Com que, então, eu lia Os Lusíadas e me encantei com a métrica de Luís de Camões, ao contar sobre a épica viagem de Vasco da Gama, rumo às Índias.
Bela hora, resolvi contar as estrofes (sonetos) à medida que iam entrando!
E o número atual está lá em cima, à direita!
Homerix |
Oswaldo |
Falabella |
3
5
Quando de tarde sentar-me ao notebook,
9
Que belo anglicismo, ó amigo Oswaldo,
Em prol do conhecimento geral,
12
Gaspar foi um grande aventureiro
De D. Manuel fez-se amigo e paladino
Vasco da Gama conheceu-o por primeiro
Lá nas Índias onde um trágico destino
O havia abandonado sem dinheiro
E trouxe-o para a Corte. Fez-se fino.
Elegante, sagaz e ambicioso,
Conquistou D. Manuel, O Venturoso
14
O Rei, entusiasmado e mui atento
Deu-lhe o comando de uma naveta crucial
Responsável pelo provisionamento
Das caravelas da esquadra de Cabral
E então, à procura de bom vento
Afastaram-se da rota original
E Gaspar, deserdado no Oriente
Veio parar em um outro continente
Eis que chega então um bravo guerreiro,
Aliando sua alma brincalhona
Em prol da flor do lácio inculta e bela.
Seja bem-vindo, ó nobre Falabella!
17
Bem me lembro o como o conheci,
Do momento em que me vi felizardo,
Quando"Falabella!", feliz, ouvi.
Para todos, foi como um petardo!
Que breve decepção então senti!
Não era o Miguel, mas o Eduardo!
Porém, logo, gargalhada emergiu,
Com a classe da pessoa gentil!
Nada disso, ilibado trovador!
Mas jovem era o poeta aposto,
Na mosca, caro Homero, acertaste
25
26
O poeta morreu, sim, muito novo
27
Apôs mais cantos da terra natal.
28
Agora noto que nosso duelo
Bem se expande de maneira expedita
Pois que encontra registro paralelo
No espetacular Palavra Escrita!
Seja bem-vindo, ó blog mais que belo,
Teu par, chamado Homerix, felicita!
Que teu poder bem profundo se finque
Para o efeito, aqui aponho o link:
https://obpereira.blogspot.com/2020/05/duelo-num-oasis.html
Ainda a rir contigo, Falabella,
32
Elogie-se do poeta o afinco
Estrofes bem montadas, mais de 1000,
Se há um problema que se apresente
35
É Três, Três, Quatro ou Quatro, Dois, Quatro
De cravar o número 40
Acordei bem cedo e inda estou
Com a mente ensonada e desatenta
Se conseguir será um belo show
Caso eu falhe, a pergunta se apresenta
Quem será o vencedor desta querela
O amigo Homerix? Ou o Falabella?
Corações e mentes em desatino.
Lennon nasceu em bombardeio insano
Pois Liverpool era sempre destino
Da mira do incomparável tirano,
Que brilhava também o céu londrino.
Mas lá vivia célebre comandante
Que viraria o jogo mais adiante!!
55
62
63
Vamos a eles...
69
Venci, Camões, teu épico poema.
Acabei Os Lusíadas admirando
Tua sapiência enorme, extrema
Pois que em 8 mil linhas versando,
Descreveste mais que o básico tema,
Além da linda história lusitana,
Geografia bem além da Taprobana.
Deidades mitológicas romanas,
Bem ardilosas, influenciando
Movimentos e decisões humanas,
E o clima e os ventos alterando,
Transtornando as idéias capitanas.
Como acontece em muita epopéia,
Aprendi ao ler a ‘minha’ Odisséia.
Termos, nomes, notas de rodapé,
Mas em breve foram escasseando,
Quando mais me parecia um banzé.
Às vezes me sentia afundando
Até quase não me dar mais o pé.
Na moral, toda estrofe requeria
Um bom parágrafo de tutoria!!
Entendendo, sim, bem menos que tudo.
Muitas coisas, nomes que nunca ouvi,
Tive que, solene, pular, contudo,
Não cheguei cogitar haraquiri
Por não contar com saber tão agudo.
Compreendia, sim, o sentido geral,
E lá cheguei, muito bem, ao final.
Que singrou dois oceanos em busca
De aventura, riquezas mil e fama.
Porém, o deus Baco sempre lhe ofusca
Os movimentos, tornando-os drama,
De forma sempre reles e brusca.
Baco quer evitar novas quimeras
A ofuscar outras de priscas eras.
Com Vênus, que em toda sabedoria,
Convence Júpiter, seu pai amado,
Que o bom lusitano, sim, merecia
Sucesso pleno a ele destinado.
Todas tramas de Baco desfazia,
Quer lhe contando das vis traições,
Quer dissipando enormes furacões.
No primeiro, vem a Proposição.
Com a apresentação dos heróis e lema.
Em seguida, vem a Invocação
Das ninfas do Tejo, força suprema.
E a Dedicatória ao Rei Dom Sebastião.
Só então a Narração se inicia.
São mais de 1000 oitavas de porfia.
O estilo do poeta em sua dança
Pois que começa bem após dobrar
O austral Cabo da Boa Esperança.
E depois de intensamente lutar
Com vários nativos de má lembrança,
Só então, as naus aportam no Quênia.
Em Melinde, eles recebem a vênia.
Pelo curioso soberano local.
E Vasco da Gama conta, de bom grado,
A famosa história de Portugal.
Reis e rainhas, reinado a reinado,
De conquistas, ditoso manancial,
Lutas contra Mouros e Castelanos
Até começar a navegar oceanos.
Da desventura de Pedro Primeiro
Que teve executada sua amante
Inês de Castro, amor belo e fruteiro,
E seu cadáver coroou, galante,
Um lustro depois do ar derradeiro.
Assim surgiu dito que se reporta
Do "Qu’importa, se agora Inês é morta!"
Da viagem a partir de Lisboa,
Onde o orador Velho do Restelo
Que lhes brama ser mau para a Coroa,
Contrassenso, abandono e desmazelo.
Com furor e alarde ele apregoa
Que aqueles homens fortes qual touros,
Deviam ficar e lutar co’s mouros.
Hostilidades de povo agressor,
Fogo de Santelmo fenomenal,
Encontram o gigante Adamastor
Ao contornar o cabo mais austral,
Que Das Tormentas era assustador.
Para o norte, além de brigas, o luto
Por causa de baixas por escorbuto.
Que com Da Gama embarque um prático
Que os leve a salvo a Calicute,
Evitando um caminho errático.
Sua chegada às Índias repercute,
Lhes recebe um povo simpático.
Rei Samorim bem acolhe, mas Baco
Logo aparece para encher o saco!
Que o que quer Vasco Da Gama é pilhagem,
O Rei prende gente da expedição
Pra lhes retardar a volta, a viagem.
O plano é dar à frota a destruição.
Monçaide, aliado, vê sacanagem,
E revela o vil plano ao Capitão,
Que logra resolver a situação.
Co’a parada numa Ilha dos Amores
Cheia de ninfas de beleza infinda,
Amorflechadas p'ra prover favores
Aos cansados navegantes e ainda
Banquete de celestiais odores,
Onde Tétis revela ao Capitão
O bom ‘futuro’ da pátria expansão.
Uma volta tranquila aos navegantes.
Não mais do importuno Baco se ouviu,
Não houve mais tormentas torturantes.
Com isso o grande Camões concluiu
A viagem do bravo comandante,
Maior obra da Língua Portuguesa!
Disso você pode, sim, ter certeza!
Depois de lograr notável sucesso
Devorando o épico de Camões
Não me permiti um simples recesso
E direcionei todos meus canhões
A outro épico deveras antigo
Que me lançou em outras emoções,
De um rimar que levarei comigo.
São breves terças bem encadeadas,
Num tal encantamento que, te digo,
Que nos deixa de calças arreadas
Com a perfeita métrica envolvida,
As emoções em muito ampliadas.
Onde então buscaremos a guarida
Pra recuperar fôlego perdido?
Onde encontrarei a contrapartida
Para um invento tão colorido?
