sábado, 15 de novembro de 2025

Savoy Truffle OUÇA e LEIA provisório

Clique no Play Verdinho

 Savoy Truffle  (Tale Story Song by George Harrison)

George conta: "Creme de tangerina e Montelimart, um toque de gengibre com um coração de abacaxi, uma sobremesa de café, sim, você sabe que cai bem, mas você tem que arrancar todos os dentes após a trufa de sabóia"
Não pude deixar de lembrar de Forest Gump sentado num banco de praça, e dizendo que a vida é como uma caixa de bombons, você nunca sabe que sabor vem no próximo que comer. Bem, isso não ocorria  naquela caixa de bombons que o amigo amigo Eric 'Is God' Clapton comia com voracidade, um atrás do outro, na casa dele, e que o levou a escrever Savoy Truffle em sua homenagem. O amigo guitarrista estava em sério tratamento dentário naquele momento. E como um alerta pra cuidar dos dentes no "But you'll have to have them all pulled out after the Savoy truffle"), em ótimos falsetes de George, harmonizados por Paul. Esta frase é a chave da canção, ela fecha cada um dos versos da canção, inclusive o instrumental, e ainda é repetido no final, portanto ouve-se 6 (seis) vezes o conselho que doces fazem mal aos dentes, é até profilático! Naquela década, os homens ingleses não primavam por cuidar de suas arcadas, vide David Bowie 'eu era assim e fiquei assim'. Good News era uma tradicional caixa de bombons Mackintosh, cuja imagem eu recuperei abaixo pra ilustrar. Note os sabores todos da letra dos dois versos ali, com seus formatos, de forma que não haveria surpresas, e inclusive como perdeu-se a oportunidade de ter Brazil numa letra Beatle, se George tivesse escolhido o sabor  do canto inferior esquerdo!! 

 


Na duas pontes, aquele doce todo esá na cabeça de George, e ele ameaça, na primeira, que se Eric abusar dos doces, "The sweet is going to fill your head, when it becomes too much, You're going to shout aloud", ou seja, você vai gritar de dor, e filosofa na segunda, dizendo que a gente é o que come (sugestão de Derek Taylor), e para rimar com "What you eat you are", ele se lembrou de Obla-di Obla-da, que ele e os demais Beatles detestaaaram, para dar uma cutucada em Paul, seu compositor!l Aliás, pensando melhor, acho que classifiquei erradamente esta canção: ela é muito mais uma Person Speech Song do que uma Tale Story Song. Enfim.... deixa assim!!
A canção foi (bem) recebida como a volta de George ao maravilhoso mundo da guitarra, após dois anos de paixão pela cítara indiana! E que volta foi essa, gente, que rock espetacular, a guitarra está ótima, sim, mas o destaque absoluto é para os metais, fazendo a gente balançar a cabeça do começo ao fim!! Não deixem de ouvir os LINKS que vou providenciar mais adiante! John não esteve presente em nenhum momento de Savoy Truffle (atitude que repetiria em Long Long Long, também de George, na semana seguinte). Na primeira sessão, após extensos ensaios com George na guitarra e também já no vocal, que foi aproveitado na versão final, Paul no seu baixo, e Ringo em sua bateria, que ele varia durante toda a canção, usando todos os recursos, finalmente um take único foi gravado. No dia seguinte em overdubs, George dobrou seu vocal em alguns pontos, Paul acrescentou backing vocal e uns gritos esparsos, Ringo, pandeiro, George tocou ótimos stacattos nas pontes, note uma guitarra distorcida tocando uma variação da melodia durante o verso instrumental, e Chris Thomas, aquele mesmo que tocara um cravo espertíssimo em Piggies, tocou órgão Hammond e piano elétrico ali na introdução e no meio, mas seu nome estará marcado mesmo na história Beatle como o arranjador dos metais que conseguiu fazer algo ainda superior ao que fora feito em Got To Get You Into My Life, dois anos antes. É realmente arrebatador! Thanks, Chris!! Os 6 instrumentistas, sendo 4 sax tenor e 2 sax barítono, vieram na última sessão, seguiram as instruções de Chris e deram um show, foram aplaudidos, e tal, mas George queria mais. Na sala de controle, ele disse: "Distorce isso tudo"! E assim foi feito. Conta-se que chamaram alguns dos saxofonistas para ouvir e eles não gostaram, mas cá entre nós, ficou  ótimo! Ouçam aqui neste LINK e se espantem. 
Ao vivo, nem Beatles, nem George solo, apenas The Analogues fizeram o bem à humanidade, com a propriedade de sempre! Savoy Truffle em toda sua grandeza aqui, neste LINK! Note o tamanho do sax barítono.  

