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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Elis e Eu, Eu e Elis

Olá! Caso se interesse pelo livro,
deixo aqui o Link Amazon 
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Uma falha de minha cobertura blogueira é falar pouco sobre um ídolo de minha infância, e depois da adolescência e depois da vida adulta e depois da memória eterna, pois ela morreu. Sou do tempo de 'O Fino da Bossa' e de outros programas noturnos da Record, e da Jovem Guarda aos domingos, da década de 1960, com que o público paulista era brindado... parece que o povo do Rio não ligava muito pra música, ficava meio ao largo dessa revolução, enfim. Até fiz um post sobre o ótimo filme que fizeram sobre ela, em que preservaram sua voz, ajudado na perfeita mímica da atriz, mas nunca dediquei umas palavras à maior cantora brasileira, ainda não superada.

O fato é que eu acompanhei os festivais, e vi aquele ventilador humano de cabelo comprido com fivelas, cantando 'ei, tem jangada no mar ... ei ei ei, hoje tem arrastão!", e via as maluquices de Jair Rodrigues com ela, tudo era muito sem LP em casa, mas com muita televisão, muito 'upa neguinho pra lá e pra cá', enfim, mas o primeiro disco que lembro de ter foi 'Ela', já em 1971, com a impressionante extensão vocal atestada em 'Black is Beautiful'... e mais tarde fui abençoado com a oportunidade de assistir a 'Falso Brilhante', no teatro, e acompanhei os 'fracos' compositores que ela lançava, ou promovia, como Edu Lobo, Marcos Valle, Belchior, João Bosco, Renato Teixeira, Ivan Lins, Milton Nascimento, Chico Buarque, Gilberto Gil, Tom Jobim ou, traduzindo, 'Arrastão', 'Eu Preciso Aprender A Ser Só ‘, 'Como Nossos Pais', 'O Bêbado e o Equilibrista', 'Romaria', 'Madalena', 'Maria, Maria', 'Atrás da Porta', 'Ladeira da Preguiça', 'Águas de Março' (na melhor versão de todos os tempos em dueto com o gênio),  coisa pouca, enfim, e falando em extensão vocal, não se pode esquecer de 'Para Lennon e McCartney', deixei o link aqui pra você, não deixe de ouvir, e por aí foi, até que me afastei um pouco, com a faculdade e ao começar minha vida profissional, a tragédia, que perda... não houve sucessora ... segue sendo a rainha!

Resultado de imagem para elis e eu"É naquele momento de tragédia nacional, e de como era sua aversão a drogas até pouco tempo antes, que João Marcello, filho dela com Ronaldo Bôscoli, começa seu livro 'Elis e Eu', onde ele se utiliza apenas de suas memórias, como filho de sua Mãe, com maiúscula mesmo, que é como ele sempre se refere na escrita, para ressaltar a super-Mãe que ela foi, também de outros dois filhos, Pedro e Maria Rita, do grande César Camargo Mariano. Foram muitos os momentos em que me emocionei, me arrepiei, e mesmo lacrimejei, ao longo das menos de 200 páginas do livro... a começar pelo prefácio, de Rita Lee que sempre agradeceu a Elis como a única do meio artístico a visitá-la, na cadeia, aonde estava, grávida, visita que João Marcello se lembra perfeitamente, pois foi com sua Mãe. Rita disse que se soubesse do estado de espírito do menino, teria levado ele pra criar...

Então, o que se lê são apenas as lembranças dele em seus 11 anos de vida com ela, sem consultas ou números da carreira, do pai ausente (na verdade, 'ausentado' pela Mãe por continuar tendo vida de solteiro, mesmo casado), do maravilhoso padrasto, da chegada dos irmãos, ambos queridos, das viagens para gravações, da relação com os instrumentistas, das lições que recebia da Mãe por ser tão sapeca.... a última delas, expulso de casa, tipo assim, dormindo em colchão no corredor, só entrando pra comer e tomar banho, por vários dias, por ter passado o fim de semana na casa de um vice-governador corrupto, mesmo com toda a recomendação que ela lhe dera. Caramba! E lembrou, claro, dos anos de chumbo, pois que eram monitorados pela ditadura! 

