Number 9' é de um engenheiro da EMI fazendo teste de som, que John cortou e repetiu à exaustão. A razão do 9, é porque é importante na vida de John, nasceu num dia 9, morava num n° 9, de uma rua (Newcastle), num bairro (Wavertree), numa cidade (Liverpool) com nomes de 9 letras;  o álbum que gravavam era o número 9 na carreira deles em UK. John foi um Beatle durante 9 anos (de agosto de 1960, a criação do nome da banda a abril de 1970, o fim oficial da banda). Quer mais? O primeiro show no Cavern Club foi num dia 9 (fevereiro de 1961), Brian Epstein se encontrou com os Beatles, num dia 9 (novembro de 1961), o contrato com a EMI foi confirmado num dia 9 (maio de 1962), os Beatles conquistaram a América num dia 9 (fevereiro de 1964, Ed Sullivan Show), e John conheceu Yoko num dia 9 (novembro de 1966). Aliás, seu sobrenome tinha 6 letras, mas quando adotou, oficialmente, o sobrenome de Yoko, em 1960 e 9 (hehe), ficou Ono Lennon, que soma 9 letras. A coisa continuou no mundo pós-Beatles. Na carreira solo, ele faria uma linda canção #9 Dream, isso foi voluntário, mas continuavam as ocorrências, por exemplo, uma de nascimento, outra de morte: seu segundo filho Sean, com Yoko, nasceu num dia 9 (de outubro de 1975, o mesmo de seu 35° aniversário), e John foi assassinado às 22:30 horas de um dia 8, em Manhattan, New York, então naquele momento, em Liverpool, onde nasceu, já era um dia ... 9! Se quiser mais coincidências, outros nomes ligados a John tinham 9 letras: Manhattan, The Dakota (o edifício onde morreu), McCartney, assim como Sutcliffe, seu melhor amigo, morto antes do sucesso. Sabe o que tudo isso quer dizer? NADA, mas só sei que foi assim! E os Beatles embarcaram na onda, mesmo depois da passagem de John, e marcaram o aguardado lançamento dos remasters da carreira deles para o dia 9 de setembro de 2009, ou seja, 09/09/09! 


A origem foi uma canção que ele fez para o Álbum Branco, chamada Revolution, que ele terminava com uma Revolução de Sons, uma colagem que durava 6 minutos. O grupo resolveu separar as duas partes, acelerou a primeira para lançá-la em compacto, com Hey Jude, mudaram o nome da original para Revolution 1, e John estendeu a parte final para 8 minutos e nomeou-a Revolution 9, e as duas estão no LP, aliás, no mesmo e último lado do último LP. John tem frases faladas, especialmente o Allriiight Allriiight, George tem umas falas, e também Yoko, ficou notável o 'You become naked!'
 
Claro que não dá pra analisar estrutura, letras, rimas, não há versos ou pontes, mas até dá pra considerar os Number 9's como refrões! E dá pra analisar sessões, mas que não se espere nada como guitarras, pianos e baterias. Revolution 9 foi atacada em 4 sessões (não, não é um número divisor de 9), a primeira delas, num 6 de junho, onde Ringo e George invadiram a sala de tapes e escolheram aleatoriamente uma fita, de onde John ouviu e se apaixonou pelo Number 9 e levou para a 'canção'. Nos dias 10 e 11, mais tapes foram coletados e trabalhados por John e Yoko, pois Ringo e George estavam nos EUA, e Paul estava presente, neste último dia, mas dedicado à sua Blackbird. No dia 20, George estava de volta, gravou algumas falas, mas o grande astro foi John, em um dia jamais visto em Abbey Road. Todos os estúdios da EMI estavam sob o comando do Beatle. Dez gravadores com fitas carregadas e um técnico posicionado com um lápis em frente a cada um (sim, lembram-se do lápis para enrolar fitas cassette?), que o operavam sob o comando de John, sentado em frente à mesa de mixagem, escolhendo o que ele queria que ficasse gravado. Horas e mais horas nisso, e as horas avançando na madrugada, para não muita satisfação dos técnicos, mas John era um Beatle!! 
Podemos listar aqui alguns dos sons ouvidos em Revolution 9, graças a Mark Lewisohn, que foi fundo e foi aos tapes originais para saber os detalhes: trechos de A Day In The Life repetidos em sequência e tape loops de Tomorrow Never Knows tocados em reverso. Trechos de sinfonias de Beethoven, Schumann, Lizst, canções arábicas. Barulho de torcida, vidro quebrado, pratos de bateria, coros com violinos tocando em reverso, tiros, buzina, crianças, risadas dementes, uma verdadeira salada. E também John falando frases desconexas, em princípio, mas interessantes de se ouvir em sua voz alterada, como: "personality complex", 'onion soup", "economically viable", "industrial output,'", "financial imbalance", "the Watusi", "the twist", "Take this brother, may it serve you well.' E George em "Eldorado" e "There ain't no rule for the company freaks!". Além da já mencionada "You become naked!", de Yoko.
Ao vivo? Por incrível que pareça, sim!! The Analogues? Sim, claro, mas como não poderiam jamais fazer ao vivo, eles criaram um vídeo de suporte ao som. Ficou genial! Acho que conseguiram de vez em quando pegar o vídeo original do som. E, quem fala dubla os Numbernines são os membros da banda!! Aqui, nest LINK!!
Pra finalizar, deixo um desafio. Qual percentual de fãs dos Beatles, ao serem instados com a questão. 'Que música dos Beatles você quer ouvir?' responderia Revolution 9?

