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quinta-feira, 30 de maio de 2019

Uma jóia perdida.....


Resultado de imagem para swarovski logoPasseando pelos meandros do meu blog em sua infância profunda, deparei-me com um post chamado 'Passear em New York' lá de maio de 2008. 

Nele, eu publicava os 4 textos com os quais concorremos (os quatro CPFs da família) a uma viagem a New York. Os textos deviam convencer os jurados a dar o prêmio ao autor...

Acabei ficando com o 3º lugar, que dava, como prêmio, adivinha o quê?! UMA JÓIA SWAROVSKI!!!! 
Acredita que NÓS NÃO FOMOS BUSCAR NOSSO PRÊMIO???!!! 

Pois é, lamentável ... e hoje, toda vez que passamos em frente a uma de unidades da joalheria, eu me lembro desse infortúnio...

Aqui, os quatro textos 
  1. Em New York poder namorar, é para nós um prêmio, pois na Broadway poder andar, é nosso sonho boêmio, e mesmo se for de dia, será mais do que um prazer, só de pensar arrepia, tanto que dá pra fazer, seja rua, praça ou avenida, seja parque, arranha-céu ou museu, estaremos felizes da vida, agradecendo o que Deus nos deu, e ainda que só andemos, sem gastar um tostão, mais que realizados estaremos, mesmo perdidos na multidão.
  2. Sempre que pensamos num local ideal pra namorar, New York vem sempre em primeiro lugar, o lazer, o consumo, o caminhar, as artes e a cultura apreciar, e nada melhor que lá estar, num momento espetacular, depois de um sonho almejar, de muito estudar e trabalhar até cansar, e de filhos bem criar, é tempo de comemorar: nascemos em 58, namoramos desde 78, já estamos em 2008 ... tá na hora de molhar o biscoito.
  3. Mereço passear sob o céu de baunilha de Nova York, de mãos dadas com meu amor, perder-me dele nas folhas de outono do Central Park e achá-lo no Empire State um momento mágico depois, pegar um dinheirinho na Wall Street, pedir a benção do chefão poderoso para cair no consumo como o diabo gosta, entrando na Prada pra ver como o diabo veste, e pedir que se esqueçam de mim e dele no Plaza, fazendo sexo na cidade que nunca dorme.
  4. Ontem eu sonhei que descia a Broadway de mãos dadas com meu amor, cortando Manhattan na diagonal e parando a cada praça mágica nos cruzamentos com as grandes avenidas, e quando acordei, foi a vez dela contar seu pesadelo de que passeava na Quinta Avenida, mas nada podia comprar, pois estava sem dinheiro, nem cartão de crédito, e então concluímos que estamos a merecer um passeio em Nova York.
Não sei qual deles foi contemplado. 

O que vocês acham?

domingo, 26 de maio de 2019

Dia do Automobilismo?

Em uma enquete para se determinar qual seria uma data para o Dia Mundial do Automobilismo, decerto que seria melhor dar o título a um dia de semana, mais especificamente, um domingo, e mais detalhado ainda, o último domingo de maio. Afinal,nesse domingo ocorrem, em dois continentes, as mais charmosas corridas das duas maiores categorias do esporte. Essa constância falha de vez em quando, mas a coincidência ocorreu muitas vezes. De manhã, o Grande Prêmio de Mônaco na Fórmula 1, e de tarde, as 500 Milhas de Indianápolis, quer dizer, os dois ocorrem de tarde em seus respectivos fusos horários. Neste domingo, hoje, há ainda outra corrida, o Charlotte 600 das NASCAR, que tem a largada às 18:00, mas só os americanos dão essa importância, perdoem-me os apaixonados...

São muitos os momentos de lembrança de Mônaco, mas sem sombra de dúvida, o GP de 1984 permanece indelével. Ayrton Senna começava sua carreira na humilde Toleman, e naquele domingo chovia torrencialmente. Sem carro para largar na frente, Senna começou lá na 13ª posição, mas ele veio galgando posições, passou Lauda, passou Piquet, passou Mansell, e antes da metade da corrida estava no encalço de Alain Prost, que liderava. Aí aconteceu a carteirada famosa: Prost sugeriu a seu amigo Jackie Ickx, diretor da prova, que interrompesse a corrida porque era impraticável correr sobre tanta água (só Senna estava à vontade!!), o belga baixou a bandeira vermelha, segundos antes de Senna ultrapassar Prost, que foi declarado campeão. Com a bandeirada antecipada, antes de completadas 75% das voltas regulamentares, os pontos contaram pela metade, e Prost ganhou 4,5 pontos, ao invés dos 9.  Se a prova tivesse ido até o fim, provavelmente Prost seria segundo colocado, terminaria com 6 pontos! E eu cantei a bola logo após o GP a meus amigos: “É capaz desse ponto e meio fazer falta no final do campeonato!!”. E FEZ! Niki Lauda venceu o campeonato por MEIO PONTO! Bem feito, messiers narrigudô!!