Descreve também o aumento gradual da admiração pela Elis, que foi aprimorada por testemunhar o respeito que as pessoas tinham por ela, a atenção que os instrumentistas lhe davam, os testemunhos de como sua voz não falhava, e depois o cortejo e comoção na época da grande perda, o que foi confirmado em sua vida de produtor, quando remasterizou quatro LP's dela e via que ela precisava de apenas  do primeiro take em 7 de cada 10 músicas, uma eficiência ímpar. E ele diz isso do alto de sua carreira de produtor (dono da Trama) que vendeu mais de 3 milhões de discos de seus artistas produzidos.

Leitura rápida, reveladora e tocante!

Recomendo!

  

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

1917 - Melhor Diretor, com certeza!

Alerta preliminar: usarei trema para sempre!
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Alerta 2: Outras NOVE resenhas e causos do Oscar, neste link
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Não começarei a falar do filme 1917, indicado a 10 Oscars este ano, sem antes relembrar meu leitor de uma técnica da qual já falei em diversos posts e que foi fundamental agora para fazer com que Sam Mendes o leve pra casa o Oscar de Melhor Diretor, desde já, meu favorito, ainda mais depois de levar o Directors Guild Award deste ano, escolhido que foi por seus colegas diretores!! Aliás, será seu segundo Oscar, depois de Beleza Americana, no começo do milênio!

E antes de falar de cinema, falo de TV porque no ano passado tivemos oportunidade de presenciar um ousado uso dessa técnica, num episódio da excepcional séria da Globo, 'Sob Pressão', e que os degradadores da emissora por motivos políticos que me perdoem, mas vão catar coquinhos, pois quando se trata de qualidade, a Globo brilha, intensamente!!

Então, já descobriram?

Trata-se do Plano-seqüência! Segundo essa ambiciosa técnica, cenas são filmadas sem cortes, com só uma câmera passeando por vários ambientes, por dois, cinco, dez, 20, 30 minutos sem sair de cima!!! Então, o que acontece, é praticamente um teatro filmado, com os atores, por vezes dezenas deles, executando seus papéis à perfeição, sob pena de ter-se que começar tudo de novo. E o câmera, esse tem que ser um astro!

Em 'Sob Pressão', o diretor encarregado do episódio, incrivelmente, foi seu protagonista, o ator Júlio Andrade, dos melhores de sua geração (conseguiu fazer os os papéis de Raul Seixas E Paulo Coelho!), agora também por trás da câmera. Eu assistia ao episódio em casa, quando percebi: 'Meu Deus, é um plano-seqüência!!!". E depois meu queixo caiu, durante 25 minutos (!!!), com a cena de um assalto ao hospital por um bandido ferido e armado, com direito a mudança de andar, perseguições, tiroteio, gente sendo atingida, sangue jorrando, e a médica grávida (perfeita Marjorie Estiano) sendo atropelada por uma maca... tudo concatenado!! Coisa de cinema!! Mesmo!!

Na tela grande, a técnica foi introduzida por Alfred Hitchcock em Festim Diabólico, em que a duração da cena era delimitada pelo tamanho do rolo de filme, que precisava ser trocado a cada 10 minutos, e foi aperfeiçoada ao longo das décadas. Gosto muito de mencionar 'Children of Hope' e 'O Segredo de Seus Olhos' e, mais recentemente 'O Retorno'. Links disponibilizados.

E finalmente vamos ao objeto deste post!

Em 1917, dois cabos ingleses recebem de um general numa trincheira a missão de levar uma ordem a um outro batalhão inglês em outra trincheira, para que não executem o ataque previsto aos alemães porque a aparente retirada dos hunos era na verdade uma armadilha, com o detalhe que para isso, eles teriam que passar à luz do dia pela Terra de Ninguém, como era conhecido o espaço entre trincheiras inimigas, o que significaria morte certa ou muito provável. Muy amigo esse general!

Resultado de imagem para 1917 filme
O filme é uma seqüência de planos-seqüências. Sam Mendes fala a famosa frase de diretor "CORTA!!" menos de 10 vezes!  Since inception, a cena Zero dura uns 15 minutos, com a convocação para a missão e seu começo, com a entrega de equipamentos para a missão, e passa pelas trincheiras inimigas, quando apenas então permite-se uma troca de câmera, quando a dupla adentra a um bunker inimigo (bem, talve haja um outro corte ali um pouco antes da convocação). Lá dentro, contracena-se com ratos (mas esses só podem ser computação gráfica),  e na saída eles seguem ao redor de carniça fétida, se ferem em arame, e depois até presenciam uma batalha aérea.... com desfecho impressionante! Bem, o clima é de tensão permanente, e o tempo passa muito rápido. Concentrem-se e admirem o trabalho do câmera, e claro, a fotografia, que contribuiu para o clima, em ambientes com níveis desafiadores de luminosidade. Aliás, espantem-se com as cenas noturnas. 