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Joana D'Arc Médium, by Leon Denis

Um amigo esteve em Reims e comentou  que a visita foi muito mais aproveitada por ter lido/ouvido meu poema sobre Joana D'Arc, que produzi há dois anos

Fiquei feliz!!!

Abaixo, apresento minha resenha épica sobre a épica da Virgem de Órlean, na ótica descrita por Leon Denis (fala-se "leÔN deNÍ") no começo do século passado.

Foi surpreendente.

Sempre soube de sua grandeza, vi um filme, de Jean Luc Besson, mas dele não me lembro, então me espantaram sobremaneira os detalhes de sua vida e paixão, sim, o sofrimento que passou tem gente que o campara ao de Jesus Cristo...

Por ter sido uma vida épica, usei como estrutura poética, a 'oitava épica' que Camões criou em Os Lusíadas. Usei também Versos Decassílabos.


Vamos lá?

Olha, declamei em estúdio, editei e inseri trilha sonora.

OUÇA, clicando 

no Play Verdinho abaixo 

LEIA a seguir os versos 

com ilustrações 

e informação sobre a trilha sonora

(se está no celular, coloque-o na horizontal)

_____________________


Joana D’Arc Médium

Leon Denis

1ª Parte

VIDA E MEDIUNIDADE DE JOANA D'ARC


Entra Bolero, de Ravel


1

Personagem crucial de uma guerra,

Que só de anos durou mais de 100.

Muito jovem, defende sua terra,

Inspirada por mensagens do Além.

Vive uma jornada que encerra

Sem nunca temer nada e ninguém.

Convido então que já você embarque

Na incrível saga de Joana D’Arc.


2

Quem a nos desvenda é Leon Denis, 

Emérito seguidor da doutrina

Que Kardec nos deixou por aqui,

Aquela que nos instrui e ensina

Que a nossa vida não termina em si,

Que depende de nós nossa sina:

Que, para termos firme evolução,

Fora da caridade, não há salvação.


3

Na introdução, Denis nos alerta,

Da variada gama de versões,

Muitas antes daquela descoberta.

Elas diziam que suas visões

Eram coisas de sua mente incerta,

Eram nada mais que alucinações.

Eles não sabiam que, na verdade,

Tudo era fruto da mediunidade.


4

No Século XV, gente assim

Assustava as pessoas e mormente

Muitos acabavam com triste fim.

Pra Joana, vinham em sua mente

Imagens de santos e querubims,

Incitando que fosse diligente,

Pois ela vinha com nobre missão,

De salvar a França da opressão!

 

5

Denis nos conta do estado premente,

Em mil quatrocentos e vinte e nove,

Em que o Rei Carlos VI, demente,

Subjugado ao Rei inglês que promove

Destruição à França decadente,

Que nada e ninguém sequer demove,

Renega o próprio filho, o Delfim,

Relegando o país a triste fim.

 

6

Em Donremy, havia uma menina

Que tinha visões, de nome Joana.

Aos 13 anos, a história ensina

Rezando ao lado de sua choupana,

São Gabriel inspira sua sina.

Santa Missão, ela aceita com gana!

Aos 17, a donzela entra em cena.

A França encontra a Virgem de Lorena.

 

7

Ela não sabe ler nem escrever,

Dedica-se à vida camponesa.

Jamais se poderia antever

Que pudesse assumir a defesa,

Sempre sabendo o que fazer,

Pra liderar seu país, fácil presa.

Era o Alto que a orientava.

Joana D’Arc não pestanejava!