Na Indy 500, a grande lembrança, claro, é de 1989, quando o grande Luciano do Valle narrou a espetacular vitória de Emerson Fittipaldi, que ganharia o campeonato naquele ano, tornando-se o segundo piloto do mundo a ser campeão nas duas categorias (Mario Andretti fez o caminho inverso, primeiro na Indy, depois na Fórmula 1). Fittipaldi ganharia de novo em 1993, depois o Hélio Castro Neves ganhou três vezes. Outros brasileiros a vencer a Indy 500 foram Gil de Ferran e Tony Kanaan. O fantástico Nigel Mansell repetiria o feito de Fittipaldi, sendo campeão nas duas categorias, mas Mansell não venceu a Indy 500. Jacques Villeneuve também entra nessa seleta categoria, com direito a uma garrafa de leite e um milhão de dólares, os prêmios da mais tradicional corrida da história, hoje em sua 103ª edição.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Acabou a Maior Série da História

Pois é... o que fazer agora? 
Mixed feelings
É o que resume meu sentimento após o último episódio de Game of Thrones.
Não sou fã xiita, mas não chego a ser um nutella. Sou um 'late comer' mas vi as duas últimas temporadas ao vivo, e li todos os 5 livros.
Cheguei a achar que os roteiristas 'cagaram no trono' (foto ao lado), mas depois revi o episódio e mudei de opinião.
Achei que (spoileeeer) com o fim dos White Walkers, e após o massacre de King's Landing, o final foi o melhor possível. E depois entendi que o tal massacre era o que se podia esperar de Dany.
E estou triste, mesmo, pelo fim da (ainda) melhor série de todos os tempos. 

AGORA NÃO MAIS ...

Lutas, duelos, batalhas, traições, conspirações, expiações, ressurreições, planos,
degolamentos, prisões, torturas, esfolamentos, enforcamentos, cremações, vinganças
deuses, reis, rainhas, príncipes, lordes, cavaleiros, escudeiros, selos, bandeiras,
brasões, guerreiros, meysters, septons, vigilantes, selvagens, fanáticos, imortais,
romance, honra, negociação, alianças, sexo, sangue, fogo, devoção, rebelião,
cavalos, lobos, dragões, zumbis, gigantes, wargs, corvos, águias, elefantes,
eunucos, prostitutas, cafetões, anões, bastardos, mercenários, babás, feiticeiras, 
armaduras, facas, capas, espadas, lanças, bestas, vinhos, venenos, poções,  
mares, desertos, muralhas, palácios, castelos, navios, calabouços, tendas, cavernas,
nascimentos, casamentos, funerais, casas, famílias, dinastias, reinos,
starks, targaryens, lannisters, mormonts, freys, boltons, martels,
baratheons, greyjoys, tullys, arryns, dothrakis, tarlys, payne, grey worm, insólitos,
davos, jon, daenerys, cersei, tyrion, jamie, eddard, robb, catelyn, daario, 
joffrey, arya, bran, hodor, brienne, podrick, sandor, gregor, ramsay, loras,
tywin, melissander, stannis, sansa, shae, theon, jorah, renly, lysa, osha, bronn,
khal, tommen, missandei, sam, gillie, kahl, benjen, oberyn, varys, robin,
arianne, alaine, janos, jojen, barristan, margery, meera, euron, ygritte,
baelon, aeron, deric, victarion, ilyn, jaqen, hot pie, olenna, aegon
moon tea, milk of the poppy, wildfire, tears of Lys, widows' blood,  
snow, waters, sand, stone, storm, flowers, hill, pyke,
dorne, king's landing, winterfell, riverun, mereen, qarth, braavos, old town, 
volantis, astapor, yunkai, tarth, casterly rock, lys, dragonstone, eire,
white walkers, night watchers, kings' hands, trials by combat, oathkeeper,
father, mother, maiden, crone, warrior, smith, stranger, rhlohr, old, new. 

tudo concatenado, amarrado, resolvido,
cenários, computação, direção, roteiro, interpretações.
fui engolido pela trama, pela qualidade, pelos personagens,
até sentei no trono, não na Irlanda, mas aqui tupiniquim mesmo,
e sou orgulhoso por ter feito parte desse universo,
do lado de cá da tela.