Um amigo meu disse ter ficado incomodado com os diálogos, por vezes fracos, até concordo, mas se os admite como um footage filler, como um comic relief, do jeito que dá pra ser em um filme tão tenso! Em minha opinião, entretanto, a primorosa técnica apresentada suplanta, e muito, essa eventual falha de roteiro. Até admito que prejudique a concessão a 1917 do Oscar de Melhor Filme, mas Melhor Diretor, não tenho dúvida!!

Embora os personagens não sejam reais, o roteiro foi feito como uma tradução das histórias que o diretor ouviu de seu avô, que realmente foi um mensageiro condecorado na Grande Guerra, que só passou a ser Primeira quando houve a Segunda. Também houve uma operação de retirada dissimulada dos alemães para atrair os ingleses, quando deixaram seus equipamentos de guerra destruídos, enfim, muito do que se vê no filme, aconteceu realmente!

Enfim, é isso! Oscar de Melhor Diretor garantido para Sam Mendes! Melhor Filme? Meu favorito ainda é Tarantino!

sábado, 18 de janeiro de 2020

Enfim está completa a Trilogia Escarlate! E ela tem QUATRO Livros!!!

ATENÇÃO -Cancelado o evento!
Renata avisará nova data!!!
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Ao amigo paulistano,
Família e comunidade,
Já começa o ano,
Com lançamento na cidade.

Passando só pra lembrar
Do acontecimento da hora!
Um livro de arrepiar
Fica completo agora!

É que Renata Ventura
Completou a trilogia
Em mais uma aventura,
Com realidade e magia.

É a segunda parte
Do terceiro livro da Saga,
Mais uma obra de arte
Que aos leitores afaga.

Fevereiro é o mês!
Domingo, dia dois.
Vem logo de uma vez!
Não deixe para depois.

Ela escreve com magia,
Mas não poupa a realidade
Dos problemas de hoje em dia.
Mete bronca com vontade!

No primeiro, a desigualdade,
No segundo, a repressão.
Emoção pra qualquer idade,
Mas prepare seu coração.

E na Região Amazônica,
No terceiro, ela se embrenha.
É forte sua crônica!
Merece sua resenha!

E vem tudo misturado
Com história, geografia
E a um folclore indomado
Que ela chama Mitologia.

E em meio a tudo isso,
Muitas mensagens boas,
Honrando seu compromisso
Em melhorar as pessoas!

Lá no evento estarão
Os três livros pra comprar.
Melhor preparar a mão,
Para na mão não ficar.

Poderia seguir rimando
Nessa ladainha sem igual,
Mas é melhor ir parando.
Fui! Ponto final.




segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Parque Lage inexplorado

Há quase 40 anos no Rio e 15 morando ali perto, e só hoje conheci mais a fundo o Parque Lage. Fomos eu, Neusa e Renata caminhar lá dentro. O sol não estava aquele maçarico do dia anterior e, na verdade, abaixo da mata, estão garantidos 7 graus a menos de temperatura (aprendi hoje essa quantificação). Boa caminhada, subidas e descidas, suor saudável, ótimo passeio!! Foi ótimo ir com Renata, que já explorou aquilo tudo, e até vislumbrou ali, no Castelinho, uma entrada para os alunos da Escola de Magia que existe logo ali, embaixo do Corcovado! Evitei ir de novo ao pequeno aquário e às grutas, com estalactites e estalagmites, que eu já conhecia, mas conheci outros pontos interessantes, como o poto dos namorados!

Não sabia que subindo alguns metros chegaria a ter esta visão da Lagoa, até uma nesga de mar dá pra ver, ali pelo meio, entre Ipanema e Leblon.

Passamos pela entrada da trilha que dá acesso ao Cristo, lá em cima do Corcovado, sim, uma caminhada de três (!!!) horas, que Renata já fez três (!!!) vezes. Talvez eu me arrisque algum dia.

