-

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Ver Pelé Sorrindo

Por conta do novo título do Palmeiras, 
voltou a discussão sobre o reconhecimento daqueles títulos da década de 1960.


A CBF reconheceu, entre outros menos cotados, o Santos, como o grande Campeão Brasileiro de todos os tempos. Foram reconhecidos os títulos de 1961, 1962, 1963, 1964, 1965 e 1968, dos torneios nacionais da época. Juntados aos títulos de 2002 e 2004, somamos agora OITO títulos, somos Octacampeões, no sentido errado, já que ele seria aplicado corretamente se fossem seguidinhos. Aliás, em verdade, agora o Santos é o único Pentacampeão Brasileiro, pois deu cinco sem sair de cima, entre 1961 e 1965.


Esta maravilha só foi possível graças ao grande torcedor do Santos José Carlos Peres (hoje, Presidente do Peixe!), que teve a ideia de buscar esse reconhecimento, e ao jornalista, escritor e historiador Odir Cunha, que fez o levantamento histórico. Conheci ambos nesta semana. Veja este trecho do verbete sobre o último na Wikipedia:
Em 2009, a convite de seis grandes clubes brasileiros - Palmeiras, Cruzeiro, Santos, Botafogo, Fluminense e Bahia -, Odir Cunha pesquisou, redigiu e editou o "Dossiê pela Unificação dos Títulos Brasileiros a partir de 1959". O documento buscava a ratificação, por parte da CBF, dos títulos nacionais de clubes disputados de 1959 a 1970, denominados "Taça Brasil" e "Torneio Roberto Gomes Pedrosa/ Taça de Prata"
Aliás, Odir fez muito mais pelo esporte brasileiro.... vale a pena dar uma passada pelo verbete que mencionei, e que deixo aqui, neste link

Houve alguma grita, na época, principalmente dos times que perderam a posição de primazia, questionando a validade daqueles títulos, reclamando que eram torneios curtos, tipo mata-mata, que não tinham abrangência nacional.

Ora, ora, ora, o fato é que aqueles eram os torneios nacionais disponíveis, e organizados pela entidade oficial da época, a CBD. A regra do jogo era aquela, e segundo a regra então estabelecida, o Santos foi o melhor de todos, portanto o Campeão do Brasil. Os outros times tinham o mesmo direito de disputar seu campeonato regional (somente alguns estados), e ao vencerem, ganhavam o direito de ir ao mata-mata oficial. Se não venceram o seu campenato, ou, mesmo vencendo, não bateram o Santos, problema deles.
  
Ninguém pode reclamar da legitimidade dos títulos!
  
O Flamengo e o São Paulo que vão buscar, no campo, a partir de agora, o ranking perdido. 

E, cá entre nós, não fosse esse justíssimo reconhecimento, o Pelé, simplesmente o maior jogador de todos os tempos, para sempre imbatível, iria acabar morrendo (daqui a muuuitos anos) sem ter sido Campeão Brasileiro.

De novo, ora, ora, ora!!!

Outros agraciados foram Lima, grande meio-campo, e Pepe, grande ponta-esquerda, aliás, segundo ele mesmo, o maior artilheiro do Santos, com mais de 400 gols, dentre os seres humanos, pois Pelé é extraterrestre.

E depois, só de ver o REI sorrindo, com o peito estufado com seis medalhas douradas, já valeu!!

E como ele próprio anunciou, com uma adaptação meio torta, mas válida:
Agora quem dá bola é o Santos
Oficialmente é o grande campeão!
E tenho dito!
Homero Oito Vezes Campeão Ventura
P.S. Pena que agora, o Palmeira também chegou lá, e não somos mais os únicos Octacampeões!!! 
Mas vamos mudar isso!!! 
Vamos ao Nonacampeonato!!!

terça-feira, 20 de novembro de 2018

BRAVO, LIZZIE!!!


Depois de ficar afastado da paixão pelos Beatles no começo de casamento e carreira, voltei à carga com o advento dos CDs, e também com a leitura de alguns livros. O melhor de todos foi ‘The Beatles Recording Sessions’ de Mark Lewisohn, que passeia pelos detalhes das gravações de todas as canções, imperdível. Um dos momentos mais interessantes dessa profícua leitura foi quando descobri o único ponto de ligação da carreira beatle com alguma coisa brasileira. 