7 comentários:

  1. Francamente, Homero, duvido que alguém, talvez só a Yoko, escolhesse _Revolution 9_ como a canção favorita dos Beatles. Só gravaram porque já eram famosos e milionários, normalmente seria excluída do álbum. Só repetem o número *nove*, à exaustão.
    Pode-se ouvir na voz dos _covers The Analogues_.

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  2. Pois é Homerix, nunca tinha ouvido ou mesmo ouvido falar desta faixa Revolution 9. Estou resistindo a chamá-la de música, mas admito que pode ter sido precursora de um ALOK de hoje em dia. Mas como você diz, eles sempre gostaram de fazer experimentações.

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  3. Ñ sei se seria a minha predileta, mas como compositor erudito que tb sou, bacharel em composição erudita pela USP, sempre fui apaixonado por esta música. E qdo vi que rinha resenha sobre ela me interessei. É a sgunda resenha que leio, sua. Pra vc ver como me chama atenção. Muito obrigado pelas informações.

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  4. É uma "música" de vanguarda bem aos moldes da plastic ono band
    Talvez tenha sido até uma idéia de yoko. Eu gosto dessa faixa por ser tão diferente e se encaixar perfeitamente na diversidade das faixas do álbum branco... reflexo tbm talvez do uso da heroína...droga maldita!!!
    9 é "666"
    6+6+6=18
    1+8= 9
    Está no ocultismo...e os Beatles tiveram muita influência de ocultistas no final dos anos 60
    Talvez o final trágico da vida de John tenha a ver com a fixação pelo número 9..(numerologia é uma linguagem)
    Lennon aliás tomou 4 tiros e "4" é um número maldito

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  5. Quando Paul apresentou Stockhausen e John Cage a John era para usar em algumas musicas sim. Tanto que usaram em Tomorrow Never Knows de forma brilhante. É a melhor parte da música. Mas era para ser usada com sensibilidade. John não tinha talento para esse tipo de coisa. Era fantástico, maravilhoso, divinho..não para música de vanguarda. EStudei sobre esse tipo de música em 1963 no meu curso de normalista! Tinhamos uma matéria chamada "Apreciação Musical". Achei muito bacana.
    Paul levava jeito. Muito jeito. John não levava jeito muito menos Yoko. Isso foi comprovado nos albums que fizeram a seguir: Two Virgens e o outro. Life with the lions? Longe de ser pelo menos razoáveis. Yoko nada tem a ver com música. É apenas corajosa. Tem coragem de apresentar e gravar os piores sons...Diz que é vanguarda e tem pessoas que acreditam.
    Eu ouvi com atenção e vontade de gostar. De coração aberto. Não foi possível. E não é uma música dos Beatles. Foi colocada ali por insistencia de John que, pela primeira vez, não seguiu o acordo oral que tinham. Nada poderia ser feito se não houvesse concordância de todos. Paul discordou. Mesmo assim ela entrou. Então...não é dos Beatles. É uma faixa invasora no meu sentir. Claro que muitos podem gostar e achar que é dos Beatles. Para mim não é. Nada a ver com eles.
    Paul deve ter ficado até arrependido de ter falado sobre música de vanguarda com John. rs rs rs

    Agora um pouco de fantasia totalmente especulativa e provavemente sem sentido algum. A Revolution 1 no primeiro album lançado no Brasil estava impossivel de ser ouvida. Eu não sei até hoje o que aconteceu. Homero deve saber. Por favor, explique para nós. O que foi aquilo?
    Se bem que você deve ser mais jovem...Rapaz, eu comprei o album logo que saiu. Não dava para ouvir aquela música. Estragada. Não consigo entender como a Odeon lançou aquio e não viu que havia algo muito errado. Alguns fâs acharam que seria daquele jeito mesmo, que era loucura deles...mas que era legal! legal? Completamente desafinado. E as outras, se bem me lembro estavam um pouco desafinadas também. Não tanto, dava para ouvir. Good night estava desafinada. Isso bem no lado da Revolution 9. E eu brinco que foi alguma energia extremamente baixa da colagem, algo demoníaco que foi gravada e estragou o lado D. Eu cheguei a escrever para o serviço brasileiro da BBC perguntando ser era daquele jeito mesmo.
    A reposta foi que sim, que não era desafinado, era atonal...que era novidade dos Beatles...Claro que, morando em Londres, nem imaginavam como esetava a versão brasileira.
    Ninguém comentava na mídia. Mas então, dois anos depois, eu fui a Londres. Entrei numa loja de discos e pedi para ouvir o album branco...Tudo normal. Finalmente ouvi a Revolution 1 da forma correta. Comprei o álbum e mostrei a meus amigos quando cheguei de volta. Ficaram de queixo caido. O que fez com que a Odeon estragasse completamente aquela música e não se importou em lança-la?
    Minha resposta eu já dei. Algo das trevas impregnado na Revolution 9. Claro que pode não ser nada disso. Mas por via das dúvidas nunca mais ouvi aquilo. Eu, hein?


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  6. A estória é mais interessante do que a música

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