Já chegando ao final, ali pro trás do Palácio, vimos algumas casas cor-de-rosa com algumas exposições de arte, mas o que mais nos alegrou foi conhecer um posto avançado do ICMBio, chamados que fomos por um dedicado Plínio. Aceitamos o convite, ele deu-nos uma espetacular explicação da história do Parque. Apenas desde 2004 ele faz para do parque Nacional da Tijuca. Plínio nos conta, já sob o bem-vindo ar condicionado dos splits recentemente instalados, que tudo aquilo que a gente vê de árvore é uma replantação. Na época da colônia, a floresta foi derrubada para uso do pau-brasil, depois virou tudo plantação de cana-de-açúcar e depois café. Foi D.Pedro II, mais uma pra conta dele, que decidiu reflorestar aquilo tudo em 1871, possibilitando essa maravilha de verde que temos hoje. Depois, nos colocou para vermos, sentadinhos, dois ótimos filmes sobre tudo aquilo num telão. Viram que foto linda, pensaram como eu poderia ter tirado esta foto de manhã? Não, sem milagres, foi a foto de uma foto, exposta ali no Instituto, que adorei. Impressionante a luz que emana do Cristo!

Ótimo programa, gente. Não deixem de ir. Se derem sore de encontrar Plínio, melhor ainda... ele fica lá de quarta a domingo!



sábado, 11 de janeiro de 2020

Adoráveis Mulheres

Alerta preliminar: usarei trema para sempre!
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Alerta 2: Outras NOVE resenhas e causos do Oscar, neste link
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Na cerimônia do Globo de Ouro, notei um filme com nome conhecido.

Era "Little Women", o qual concorria Saoirse Ronan, pronuncie como quiser, como Melhor Atriz Dramática. 

E por que eu já conhecia esse filme? Porque simplesmente é a sexta vez que ele é filmado! A primeira, lá na época do cinema mudo, em 1917, e a última em 1994, que tinha Winona Rider, antes da cleptomania, Christian Bale antes do Batman, Kirsten Dunst antes de Homem-Aranha e Clare Danes antes de Homeland, e Susan Sarandon, quando era muito ativa! Mais uma vez, o filme é baseado no livro de Louisa May Alcott, escritora americana do Século XIX. Adoro escrever em ROMANVS!

Saoirse faz Jo (sephine) March, uma de quatro irmãs, que vivem em Massachussets na época da Guerra da Secessão, e vivem aquele mundo feminino da época. Ela escreve, talvez um alter-ego da autora, o filme começa com ela em New York sozinha batalhando seus contos com um editor. Logo o filme se desdobra em dois planos: o presente, e o passado, de 7 anos antes, e vai passando de um para outro seeminglessly, ou seja, sem costura, sem anunciar, e a gente tem que descobrir em que plano se encontra a trama, e assim vai até que os 7 anos se passam, se se liga com o presente que a essa altura já está algum tempo à frente. 
Atualização: 
Já foi indicado a 6 Oscars, Incluindo Melhor Filme, mas passou em branco no Globo de Ouro, CCA, SAG e BAFTA

Registrem-se as presenças de Emma Watson, sim, a Hermione de Harry Potter, que cresceu a ponto de fazer um papel em que é mãe de dois filhos, e de Laura Dern, que faz a mãe das quatro "Adoráveis Mulheres" que é como o filme é visto aqui, e que ganhou todos o prêmios pré-Oscar por 'Uma História de Casamento'. Muito legal mesmo é a presença de Bob Odenlirk como o Papai Marsh, que lutava na Guerra ao lado de Lincoln, e volta no meio do filme. Eu digo legal porque estou assistindo a série "Better Call Saul", que é um spin-off da melhor série todos os tempos "Breaking Bad", e que é sensacional, tem o mesmo clima, mas menos violência!!! Ela é um Prequel e mostra a vida pregressa de Saul Goodman, antes de se tornar o advogado de porta de cadeia que brilha na série original, que foi ao ar de 2008 a 2013, e que não pode ficar de fora do cardápio de nenhum Serial Lovers.

Fomos eu, Neusa e Renata, e adoramos!!! Falta ver agora a versão de 1994!

Como ilustração de posts de cinema, eu costumo colocar o cartaz do filme, mas desta vez o faço com uma foto que tirei, após ver o filme, mas que vi um pouco antes. Achei estranho a censura classificar o filme como tendo 'Violência' e 'Consumo de Drogas Lícitas', mas fui ver, esperando encontrar a tal violência, mas o máximo que vi foi a HerMEGione torcer o pé! Drogas Lícitas? Sim, UMA cena em que um personagem aparece meio alto numa festa. Que absurdo!!!

