E vêm os invevitáveis comentários do quanto estamos longe de ficar em condições de receber eventos da magnitude dos que nos agraciaram recentemente. E não só pelo caos na locomoção. Dá pra imaginar o estádio da final da Copa do Mundo com o gramado naquele estado que ficou, os vestiários inundados, ou ainda o ginásio das disputas de vôlei das Olimíadas com seu piso destruído?
Haja infraestrutura a corrigir!
Haja comportamento a mudar!
A infraestrutura é problema da municipalidade, não precisa dizer que o dimensionamento das galerias de escoamento é incompatível com o tamanho que a cidade ficou, mas isso demanda investimento, planejamento, vontade política, e continuidade de um governo para o outro. Desconte-se que a quantidade de água, nos montantes torrenciais que desabaram sobre o grande Rio nos últimos dias seria um desafio para os melhores sistemas de escoamento do mundo. Nunca se viu a Lagoa ampliando sua área daquele jeito, estendendo suas águas até os prédios. Espantoso foi ver a repórter de pedalinho por sobre o parque. Aliás, estranhou-se a ausência dos peixes no meio da rua, e eu lembrei que morreram todos, naquele desastre ecológico de semanas atrás.
Entretanto, é certo que teríamos menos caos se os governos anteriores tivessem feito o dever de casa. Aliás, falando em governos anteriores, e já pulando para a estadualidade, a coisa remonta a muito tempo, da época do finado Brizola, que fechou os olhos à expansão das hoje suavemente denominadas 'comunidades'. Ele optou conscientemente por não combatê-la, foi política de (des)governo, e agora é isso que aí está, encostas indevidamente ocupadas, populações em risco, e o atual governo culpando os mortos por morarem mal enquanto viviam, até antes de ontem. Neste momento em que escrevo, vejo na TV mais um deslizamento em Niterói, mais uma tragédia...
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Se infraestrutura é problema de governo, comportamento é problema nosso mesmo. Nós somos, basicamente, porcos inconscientes. Quer dizer, tenho o direito de excluir-me dessa lista! Criticaram o prefeito quando usou esse adjetivo para referir-se ao povo, mas é a límpida e triste verdade! Diz a Bíblia que o dilúvio veio porque Deus decidiu destruir o mundo por causa da perversidade humana. No nosso caso, o dilúvio veio para punir nossa sujeira, o lixo que é jogado nas ruas, que entope os bueiros. Ironia do destino, ou parte do plano divino, o lixo estava ainda nas ruas quando o dilúvio veio: segunda-feira era o dia da coleta principal, mas a chuva veio antes.
Vê se esse acúmulo de sujeira acontece no primeiro mundo?! Quando morei em Houston, nunca vi nem de perto o que acontece aqui. Bem, talvez ajude a punição que os pigs de lá recebem ao fazerem porcarias. Nunca me esqueço do que aconteceu com uma amiga brasileira. Ela dirigia seu carro tranquilamente, com o vidro aberto (lá, pode-se andar assim!), o braço pra fora, fumando seu cigarrinho, passou um tempo e ouviu aquela sirenezinha (uéu!), viu aquelas luzinhas brilhantes pelo retrovisor, parou o carro e, segura de si, perguntou o que estava fazendo de errado, já que dirigia muito devagar, e ele, enquanto preenchia a multa, sem levantar os olhos para ela, disse: “A senhora estava fumando até agora há pouco, e agora não está mais? Pois é, eu vi a senhora jogar o cigarro no chão, ali atrás!”. A amiga, muda, sem defesa, ouviu: “Aqui está, infração grave, 300 dólares (!!), e nem adianta recorrer!”. Adivinha se ela até não deixou de fumar, depois daquela. É por essa e outras, que o povo é educado, na marra, e a cidade é limpa. Falta isso por aqui: punição exemplar.
Muita água tem que rolar, espero que pelos caminhos corretos.
Abraço.
Homero Não É Possível Ventura
Espero que voces tenham passado sem problemas por esta tragedia diluviana.
ResponderExcluirAgora que o Rio esta virando a cidade da moda, esta em varios filmes ("2012" , seriado da TV "Visitors", ambos com imagens do Rio), esta nas manchetes pela Copa 2014 e Olimpiada 2016, e outras coisas, estas imagens das enchentes nao ajudam muito.
Oi, Homero.