 

8

Naquele tempo, quem ia pra guerra

Eram mercenários em batalhões.

Joana fez que a defesa da terra

Ficasse robusta em seus corações.

Em discurso firme, Joana descerra

Um almanaque de nobres lições,

E transforma bandidos idiotas

Em irrepreensíveis patriotas.

 

9

Era comprovadamente donzela.

Iletrada, confundia doutores.

Frágil, passava horas sobre a sela.

Exarava bordões superiores.

Durante os processos contra ela,

Revelava aos investigadores:

Há, nos livros de Nosso Senhor,

Bem mais do que tu és sabedor!

 

10

Seus santos são com ela até o fim:

São Miguel, nunca nomeou-se a si.

Santas Margarida e Catarina, sim.

Aparecem sempre, aqui e ali.

A confiança é cega, outrossim,

A mente em frequente frenesi.

“Vai e aconteça o que acontecer,

Ajuda-te a ti, Deus é com você!”

 

11

Quando Joana deixa Donremy,

Madrugada, não diz nada a ninguém!

Temia que a prendessem ali.

Seu destino, o pai sabia também.

Beija-lhes as frontes, apenas sorri,

Parte pra Vaucouleurs e muito além.

Mesmo se tivesse 100 mães e pais,

Eu seguiria sem olhar para trás...

 

12

Seu tio Durant ajudou, foi com ela.

Único parente a acreditar.

Robert, o capitão da cidadela,

Comanda o Cura a exorcizar,

É convencido das intenções dela

E dá-lhe escolta para cavalgar.

Em pouco tempo, tenho fé, bem sei,

Estarei na nobre presença do Rei!

 

13

Le Dauphin era jovem qual Joana

Era iludido, enganado, traído.

Entregue ao prazer da vida mundana,

Carlos teria que ser convencido.

Teria ao lado força sobre humana,

Aquela menina trazia o bramido:

Venho da parte do Reino do Céu

De lá vem socorro, tinta e pincel!

 

14

O caminho até Chinon é perigoso.

Perigos rodeiam a caravana,

Mas já ocorria algo espantoso,

Pois prestes a atacarem Joana,

Bandidos grudam no chão lodoso.

Decerto era mais que uma lenda urbana.

As visões afastavam o perigo:

“Vai, sim, filha de Deus, estou contigo!”

 

15

Na pré-sala do Delfim, ela era

Olhada com muita desconfiança

Respondia a tudo direta e austera

E virava o jogo da esperança.

A mensagem que vinha era sincera

Havia chance para a amada França.

“Nela não se encontra qualquer maldade,

Apenas nobreza e simplicidade.”


16

O herdeiro, tímido e fanfarrão,

Colocou um cortesão no trono

E foi esconder-se na multidão.

Mas ela sabia seu real dono,

E a ele marchou com exatidão.

De joelhos, contou-lhe em baixo tono

Segredos íntimos do fundo da arca.

Resplandeceu a face do monarca.

 

17

Ela disse o que só ele sabia,

Da dúvida sobre a filiação,

E que na verdade ele só queria

Escapar, ver-se livre da prisão,

Ter vida tranquila na boemia,

Mesmo fosse longe da Nação.

A sala toda entrou em catarse...

Um milagre acabara de operar-se.

 

18

A fama de Joana era um rastilho

Mas não a livrou de humilhações.

Em Poitier, repetiu o estribilho:

De 20 teólogos, mais questões

Mas firme ela não saía do trilho

E ia angariando corações.

Mas ainda sofria a maratona

De provar sua pureza às matronas.


19

Ela saiu triunfante com louvor

Mas só foi batalhar após um mês.

Ainda duvidavam-lhe o valor.

Tours seria próximo alvo do inglês.

Ela fez lá seu traje lutador

O estandarte a conferir altivez:

Deus a abençoar as Flores de Liz

"Jhésus Maria" a dar a diretriz.


20

A inspiração vinha sempre do Céu. 

A armadura era branca cintilante,

A espada era a de Carlos Martel.

A completar o conjunto radiante,

Um fogoso, lindo, negro corcel.

Joana estava pronta, confiante.