Um mês profícuo

Dei uma passada no setor de estatísticas do blog e fiquei feliz com a fotografia dos acessos dos últimos 30 dias

São todos posts dos quais me orgulho!

Imiscuído ali no meio, está um post antigo, que aparece como 2018, mas na verdade é bem mais antigo, e  que não teve o meu 'incentivo' da divulgação! 

E é um que eu classifico de cultura inútil, que fala do Ano Bissexto, mais especificamente o famoso Ano 2000, que não deveria ser bissexto, por uma regra que eu sabia, mas que foi, por uma regra que eu não sabia!

Entrada Acessos Publicação
303
28 de dez. de 2019
262
   3 de jan. de 2020
250
   4 de jan. de 2020
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31 de dez. de 2019
132
21 de dez. de 2019
115
28 de fev. de 2018
96
   5 de jan. de 2020
77
19 de dez. de 2019
65
20 de ago. de 2018
34           

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

O Último Vice-Rei da Índia

Noutro dia, Renata me lembrou de um numeral incrível.

Sempre que penso em minha ascendência portuguesa-espanhola e semblante, em especial o nariz, lembro-me que não é à toa que os mouros estiveram na Europa por muito tempo, especialmente naquelas plagas, antes das Cruzadas, e tal, mas nunca me toquei na extensão do período, e é aí que entra Renata, espantada e me pergunta: 'Pai, você sabe quantos anos os mouros estiveram lá?', eu respondo 'Muitos!', e ela, com todas as sílabas e exclamações: 'OI-TO-CEN-TOS!!!". E eu pensei, gente, o Brasil tem 500 anos.... caraca!!!

Outro período enorme que me toquei recentemente foi o tempo de duração das colônias inglesas, em especial a indiana... foram 300 anos, ou seja 60% da existência do Brasil!! E eu soube deste número logo na abertura de 'O Último Vice-Rei', que vi na NetFlix, indicado por um amigo.
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Ótimo filme! Pra quem gosta de história, imperdível! Soube melhor sobre o episódio um pouco pelo filme Ghandi, de Richard Attenborough, e algo pela biografia de Churchill, que era contra a saída dos ingleses da Índia, por achar que os indiano não teriam condições de administrar o 'sub-continente'. Quando ele perdeu seu cargo de Primeiro Ministro (incrivelmente, aliás,  após ser um herói nacional da Segunda Guerra), o processo andou, e finalmente é enviado à Índia seu último Vice-Rei, que é quando começa o filme, aliás a primeira cena já é intrigante, com os preparativos para a limpeza do Palácio Real, uma cena com um serviçal dedicado a limpar um quadro, portanto um exército de serviçais sempre à disposição do man-in-charge, representante do Rei. Ao chegarem foram recepcionados pos 300 serviçais alinhado nos balcões da espetacular abóbada do Palácio. Aliás, o Palácio Real de Nova Delhi  dá de 10 no Palácio de Buckingham.... e nunca me esqueço da reação de Michelle Obama verificar a grandeza do palácio inglês comparada à Casa Branca. 

Dicky, o apelido caridoso de Lord Mountbatten, chegou para ser um Vice-Rei diferente dos demais, até pela sua missão de entregar o governo, mas se mostrou mais preocupado com o povo, assim como o foi sua mulher e também sua filha, que logo se misturaram à população e às crianças locais. Mas a batalha deles era seria muito desafiadora. Diferentes religiões se espalhavam pelo país, os hindus, os muçulmanos, os sikhs, aos milhões, aliás às centenas de milhões, e havia diferenças que só eram resolvidas na violência, massacres eram frequentes. E havia o pleito de separação, os muçulmanos queriam a criação de um novo país, o Paquistão, formado pelos estados que tinham maioria muçulmana, até aí, tudo bem, mas e aqueles estados em que eram o percentual era equilibrado? E as fronteiras do novo país?

Então são representadas as reuniões para discutir o futuro, Gandhi, que brigava por uma Índia Unificada, Nehru, seu companheiro de lutas, e Jinnah, o líder muçulmano, e, claro, o Vice-Rei, momentos históricos, acordos escondidos, intrigas, muito elucidativo. 