Pois assim me deixou esse poeta
Há sete séculos já falecido.
E ainda não atingiu minha seta
Ao conteúdo da grande obra-prima,
Uma projeção perfeita, completa
Do que os aguarda no andar de cima
Ou de baixo, dependendo dos atos
Nesta nossa vida em constante esgrima.
Mas agora, vamos aos finais fatos:
Quem é o poeta em linguajar vivo
Que nos comove, tão estupefatos?
Um patrimônio tão substantivo
Que não feliz em criar um idioma,
Teve seu nome tornado adjetivo?
E pra lhe facilitar o diploma,
Para que sigas logo adiante
De duas dicas permito-lhe a soma
E assim resolva a dúvida asfixiante:
Sua grande obra rima com ‘eterno’
E seu primo nome, com ‘empolgante’...
Para mim, é deveras envolvente!
__________
Destaco o ritmo sobrenatural
Do magnífico encadeamento.
Veja bem como o verso inicial
De cada uma terça (ou terceto)
Rima sempre com o verso final
E o verso do meio? Eu prometo!
Trará sempre uma rima não vista!
Não recentemente em nenhum carreto!
E a nova rima então se conquista
O direito de brilhar, orgulhosa,
Porque na estrofe seguinte, é prevista,
Abri-la e fechá-la, bastante prosa.
“Já apareci três vezes, adorei
O destaque, mas partirei, saudosa!!”
E segue o poema, eu te direi,
De maneira empolgante e agradável.
Estou muito entusiasmado, eu sei!
Apenas brilhantes obras pregressas.
Acertei na mosca em chamar a lavra
De Osvaldo para cantar nosso 100
Pois que sua razão de ser é palavra
Na prosa e na poesia também.
Arquiteta qual o espanhol Calatrava
Sílabas, rimas, métricas e além,
Não é que em meio à nossa nobre lide
De repente exalta um tal Sigfried?
102
Expressei a solene ignorância,
Ensejando ir verificar na rede,
Em nossa outra singular instância,
Quando então sacia minha sede,
Falabella, que excede abundância
Em saber e, altivo, intercede:
É um nórdico herói, sem mais gírias,
Ópera de Wagner, As Valquírias!
103
Aqui, os dois poderíeis expor
Vossos saberes de grande requinte,
Sobre óperas em todo esplendor.
Encontrarão em mim (ho)mero ouvinte
Pois que do assunto não tenho sabor,
Meu conhecimento do tema, acinte,
É no máximo, populares árias.
Favor solver minhas falhas primárias!
De aniversários neste no nosso grupo!
São parabéns dados aos borbotões!
Como no nosso Whatsapp não me ocupo,
Como muitos, em saudar um a um,
Fiz poema pra evitar o apupo.
Sei que não sofreria apupo algum,
Mas como estou em sanha versejante,
Quis versejar este mês incomum.
Evitando a escanção extenuante
De rimar nomes tijolo a tijolo,
Decidi por singela atenuante.
E mesmo pra não torrar o miolo,
Envio parabéns aos 12 amigos
Ajuntados neste prosaico bolo!!!
(e anexei imagem de um bolo com 12 velas nomeadas)
118
Resolvi enfrentar o desafio!
Impensável viver co’o desacato!
E encarei o demônio com brio,
Difícil, sabe, rimar num só ato,
Márcio, Celso, Maurício, Manoel.
Inda juntar Marco Paulo e Busato
E necessário é tirar o chapéu
Pra nossas meninas Rosane e Lúcia.
Representantes de nossa babel
Que souberam levar com argúcia
Suas vidas, sonhos, planos, fardos
Com calma, no detalhe, na minúcia
Em momentos brancos, pretos e pardos.
Toda essa lenga lenga pois esqueci
O Gabbay, o De Tarso e dois Ricardos....
_______________
119
A Pandora, cadelinha faceira,
Que Falabella tem ao seu lado,
Picou-lhe uma aranha caranguejeira,
Deixando eles todos preocupados.
Bem além da patinha dolorida,
Na sua glote, edema e inflamações.
Mas voltou pra casa ainda combalida
Após muito soro e medicações.
Já em casa seguia o mau estado
Para dormir era grande aflição.
Mas lá estava um Felipe iluminado.
Ele sacou do nada a solução.
Não salvou-lhe o rhum creosotado
Mas uma simples nebulização!
120
No Século 13, Dante Alighieri
Vem ao mundo pra lhe dar um verniz.
Na história da poesia se insere.
Inda piá, Dante viu Beatriz.
Com dezoito anos, falou com ela.
Foram um com o outro gentis,
Mas ele era de outra donzela
Que lhe fora pelo pai prometida,
Era assim que seguia a tarantela
Em Florença, cidade tão querida.
Quando Beatriz, bem moça, morreu
Dante enterrou sua alma ferida
E a maior obra ele desenvolveu
Inspirado no amor não consumado.
Em exílio político, escreveu
Um abundante poema rimado
Na língua de seu cenário toscano.
Sendo sua obra de enorme legado,
Com influência e poder sobre-humanos
Pra todo sempre enterrou o Latim
E criou o moderno Italiano.
La Commedia, Dante a chamou assim,
Porque, em que pese o pesado miolo,
Ela termina em agradável fim.
Musa Beatriz põe cereja no bolo
No Paraíso, a Virgílio chamando
Para orientar, tijolo a tijolo,
Ao inda vivo Dante, lhe mostrando
Do outro mundo, o que era seu juízo:
O Inferno de Lúcifer, nefando,
E depois, Purgatório e Paraíso.
E essas 3 intrigantes canções,
Destrinchou-as cada uma, preciso,
Em 33 Cantos, com escansões
De 3 versos em sua métrica nova,
Encadeando nossos corações
Com rimas muito além da mera trova,
Desafiando o fôlego da gente,
Que a cada dois tercetos se renova,
Em ritmo acelerado e crescente.
Tão grande foi do poema a sina,
Que Boccacio resolveu tão somente,
À causa da devoção genuína,
Apor-lhe ao nome justo adjetivo:
Desde então, a Comédia é DIVINA.
Ovelha negra? Não, sem desafetos,
Pois foi inspirado por seus padrinhos.
Ele e ela engenheiros corretos,
Da Química fuçavam os escaninhos.
E a mãe, professora de literatura,
Deu-lhe das letras a assinatura.
122
Em família de grandes professores,
Não estudar era episódio insólito.
E ele impressionava os doutores
Querendo modificar os zeólitos,
E aqueles eméritos formadores
Viravam sócios, parceiros, acólitos.
Sua força, dedicação, análise
Tornaram-no bam-bam-bam da catálise.
123
Seu expertise ganhou-lhe o mundo
Viena, Trieste, Cartagena, Paris
Sorriento, Dalian, e bem mais fundo.
Inglês, Francês, Mandarim por um triz
Espanhol, Alemão, saber fecundo.
Ensinar é principal diretriz!
Incansável, muitos prêmios ganhou
E até combustível ele inventou!
124
Porém nunca deixou que a ciência
Embotasse-lhe a metade direita.
Sempre teve ótima convivência
Com sua arte em parceria estreita,
Mantendo-a em sua adjacência,
Juntando em combinação perfeita:
Ator, Diretor, é vasta a dieta,
Cantor, dramaturgo, escritor ..... poeta!
125
O que me faz feliz na quarentena?
Uma série na TV com pipoca,
Um banho de sol em varanda amena,
Um lanche com recheio em tapioca,
Um bom livro exercitando a cachola,
Debruçar em difícil rebimboca.
Tomar uma gelada coca-cola.
Ah, como ela desce bem na garganta.
Tem muita diversão nesta gaiola!
Mas sabe o que mais me encanta?
É a firme evolução de um emblema,
Quando uma ação mais alta se alevanta,
E é saudada a chegada de um poema,
Em nossa saga, dignos trovadores.
Noto, porém, uma falha no sistema:
A produção está nos estertores..
E a mantermos este nosso cenário,
Com a baixa versagem dos senhores,
Não chegará ao sesquicentenário.
Este canto é o 125,
Que publicarei sem o ‘reclamário’.