Para, com suas tropas, avançar,

Colocar o Rei em seu lugar.


21

Tão só com Orléans desesperada,

O comando autorizou a partida.

Capitães de posição elevada

Sob ordens da menina destemida.

Tropa inglesa parecia entrevada.

A heroína se arroja a toda brida.

A bandeira desfraldada à frente,

Mais determinada que toda gente.


22

Orléans é libertada em três dias.

O general inglês cai prisioneiro.

A cidade festeja a alforria.

A virgem venerada por inteiro.

A notícia da enorme ousadia

Espalha-se como fogo em palheiro.

Muitos relatos de premonição.

Até ventos mudam de direção.


23

A primeira profecia é cumprida.

Levar o Delfim a Reims é preciso,

Mas é grande a distância a ser vencida

E ele é indolente e indeciso.

Sua entourage controla-lhe a vida

E afeta de fato o seu juízo.

Só que o clamor popular é forte

E 12 mil homens partem ao norte.


24

Em Troyes, vem o primeiro empecilho:

A citadela fortemente sitiada!

O Rei pergunta: seguimos no trilho

Ou voltamos em fuga desabalada?

Mas Joana está firme no estribilho:

"Seguiremos, sim, nossa jornada!"

De noite, incita jornada frenética..

De manhã, vem a rendição patética.


25

Assustaram-se com o poderio,

Artilharia armada e bem postada,

Arqueiros e besteiros por um fio

À sua frente, a líder montada,

A espada a comandar 12 mil.

Pediram rendição negociada.

Chalon e Reims caíram em seguida

Joana trazia um Rei a dar vida!


26


Em Reims, ocorreu a coroação.

Joana cumpria a segunda parte

De sua nobre e sagrada Missão.

Via-se seu valoroso estandarte

De todos os pontos da sagração.

Aos pés do Rei fez firme aparte:

Fiz o que foi do agrado de Deus.

Agora, reinas os súditos teus!


Entra Noturno 9, de Chopin

27

Joana encanta todos onde passa.

Junta-se aos humildes e desvalidos.

A fama dela, à do Rei ultrapassa.

Criam-na vinda dos Santos ungidos.

Diziam voltaria à sua praça

Pois seus desígnios estavam cumpridos.

Só que não! Ela falou aos ingleses:

"A minha França é só para os franceses!"


28

Então, "Rumo a Paris!" ela falou,

No dia seguinte à Coroação.

Seria o melhor momento, afirmou.

Os ingleses estavam sem ação.

Entretanto, o Rei fraco negou.

Ouviu o conselho dos cortesãos.

E seis semanas então se passaram

E aí, os ingleses se reforçaram.


29

A estrela de Joana empalidece.

Ingleses são menores inimigos.

Pois é a inveja da corte que cresce,

Vêem na glória dela um perigo.

A igreja também não aquiesce 

À fama de Santa que traz consigo.

Generais feridos em seu orgulho

Tramam dar à Guerreira seu esbulho.


30

Na Porta de Saint Honoré, previu:

"Amanhã, sairá sangue de mim!"

E, de fato, uma besta a atingiu.

Ficou fora de combate e assim

Um recuo pra Saint Denis sobreviu.

Ao melhorar, queria atacar, sim

Porém, o Rei mandara destruir

Pontes por onde poderia ir!


31

Sucederam-se oito meses ruins.

O resultado foi assim-assim

Vence em St.Pierre Mouthier,

Sendo derrotada em Charité.

É chamada à corte do Ex-Delfim

E encontra um real fuzuê.

Seus guias lhe dão dura previsão:

"Serás detida antes do São João!"


32

De seu futuro ela estava ciente:

"Nada temo senão a traição..."

O boicote já estava evidente.

Em Compiégne, a situação.

Foi presa a guerreira inclemente!

Não se sabe de premeditação.

Decerto aproveitaram o gatilho

Para livrarem-se do empecilho.


33


Nada se fez pra salvar a heroína.

Entrou no calvário de sua sina.

Foi de prisão em prisão por 6 meses.

Por 10 mil libras, vendida aos ingleses.

Sem lutar, sentia-se pequenina.