Em paralelo, corre uma história fictícia sobre um guarda hindu que namora uma muçulmana, que poderia representar uma situação comum de conflito racial, as dores da separação. Notável a cena da hora em que os serviçais do palácio ficam na Índia ou vão para o Paquistão.

A destacar-se a semelhança dos principais personagens, à exceção do personagem título!! Melhor seria utilizarem o ator que fez seu papel na séria The Crown, mais longilíneo menos fofinho. Pudemos ver nas cenas ao longo dos créditos finais, a mulher, a filha, muito parecidas, Gandhi, Nehru e Jinnah, muito parecidos, foi um ótimo casting.

Um filme para se ficar pensando depois....


domingo, 5 de janeiro de 2020

Globo de Ouro 2020

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No último domingo, anunciei aos quatro ventos: 

Estou bem na foto do Globo de Ouro, hoje, 21:00 no TNT!  
Fiz resenhas para seis filmes candidatos!

Era mais para avisar a galera para a premiação!

Após a cerimônia ....

Começou com o tapete vermelho, a destacar a qualidade dos entrevistadores, que sabiam tudo sobre os filmes e especialmente as séries que haviam levado os entrevistados a estarem lá. A destacar a entrevista do Fernando Meirelles, que se declarou um peixe fora d'água no meio de tantas celebridades e tanto glamour. Mas ele estava lá, né, por causa de Dois Papas, que dirigiu muito bem! E ele contou que não sabia se os Papas haviam visto o filme, apenas sabe que Francisco tem um DVD, com legendas em espanhol, porque um cardeal de Gana, amigo dele, pediu, mas não sabe se ele viu! E complementou com o encontro que teve com ele, mas daquele jeito da oriental que recebeu uns tapinhas, por trás de uma cerca, ele diz que falou para o Papa que estava fazendo um filme sobre ele, mas Francisco não entendeu, e ficou como se ele tivesse dito que estava fazendo um filme sobre cenouras.

Bem, aos resultados!!! Antes disso, melhor ressaltar a classificação que os organizadores fazem. Há os Dramas e os 'Musicais/Comédias', e há 5 candidatos para Dramas e para Não-Dramas, nas categorias Filme, Ator e Atriz, portanto há 10 filmes, 10 atores e 10 atrizes concorrendo nessa categorias. Já as demais, como Diretor, Roteiro, Ator/Atriz coadjuvante, Música, Trilha Sonora, têm apenas 5 Indicados. Portanto, os vencedores destas últimas são mais bem cotados. Ser o vencedor do Globo de Ouro de Ator, ou seja UM entre DEZ, tem menos peso do que o Globo de Ouro de Roteiro, que é UM entre CINCO. Portanto, o melhor roteirista tem melhor chance de estar entre os indicados para o Oscar do que o Melhor Ator. Repare que preferi chamar como 'Não-Drama', porque fica difícil classificar 'Era Uma Vez em Hollywood' como Comédia, como neste ano.

Começando pelos filmes que resenhei, cujas resenhas podem ser acessadas nos respectivos nomes!!!

Era Uma Vez em Hollywood    
    (Concorreu a Melhor Não-Drama, Diretor, Roteiro, Ator e Ator Coadjuvante)
Foi o grande campeão da noite, levou três pra casa, Melhor Não-Drama, Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante. Roteiro, claro, do genial Quentin Tarantino, destaque para o discurso dele, '... fica difícil agradecer a alguém pelo prêmio de Roteirista, porque, na verdade, eu apenas preciso agradecer tão somente a mim" ... mas ele não deixou de enaltecer Di Caprio e Brad Pitt, este último, aliás, o coadjuvante que levou o Globo de Ouro, imerecido, na minha opinião, competindo com o Anthony Hopkins, o Papa Bento, o único que vi dentre os candidatos, não tinha a menor condição de ganhar. E acho que Al Pacino e Jon Pesci devem ter ficado meio indignados, os dois de 'O Irlandês'. Tom Hanks, que também concorria por um filme que não passou aqui, não deve ter nem ligado, afinal, ganhou um Globo de Ouro especial pela carreira, e fez um looongo discurso, em que chorou algumas vezes, falando sobre a carreira de ator.

Dois Papas    
    (Concorreu a Melhor Drama, Roteiro e Ator - Jonathan Price)

Não ganhou nada. Como disse ali em cima, se o prêmio de Melhor Ator estava garantido para Joaquin Phoenix, então as chances de Jonathan Pryce eram mínimas, minha aposta era, claro, para o Papa Bento de Anthony Hopkins. Não deu! Fiquei feliz na entrevista de Francisco para a TNT declarando que Fernando Meirelles foi um dos melhores diretores com que trabalhou!