Depois, seguirei em firme afinco
Com os cantos da Divina Comédia,
Que não passarão de uns 4 ou 5...
O que eu sonhava ser enciclopédia
Com chances de até ser publicada
Fenecerá numa leve tragédia,
Permitam-me esta rima exagerada...
127
Animado, amigo, com seu refresco,
Recuperado de meus desvarios,
Retorno feliz a meu canto dantesco
_____________________
Meio que preocupado com desvios
Possa em sua vida ter cometido,
Dante busca da meada os fios.
Em ‘selva selvagem’ se vê perdido,
E após noite de angústia e solidão,
Dela se livra mas, inda contido
Por três feras, onça, loba e leão,
É salvo por uma alma bem-vinda,
Enviada por Beatriz, paixão
De sua adolescência que ainda
Olha por ele, beata, no céu.
Virgílio, de sabedoria infinda,
Poeta que merece mausoléu,
Romano que morreu antes de Cristo,
É a alma a levantar o véu,
Pois recebeu dos céus o visto,
Pra descerrar todo e qualquer portal,
Dos caminhos até e após Mefisto,
E partem, juntos, ao Reino do Mal.
128
De engraçada A Comédia nada tem
Não é fácil ver as penas destinadas
Àqueles que não praticam o bem.
E se vê isso inda logo na entrada,
Aonde vagam os tristes ignavos,
Que não fizeram mal em sua estrada,
Mas relaxaram ao negar centavos
A instâncias de qualquer bem, moral
Ou físico, o que lhes gerou agravos,
E fadados são até o final
A correrem de malvados enxames
De vespas, em castigo bestial.
Ao final do vestíbulo, há exames
Feitos à beira do Rio Aqueronte
E o vil responsável pelos ditames
É o deplorável barqueiro Caronte
Que analisa os crimes dos danados,
E não há alma sequer que o afronte
Ao ditar os andares destinados.
O Inferno é uma grande cratera
Como gigantesco cone avessado
Cujo vértice é o centro da esfera
Onde habita o Satanás tão temido
Lá, onde o fogo mais quente impera.
Em suas garras estão os punidos
Pelo crime maior, a traição,
A sentirem os piores pruridos,
No Círculo NOVE da construção.
Depois dos ignavos, lá em cima,
O Círculo UM nos chama a atenção:
Num ‘Nobre Castelo’, a pantomima,
Para os sempre fadados a vagar
Ainda que sem pena que os oprima,
Por motivo muito peculiar:
A falta do Diploma de Batismo!
Por ali, em eterno caminhar,
Os precedentes ao Cristianismo!
Nesse Limbo, estão Horácio e Homero,
Ovídio e Lucano, pais do lirismo.
Dali saiu Virgílio, com esmero
Para cumprir a missão lá do Céu.
Dali escapou o Primeiro Clero,
Quando Jesus, em enorme escarcéu,
Antes de ascender, ressuscitado,
Derrubou a porta do mau quartel
Pra resgatar profetas do passado,
Davi e Noé, Moisés e Abraão,
E outros, assim, beatificados!
129
Conhecida a arquitetura do Inferno
E como ele começa e termina
Partimos prum relato nada terno,
Mostrando o passo a passo da ruína
Que o ser humano semeia com atos
Na passagem pela vida ferina.
Decerto não se constitui em fatos,
Porém a escala de crimes e penas
Desenvolve um intrigante retrato
Que nos faz estrebuchar as antenas.
Se lembram da onça, loba e leão
Que fizeram Dante rezar novenas?
Cada qual representa transgressão
Punida nos infernais arrabaldes,
Em ordem crescente de punição,
Incontinência, Violência e Fraudes.
Notaram qual é a principal delas?
Em quem mais vão despejar fogo em baldes?
Não é quem mata, esfaqueia, escalpela,
Mas quem engana, corrompe, desvia!
E não dá pra esquecer nossa novela,
Onde em época de vil pandemia,
Governantes desviam da saúde
O recurso que a salvação traria.
E deixar de raciocinar não pude:
Se as somas que não vão pra UTI’s
Aumenta é o número de ataúdes!
“Então, ó pessoas públicas vis,
Sabei que com esses atos danados,
Para muitas mortes contribuís!”
Para vós, os infernais magistrados
Somariam, sem a menor clemência
Os castigos abaixo listados:
Imersos, pelo crime de violência,
Em sangue fervente pela garganta.
E pelo roubo, a eterna pestilência
De serpentes em dioturna janta,
Causando-lhes frequentes aflições!
O canto seguinte detalha e canta
Os restantes crimes e punições
Estendi-me um pouco que demais
Nos lamentos que experimentamos
Nos execráveis tempos atuais,
Mas eu agora garanto que vamos
Ser mais céleres na vã descrição
Do que é o Inferno em seus tristes ramos.
Nos Círculos DOIS ao SEIS, há, então,
Os que morreram em Incontinência,
Assim dita Primeira Transgressão.
Naqueles estão, sem qualquer clemência,
Avaros, pródigos, luxuriosos,
Que dos crimes não tomaram tenência,
Assim como heréticos e gulosos,
Também os rancorosos, iracundos.
Tivessem alguns em vida, ditosos,
Se arrependido dos atos imundos,
Teriam um lugar no Purgatório,
Apenados por seus erros rotundos,
Mas em pleno processo expiatório,
Com chances de ascender ao Paraíso.
Retornemos, então ao falatório,
(ai, não consigo ser mesmo conciso)
Descrevendo as vis penas capitais
Pelos pecados de mesmo juízo.
As Luxúrias na vida são banais
Mas ali se lhes pune o negro vento
A sacudi-las pra frente e pra trás
Provocando permanente lamento.
Decerto é menor que os pares da Gula,
Submergidos em solo lamacento,
Açodados por neve, chuva fula,
Granizo, e não só isso, ameaçados,
Por Cérbero, que sempre perambula
Co’as três cabeças por todos os lados
A intimidar, espancar, incessante,
Os pecadores, pra sempre acordados.
A crueza da pena avilta Dante
Que não entende tamanho tormento,
Porém segue seu caminho adiante.
Não se perca que segue o sofrimento.
A Avareza está no Círculo QUATRO
Co’a Gastança, mesmo fim virulento.
Um bloco incomensurável e atro
É empurrado por sobre enorme aro
Por um pródigo em lúgubre teatro,
Vendo igual tarefa de um par avaro
Percorrendo o outro lado da figura
Até encontrar o violento amparo
Do grande bloco d’outra criatura.
E se voltam pelo mesmo caminho
Pra seguir repetindo a desventura,
Um pro outro, em enorme burburinho
“Por que poupas?” ou “Por que dilapidas?”,
E tudo sob o comando daninho
De Plutão, amplificando as feridas,
O demônio horroroso e assustador.
No CINCO, os que tiveram suas vidas
Dominadas pela Ira e Rancor,
Mergulhadas no Estige em negro lodo,
Os irados em módulo agressor,
Esmurrando-se febris o tempo todo,
Os outros, submersos por completo,
Borbulhando e lamentando o engodo
Das vidas a somarem desafetos.
No último círculo incontinente,
Que é o SEIS, para ser mais correto,
Apena-se quem viveu resistente
Aos dogmas ditados pela Igreja.
Aos heréticos, o fogo inclemente
Envolve cada tumba malfazeja,
Sem tampa, mas sem deixar saída
E pra que cada tortura se veja.
Escapam da punição vil, doída,
Os outros três Pecados Capitais
Que apenas ganham firme guarida
Fora destas câmaras infernais.
Então o Orgulho, a Inveja e Preguiça
São sujeitos a injunções penais
No Purgatório, sob outra premissa:
A expiação, de onde vão ao Paraíso
Em verdadeira ponte levadiça!
131
_________
E então saudei aniversariantes de junho
da minha turma de empresa...
136
E lá se foi o Maio recordista
De Parabéns no CEP-81,
E terminou com mais uma conquista,
Pois Lúcia só teve um breve jejum,
Após 34 anos de lida,
Na empresa de nós todos comum.
Aqui vai mais um Parabéns, querida!
E junho arrebentou logo de cara,
Nosso Egídio celebrou na partida!