Depressão vinha-lhe algumas vezes

Em Beaurevoir, se joga da torre,

Mas, sabe-se, não é assim que morre.


34 

Em Le Crotoy, ela vê o mar,

Apenas pela grade da prisão.

Como os ingleses iam lhe tratar

É sua maior preocupação.

Ali não teve nada a reclamar.

Mas em Rouen, a abominação:

Gaiola em correntes, como as galés

Pescoço e cintura, mãos e pés.


35

Ainda na costa da Normandia

Quando chorava seu triste fado,

Um de seus caros guias lhe dizia:

"Filha, recebe tudo de bom grado!"

Mas foi em Rouen a real agonia.

Um tratamento cruel lhe foi dado.

Seis meses de verdadeira paixão,

De escandalizar qualquer coração.


36

A súcia de soldados brutos, vis, 

Usam toda sorte de maus tratos

Estuprá-la, tentam seus corpanzis.

Ela denuncia sem sucesso os fatos

As visitas não lhe são mais gentis,

Eles escarnecem-na com seus atos.

Encontram seu rosto pisado, inchado.

Seu corpo sempre em péssimo estado.


Entra Claire de Lune, de Debussy

37

Eis um bom momento pra mencionar

Sobre os trajes masculinos de Joana,

Em paz ou em guerra a ostentar.

Se antes, para dar aura espartana.

Cá, impedia-os de a desnudar,

Preservando sua aura improfana.

Mas a última visão da guerreira.

É feminina, amarrada à fogueira.


38

A menina suporta com galhardia,

Inda é interrogada pro julgamento.

E ali tabém seguia a covardia.

Não havia defesa a seu fomento

Contra ela, uma falsa alegoria

A incentivar o seu tormento.

Eram 71 homens da igreja,

Fariseus de má intenção sobeja.


39

À igreja, juntou-se a Academia:

A Universidade de Paris

Fez injunções desde o primeiro dia.

Tinha intenções nem um pouco sutis.

Guardiã dos processos de heresia,

Queria apontar os próprios fuzis.

E Joana ainda enfrentou seu clone

Na figura da "egrégia" Sorbonne!!!


40

Joana suportou com altivez.

Estava abandonada à própria sorte.

O Rei que ela resgatou nada fez.

Dizia que se Deus queria sua morte

Era culpa dela, vejam vocês...

Até o fim negou qualquer suporte...

Décadas depois se arrependeu

A reabilitação promoveu.


41

A admoestação era constante.

Levavam-na à sala de torturas.

Chegavam a usar ferro flamante.

Evitavam sevícias mais duras

Para evitar a morte liberante.

As intenções eram mais obscuras:

Esperavam condená-la à fogueira,

Acusando-a como feiticeira.


42

A argumentação contra a guerreira

Ia aos píncaros do indecente.

Um bispo disse-a não merecedeira

Da orientação de um Deus Clemente

Por sua baixa condição financeira.

O que dizer? Ora, francamente!

Tamanho contrassenso cheira a pus.

Lembre-se os apóstolos de Jesus!


43

Eram longos os interrogatórios 

De 3 horas, um ou mais por dia.

Ambiente opressor, vexatório.

Pesadas correntes... uma agonia...

Ela estava em constante purgatório.

Sempre altiva, a tudo respondia.

"Dizeis que sois meu juiz, pois não sois!

Cuida! A punição virá depois!"


44

Sua serenidade impressionava.

Mesmo sob o peso das correntes.

Com firmeza, a posição afirmava.

Chegava a encantar os presentes.

Seu olhar, lampejos despejava.

Erigia-se bela, imponente.

Entretanto, nada disso evitou

O fim que a ela se programou.


45

Mas o terrorismo seguia, vil.

Detalham o suplício na fogueira.

Ela preferia, dez vezes mil,

O fim na guilhotina derradeira.

Mas segundo aquela corja hostil

Não poderia sobrar nem caveira,

Nem um resto sequer a ser cultuado,

Em um mito eterno a ser cultivado.


46

No final, é levada a um cemitério.

Para abjurar em favor da igreja.

Em estado físico deletério,

Nosso santo anjo afinal fraqueja.