VALAR MORGHULIS

A imagem pode conter: Homero Ventura, em pé

terça-feira, 21 de maio de 2019

Rush to see 'RUSH'


Em homenagem ao grande Niki Lauda, que nos deixou hoje, 
reproduzo aqui a crítica do filme que contou sua história, 
excelente e imperdível!
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Traduzindo o título: 
Corra para ver 'RUSH - No Limite da Emoção'!

Em época de perspectivas de não se ter nenhum brasileiro da Fórmula 1, o cinema nos brinda com um magnífico relato da época dos bons tempos.

Era 1976! 

Emerson Fittipaldi abdicou das grandes equipes para se dedicar ao projeto brasileiro do Copersucar, e Nelson Piquet ainda engatinhava. Era época de Niki Lauda como grande campeão! O austríaco era exímio acertador de carros, frio, calculista, de poucos amigos, com objetivos claros. Disputava um duelo particular com o inglês James Bond, digo, Hunt, que vagava o outro lado do ringue, garanhão, irresponsável, desmiolado.

Eu acompanhava daqui de longe esse duelo (e foi inacreditável o que aconteceu naquele ano) nas pistas, mas não sabia do que ocorria fora delas. 

O filme RUSH, de Ron Howard (de "Mente Brilhante") relata essa época, de forma ESPETACULAR.

A começar pela escolha dos atores: Daniel Brühl, como Lauda, está perfeito na caracterização, tanto antes como depois do acidente. Chris Hemsworth (o Thor) nem precisou batalhar muito. Ele já é James Hunt, sem maquiagem nenhuma!

Gente, me arrepiei, em alguns duelos na pista, me emocionei, com o acidente de Nurburgring, e gargalhei, em muitas cenas, em diversos diálogos e declarações.

Ao final, não resisti e puxei um aplauso, que foi seguido por alguns!

Fantástico!

Uma obrigação pra quem é fã de Fórmula 1, ou foi, daquela época.

Uma grande diversão pra quem não é, mesmo pra quem nunca ouviu falar de nenhum dos dois, e vai sair admirando muito mais esses loucos que se metem em caixões cercados de combustível por todos os lados que voam a centenas de quilômetros por hora em pistas nem sempre seguras.


Homerinho Aplaude de Pé!!!

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Um evento com Peninha

A imagem pode conter: 2 pessoas, incluindo Homero Ventura, pessoas sorrindo, pessoas sentadas, pessoas em pé e área internaPeninha, como é conhecido o escritor Eduardo Bueno, me contou uma história real, que ele presenciou, há uns 20 anos. Um sujeito entra numa livraria e trava-se o seguinte diálogo:
"Vocês tem a Odisséia?"
____ "Odisséia de quem?"
"Ué, a Odisséia de Homero!!"
____ "Homero de quê?"

ATENÇÃO! Fiz questão de acentuar Odisséia, mesmo sabendo que está errado. Ainda não me conformo com a nova ortografia.

E contou outra do tipo, que aconteceu com a filha dele que, há alguns anos entrou em outra livraria e pediu: “Bonequinha de Luxo”, ao que a vendedora retrucou: “Querida, aqui vendemos livros, não brinquedos!”. Pode-se admitir que a média da população não saiba tratar-se de um dos romances mais famosos de Truman Capote, mas não para a média dos vendedores de livros, no mínimo, tem que desconfiar, fazer cara de paisagem e ir procurar no sistema!

Ele contou aquele relato ‘homérico’ quando viu o nome para quem faria a dedicatória de seu novo livro, lançado no mês passado, e que fui especialmente à Livraria da Travessa de Ipanema para comprar. Chama-se 'Textos Contraculturais, Crônicas Anacrônicas e Outras Viagens'. Já li e recomendo! Resenha em breve!