ResponderExcluirRealmente... Mas são poucos que tem esta visão de que isto é consequência em grande parte devido à falta de estrutura e atitudes corretas. Colegas engenheiros atribuíam as tragédias simplesmente a "Mas também... choveu demais hoje, né?!", como se os transtornos fossem inevitáveis e a culpa fosse meramente de São Pedro.
Mas as enchentes no Rio são corriqueiras demais. Há chuvas que realmente poderiam inundar as ruas e causar outros transtornos maiores, mas não todos os anos, diversas vezes por ano. Há normas para a construção de galerias de escoamento de águas pluviais que deve ser dimensionada para a maior chuva ocorrida nos últimos X anos (X pode ser 10, 20 ou 50), depende do caso. Pelo que se apresenta esta norma não está sendo seguida e os cariocas e os que aí vivem não podem ter esta idéia de que as tragédias são sempre inevitáveis. Além disto, claro, vem a questão de cada um ser coerente em suas atitudes, como não jogar lixo no chão.
Interessante a história de sua amiga em Houston. Até eu ir para Houston tinha uma idéia totalmente distorcida dos EUA, pois apenas conhecia New York, Miami e Orlando. Entre outras boas maneiras que jamais imaginaria no Braisl, meu anfitrião em Houston, JC Cunha (ex-petroleiro), contou que nos estacionamentos na cidade cada pessoa coloca o valor referente à taxa de utilização numa caixinha e não tem ninguém cobrando. Então falei: " Mas alguns brasileiros e outros gringos devem não pagar devidamente... " E ele me disse que às vezes passa o fiscal, e se não contiver o pagamento devido coloca-se uma placa enorme no carro... ou seja, é a mesma moral da história que você contou: PUNIÇÂO EXEMPLAR!
Obs.: Como sempre criativo o "nome do assunto".
Muito bom Homero! também concordo, infelizmente brasileiro só se educa pela parte mais" frágil do organismo": o bolso!
ResponderExcluirA crônica ficou ótima, bem parecida com a que eu esperava.
Abraços da sua leitora Josiene
Pois é Homero, estava esperando um comentário seu. Eu aposto que se o governo gastasse o dinheiro que está gastando com as obras de embelezamento das favelas (PAC) com a demolição daquelas moradias e reconstrução (no mesmo lugar) de outras mais seguras sairia talvez até mais barato...Ou mesmo que não desse prá todo mundo, reduziria o problema para uma boa parte, já fazer o que estão fazendo, institucionaliza aquela realidade.
ResponderExcluirCaro Homero, tenho me instruido e divertido com seus emails. Mas com relação a nossa terra e povo tupiniquim, tem jeito não. Infelizmente deixei cair a toalha. 25 anos tentanto ser "empresário" nesta terra nos leva a crer que só um dilúvio, pra começar do zero vai mudar. Os políticos e poderosos ( grandes empresários que mamam na teta ) não tem o menor interesse que isto mude. A classe média ( que média é essa??? ) entre eles e os pobres não dá conta de levar e trabalhar para o Pais. Na California, a multa por jogar lixo na estrada é de MIL DOLARES. E não adianta achar que não tem guarda, porque, eu não sei como, eles brotam da terra. Agora, caro Homero, imagina a cena de um PM, que ganha 600 reais, te aplicando uma multa de TREZENTOS DOLARES porque vc deixou cair uma guinbinha no chão!!!!!!!!!. Certamente ela fica por um galo ( 50 reais mesmos ). E de quem será o erro? Do corrompido ou do corruptor? Olha, nestes anos de "empresário" estive em situãções em que foi IMPOSSIVEL fazer o certo, o correto, como manda o manual. Simplesmente não sai, seja o que for. A certidão, a licença, não interessa, não sai. Mas vamos levando.
ResponderExcluirCaso haja um "Noé possível II", sugiro incluir o tema de um bairro construido em cima de um lixão........
ResponderExcluir"Muita água tem que rolar, espero que pelos caminhos corretos."
ResponderExcluirMuito boa esta frase... A inspiração continua a mil!!!
A causa da tragédia é a natureza, mas a aconsequência é puramente do homem que constrói em lugar de risco, que joga lixo na via pública, que consome demais. As autoridades são co-responsáveis pela consequência, pois não oferecem infra e muito menos fiscalizam a tão falada desordem urbana. Conosco, graças à Deus ou ao nosso poder aquisitivo, não aconteceu nada permanecemos em nossas casas assistindo a tragédia pela televisão e sem nos molharmos. Estou muito triste como o que aconteceu com os sem acesso e o que nós poderemos fazer agora é uma grande mobilização para ajudar a queles que precisam e perdaram o irrecompensável amigos e parentes
ResponderExcluirQuerido, concordo em gênero, número e grau!!!
