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quinta-feira, 11 de junho de 2020

Dante XV – O Pai Nosso de Dante

Como disse, estou a ler a Divina Comédia de Dante.... e venho publicando aqui bits and pieces.

Os capítulos anteriores estão acessíveis nos links abaixo (clicar no nome)


Canto I - O Desafio
Canto II - A Inspiração e o Legado
Canto III - O Início da Jornada
Canto IV - Arquitetura do Inferno
Canto V - Inferno - As Transgressões
Canto VI – Inferno - Penas da Incontinência
Canto VII - Inferno - Penas da Violência e Besti...
Canto VIII – Inferno - Penas da Fraude Simples -...
Canto IX – Inferno - Penas da Fraude Simples, Pa...
Canto X – Inferno - Penas da Traição
Canto XI - Arquitetura do Purgatório
Canto XII – Purgatório – Arrependimento e Severid...
Canto XIII – O Portal do Purgatório
Canto XIV – Purgatório - As Penas do Orgulho

Canto XV –  O Pai Nosso de Dante

Breve resumo do Canto anterior:
Orgulhosos carregam enormes pesos
E em Pai Nosso aliviam a dor.


Do desafio, que eu saia ileso,
Quero explicar a oração de Dante,
Que ela me deixou deveras surpreso.


“Entre aspas”, ditarei a versejante,
-Em traços-, a habitual acharás.
Ó Musa, me faça seguir avante!


“Ó Padre nosso que nos Céus estás,
Não circunscrito, mas em todo o amor,
Que aos primos entes do teu feito dás,


Louvado seja o teu Nome e Valor
Por toda criatura, à qual apraz
render graças também ao teu Vapor.”


Não só nos Céus, o Pai encontrarás,
Mas nos filhos que tem-lhe o sobrenome.
Louvação ao Vapor também farás,


Que é do Espírito Santo o cognome.
- Pai Nosso, que estais no céu – orarás
- Santificado seja o Vosso Nome-


“Bem venha do Teu reino a nós a paz,
porque de procurá-la, se dos Céus
não vier mais, nosso engenho é incapaz.


Como, de seu querer, os anjos teus
fazem, cantando a ti, renúncia pia,
o mesmo façam os homens dos seus.”


-Venha a nós o Vosso Reino- se dizia
Pois impossível é nossa subida.
-Seja feita a Vossa vontade- seria  


-Assim na terra- nós aqui em vida,
-Como no Céu- onde em cantos se ouvia
Os anjos em hosana mais garrida.


“Dá-nos hoje o maná de cada dia,
Que, se faltar neste deserto infido,
Vai pra trás quem pra frente mais porfia.


E como nós o mal que hemos sofrido
A cada um perdoamos, tu perdoa
Benigno, sem cuidar se é merecido.”


-O pão nosso- alimento que abençoa,
Como o maná que salvou os judeus.
-Perdoai nossas ofensas- de boa,

Mesmo que imerecido aos olhos Seus.
-Assim como perdoamos-, à toa,
Quem nos causou mal, crentes ou ateus.


“Nossa virtude que preste esboroa
Não experimentes co' o antigo adversário
Mas dele nos liberta, que a aguilhoa.


Este rogo, Senhor, que último eu digo,
Por supérfluo, não é pra o nosso bando,
Mas pra os que ainda não têm o seu castigo".


Pra afastar o adversário nefando, 
-Não nos deixeis cair em tentação-
Lhe rogamos que execute o comando


E –Livrai-nos do mal- e da aflição.
Note que termina a similitude
Na penúltima terça da oração.


A última mostra a beatitude
Dos apenados, que dedicam a prece
À gente que ainda está na plenitude


Da vida e que portanto ainda carece
Da luz para que sigam bons caminhos.
E agora, que finalizou este estresse


De encadear versos com carinho
Com brilhantes outros já existentes,
Nesta missão que assumi sozinho,


Venho pedir perdão, entrementes,
Por umas breves gotas de apelação,
Que fogem das regras inclementes,


De que fui obrigado a lançar mão.
Se não percebeu, aqui eu entrego:
Foi, das rimas, a vil repetição,


Em duas ocasiões, e não nego
Que doeu-me fundo no coração,
E aqui pela terceira vez me pego!


Retornemos então à descrição
Das restantes penas do Purgatório,
Que Dante versejou com emoção!

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