Inaugurou a nossa alegre seara
E em breve será a vez de Alberto
Que em paz, muito celebrará, tomara!
Dia 8, tem Odair, que oferto
Parabéns antecipados e.... Vixe,
Até fiquei assaz boquiaberto,
A seguir, junta Pollilo e Konichi!
No terceiro decanato tem João.
Que a alegria a todos eles espiche!
Que a todos emocione o coração!
Dos viventes, falei, mas continuo,
Porque me foi grande a emoção,
E de homenagear, eu não acuo,
Ao perceber na lista do Excel
O nome do bom amigo Kazuo,
Que com sorte, talvez já lá no céu,
Pelas palavras que a filha ofertou,
Viu em maio chegar-lhe um troféu,
Pois a indústria assim o consagrou!
E, retornando a meu confinamento,
Sem mais pra o momento, já me vou!
_________
E então um brilhante colega de
empresa se aposentou!
137
Verbo: Orlar. Gerúndio: Orlando
De muitos sinônimos eu crivo!
Brilhar, Brilhando? Encantar, Encantando?
Nobre! Sagaz! Inteligente! Ativo!
O nome do velho pai orgulhando:
Gerente Normal, Geral, Executivo!
Fala mal dele? Ajoelha no milho!
É Orlando José Ribeiro Filho
_________
E voltamos ao Inferno de Dante
138
Agora nós vamos direto ao ponto!
Na Vala 1, Sedutores, Rufiões
Correm em constante contraponto,
Pagando por suas embromações
Com a lábia que o diabo lhes deu,
Têm as costas em rudes arranhões
Açoitados por demônios só seus.
Aduladores, na vala segunda,
Lisonjeadores no próprio apogeu
De suas fezes em rotina imunda.
De tanto venderem indulgências,
Simoníacos em grota profunda
Têm pés pra fora em perene inclemência
De chamas em eterna combustão.
Isto, na Vala 3, sem condolências.
Na quarta, pagando por compulsão
Em enganar, antevendo o futuro,
Os Adivinhos choram em aflição
Com a frente sempre para o escuro,
Suas cabeças para trás torcidas,
Pagando suas mentiras com juros.
Na Vala Cinco, castigam-se as vidas
Dos vis Corruptos e Traficantes,
Com todas as partes imergidas
Em alcatrão fervente e causticante,
E a cada tentativa de escapar,
Encontram 10 demônios vigilantes,
Com dupla missão: dilacerar
As cabeças que encontrarem pra fora,
Reformá-las para ao pixe voltar.
Chegando ao meio círculo agora,
Uma parada se faz necessária
Pra descansar a Caixa de Pandora.
O nome desta câmera mortuária,
Na língua da Florença erudita,
É Malebolge, na acepção primária,
Quer dizer Bolsas ou Valas Malditas,
As quais continuamos a descrever
Em nossa missão deveras bendita.
Na Sexta Vala, se vê o sofrer
Dos Hipócritas, sempre caminhando
Sob peso de impossível soer
Para lembrarem-se de quão nefando
Era o hábito de enganar os viventes.
Porém Dante viu lá, não carregando
A vestimenta de chumbo inclemente,
Mas crucificado, era aquele primaz
Que acusou, e convenceu tanta gente
Que Cristo era pior que Barrabás,
Agora sofrendo as mesmas vis dores
Do Salvador. Seu nome: Caifás!
A Vala Sete pune os pecadores
Que tomavam o que não era deles,
Os Ladrões, de variados pendores.
Serpentes lhes dilaceram as peles,
Tomando-lhes suas feições humanas,
Coligindo depois o corpo a eles,
Para renovadas aflições insanas.
Os Maus Conselheiros têm seu lugar,
A Vala Oito, em condições tiranas,
Envoltos em chamas a mergulhar
Em oceanos de lava, e açoitados
Por raios a aumentar seu penar.
Na Vala Nove estão lá apenados
Os Cismáticos, os semeadores
De desunião, tanto motivados
Por religião ou por desamores
No seio familiar, e seu castigo
É recheado de aflições e dores,
Carregando sempre consigo
As partes que lhes foram decepadas
Conforme as leis, incisos e artigos
Das discórdias em vida provocadas.
Um desfile de entranhas, mãos e pés,
Línguas, orelhas, cabeças cortadas.
Afinal, chegamos à Vala DEZ
Do Círculo OITO do Canto UM
Da Comédia, a merecer rapapés
Ao firme ritmo sem descanso algum.
Fiz esse stop pra não perder a conta
Da saga avassaladora incomum
De Dante Alighieri, que aponta
Os caminhos para além desta vida,
Em crueza que por vezes afronta!
Nesta última vala, reina a ferida.
Falsificações de todo jaez
São aqui severamente punidas
Por ulcerações de dura agudez:
Alquimistas, inchados, hidropsia;
Simuladores, lepra, em fetidez;
Falsos ficam loucos em agonia;
Mentirosos, com febre ardente, sede.
Findamos!! Mas é breve a alforria!
139
Chegamos ao Círculo NOVE, o fim!
Lá embaixo encontra-se o Diabo,
O rebelde caído querubim.
Neste Canto, enfim, eu levo a cabo
A descrição do Inferno de Dante,
Missão de que decerto me gabo.
Pra começo de papo é intrigante
Que o pior dos crimes, a Traição,
Não está punido em fogo flamante.
Mas é gelo o que comanda a aflição!
São quatro as esferas de pecadores.
Caína, pois Caim matou o irmão,
Onde se castiga os vis traidores
De parentes, que tinham confiança,
Submersos em lagos congeladores
A chorar pelos crimes de outrora,
Está quem traiu gente convidada.
Só a face de cada um aflora
Mantendo as lágrimas congeladas.
Ptoloméia é como chama a esfera
Lembrando na Jericó sitiada,
Simão e seus dois filhos à espera
Da boa recepção de Ptolomeu,
Que entretanto na espada os dilacera.
No último gelado perigeu,
Quem a Mestres e Reis traiu
Está sob o domínio de Asmodeu,
Submerso em seu gélido covil.
Só três tem tratamento diferente:
Satanás, em peludo corpanzil,
Com suas três cabeças, inclemente,
Mastiga os três maiores traidores,
Brutos, Cássio e apenas e tão somente,
Judas, culpado de todas as dores
De Cristo, em sua missão redentora.
Judeca, chama a esfera dos horrores.
Ai, mas que jornada assustadora
Tiveram Dante e Virgílo, seu mentor.
Seguem na viagem libertadora.
Começa o Purgatório
__________
140
Do nosso planeta em 1300,
E durante a Era Medieval,
Era diferente o conhecimento.
Num hemisfério setentrional
Havia toda terra e toda gente,
E lá na remota metade austral
Um oceano, sem vida presente.
No centro desse imenso oceano
Uma montanha se eleva, imponente,
Que é o Purgatório soberano,
Purgando os Pecados Capitais,
Que comprometem o andar humano.
São Sete Círculos Co-axiais
Com seus diâmetros diminuindo
Até o Paraíso em seus portais.
As penas que lá se vão impingindo
São menos cruéis que no lado oposto
Pois de desconforto vão infligindo
Mas de dores não lhes dão o desgosto.
As almas as cumprem, tão ansiosas
Por preces que as afastem do encosto,
Que as liberará para, gloriosas,
Rumarem, beatas, ao Paraíso!
Sei que pessoas estão desejosas
Pelo, das penas, relato preciso,
Mas devo voltar à Cosmologia,
E prometo que serei bem conciso.
É que no início desta vã porfia,
Ao descrever do Inferno a arquitetura,
Faltou detalhe da geografia.
O mundo então tinha a envergadura
Da Espanha até o Golfo de Bengala,
Jerusalém no centro da figura,
Onde se abre a insuperável vala,
Destino dos pecadores mortais,
O Inferno que as almas encurrala.
Dante desce os círculos infernais
Até chegar ao centro do planeta,
E não volta, mas segue mais e mais,
Agora subindo a posterior valeta,
Surgindo noutro lado, no oceano,
Pra abrir do Purgatório a maçaneta,
E seguir, de Beatriz, o santo plano.