Não tendo aprendido em magistério,

Sem ler, firma qualquer papel que seja..

De noite, seu anjo diz ser traição, 

Ela faz última retratação!


47

É o sinal pra sua condenação:

Herética, inspirada pelo inferno.

Pois ninguém entendeu sua Missão,

Seu olhar simples, leal, franco, terno.

Vai morrer no fogo, sem remissão.

Sozinha, vai partir para o eterno.

Trinta de maio é o seu debrum,

Mil quatrocentos e trinta e um.


48

Quando Joana sabe de seu fim, 

Ela exclama chorando: "Ai de mim!

Tratam-me horrível e cruelmente"

Impressiona-a cruciantemente

O suplício do fogo, mesmo assim

Seguiu firme, forte e honradamente.

Levada por 800 soldados

E mais todos seus juízes prelados.


49

Leem o acusatório libelo...

São 70 artigos de baixo a cima.

Um estupor! E por isso, cancelo,

Apenas por um momento, a rima.

De vergonha, eu até fico amarelo.

Pra poesia, não há menor clima.

Então, ao final, apresento o derrame

Dos componentes dessa lista infame.


Entra A Day In The Life, dos Beatles

50

A fogueira vil era gigantesca!

Joana presa ao poste no pescoço!

Uma imagem realmente dantesca!

E em meio a um enorme alvoroço,

Dirigiu-se à cruel soldadesca

E fez um último desejo ao moço:

"Procure em alguma igreja uma Cruz!

Quero morrer olhando pra Jesus!"


52

Inclemente fogo já crepitando,

Com seu povo gritando e chorando,

Com suas roupas já a fumegar,

Encontra ainda força pra gritar,

A verdade das visões afirmando,

Retrato da história lapidar.

"Nada do que falei era mesmo meu.

Tudo veio do Alto e de Meu Deus!"


53

Em seu derradeiro sopro de vida,

O último grito foi para a Cruz

(Era o vínculo de toda uma vida

Em todos os momentos, era a Luz

A fonte de sua alma aguerrida),

Os pulmões já fervendo, foi: "Jesuuuus!"

Sim, sua dor foi enorme, foi tanta.

Séculos depois, ela virou Santa

____________________________________________________

 

Não achei mais a lista das 70 acusações contra ela mas era isto aqui que estava escrito numa placa, na hora da consumação pelo fogo.

'Joana, que se fez nomear a Donzela, mentirosa, perniciosa, abusadora do povo, advinha, supersticiosa, blasfemadora de Deus, presunçosa, que não professa a fé de Jesus Cristo, vingadora, idólatra, cruel, dissoluta, invocadora de demônios, apóstata, cismática e herética.'

O pai morreu logo, de desgosto

A mãe brigou anos pela revisão do processo.

O Rei, temeroso de ficar marcado pelo crime, deu ouvidos à voz pública e começou o processo de reabilitação, o que só conseguiu em 1455, quando foi anulado o julgamento.

Aliás, 

a Guerra dos CEM ANOS (que durou 114), 

terminou em 1453, 

vencida pelos FRANCESES, 

cujo REI era Carlos VII, 

que foi o REI que a menina JOANA D’ARC COROOU.

Simples assim!!

Porém, séculos se passaram sem que lhe cultuassem a vida, quando uma febre começou, de investigação de pergaminhos e bibliotecas poeirentas, foram revistas muitas partes da história, que haviam sido acobertadas na época do julgamento e pós-morte.

Joana D’Arc foi canonizada em 1915 e santificada em 1920.




Entra The End, dos Beatles


Top Ten do Homerix

Com que então, recentemente produzi um trabalho que considerei merecer entrar no 
Top 10
 de minha vida de blogueiro.

É um RAP em que contei sobre

The Beatles em minha vida!!!


Eis aqui a lista atualizada!

O próprio post está acessível a um clicar em cima de seu nome!!

Não é efetivament um ranking, de preferência, amo-os a todos igualmente, apenas que fui escrevendo na ordem em que me vinham à cabeça... 

... se bem que só isso já dá uma idéia de preferência, né...