Numa fria noite de fevereiro de 1968, os Beatles estavam gravando “Across The Universe”, uma das melhores canções de John, senão a melhor, segundo ele mesmo. Após uns takes iniciais, Paul (sempre ele) achou que precisava de uma voz feminina para fazer fundo vocal, no trecho “Nothing’s gonna change my world ...”, saiu para a rua, a famosa Abbey Road, encontrou o bando de mulheres que sempre faziam plantão histérico na frente do estúdio, e perguntou: “Alguém aí sabe cantar. Duas levantaram a mão, uma delas era a brasileira Elizabeth Bravo, que passava uma temporada em Londres. E lá foi ela e deu seu recado. Portanto, há uma voz tupiniquim com presença fundamental na carreira dos Beatles ... Verão no comentário que ela mesma fez uma pequena correção quanto às palavras 'bando' e 'histérico', que eu me apresso em reproduzir aqui:
Desde que cheguei em Londres, em Fevereiro de 1967, não existia mais a histeria presente nos anos em que os Beatles faziam shows. As fãs eram bem comportadas. Ficávamos empolgadas, mas nunca gritando. Naquela noite éramos poucas e o porteiro nos deixou ficar dentro do prédio, no corredor, ao abrigo do frio intenso. Levei para dentro dos estúdios minha amiga inglesa Gayleen Pease. Os quatro Beatles e George Martin presentes!

A canção, como ela foi gravada naquela noite, foi incluída num álbum beneficente, em 1969, que ninguém conhecia por aqui. Depois, sem as vozes femininas, e com orquestração, foi lançada no último disco da carreira Beatle, “Let It Be” 1970. 

Felizmente, a voz brasileira veio à tona, quando foram lançados os dois discos “Past Masters Volumes One and Two” em 1988, que compilavam as canções lançadas apenas em compactos e, felizmente, ressuscitou a gravação original daquela noite, 20 anos antes.

E apenas agora, na celebração dos 50 anos do Álbum Branco, veio o reconhecimento oficial da presença daquelas adolescentes sortudas e talentosas no universo beatle!

Para Lizzie, aquela que estava na hora certa, no local certo e tinha a habilidade certa para o momento, digo:

BRAVO, LIZZIE!!!

 I believe that night has effectively changed your world, hasn't it??!!

Pensando naquela canção, minha mente viaja, como viajava a de John, quando escreveu: “Pools of sorrow, waves of joy are drifting through my opened mind, possessing and caressing me…. Jai Guru Deva”. As últimas três palavras diziam, em sânscrito, “Saudações ao guru”, e assim repito eu, a Lennon, seu mantra:

OOOOOOMMMMMMMMMMM




segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Across The Universe

Ontem, Lizzie Bravo me respondeu a uma mensagem no Messenger!

Ela é uma personagem beatle brasileira!
__________________________________


Este aí de cima é o nome de uma das mais lindas canções beatle. Mais especificamente, de John Lennon. Uma verdadeira obra prima, com lindas passagens poéticas, oriundas provavelmente de um mix com uma pincelada de coquetel alucinógeno, adicionada de três pitadas de meditação transcendental.
Este aí de cima, também, é o nome de um filme que agora está em DVD. Assisti ao filme, à época. E escrevi o texto abaixo, mas apenas sobre o trailer. E o filme confirmou todas as impressões!