141
Na praia daquela gigante ilha,
Donde se vê montanha até o céu
Continuamente chegam camarilhas
De almas em colossal escarcéu,
A ver em que estágios ficarão,
Penando até descerrarem o véu
Que lhes dificulta a sublimação.
Ancião, legista da Roma Antiga,
Do Purgatório, é sagaz Guardião.
O arrependimento dá a liga:
Se já faz tempo, Catão já libera
Para o devido círculo que abriga
Os pecadores de igual quimera.
Já os arrependidos tardiamente,
Não já. Vão ter que amargar dura espera
Em tempo ao mínimo suficiente,
No assim chamado Ante-Purgatório,
Ao tempo de quando, enquanto viventes,
Habitaram pecador território.
Tendo vencido essa fase, então vão
Ao devido círculo expiatório,
Onde pacientemente cumprirão
As penas assim estabelecidas,
Até que preces em sã profusão,
Daqueles que aqui ficaram na vida,
Os façam merecedores de alta,
E então possam proceder à subida
Para a paradisíaca ribalta.
Para finalizar a arquitetura,
Um interessante aspecto ressalta:
É que a severidade da aventura
Decresce ao se subir o grande monte.
Veja o Orgulho, maior desventura,
Inveja e Ira, a seguir se confronte
Preguiça e Avareza, ora se enfrente
Gula e Luxúria, antes da sacra ponte,
À entrada do Paraíso clemente.
_________
Intervalo para promover a saga
142
Aqui o 12° Canto
D’A Divina Comédia’ do Homerix.
Espero que eu possa seguir no encanto
De desvendar o destino das psiques
Dos amigados do Demo e do Santo,
E ao final brindarei de alambiques.
Em versos vou seguir firme e avante
Nesta singela homenagem a Dante.
_________
E segue Dante
143
A caminho do Portal do Purgatório
Almas interrompem Virgílio e Dante
Pra lhes fazerem o relatório
Do por que não podem seguir avante
E muitas se assustam com a presença
De sombra na cercania do caminhante
Que ascendeu inda vivo de Florença.
Isso não ocorrera no sombrio
Inferno, de flagelação intensa,
De faca, ferro, fumo, fogo e frio,
Dos que sofrem os infindos castigos
Por terem vivido em vão desvario.
Chegando, afinal, um anjo amigo
Abre com chaves, de ouro e de prata,
O Portal do mediano jazigo
De expiações rumo à vida beata
Do Paraíso, o destino final.
Porém, pra dar-lhe a dimensão exata
De sua viagem celestial,
Dante ganha na testa Sete P’s
Um para cada Pecado Capital,
Cingidos pelo anjo com altivez
Usando sua angelical espada.
Eles sumirão um a cada vez,
Em meio à peculiaríssima jornada,
Que se vença cada qual das etapas
Da vital experiência angariada.
________________
146
150
Atingimos nobre sesquicentena,
Entre sonetos, estrofes, e cantos,
Em nossa prática de quarentena,
Quando exercitamos os encantos
Da poesia rimada e serena,
Aliviando diversos quebrantos.
E aqui agradeço ao culto Latim
Por prefixo tão adequado assim.
________________
E voltando a Dante
151
A caminho da cornija segunda,
Imagens de históricas figuras
Que caíram por aptidão rotunda
Ao Orgulho em suas vidas impuras,,
O maior deles, o Anjo Caído,
Lúcifer, que teve a queda mais dura
Por querer ser mais que seu Pai querido.
Um belo anjo se apresenta a Dante
Que sente seu peso diminuído:
Menos um P na testa, doravante,
Pra mudar de estágio capital,
Onde a Inveja é punida adiante.
A sina dos que, na fala geral,
Têm no ‘olho grande’ o maior defeito,
Sofrem em seus olhos a pena cabal:
Ficando sem descanso em qualquer leito,
As pálpebras em arame cerzidas,
Pra que se recordem, do pior jeito,
Do tempo que perderam em suas vidas
Em dor pela felicidade alheia.
Grande exemplo de inveja ressentida,
Enorme trovão passa e alardeia
Uma frase de Caim a Deus dita,
Após inaugurar, de pecados, a teia,
Ao matar Abel, em cruel vindita,
Por ter o irmão melhor agradado
A Deus, não lhe perdoando a desdita.
Quem em vida teve na Ira o pecado
Expia-os indo em quase cegueira,
Sempre imergidos em fumo cerrado.
Vão em constante oração carpideira
Ao Cordeiro de Deus pra lhes tirar
Os pecados da vida estradeira.
Como exemplo de Ira lapidar,
Dante chora com a vil lapidação
De Estêvão ainda assim a rogar
Que se lhes perdoe a contravenção,
Maior mostra da palavra de Cristo.
Saindo da densa fumegação,
Mais um anjo vem pra lhe dar o visto
E agora só com 4 P’s na testa,
Pode seguir para o próximo quisto.
152
Preguiça é o ponto médio da Montanha,
Ela é o quarto dentre os sete pecados.
Está também no centro da barganha
Dos níveis de amor experimentados.
Vejam que o Amor Prejudicial
É a tônica dos três já passados.
Na Preguiça, não se faz bem nem mal,
É a marca do Amor Insuficiente.
Já nos três a seguir no cabedal,
É o Amor em Excesso lá presente.
Perdoem este breve divagar,
E retornemos à nossa vertente.
Pecadores no monte a expiar
São castigados por ações contrárias
Aos costumes que lhes era vulgar.
Os preguiçosos ouvem vozes várias
De arautos a incitar muita pressa
Para realizar tarefas ordinárias,
E depois que cada a missão lhes cessa
Mais outra ordem lhes vem a cumprir.
Como exemplo de preguiça pregressa,
Um apenado fez a Dante ouvir
Da saga dos Hebreus em rebeldia,
Os Mandamentos driblavam seguir,
E ainda em vida sofreram porfia:
Quarentanos a vagar no deserto
Inda que mais curta lhes fosse a via.
Um P a menos na testa e esperto,
Dante avança pro terraço seguinte,
Onde os avaros, é líquido e certo,
Muito se arrependem pelo acinte
De terem poupado demais em vida.
Seus pares, de oposto constituinte,
Pródigos pagam em mesma medida.
Os dois pecados são lá expiados,
De barriga pra baixo, sem guarida,
Tendo suas mãos e seus pés sempre atados,
Ao sol entoando causos da pobreza
Como que a aprenderem dos pecados
À lua, é hora de cantar a avareza
Punida em vida, em plena encarnação.
Como exemplo de notável dureza,
Do caso do Rei Midas, vem a lição.
Com extremado apego a seu tesouro,
Pediu aos deuses o nobre condão
De transformar no tão amado ouro
Tudo o que tocasse. Brincou feliz
Até que percebeu o mau agouro
Que era o poder que tanto quis:
Comida e família ele dourou,
Mas pôde reverter a cicatriz.
Após o susto, Midas se tornou
De avarento em vero benfeitor.
E Dante, aquele ciclo terminou.
153
Com apenas dois P’s em sua testa,
Dante, ansioso, parte resoluto
Para o fim do caminho que lhe resta.
Inda com Virgílio em salvo-conduto,
Segue seu passo rumo ao Paraíso.
Encontra árvores, com lindos frutos,
Porém tendo seu topo como piso,
Como se fosse um pinheiro invertido,
Causando às almas duro prejuízo,
Distantes do alimento tão querido,
Que em vida afagaram o paladar.
A Gula é o pecado aqui punido,
A fome traz contínuo definhar,
Saudosos da extrema comilança,
E agora estando sempre a escutar
Exemplos de notável temperança
E também dos históricos pecados.
E lá também se encontra a lembrança,
Da árvore dos frutos consagrados,
Da serpente que nos causou a treva,
Que nos deixou milênios condenados,
Por atiçar Gula fatal em Eva.
Agora só resta o ‘P’ da Luxúria,
Que Dante, sofregante, ainda leva.
As almas, em permanente lamúria,
Declaram seus pecados em voz alta
Em meio a fogo crepitando em fúria.