ResponderExcluirdiretamente de São Paulo, semi alagado-nada-comparado-ao Rio.
Valéria
Prezado,
ResponderExcluirDe pleno acordo quanto ao codnome PIGS. Somos sim, faço a minha parte e não entendo esta nossa insistencia em acumularmos muito lixo, tipico de pais sub-desenvolvido.
2 fatores graves sob controle do governo - lixo e ocupacao desordenada. Pra ambos so vejo 1 jeito - Trabalho e compromisso sendo radical.
Uma pena mais este novo evento em niteroi que certamente vai aumentar o numero de vitimas.
Homero.
ResponderExcluirConcordo quando você fala da sujeira que o povo derrama nas ruas diariamente. Na segunda, enquanto estava preso em um engarrafamento, pude ver sacos de lixo, garrafas, papeis e muito mais boiando pela rua.
Concordo também quando você menciona nossas galerias de águas pluviais. Acredito que elas sejam mal dimensionadas e mal cuidadas. Entretanto, não estou certo se elas deveriam estar dimensionadas para a chuva que tivemos nessa semana. Talvez seu dimensionamento deva respeitar alguma estatística. Essa semana choveu no Rio como não chovia desde a década de 60. Talvez o correto seja dimensionar nossas galerias para 95% das chuvas que podem ocorrer e estar preparado para os 5% restantes. E estar preparado significa uma Defesa Civil com plano de emergência, ninguém morando em áreas de risco etc.
Outro ponto que temos que considerar é que muitos locais no Rio de Janeiro estão ao nível do mar ou bem próximo, deixando quase nenhum caimento para as águas escoarem, o que também é um complicador, seja lá qual for o tamanho das nossas galerias.
O que você acha?
Abraços.
Muito bom, Homero.
ResponderExcluirEssa praga que é o ser humano para o planeta Terra tem mesmo que aprender a se comportar sem fazer essa sujeira. Será possível que não percebam???
Bjs,
Eu não consegui vir ao Rio na terça e só consegui hoje, por causa de Noé...
ResponderExcluirQuanto às punições, se não me engano o uso de cinto de segurança só foi possível quando começaram a multar para exemplo e o pessoal aderiu mais ou menos
ao uso sistemático do cinto ("sinto" muito se estou enganado...)
Concordo contigo que é necessário mais autoridade e continuidade para melhorarmos dentro de algum tempo.l
Abraço,
Estou muito triste,amigo meu.Um colega morreu aos 56 anos. Isso devia ser proibido, sabia?
ResponderExcluirMas seu texto está ótimo. Adorei o infraestrutura, assim todo juntinho
Meu abraço
Homero;
ResponderExcluirHoje, lendo O Globo vi um comentário de uma das colunistas em relação a comentários (de novo) sobre as dificudades de termos a copa e as olimpíadas aqui considerando-se as dificuldades de infraestrutura. O comentário (mais uma vez) dela foi: absurdo alguém pensar assim. CLARO que temos condiçòes de receber a copa e as olimpíadas.
É isto que me preocupa aqui no Rio (e em muitos outros lugares). Esta falta de visão, de olhar apenas para o umbigo e achar a cidade realmente maravilhosa em todos os aspectos.
Mas é assim este lugar e assim continuará por muitos anos. Em dois meses nada terá sido feito sobre esta catástrofe e nada terá sido agendado ou planejado.
Uma pena.
Oi Homero, concordo plenamente com a sua crítica! O povo brasileiro precisa ser muito mais educado!
ResponderExcluirExcelente!
É muito triste o que deixaram acontecer no Rio de Janeiro. As autoridades sabem, são informadas dos riscos, tudo previsível e ainda assim deixam acontecer. Talvez não tomem as providências necessárias por que a população mais afetada é pobre. Quanto à sujeira acho que é endêmico, há sinais de desleixo por toda a parte.Têm que haver um esforço do governo para educar, inclusive através da punição, para mudar essa cultura de falta de cuidado com o ambiente em que se vive. Mas se grande parte das autoridades também sofrem a influência dessa mesma cultura como será possível mudar ? Concordo com você que muita água ainda vai rolar.