 Na última semana, recebi um video ES-PE-TA-CU-LAR, com uma execução da canção, o que me levou a recomendar, mas, claro, não sem antes re-editar este meu texto. Ao fim, eu dou o link para o vídeo, imperdível!!!
Trata-se de um musical. Certamente, já não é uma boa credencial de partida para muitos. O atenuante (e que atenuante!) é que as músicas são dos Beatles, portanto, já é um bom motivo pra quebrar a resistência dos que fazem cara feia para aquele estilo de filme.
O musical passa-se no final da década de 60, em meio a jovens universitários, retratando a era hippie, os tempos do “Paz e Amor”, as drogas e a guerra do Vietnam.
A história é interpretada através das letras das músicas beatle, que são interpretadas pelos atores dançarinos, ou ficam apenas ao fundo.  Então, temos:
  1. ·         Um personagem chamado Jude, para quem é cantada "Hey Jude"1968, dando conselhos de como lidar com uma garota. Na verdade, o nome Jude, na mente de Paul McCartney, que compôs a antológica canção, era inspirada em Julian, primeiro filho de Lennon, então com 5 anos, que ele carinhosamente chamava de Jules, ou Jude;
  2. ·         Uma personagem chamada Prudence, para quem os amigos cantam "Dear Prudence", uma linda canção de John, pouco conhecida pelo grande público, em homenagem a Prudence Farrow, presente no Album Branco1968. Prudence, junto com sua irmã Mia, foram companheiras dos Beatles em seus tempos de Índia, onde aprendiam Meditação Transcendental com o Maharishi Mahesh Iogi, antes de se decepcionarem, ao descobrir que o tal guru era um 171 danado. No filme, a personagem é interpretada por uma descendente oriental, talvez lembrando uma outra, de sobrenome Ono, que foi importantíssima para o fim dos Beatles;
  3. ·         Depois, aparece um sujeito cantando todo feliz, numa pista de boliche, a canção "I've Just Seen A Face", uma esquecida canção de Paul, do lado B do álbum "HELP"1965, que descreve um cara todo feliz com seu amor, lembrando de como se encontraram;
  4. ·         Bono Vox, o líder do U2, participa como ator e faz Dr. Robert, lembrando um médico que, na Londres de 1965, foi o responsável pela introdução de John e George Harrison no mundo das drogas lisérgicas, personagem retratado numa canção de mesmo nome, de John, no album Revolver1965. No filme, Bono aparece cantando "I Am The Walrus" uma das melhores canções beatle, Top 5 em minha opinião, também de  Lennon, certamente auxiliado pelo estado alterado de sua mente, em mais uma viagem alucinógena, afinal, é impossível pensar em “sardinhas de semolina subindo pela Torre Eiffel” com a mente limpa!
  5. ·         A parte mais marcante do filme, que trata da guerra do Vietnam começa (ao menos, penso que começa, já que só vi o trailer) com "Revolution"1968, de Lennon, e que saiu como Lado B do compacto que tinha "Hey Jude" do Lado A, e cuja letra já tinha tudo a ver com o movimento anti-guerra;
  6. ·         Depois, a melhor cena do trailer, com a música "I Want You (She’s So Heavy)", que John fez pensando em Yoko: lá no meio da letra, ele diz "She’s so heavy!", querendo mencionar não o peso corporal da esquelética nipônica, mas o peso de suas idéias, aliás, o principal motivo da paixão desenfreada que ele sentiu por ela, no maior caso de amor da história do rock. A canção finalizava o Lado A do álbum “Abbey Road”1969, último gravado pelos Beatles (mas não o último lançado). No filme, um certo personagem diz que tem um encontro marcado com Tio Sam; logo depois, aparece a famosa figura colorida, do velhinho Sam, de barbicha e cartola, ganhando vida e quase saindo de um outdoor com o dedo apontado pro personagem e cantando "I want you --- I want you so ba-a-a-ad hey", representando o governo americano convocando os jovens para batalharem a guerra santa contra o comunismo do sudeste asiático. O sujeito, então, é recrutado e começa o treinamento, de cuecas, ao ritmo da música. Quando o ritmo muda, aparecem ele e um bando de recrutas, já no campo de guerra, entre bombas, carregando uma réplica da Estátua da Liberdade, com a tocha apontada para frente tal qual o canhão de um tanque, na hora em que a única letra da música é “She’s so heavy!". É genial, ou não é? Como é pesado o fardo de levar a “liberdade” capitalista ao mundo comunista, e a que preço, de quantas vidas humanas!!!! Coisas que estamos a observar hoje, no Oriente Médio, por outros motivos. Certamente, não era esta a intenção de John no momento da composição, mas tenho certeza que, longe de se revirar no túmulo, ele está aprovando a adaptação, com um leve sorriso nos lábios (acho que já usei esta imagem em outro texto meu ....);