Ao chegar, peguei o livro, e coloquei-me na fila dos autógrafos e li a capa, cheia de nomes. Chegando perto de Peninha, notei que ostentava a figura de Bob Dylan em sua camiseta, e lembrei não ter lido na capa do livro, em meio a dezenas de nomes que seriam o objeto da leitura, o nome do bardo americano. Mas tinha o ET CETERA...

Então, assim que cheguei, antes mesmo do autógrafo, eu o questionei:
“Pô, Peninha, vejo que você admira muito o Bob Dylan (ele olha para a própria camisa), como é que (aponto para o livro) você escreve sobre tanta gente e deixa o cara pro ET CETERA¿¿!!!”

Ele abriu uma gargalhada e disse:

“Ótima pergunta, amigo, mas é que o Bob Dylan vai ser objeto de um livro só para ele, e deve sair ainda neste ano!!!”
E continuou:
“E olha, esse negócio de ET Cetera é muito importante! Eu lembro que o João Ubaldo Ribeiro chegou a um evento literário para o qual foi convidado, parou em frente ao cartaz do evento, e notou que o nome dele não estava na lista principal. Ele chamou o organizador, questionou a ausência do nome, e aí soube que ele fazia parte do ET Cetera. Deu meia volta e foi-se embora.”

É por isso que a dedicatória dele mencionou os ET ceteras!!!

Mas não parou por aí, ainda houve mais uma situação interessante. Notei que estava presente ao evento o escritor Laurentino Gomes, de grandíssimo sucesso com seus livros de história 1808, 1822 e 1889.

Peninha, como se sabe, vendeu mais de um milhão de exemplares da Coleção Yerra Brasilis, de livros de história do Brasil, muito conceituados, sempre bem humorados (vocês devem se lembrar dos quadros no Fantástico ‘É muita história!’), enfim, também super bem sucedido. São muito amigos, então, emendando na história do João Ubaldo, ele disse, olhando para Laurentino:
“Pois é, vida de escritor é dura!! Não agüento quando um cara me emcontra na rua, com um sorriso largo e me diz: ‘Adorei seu último livro, o 1889!!!’, ah, vá pá porra! Um sujeito faz uns livros de Matemática, 1822, 1808 e tal, e ainda vem tirar minha venda!!”, ... ao que o antagonista riu mais ainda!!!”

Enfim, uma breve noite de autógrafos foi um acontecimento para mim!!

Sobre o livro, eu escrevo em outro post, pois este já se faz grande!!


Antecipo que é ótimo!!! O cara escreve muito bem!!

domingo, 12 de maio de 2019

A Las Madres, La Flor

Em 2010, passei o Dia da Mães fora do Brasil. Estive em Buenos Aires!!! Foi muito bom!

Hoje, retomo um ritual desde então. No Dia das Mães, ofereço a todas elas uma lembrança de lá, nesta foto!
Trata-se de um magnífico ponto turístico, descoberto, por acaso, por Neusa, a mãe que me acompanhava.
Estávamos caminhando, longe dela, a caminho do Museu de Arte Latinoamericana, quando ela se virou e disse:
"O que é aquilo?" 
Nenhum de meus provedores de dicas portenhas se lembrara de indicar uma visita a esta impressionante escultura metálica, idealizada por um arquiteto argentino. Fiquei tão estupefato com a coisa que a máquina acabou caindo no chão, causando um leve desalinho na lente. Escangalhada, no sentido paulista da palavra!! Então, a última foto que ela tirou foi a que compartilho com vocês, hoje!!
Seu nome oficial é Floralis Genérica e representa todas as flores do mundo. 
Popularmente, é conhecida como La Flor. 
Para alguns mal-humorados portenhos, é La Flor de la Mierda.
Muito porque cada uma de suas pétalas foi transportada pelas ruas da cidade, à época de sua montagem, causando um enorme transtorno. 
Esses argentinos não têm a menor sensibilidade!!






Nós a achamos maravilhosa!
Ela está na Praça das Nações Unidas, na Recoleta, desde 2002, portanto já tem 17 anos de vida!!!
É um gigante de alumínio e aço inox de 18 toneladas, que se fecha (isso mesmo!) à noite e abre, em todo seu esplendor, às 7:30 da manhã.
Um verdadeiro espetáculo!!!

Parabéns, Mamães do meu Brasil varonil!!!

Homerix Con Las Madres Ventura

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Tchernóbil

Olá! Caso se interesse pelo livro,

deixo aqui o  Link Amazon 
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Aguardando o último livro da saga de Guerra dos Tronos, já encomendado, embarquei numa iniciativa de Renata, que encomendou dois livros da ganhadora do Prêmio Nobel de 2015, Svetlana Aleksiévitch.

