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sexta-feira, 2 de abril de 2021

Sexy Sadie - Que vergonha!

Esta canção é a  canção do Lado A do 2° LP  do Álbum Branco

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 9 canções com Discurso para Uma Pessoa

                                        as demais 8 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

22. Sexy Sadie  (Person Speech Song by John Lennon)

John acusa: "Sexy Sadie, você quebrou as regras, o mundo esperava por você, o que você fez?" 

Na verdade, o tal sádico sexual seria o Maharishi Mahesh Iogi, o guru que encantou a todos os Beatles a ponto de irem se internar em seu ashram em Rishikesh na Índia para aprenderem Meditação Transcendental . John se desencantou com ele quando Mia Farrow, a atriz, irmã de dear Prudence, o acusou de assediá-la sexualmente. John queria dizer: "Maharishi, what have you done, you made a fool of everyone!" mas foi demovido por George e os outros, e trocou por 'Sexy Sadie'. A canção é maravilhosa! John no seu melhor, Paul e George perfeitos, Ringo, preciso, sem reparos! 
 
Depois dessa impressão sobre o caso, que até fez os Beatles restantes deixarem a Índia, outras houve que reduziram a suspeita ao que hoje chamamos de fake news. Pois é... É que eles se relacionavam naquele momento com um certo Alexis Mardas, que também era visto como um guru por John. Segundo consta, ele foi lá resgatá-los do 'outro' guru e plantou a notícia sobre o assédio, John acreditou e foi embora. Antes de sair, John escreveu a canção com o ataque direto ao Maharishi. Quem demoveu John da ideia foi seu companheiro George, que inclusive sugeriu a substituição pelo nome que conhecemos até hoje. E que deixou por muito tempo a impressão de que a letra se referia a uma garota de programa muito sexy, porque vários trechos da letra combinavam com esse sentido, especialmente pelo uso constante do pronome "She" e do qualificativo "Lover". 
 
A estrutura da canção parece ritmo de valsa, verso-verso-Ponte  verso-verso-Ponte (mas o ritmo de verdade não é). Interessante que a formação de todos os versos é a mesma, na métrica ABBA, que nada tem a ver com a banda sueca, apenas cada letra representa uma frase. Cada verso chama o Sexy Sadie e abre com uma questão, ou acusação ou mesmo uma ameaça (A) estabelece um complemento (B) depois reforça o complemento (B) e reforça a inicial (A). Mais especificamente,
Verso 1 - A: What have you done?  e  B: You made a fool of everyone! 
Verso 2 - A: You broke the rules   e   B: You layed it down for all to see!
Verso 3 - A: How did you know?    e   B: The world was waiting just for you! 
Verso 4 - A: You'll get yours yet   e   B: However big you think you are?

A cada Verso par tem uma Ponte, portanto são duas, e uma é diferente da outra e cada uma apresenta um sermão, como todos esperávamos por ela, sentamos à sua mesa, bastava um sorriso seu (e você nos decepcionou). E a canção fecha com outro verso, mas apenas instrumental.


Sexy Sadie foi apresentada aos demais em Esher, na casa de George, ainda com letra incompleta. Interessante a posição dela no álbum logo após EHSTHEFMAMM (um singelo anagrama), porque, em contraposição à energia que entregaram nesta gravação, os Beatles demoraram a acertar as coisas na nova canção, talvez pelo clima sugerido na letra. Foram 3 sessões, espaçadas vários dias entre si. Houve 21 takes na primeira, mas decidiram jogar tudo fora e começar do zero, e foram mais 23 takes na segunda, mas decidiram jogar tudo fora e começar do zero. Nesta sessão, houve uma tensão entre o George da sala de controle e o George do chão do estúdio, mas passou. Na terceira sessão, 10 dias depois, pra afastar o desânimo, e zerar o climão, começaram até num número redondo, que foi logo para os 3 dígitos. O primeiro Take do dia foi o Take 100! Afastada, portanto, a fama de que Sexy Sadie teve mais de 100 takes, na verdade, pularam algumas dezenas de numerais. Fizeram, finalmente, meia-dúzia de takes ótimos, todos de acordo, onde acabaram por definir que o piano de Paul, temperado com eco e com um pandeiro de Ringo posterior, seria o instrumento a abrir a canção, e não a guitarra jazzística de George, que era uma outra opção que também foi tentada. Depois, foram fazendo sucessivas reduções de fita (aquele processo de liberar um canal para futuros overdubs), até chegaram no Take 117, final, que tinha, cada um em seu canal, a bateria de Ringo num 4x4 firme, com muitas viradas, e tinha o baixo floreado, nada básico, de Paul, e tinha o lead vocal perfeito de John, dobrado em pontos isolados, mas no canal 3, havia uma verdadeira salada de sons: tinha 3 pianos de Paul, e tinha um órgão Hammond de Paul nas pontes, e tinha 3 guitarras, sendo as básicas de George e a de John, mas especialmente a de George, chorosa, no estupendo instrumental final, além dos backing vocals de John, Paul, e George, aqueles deliciosos "wah-wha-wha-wha" e "see-see-see-see" dos versos e também "Seeeexyyyyysaaaaadiiiiie" e "She's the latest and the greatest of them all" nas pontes. 
 
Ao vivo? Hail The Analogues!!! Encontrará neste LINK, em 1:03:15!!

3 comentários:

  1. Adoro essa música do John !!!
    Dizem q o guru queria 25% dos lucros dos Beatles... Espertinho esse guru

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  2. musica linda. aliás, estupenda. A melhor do disco para mim...além de while my guitar. perfeitas..

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  3. Excelente, Homero
    Há muito caroço embaixo desse angu indiano
    Foi uma fonte de inspiração espiritual, principalmente pro George

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