  7.          Finalmente, mais uma de John, “Strawberry Fields Forever”,de 1967, em mais uma adaptação livre do filme: na canção original, Lennon inspirou-se em uma lembrança de sua infância, quando pulava os muros de um orfanato de Liverpool chamado “Strawberry Field”, para brincar com os amigos em seus jardins. A canção foi lançada em compacto juntamente com “Penny Lane”, de McCartney, que, coincidentemente, naquele mesmo mês de 1967, pensava em uma reminiscência de infância, na mesma Liverpool. Coisas de uma parceria iluminada! Bem, no filme, os campos são os da guerra e os morangos, esmagados, escorrem sangue dos jovens que lá morriam, a troco de nada. Sem dúvida que provocou mais um sorriso de John.
Como viram, contando com a canção título, John deu de 6 a 2 em Paul, e George ficou chupando o dedo, pelo menos neste extrato de trailer. No resto do filme, outras 26 canções beatle são executadas, inclusive 3 de George (não poderia faltar), verifiquei na Internet.
Lennon e Lizzie
A canção título, “Across The Universe", foi gravada em 1968 e se constitui no único ponto de ligação da carreira beatle com alguma coisa brasileira. Paul (sempre ele) achou que precisava de uma voz feminina para fazer fundo vocal, no trecho “Nothing’s gonna change my world ...”, saiu para a rua, a famosa Abbey Road, encontrou o bando de mulheres que sempre faziam plantão histérico na frente do estúdio, e perguntou: “Alguém aí sabe cantar?”. Duas levantaram a mão, uma delas era a brasileira Elizabeth Bravo, que passava uma temporada em Londres. E lá foi ela e deu seu recado. Portanto, há uma voz tupiniquim com presença fundamental na carreira dos Beatles ... Verão no comentário que ela mesma fez uma pequena correção quanto às palavras 'bando' e 'histérico', que eu me apresso em reproduzir aqui:
Desde que cheguei em Londres, em Fevereiro de 1967, não existia mais a histeria presente nos anos em que os Beatles faziam shows. As fãs eram bem comportadas. Ficávamos empolgadas, mas nunca gritando. Naquela noite éramos poucas e o porteiro nos deixou ficar dentro do prédio, no corredor, ao abrigo do frio intenso. Levei para dentro dos estúdios minha amiga inglesa Gayleen Pease. Os quatro Beatles e George Martin presentes!
A canção, como ela foi gravada naquela noite, foi incluída num álbum beneficente, em 1969, que ninguém conhecia por aqui. Depois, sem as vozes femininas, e com orquestração, foi lançada no último disco da carreira Beatle, “Let It Be” 1970. Felizmente, a voz brasileira veio à tona, quando foram lançados os dois discos “Past Masters Volumes One and Two”1988, que compilavam as canções lançadas apenas em compactos e, felizmente, ressuscitou a gravação original daquela fria noite de fevereiro, 20 anos antes.
Pensando naquela canção, minha mente viaja, como viajava a de John, quando escreveu: “Pools of sorrow, waves of joy are drifting through my opened mind, possessing and caressing me…. Jai Guru Deva”. As últimas três palavras diziam, em sânscrito, “Saudações ao guru”, e assim repito eu, a Lennon, seu mantra:
OOOOOOMMMMMMMMMMM

Num outro dia, como disse, ouvi, com lágrimas nos olhos, e cada centímetro de meu corpo arrepiado, essa obra-prima revivida.

        Aqui, nesta re-edição, três vozes... um certo Rufus, com um voz forte, pra logo depois entrar um certo Mobby em uma oitava abaixo, e depois ninguém menos que um certo Sean, o filho de John, fazendo uma segunda voz perfeita, e com aquela cara de John Lennon de olhos puxados....

        Imperdível!!! 


Ainda mais porque os Beatles, eles mesmos, NUNCA a cantaram ao vivo!!!

Pra ouvir e re-ouvir e re-ouvir e re-ouvir e chorar e chorar e chorar....


Agora notei que o público aplaude de pé... não poderia ser de outra forma!!


Homerix OMMMMMMMMMMMeando Ventura