Escolhi, para começar, ‘Vozes de Tchernóbil’, e comecei sem ler orelhas, como sempre faço! Sobre o outro livro, que já acabei também, escrevo aqui, neste link! Igualmente indispensável.

Em primeiro lugar, foi a primeira vez que vi o acento no ‘ó’.... pensava ser a tônica no ‘i’, como sempre se falou desde a explosão do reator em abril de 1986.

Um desastre que não é como um tsunami ou um terremoto ou uma inundação, que acontece, destrói e fim, começam as operações de recuperação. Aqui, foram relativamente poucas as fatalidades no dia do acidente, mas seus efeitos duram até hoje, e ficarão por séculos....

No primeiro capítulo, um brevíssimo histórico do acidente, e fico sabendo que, apesar de a usina atômica estar numa cidade da Ucrânia (até coloquei no meu quiz), o país mais afetado foi a Bielo-Rússsia (assim chamada por aqui), na verdade Belarus, que significa Nova Rússia, apesar de ‘bela’.

Depois, fico sabendo ser a escritora jornalista...... e depois começam depoimentos, depoimentos e mais depoimentos de sobreviventes.... aí pensei, caramba, é um monte de relatos, muito bem concatenados e coordenados, típico de uma reportagem, um documentário jornalístico, que talvez pudesse merecer um Prêmio Pullitzer.

Sabedor de que a instituição norueguesa premia, não UM livro, mas a carreira do escritor como um todo, pensei.... ‘então, vou ler este, mas depois leio um outro que deve ser o motivo do prêmio’..... afinal, sempre pensei que ganhadores de Prêmio Nobel seriam escritores profissionais, que ganhavam notoriedade pela qualidade de seus romances, históricos ou não, e não compêndios de depoimentos.


Bem, isso foi a impressão inicial, porque o conteúdo acabou me conquistando... as histórias dos primeiros mortos, dos efeitos da radiação, depois das evacuações, de Pripyat, a cidade mais próxima, e das demais vilas e povoados, hoje cidades-fantasma.... e das operações oficiais atrapalhadas, quando se enterrava terra com terra, a ocultação do verdadeiro teor do desastre, tanto que mantiveram a usina gerando eletricidade até 2000, os pobres ‘liquidadores’ responsáveis pela ‘limpeza’, os robôs que utilizaram mas por pouco tempo porque quebravam por conta da radiação (imagina o que não fazia com o corpo humano...), o abandono dos lares, as coisas que levavam, ou as que não deixavam levar, a política oficial de dizer que estava tudo bem, o envio de tropas inteiras (sem a proteção adequada) para uma morte lenta, relatos sobre os heróis que mergulharam num tanque radioativo para abrir um ralo evitando um espalhamento ainda maior, os pilotos de helicópteros que chegavam muito próximos para lançar chumbo sobre os destroços, uma geração que morreu jovem, desprezada, lutando com o preconceito, tudo foi muito tocante. Acostumei-me com as contagens de radiação, os roentgens, os curies, os milicuries, nos dosímetros que ardiam, apitavam, gritavam, ao serem aproximados de uma cadeira, de uma maçã, da relva, do gato, da tiroide das pessoas (que é onde se depositava a radiação), ... E as cores que tomavam as coisas e as pessoas, e dos inchamentos que acometiam os mais graves, e dos aumentos exponenciais dos índices de abortos espontâneos, dos nascimentos de crianças e animais malformados (não coloquei fotos aqui), dos indicadores de câncer.

Então, cheguei à conclusão de que o Nobel fez muito bem, sim, em premiar esse estilo de literatura, pois assim, essas histórias vieram ao mundo, e em última análise, eu as fiquei conhecendo....  a própria autora publica, ao final do livro, o discurso que fez ao ganhar o prêmio, em que diz exatamente sobre essa decisão de premiar uma obra que não era ‘literatura’.

Leitura altamente recomendada... eu diria, essencial!!!

Bem, a gente viu mesmo que os velhinhos noruegueses estavam querendo quebrar paradigmas... e foram ao extremo no ano seguinte, quando concederam o mesmo prêmio ao compositor Bob Dylan, esta, sim, uma quebra monstro de paradigma elevada ao cubo!!! 

O que será que vem em 2017???