O fluxo em oposto aos olhos salta,
Vão prum lado os heterossexuais,
Vêm os que o sexo oposto não lhes falta.
E se ouvem cantos angelicais
Com exemplos de desejo em excesso,
E outros de castidades cabais.
O maior deles, claramente expresso,
De Maria, quando foi anunciada,
E retorquiu em espanto confesso:
‘Virum non cognosco’, estava intrigada,
“Como pode, se homem não conheço?”.
Por fim, Dante vê sua testa aliviada,
Mas ainda lhe surgia um tropeço,
Uma parede de fogo a atravessar,
A qual seria do fim o começo.
Após ela, um anjo a clamar
“Veniti benedictis Patris mei”
“Vinde os benditos de meu Pai”, a dar
Boas-vindas ao Palácio do Rei
Daquele Reino de Todas as Coisas.
Dante é prestes a bradar “Agnus Dei!”
155
Dante entra no Paraíso Terrestre,
Já sem a companhia do Mentor.
Em um cenário mui puro e silvestre,
Flores, frutos de toda forma e cor,
Águas correntes de ímpar frescura,
Ali, nem Eva ou Adão sentiram dor.
À beira de um riacho de água pura,
Dante assiste donzela do outro lado
A colher flores com doce ternura.
Matelda é seu nome, após, revelado,
Que lhe explica que o local foi feito
Pra o prazer do homem abençoado,
E que aquele Rio Letes, com efeito,
Vem da mesma fonte que o Eunoé,
E agora ele vai entender direito.
Aquele anula a culpa como é,
Desde que devidamente expiada,
E o último recobra a sana fé
Nas boas ações já realizadas,
Dois banhos que serão fundamentais
Para permitir no céu a entrada.
Explicações necessárias não mais,
Dante nota estupenda procissão
A brilhar nas rotas celestiais.
Candelabros, Livros, em sucessão,
Evangelhos, Virtudes, vêm trazendo
Um carro triunfal em suspensão,
Vem puxado por um Grifo estupendo.
Ao som d’O Cântico, vem Beatriz,
O que deixa pobre Dante tremendo.
Ela invoca seu poder de Juiz,
Outorgado pelo Pai aos beatos,
Pede a Dante que cure a cicatriz
Da vida, seus feitos, fatos e atos
Para serem limpos em confissão,
O que ele faz, em penitente acato,
Imergindo depois em contrição,
Após despertar, Matelda o conduz
Através do Letes, em ablução,
E afasta qualquer vestígio de pus,
Mergulhando a cabeça, qual Batista.
Finalmente livre de sua cruz,
Num pequeno séquito segue a pista,
Estácio, um que entrou junto com Dante,
As Sete Virtudes e a banhista,
Todos no rumo da fonte abundante.
Beatriz vai revelando segredos,
Enquanto seguem firmes adiante.
Quando chegaram, fim dos enredos,
Para o banho santo no Eunoé,
Repondo-lhes os pensamentos ledos
Da vida, renovando-lhes a fé.
Agora as duas almas estão prontas
E galgarão do Paraíso o sopé.
________
Pausa para saudar ex-comandado
Que fazia aniversário
157
Ó, Musa, recordo o trovão!!!
Curvas do Plano Diretor
Sob o crivo da pesada mão
De nosso Baiano Reitor!
E lembro do Vovô Fujão!
E, claro, do Sogrão Leitor!
Mas siga brilhando nos ringues
Ó, Fábio de Matos Domingues!!!
De volta aos Cantos Dantescos
Agora, já no Paraíso
158
159
Na próxima esfera, com o brilho do Sol
E dos Sábios da Teologia,
Dante é recebido por nobre rol.
Santo Tomás de Aquino, em parceria
Com monges, filósofos, preceptores,
Chega dançando em cândida harmonia,
Conta de notáveis merecedores
Da presença nesta esfera celeste,
De São Francisco, muitos seguidores,
Que se casou com a pobreza agreste,
São Domingos, da Santa Pregação
A combater a medieval peste
Das heresias, e também Salomão,
O mais justo dos Reis de toda a história.
Marte é o mote da próxima ascensão,
Daqueles que experimentaram glória
De combatentes, mártires da fé,
Que em nome de Deus lograram vitória,
Até muito antes da Santa Sé,
Como o comandante dos Hebreus,
De Moisés discípulo, Josué,
E um primeiro Judas, dos Macabeus,
Qu’inda antes de Cristo expandiu
As fronteiras da terra dos Judeus.
Dos mais recentes, Dante descobriu
Lá entre as almas um seu ascendente,
Que em uma das Cruzadas sucumbiu,
Além de muitos outros combatentes,
Várias Guerras Santas, de outro jaez,
Como Carlos Magno que, inteligente,
Para expandir seu Império Francês,
Aliou-se a Adriano Primeiro,
O Papa que, esperto, por sua vez,
Queria Sacro Império sobranceiro,
O que ambos conseguiram, sobrevindo
Nova Pax Romana por inteiro.
160
Júpiter é dos Justos a Esfera,
Onde Dante vê Águia Imperial,
Em que para ele finda a espera
Por uma dúvida transcendental:
A de por que almas sãs e perfeitas
Não merecem lugar celestial
Pela razão de não estarem sujeitas
Ao conhecimento da Lei Divina.
A dúvida é então satisfeita
Por uma só voz clara e genuína
Que emana das Almas Justas e Santas
Da Águia de Deus, que a ele ilumina:
O Pai não podia estender a tantas
Paragens do Universo em vil excesso,
E optou por negar as sagradas mantas,
Causando injustiça nesse processo,
Ao menos aos olhos de nós, mortais.
Dante resignou-se em calmo recesso,
E foi apresentado aos Seis Vogais
Representantes Ases da Justiça
Em suas nobres vidas dentre os quais,
Rei Davi, pra bem além da fama viça,
Quando venceu Golias bem menino,
Adotou pra si a missão castiça
De fornecer o devido destino
À Arca da Aliança, Jerusalém,
Dessa forma, deixando cristalino
O elo milenar que Deus mantém
Com o povo escolhido no deserto.
E os Justos também dizem amém
A Reis, Imperadores e esperto
Descendente de Davi, Ezequias,
Que governou de jeito limpo e aberto,
E combateu a vil idolatria.
Acometido de doença mortal
Pôs-se a orar com grande maestria
E lhe foi dado tempo adicional.
Com essa informação interessante,
Dante segue trajeto celestial
Rumo à Esfera Sete, a tronante.
É Saturno, dos Guardiães Tronos
De Inteligências Celestes. Avante,
Ele estranha não encontrar colonos,
Os Contemplativos que esperava,
Mas aqui ele não terá tal bônus,
Pois a prudência assim orientava,
Que não suportaria a intensidade,
Tanto que Beatriz já se afastava,
Que seu fulgor seria uma maldade
Com os sentidos mortais do poeta.
Agora, rumo à maior potestade!
________
E Paul McCartney fez 78
E interrompi a Comédia
Para celebrar com alguns posts
A que convocava com poemas
161
Na Paul McCartney Week, Vai um texto a cada dia, Para que na memória fique. Aqui, sobre sua parceria, Mais que nobre, chique, Que nos deu tanta alegria. Amanhã, meu carro atolo Em sua carreira solo. http://blogdohomerix.blogspot.com/2010/12/rock-parceria-e-poesia-2004.html
E seguimos celebrando
O aniversário do Macca, E aqui vamos exaltando Carreira digna de placa, Fora dos Beatles estando E mesmo assim se destaca. Saibam que vem amanhã Show de dar febre tersã! http://blogdohomerix.blogspot.com/2010/12/paul-is-63-and-rolling-2005.html
163
Seguindo na Paul Week,Faço aqui uma homenagem A show invasor da psique. Um chefe aclamou a viagem: Uma palavra de Homerix Vale mais que 1.000 imagens. Amanhã, grande sacada Finalizando a jornada. http://blogdohomerix.blogspot.com/2010/11/meu-depaulimento-show-de-paul-mccartney.html 164 "Porque não vamos lá fora, e atravessamos a rua?!" Sacou Paul, assim na hora. Da foto pra capa crua, Que se espalhou mundo afora, Que até hoje se cultua: Abbey Road, fila indiana. E seguimos na semana! http://blogdohomerix.blogspot.com/2009/08/por-que-nao-vamos-la-fora-e.html
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172
Filha de primos queridos
Casam-se apenas no civil
Festa adiada pela pandemia
173
Não empanem vossa alegria,
E que fiquem pra sempre unidos.