    (Concorreu a Melhor Drama, Diretor, Roteiro, 
      Ator - Adam Driver, Atriz - Scarlett Johanson, Atriz Coadjuvante - Laura Dern)
Laura Dern, espetacular como a advogada de Nicole, levou o Globo de Ouro pra casa, seu quarto prêmio (!!) em sete indicações (!!!!), batendo Annette Benning, Kathy Bates, entre outras. O Ator Principal Adam Driver, o Charlie, ou qualquer outro, perderia para o Coringa de Joaquin Phoenix, mas eu tinha esperança que a Atriz Principal Scarlett Johanson levasse, apesar de ter lido que a favorita era Renée Zelweger, em 'Judy', que realmente acabou levando. Tenho esperança ainda que seja, primeiro, indicada ao Oscar (a briga é dura, são só 5, e tal) e, depois, que leve a estatueta. O mesmo digo para Adam Driver. Os dois estão espetaculares!!!
Parasita    
    (Concorreu a Melhor Filme Estrangeiro, Diretor - Bong Jun Ho, Roteiro)
Ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, que é o máximo que os produtores esperavam. Concorreram com Almodóvar ("Dor e Glória") e com a chinês "The Farewell", que emplacou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Não-Dramas, que foi para a  chinesa Awkwafina, sim, isso mesmo!
Coringa 
    (Concorreu a Melhor Drama, Diretor - Todd Philips, Roteiro, Ator)
Confirmada a pule de 10, Globo de Ouro de Melhor Ator Joaquin Phoenix, como previsto por 9 entre 10 analistas, verdadeiramente imbatível. E levou também o Globo de Ouro de Melhor Trilha Sonora, intensa, densa, que, aliás, havia destacado em minha resenha!

RocketMan (apenas resenhei no Facebook, esqueci de produzir no blog, shit)
     (Concorreu a Melhor Não-Drama, Ator - Taron Egerton, Canção Original)
Ganhou Melhor Ator em Não-Drama e Melhor Canção Original. Foi ótimo ver Elton John feliz, aliás, ele concorreu não com Rocket Man ou com o monte de sucessos dele que tocam no filme, pois isso não qualifica para Melhor Canção, mas sim pela inédita que compôs "I'm Gonna Love Me Again", e que é linda!! O ator que fez Elton magnificamente no filme, o jovem Taron Egerton, decerto melhor que Leo Di Caprio, o único concorrente que vi. Taron surgiu para o grande público em Kingsman, ótimo filme de espionagem, e surpreendeu como cantor, e vem dando canjas nos shows do último ano da carreira do astro.
Rei Leão    
    (Concorreu a Melhor Animação)
Não levou, mas foi ótimo ver a cara da produtora da animação vencedora quando foi anunciado seu filme 'Link Perdido', que ela não via com a menor chance frente à espetacular refilmagem de 'Rei Leão', ao segundo filme de 'Frozen', o terceiro de 'Como Treinar Seu Dragão' e o quarto de 'Toy  Story'. A boca dela ficou aberta desde que levantou da mesa até o fim do discurso de seu parceiro produtor.

O Irlandês, o único que queria ver e não vi, portanto não resenhei e até lamentei que iria levar uns prêmios dos meus resenhados.... qual nada!!!
NÃO LEVOU NADAAAA! Nem Melhor Drama, nem Melhor Diretor (Martin Scorcese), nem Melhor Ator Coadjuvante (Al Pacino e Joe Pesci), nem Melhor Roteiro, nada, nada, nada! Foi triste ver aquela mesa cheia de astros, com os semblantes sérios, emburrados, anúncio após anúncio. Nçao levaram nenhuma estatueta pra casa. 
COM CERTEZA PORQUE EU NÃO VI, NEM RESENHEI!!! 
hehehe claro que também houve Dois Papas, que eu vi,resenhei e nada levou, mas não podia perder a piada!!!

Há um zum-zum-zum na roda dizendo que foi um complô contra a NetFlix, que tinha 3 candidadtos a melhor drama, e um da grande indústria levou!! Enfim, a conferir no Oscar!!!