1. História de um Sorriso (minha convivência com meu cunhado especial)

2. Novos Beatles? Que nada! (meu primeiro texto em 1997)

3. Finados levou a Memórias (memórias sobre meus queridos que já se foram)

4. Versos de uma carreira (minha despedida da Petrobras)

5. Projeto Um Pouco de AwoL (Minha experiência sobre Estados Unidos)

6. Caminhar em Londres (Duas semanas na cidade dos sonhos)

7. O Universo das Canções dos Beatles (Letras categorizadas e tudo sobre os 15 álbuns)

8. Joana D'Arc Medium, by Leon Denis (vida da mártir em versos e música)

9. A Divina Comédia de Homerix (resenha da obra de Dante, em versos como Dante)

10. The Beatles em minha vida Minha Vida cde Beatlemaníaco em RAP -


Em tempo, o Post que foi deslocado da lista foi Mais um 4 de Janeiro, 

com verbetes sobre o que aconteceu na minha vida, sempre atualizado com uma linha no topo a contar o que de mais importante aconteceu nos 12 meses anteriores ao 4 de janeiro de cada ano, meu aniversário, coisa que faço desde que virei cinquentenário!!!



terça-feira, 11 de novembro de 2025

O Projeto By Homerix

PBH Song Count: 7
Este Projeto By Homerix não tem qualquer fim lucrativo. 
Tem caráter meramente lúdico.
Serve apenas ao intuito de mostrar que sempre é possível fazer versões fiéis das canções dos Beatles, com  métrica e rima adequadas ao efeito.
Os áudios aqui veiculados foram gravados e editados em ambiente amador por sobre instrumental extraído das canções originais.
Eles são destinados ao público leitor do Blog do Homerix, e NÃO DEVEM ser veiculados em qualquer ambiente público no Brasil.

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O Projeto By Homerix tem a intenção de produzir versões plausíveis de todas as canções lançadas pelos Beatles... dentre elas, algumas que tiveram já versões livres em português, porém a maioria delas sem NADA A VER com o original.

É um projeto HOMÉRICO, em ambos os sentidos da palavra. A dificuldade de se encaixar a objetividade da língua inglesa, povoada de monossílados, em versões na nossa língua, onde di, tri, e polissílabos imperam, e ainda com rimas, sempre que possível, nos mesmos lugares em que ELES rimaram, tem sido e vai continuar a ser um belo desafio. Outro desafio será, às vezes, cantar no mesmo tom da canção, afinal quem nasceu pra Homerix não pode pleitear o alcance de um John, Paul ou George.... Ringo vai ser mais fácil, hehehehe!!

Estou adorando a ideia!!!

Vou deixá-las registradas aqui...

E começo com a última delas, a de Nº 7

Dpeois, quando chegar a 8ª, eu passo a 7ª para a ordem cronológica

7. Diga-me O Que Vê, que fiz para Tell Me What You See

(Paul McCartney, LP HELP!, Ago.1965, Dez.1965 Brasil),

Aqui, fui buscar a solução para uma das rimas numa palavra pouco comum (léu), mas confesso que tive problema no vocal. Primeiro, a harmonia vocal de Paul estava além de meu alcance vocal, então eu preferi fazer a harmonia na 2ª voz na oitava menor, mais grave. Ficou estranho, sei, mas foi o que se pôde fazer. E então, nessa oitava mais baixa, eu tinha dificuldade de alcançar a gravíssima primeira nota dos versos, daí pedi ao Felipe que usasse o Auto Tune, aquela ferramenta que não deixa os cantores cantarem desafinados!!! 

Não houve no Brasil versão para Tell Me What You See. Eis a minha:  

https://blogdohomerix.blogspot.com/2025/11/projecto-by-homerix-diga-me-o-que-ve.html

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Vamos à Ordem Cronológica Histórica do Projeto By Homerix!

A primeira canção a merecer essa atenção foi I Need You de George Harrison. Eu estava a produzir o áudio sobre ela, sua gravação, suas entranhas, quando de repente surgiu sua Ponte em Português... ficou muito bom... vi que levava jeito pra coisa... compus o resto da letra.

Estava plantada a semente...