Que mostras de amor incontido
Envolvam o seu dia-a-dia.
Saúde, progresso e magia,
Que preencham vossos sentidos.
E que se assim Deus permitir,
Que seu lar receba a doçura
De bênçãos do Céu a cobrir
De harmonia, calor e ternura.
Que estejam sempre a luzir!
Parabéns! Família Ventura.
____________
E finalizando a saga dantesca
173
Antes, porém, conheceu o esplendor
Da alma prima, que ali chegava pura,
E juntava-se ao ascendente andor.
Adão contou que, após a travessura
De Eva, pela Terra caminhou
Noventa e três decênios, se apura,
E pelo Limbo, então, perambulou
Por quatro mil trezentos e dois anos
Até que Jesus a tantos salvou
No caminho de volta aos altos planos.
174
Os três lumes Santos e o não, Adão,
Partem ao Empíreo, com luz e graça.
Beatriz traz Dante em adoração
Ao Nono Céu, cristalino, que enlaça
Os demais outros oito céus corpóreos,
De cujo movimento ele encompassa.
É o Primum Nóbile, giratório
Na mais alta velocidade e também
É do Tempo, o capataz Diretório.
De lá, Dante avisa, como ninguém,
Os Nove Círculos de Inteligências
Angélicas. Cada um se mantém
Ligado em direta jurisprudência
Com as esferas que dão volta na Terra
Tal qual virtuosa proeminência.
A Lua, de menor virtude, encerra
Com o primeiro círculo, dos Anjos;
Mercúrio, dos Ambiciosos, aferra
Elo com o Círculo dos Arcanjos;
O Céu de Vênus, das Almas Amantes,
Têm com os Príncipes firmes arranjos;
Da esfera do Sol, os Teólogos reinantes
Aliam-se ao Círculo dos Poderes;
Os Guerreiros de Marte, triunfantes,
Juntam co’a Virtude seus afazeres;
Os Justos de Júpiter são parceiros
Das Dominações, em santos prazeres;
No Ternário dos Círculos Primeiros,
Os Tronos associam-se a Saturno,
Céu dos Contemplativos Pioneiros;
Enquanto os Querubins, a seu são turno,
Aliam-se ao Céu das Fixas Estrelas,
E os Serafins em louvor dioturno,
Múltiplas bênçãos, para obtê-las
Em conjunto com o Céu Cristalino,
Tanta luz, difícil a Dante vê-las,
Rumo ao Empíreo, o Solar Divino.
Quando saíram do Móbil Primeiro
Dante sentiu melhorar-lhe a visão,
E no Empíreo, se entregou por inteiro
Ao assombro da prima Criação.
Deus, inda Luz em todo seu Esplendor,
Quem O olha ganha Paz de antemão.
Da Rosa Mística, em pleno fulgor,
Em seu centro, está a Virgem Maria.
Nas pétalas dessa sagrada Flor,
Milícia de Beatos na alegria,
Já com as faces que os corpos terão
No Juízo Final que os inebria.
Outra em constante feliz evolução,
A dos Anjos em perpétuo doar
O que foram receber na ascensão
Ao Pai, em firme vaivém singular.
Quem agora aparece é São Bernardo.
Beatriz se dirigia ao seu lugar
E o pôs a orientar o felizardo,
Ao final de seu glorioso caminho,
Livrando a beata do feliz fardo.
E Dante a vê em seu divino ninho
E lhe dirige um agradecimento
Por ter-lhe abençoado com carinho
Na sua jornada de salvamento.
São Bernardo segue em sua lição,
De apresentar a Dante o ajuntamento
De beatos, em santa profusão,
Circundando a Virgem Maria em luz.
Ao lado esquerdo se coloca Adão,
E no direito, Pedro, a quem Jesus
Deu as chaves de nossa Santa Igreja,
À frente, com a glória de quem conduz
Um povo inteiro à terra benfazeja,
Está Moisés, e ao lado o Evangelista
João, a quem sua caridade enseja
Aquela declaração imprevista
De Jesus: “Mulher, eis aí teu filho!”
“Eis aí tua Mãe!”, por todos vista
Na Cruz, todo ferido e maltrapilho.
Inda no sacro redor, Santa Ana
E Santa Luzia, quem dá o brilho
Aos olhos de quem tem a vista insana.
Aos pés da Virgem está a bela Eva
Ainda com a luz de primeira humana
De antes de levar todos à treva.
E lhe seguem Raquel, Judite e Rute,
Outras mulheres que Jesus eleva,
Lá no mais inferior azimute,
Salvando-as do Limbo do Inferno,
Decisão certa, que não se discute.
Mais abaixo, o contemplativo terno
São Francisco, Bento e Santo Agostinho.
E fechando da lição o caderno,
São João Batista, a cabeça no ninho.
E então, São Bernardo pede a Maria,
Em seu novo papel de bom padrinho,
Que conceda a Dante a sã alegria:
Conhecer o mistério da Trindade!
Sua visão clareia qual magia,
E ele vê, com imensa potestade,
Os três círculos de cores variadas,
No mesmo espaço, e mesma irmandade,
O Espírito Santo em firmes jorradas
De fogo sobre os dois primeiros pares,
E o Filho com imagens espelhadas
No Pai, contendo os dois, humanos ares,
Imagem, Semelhança, pode crer.
Em homenagem, cá as singulares
Últimas terças de Dante, a saber:
“Até que minha mente foi ferida
Por um fulgor que cumpriu seu querer
À fantasia foi minha intenção vencida
Mas já a minha ânsia, e a vontade volvê-las
Fazia, qual roda igualmente movida
O Amor que move o Sol e as mais estrelas”
176
A Divina Comédia do Homerix
Foi meu maior projeto deste ano,
E eu celebro com pique-pique-piques.
Dediquei-lhe um esforço espartano.
O primeiro Canto em 20 de maio
Foi só um desafio entre hermanos
Que admiram dos versos o balaio.
Mas logo vem a ideia da resenha,
Quando então eu disse: “Daqui não saio!”
E quando nessa floresta se embrenha,
É difícil encontrar a saída,
Ainda mais ao descobrir-se a senha
Dessa linda encadeação incontida
De versos criada pelo Poeta,
Que deixo em maiúscula merecida!
Para não deixar a coisa incompleta,
Com Canto de Inspiração e Legado,
Contextualizei de forma direta
O cenário lá por ele enfrentado.
Depois, emendei 24 Cantos,
Com tudo irmanamente demarcado:
Cada Livro recebeu igual tanto,
Inferno, Purgatório e Paraíso.
Pra mim, a jornada foi um encanto,
Cada canto eu findava em sorriso,
Fiquei em Dante feliz e imerso,
Para ser um pouquinho mais preciso,
Foram mil trezentos e cinqüenta versos.
Teve dois cantos que começam a viagem
E os dois que fecham o universo,
Este aqui e mais um em homenagem
Ao nobre valoroso tradutor.
No começo da minha ‘reportagem’
Optei por ajustar o seletor
Para uma abordagem pragmática,
Para não derrubar o firme andor,
Embrenhando na discussão dogmática.
Resolvi centrar nas informações
De disposição mais direta e prática.
O que mais se viu foram punições
Aos pecados mortais e capitais,
E virtudes e localizações
Das gentes que ficaram nos anais
Da História Antiga e religiosa,
Nas arquiteturas sensacionais,
Descritas de forma prodigiosa
Pelo Poeta-mor da Cristandade.
Foi-me tarefa muito saborosa
Caminhar por maldades e bondades,
Bem ou mal punidas ou premiadas.
No que concerne à atratividade
Do sentido das palavras cantadas,
Lembrei “Notícia ruim vende mais”
Que se diz da imprensa exagerada.
