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Canto XVI – Purgatório – Inveja e Ira
A caminho da cornija segunda,
Imagens de históricas figuras
Que caíram por aptidão rotunda
Ao Orgulho em suas vidas impuras,
O maior deles, o Anjo Caído,
Lúcifer, que teve a queda mais dura
Por querer ser mais que seu Pai querido.
Um belo anjo se apresenta a Dante
Que sente seu peso diminuído:
Menos um P na testa, doravante,
Pra mudar de estágio capital,
Onde a Inveja é punida adiante.
A sina dos que, na fala geral,
Têm no ‘olho grande’ o maior defeito,
Sofrem em seus olhos a pena cabal:
Ficando sem descanso em qualquer leito,
As pálpebras em arame cerzidas,
Pra que se recordem, do pior jeito,
Do tempo que perderam em suas vidas
Em dor pela felicidade alheia.
Grande exemplo de inveja ressentida,
Enorme trovão passa e alardeia
Uma frase de Caim a Deus dita,
Após inaugurar, de pecados, a teia,
Ao matar Abel, em cruel vindita,
Por ter o irmão melhor agradado
A Deus, não lhe perdoando a desdita.
Quem em vida teve na Ira o pecado
Expia-os indo em quase cegueira,
Sempre imergidos em fumo cerrado.
Vão em constante oração carpideira
Ao Cordeiro de Deus pra lhes tirar
Os pecados da vida estradeira.
Como exemplo de Ira lapidar,
Dante chora com a vil lapidação
De Estêvão ainda assim a rogar
Que se lhes perdoe a contravenção,
Maior mostra da palavra de Cristo.
Saindo da densa fumegação,
Mais um anjo vem pra lhe dar o visto
E agora só com 4 P’s na testa,
Pode seguir para o próximo quisto.
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