ResponderExcluirUm abraço,
Esplendida a sua cronica, que todo carioca deveria ler... Como sempre,
ResponderExcluirexímio com as palavras, vc. toca no ponto G com perfeição. Repito> vc.
deveria ser colunista ou cronista dos melhores jornais do Brasil e não
apenas um engenheiro da Petrobrás. Sou sua fã, bem sabe, e torço para
que algum dia isso aconteça. Aqui na Barra a coisa não foi diferente>
dilúvio e congestionamento por todo o bairro. E muita gente morrendo
de medo das encostas caírem, o que não aconteceu por milagre... Vivo
num grande vale, ao pé do Alto da Boavista, no meio de uma floresta
pitoresca e ao lado de uma cachoeira que está em verdadeira ebulição.
Engrossada pela chuva, o barulho é meio aterrorizante pois a gente
acha que a qualquer momento ela vai desabar nas nossas cabeças. Perto
daqui, a comunidade do Morro do Banco, lá no alto,considerada área de
risco e já informada disso , nada sofreu. Se vc. imagina , dentro do
Rio de Janeiro, um lugar bucólico e belíssimo, é justamente onde moro
mas parece que ninguém quer morar em casa, principalmente grande
demais para manter. Há 2 anos tentamos sair daqui pois apenas 2
pessoas dentro de um casarão com 5 quartos, 3 salas, 6 banheiros, 2
jardins, sauna e piscina que requerem manutenção constante e
dispendiosa assustam muita gente. Me assusta tb, mas não posso sair e
deixar tudo à deriva... Gostaria de notícias dos seus. Hoje, às 4 da
tarde, a Barbara canta novamente na Modern Sound. Seu show de tributo
a Elis está esplendido e vai ficar lá durante esse mes todo, aos
sábados. Aquilo é um lugar super agradável e quem vai lá < e está
sempre lotado pois não ser cobra entrada, é gratuito , vai para ouvir
boa música e curtir os bons artistas que lá se apresentam. Se v. puder
ir e levar o Filipe, eu amaria.Quero que ele conheça o trabalho da
Babi e os músicos dela. Aliás, em Junho embarcamos para a Grécia e
Portugal para a temporada dela e banda de um mes, como acontece todos
os anos. Depois vamos dar uma esticada até a Itália onde tenho primos
e mais primos, filhos dos 4 irmãos do meu pai, napolitano. A família
toda mora em Roma e nenhum deles jamais veio ao Brasil. Abração.
Marisa
Chefe Homero
ResponderExcluirMinha "história" é bem interessante:
- Fui para o ponto do ônibus, como faço todas as manhãs, e observei que não havia ônibus, ruas desertas, pouco movimento.
Pensei.... GREVE DOS ÔNIBUS.
Voltei, peguei meu carrinho e, na Alameda São Boaventura, ruas vazias e eu pensando o estava acontecendo.
Entrei na Ponte "Presidente Costa e Silva" e uma tranqüilidade dos tempos que eu tinha um fusquinha e pagava dez mil cruzeiros de pedágio.
Já no meio da Ponte, recebo a informação do que estava acontecendo e a Ponte estava sendo fechada.
Tive dificuldades a partir do Caju mas cheguei no Ventura (não o Chefe).
Poucas pessoas no 28º andar e recebemos informações de dispensa.
Sai às 13:00 e rapidamente estava em casa (mais uma vez fiquei com saudades do tempo do meu fusquinha la pelos idos de 1975).
Parece desligado, mas não liguei a tv de manha e nem tampouco o rádio.
Quanto a parte política, Niterói sofre as conseqüências do Brizola e de seus seguidores (João Roberto Silveira e outros) que não fiscalizam nada.
Deves conhecer São Francisco (que antigamente tinha SACO), bairro nobre e já se vê "construções" no meio das árvores, porém o pessoal da Prefeitura não consegue ver.
Onde moro, há 20 anos se via florestas e muito verde nas montanhas e a noite tudo escuro.
Hoje vejo muitos casebres , barracos e a noite parece um céu estrelado e isso começou no tempo do Brizola e do João roberto Silveira e que diziam "uma luz na escuridão".
Hoje esses desastres mostram o retorno a escuridão das pessoas que morreram e o desespero dos que lá moram.
Enquanto isso o Silveira diz precisar de dinheiro (14 milhões) para realocar as pessoas.
Creio que a fiscalização ficaria muito mais barato e evitaria essa tragédia.
A população também tem culpa mas ai entra a educação que só se fala em épocas de eleição.