Ah, e tem também outro campeão da noite mas esse ninguém viu

1917,um filme sobre a Primeira Grande Guerra, que levou o Globo de Ouro de Melhor Drama e de Melhor Diretor, Sam Mendes, que deixou Martin Scorcese severamente frustrado. 

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E tem ainda as séries, minisséries, filmes para a TV, que o Globo de Ouro premia!!!


Dentre as que vi, Chernobyl ganhou o Globo de Ouro de Melhor Minissérie, não fiz resenha mas chamei direto no Facebook, e todos que atenderam a meu chamado me agradeceram depois. Espetacular, perfeita em todos os sentidos, levou ainda o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em minisséries, com Stellan Skarsgård, isso mesmo com bolinha em cima do 'a' e tudo, como o representante do governo soviético nas investigações do acidente. Conhecemos o ator como o cientista maluco de 'Thor'.

Minha querida The Crown, magnífica, que concorreu a Melhor Série de Drama, não levou, nem como Melhor Atriz em Série de Drama, com Olívia Coleman, ótima como Rainha da Inglaterra, nem como Melhor Ator Coadjuvante, com o ator que faz o Príncipe Phillip. Mas não posso verificar a justeza pois não vi nenhum dos outros candidatos.


Minha querida O Método Kozinski, magnífica, que concorreu a Melhor Série de Não-Drama, não levou, nem como Melhor Ator em Série de Não-Drama, com Michael Douglas, nem como Melhor Ator Coadjuvante, o sempre ótimo Alan Arkin. Da mesma forma, não posso verificar a justeza pois não vi nenhum dos outros candidatos.

E PARA FINALIZAR, DEIXO COM VOCÊS O MELHOR DISCURSO DA NOITE

NÃO DEIXE DE VER ELLEN DEGENERES AGRADECENDO SEU PRÊMIO ESPECIAL CAROL BURNETT, PELA CARREIRA.

LEMBRE-SE QUE ELA É LÉSBICA ASSUMIDA, SOFREU PRECONCEITO MAS GANHOU UM TALK SHOW QUE É SUCESSO HÁ 17 ANOS!  O 'MARIDO' DELA ESTAVA LÁ. 

MUITO ENGRAÇADO!!

OFEREÇO AQUI O LINK!

Não é  o discurso inteiro mas é a melhor parte!

O Castelo?

Olá! Caso se interesse pelo livro,
deixo aqui o Link Amazon 
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O que sabemos do Castelo?
Sabemos que se encontra numa colina.
E que há uma vila 
A vila é submetida ao comando do Castelo.
Sabemos que contratou K.
E que K. é um agrimensor!
E que lhe dão assistentes...
... que nada sabem de agrimensura
E que há a Pousada da Ponte
E que há a Pousada do Castelo.
E há um senhorio e a senhoria.
E a garçonete...
E as camareiras...
E o Mensageiro ... e suas irmãs
E a brigada de bombeiros
E os secretários do Castelo
E o Sapateiro
E o Professor
E o Prefeito
... que conta a K. que seu serviço não é necessário.
E há os Senhores do Castelo
E os secretários dos Senhores do Castelo
E os assistentes dos secretários dos Senhores do Castelo
E há processos...
E há vestidos...
E há KLAMM!!!!
E a amante de KLAMM!!
Quem será KLAMM!!

E ... como será 'O Castelo'


Resultado de imagem para box kafka casteloTudo isso compõe um clássico de Franz Kafka, 'O Castelo', o terceiro livro que leio do autor boêmio, contemporâneo de Mário de Andrade e de Fernando Pessoa, que completam a tríade responsável pelas 3 caixas que comprei na última Bienal. 'O Castelo' é o terceiro livro que leio da Kaixa (a caixa de Kafka), após 'O Processo' e 'A Metamorfose', resenhas disponíveis nos títulos.

É o último livro escrito por ele, aliás, inacabado, e publicado à sua revelia. Seu agente conta que Kafka rejeitou a obra antes de morrer, em 1926, de tuberculose. Felizmente, seu agente a publicou, e o livro termina 'mid-sentence', gostei da expressão. Felizmente porque retrata a dificuldade que sempre é, até hoje, adentrar aos meandros da burocracia do serviço público, das instituições estatais. 

O livro é angustiante, aliás, esta parece ser uma constante da obra de Kafka, que aliás, sucitou a criação do adjetivo 'kafkiano'.

Mais um clássico pra lista!!! Mas ainda longe de um mínimo necessário....

Mas sigo!!