Constatei semelhanças pontuais,
Pois que atrai mais ler sobre penas
Do que sobre bênçãos celestiais.
Espero ter agradado às antenas
De meus atentos leitores queridos,
Vou até rezar algumas novenas.
Obrigado pelos tempos fluídos.
Quando se lê livros em Português
E o original é em outro idioma
A gente percebe, de quando em vez,
No rodapé, informação que soma
Para o entendimento do leitor,
Que nos salva tal qual firme redoma,
A famosa ‘Nota do Tradutor’.
Tendo acabado de ler ‘A Comédia’
Obra-prima de notório esplendor,
Com dificuldade acima da média,
Em que é necessário ao profissional
Saber nível alto de enciclopédia,
E além disso, uma aptidão colossal
De versejar com rima encadeada
Mantendo o sentido original,
Sem perder o doce fio da meada,
Terça a terça pelo longo caminho
De 14 mil versos, linda estrada,
É bem de se ajeitar o colarinho,
Contratar coquetel com canapés,
E dar Nota AO Tradutor, com carinho,
Um muito sonoro DEZ, NOTA DEZ,
Qual diria Carlos Imperial,
E cercá-lo de ternos cafunés.
E na Comédia, ele é fundamental!
São tantos nomes e situações,
Que sem seu estupendo cabedal
De história, fatos e informações,
Que vêm nos mui bem-vindos rodapés,
Impediria as interpretações,
Seríamos pegos nos contrapés,
À deriva no denso temporal.
Ítalo, coloco-me aos seus pés!
E vejam como é fenomenal
Sua história, querido ouvinte!
É nascido em São Paulo, Capital,
Aos nove anos do Século Vinte,
Filho de pai e mãe italianos,
Mas veja bem o incrível requinte,
Na Primeira Guerra, passou os anos
Na Itália, onde o pai médico serviu,
Onde ‘piano piano se va lontano’,
Empreitou uma tarefa varonil:
Guardou de cor a Comédia de Dante!!
Bem educado, PONTE QUE PARTIU!
Na volta, a paixão seguiu adiante:
Estuda lá no Dante Allighieri.
Na literatura não vai avante,
Porque a Engenharia ele prefere.
Faz nome em Arquitetura Moderna,
Mas no final, é Dante que interfere!
Já nos setenta, volta a paixão terna
Pelo Poeta maior florentino,
E o doce tempo não lhe passa a perna:
Dos versos cultos com rima encadeada,
Conseguindo um sucesso genuíno.
A obra foi com honra premiada
Com o renomado Prêmio Jabuti,
No ano 2000, quase ao fim da estrada.
Mais três anos, foi-se embora daqui.
Digníssimo Ítalo Eugênio Mauro,
Grato por descascar o abacaxi!
Pausa para saudar os aniversaariantes
De minha turma em Julho178 Mas eu nem vim à tribuna. Hoje, Teidi e Tadeu, No começo, foi Pavuna. Willy segue o jubileu, Reinaldo fecha a coluna. Sem contudos ou poréns, A todos dou Parabéns!!! ________
Pausa para saudar um gremista
Que fazia aniversário 179 Bem avisou o Guru! Saudarei com oboés, Celebrarei em rebu, Nosso grande Radaés. Mas assim, no claro e cru, De verdade, quem tu és? No crachá, está cabal: Tu és ‘INTERNACIONAL’
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Pausa para saudar os aniversaariantes
De minha turma em Agosto180 Uma estrofe só não ia dar certo. Resolvi usar as terças de Dante, Em decassílabos com fim incerto. Agosto é só serpentina e confete No nosso grupo ínclito e esperto. Começando com dois no dia sete, É parabéns pra Régis e Parada. E nem bem dispensamos a claquete Aparecem, como quem não quer nada Nobres Wellington e Guadagnin. E passando mais seis dias na estrada, A Luiz Flávio, brindamos com Tin-Tin. Dia 18, atropelando os fatos, Para mais três, tocamos o clarin: É Ricardo César e Henrique Mattos E o Rubens que não sei pronunciar. E vem Amigo com espalhafato, Lá no dia 23 a celebrar. Mais cinco dias, Levi segue a sina, De bem celebrar e comemorar. Finalmente, quando agosto termina, Quem canta Pique Pique Rá-Tim-Bum, São os amigos Herbert e Gravina. 181 Não quero Natal mesquinho Tampouco de miserável Quero festa de carinho Sem a tristeza inexorável Quero um Natal de Bandeira De Adélia, quiçá de Pessoa De poesia rotineira Saudando a Noite Boa Quero um Natal de pobreza De rima de pé-quebrado Singelo até na largueza Da ceia...e do inesperado! Nunca esquecendo afinal Da mensagem do menino Que é na caridade real Onde repousa o divino Quero um Natal de saudade Da lágrima já esquecida Da memória que resguarde Quem marcou a nossa vida Quero lembrar a avozinha A mãe que cedo se foi E a lembrança, que é só minha Dos Reis, do Burro e do Boi Um Natal de reflexão De consciência e cuidado Mas de comemoração Ao lado do ser amado E que venha um Ano Novo Que chegue, ainda criança Trazendo a todo esse povo Um alento de esperança Que sequer seja perfeito Pois tal coisa não existe Mas que caiba bem direito Em cada alma que resiste.. |
Parabéns, Braspetro querida!
Entre ativos e aposentados,
Muita gente lá fez a vida!
De uma simples subsidiária
Para a Área Corporativa.
Da semente na Candelária
À Diretoria Executiva.
Não é pra qualquer um, nascer
Já vestindo cartola e fraque!
Fazendo o mundo conhecer
Depois, foi uma longa históriaDe momentos bons e ruins.Decerto, ficam na memória.
Hora de tocar os clarins!
Não foram fáceis nossas trilhas!
Ditaduras, revoluções.
Enfrentamos guerras, guerrilhas,
Mares, desertos, furacões.
No campo das negociações,
E ensinamos a ciência
A nossos colegas patrões!
Começamos na exploração,
Mas espalhamos nossas hostes.
Sujeitos a reclamação,
Expandimos do poço ao poste!
Não foi tudo ‘sunshine so fine’.
Foi aqui, ali e acolá:
Circuito Helena Rubinstein,
E o Tereza de Calcutá!
Namíbia, Nigéria, Benin,Argélia, Egito, Líbia, Angola.
Madagascar, Guiné Eq, sim
Fomos tocar nossa viola!
Gabão! Bora mudar de terras!
Pra falar que ficamos chiques,
Rumo a Noruega e Inglaterra!
Na Europa, também Portugal.
Mas fomos vender nosso pão
Em linha transcontinental,
Só fomos parar no Japão!
Na sanha de nossa expansão,
Índia, Paquistão e Iêmen,
Irã, China, e Cazaquistão,
E Turquia deixamos o sêmen!
Como se isso não bastasse,
Pra ampliar nossa Disneylândia,
Buscamos feliz desenlace
Na Austrália e na Nova Zelândia.
E lá na América do Norte,
Desprezamos o Canadá.
Na Central, tentamos a sorte:
Guatemala, Cuba e Trinidad.
Mas foi em nossa vizinhança
Que mais cruzamos aduanas.
Fomos tentar encher a pança,
Só esquecemos as Guianas.
Não foi devagar com o andor!
Bolívia, Argentina e Uruguai
Chile, Peru, Colômbia, Equador,
Venezuela e Paraguai.
Se algum faltou, digo depois.
Teve uma época, lá atrás,
Que o Rei Sol nunca se pôs
No Império da Petrobras.
Estamos aqui em 50,
Um pra cada ano de história.
Nesta hora, a gente lamenta
Os que ficaram na memória.
Lembremos qu’inda estamos bem,
Com saúde pra festejar!
Saudemos os que estão no além,
Estejam em qual for o lugar.
Então, por aqui me despeço,
Cinco S’s pra desejar:
Saúde, Sossego, Sucesso,
E muita Sorte e Saraváááá!!
Um novo Lusíadas se anuncia...
ResponderExcluirMaravilha!!!!! Belissima forma de ocupar o tempo eventualmente ocioso, nestes dias de quarentena.
ResponderExcluirMuito bom!
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