1. Preciso de Ti, que fiz para I Need You

(George Harrison, LP HELP!, Ago.1965, Dez.1965 Brasil),

Apenas a 2ª  de 21 canções que George compôs durante a carreira dos Beatles, e que foi para o Lado A, do LP e para o filme de mesmo nome. E ele teria mais uma no Lado B do LP. Exibida em 7 de junho de 2025 no Submarino Angolano.

Houve no Brasil uma versão boa, Te Adoro, de 1966, com os .Golden Boys.

https://blogdohomerix.blogspot.com/2025/10/projecto-by-homerix-preciso-de-ti-ouca.html

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2. No Anoitecer, que fiz para The Night Before 

(Lennon/McCartney, LP HELP!, Ago.1965 KK, Dez.1965 Brasil)

Adorei a solução para o nome, até mais poética!!

https://blogdohomerix.blogspot.com/2025/09/no-anoitecer-versao-homerix-para-night.html 

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3. Ocê Gosta Muidimim, que fiz para You Like Me Too Much 

(George Harrison LP HELP!, Ago.1965 KK, Dez.1965 Brasil)

Aqui a 2ª canção de George num mesmo álbum. A obsessão em colocar a fala igualzinha em português fez-me recorrer ao mineirês, ali no refrão que não é refrão, e depois extrapolei para o resto da versão, especialmente ao descrever que a moça "cascô fora"!!!!!!

https://blogdohomerix.blogspot.com/2025/10/ouca-e-leia-oce-gosta-muidi-mim-by.html 

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4. Tu Tens que Esconder Teu Amor, que fiz para You've Goto To Hide Your Love Away 

(Lennon/McCartney LP HELP!, Ago.1965 KK, Dez.1965 Brasil)

Aqui, fiquei até constrangido em ter uma versão tão pesada logo em seguida à versão em mineirês, que ficou superdivertida.

Tive dificuldades, tanto na voz grave.... difícil buscar a nota mais baixa, assim como foi difícil atingir a nota suprema da voz aguda, tive que recorrer ao falsete!

https://blogdohomerix.blogspot.com/2025/10/youve-got-to-hide-your-love-away-john.html 

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E agora, as duas apresentadas no sábado passado, 25, último do mês de outubro, não por acaso, duas das versões que mais me incomodavam, há 60 anos, ou quase, por sua incompatibilidade com a letra original!

5. Até O Fim, que fiz para I Should Have Known Better 

(Lennon/McCartney, LP A Hard Day's Night!, Jul.1964 UK - Jan.1965 Brasil)

Posso dizer que salvei a Menina Linda (Renato e Seus Blue Caps, Jan.1965) daquele tarado. Sei que Renato Barros admitidamente nada sabia de inglês, mas decerto poderia ter evitado fazer aquele hino à pedofilia. Hoje, jamais seria gravada!!!

Na minha versão, fiquei feliz em como traduzi o sentimento do rapaz, que parecia enfeitiçado pela garota, envovlido que estava pela magia do seu beijo. Namorava uma bruxinha do amor, e não sabia!!

https://blogdohomerix.blogspot.com/2025/10/ate-o-fim-by-homerix-lennon.html

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6. Não Quer Saber Mais De Mim que fiz para Ticket To Ride 

(Lennon/McCartney, LP A Hard Day's Night Ago.1965 KK, Dez.1965 Brasil),

A original conto a  história do rapaz que perde sua garota.

O tal Anthony Middleton, que com esse nome devia saber algum inglês, poderia bem ter feito algo melhor do que aquela ficção do sujeito levando seu "broto" à praia, ao Corcovado, ao cinema, mas tinha Gente Demais (The Youngsters, Jan.1966) pra namorar. 

Na minha versão, conto a história do rapaz que  está vendo seu amor indo embora, tenta convencê-la do contrário, mas vê que "já era" e que ela nã "não tá mais nem aí" pra ele, aliás fiquei bem feliz de usar estas duas expressões no vernáculo popular brasileiro!

https://blogdohomerix.blogspot.com/2025/10/nao-quer-saber-mais-de-mim-by-homerix.html 

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