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________________________Canto I - O Desafio |
Canto II - A Inspiração e o Legado |
Canto III - O Início da Jornada |
Canto IV - Arquitetura do Inferno |
Canto V - Inferno - As Transgressões |
Canto VI – O Inferno - Penas da Incontinência
Estendi-me um pouco que demais
Nos lamentos que experimentamos
Nos execráveis tempos atuais,
Mas eu agora garanto que vamos
Ser mais céleres na vã descrição
Do que é o Inferno em seus tristes ramos.
Nos Círculos DOIS ao SEIS, há, então,
Os que morreram em Incontinência,
Assim dita Primeira Transgressão.
Naqueles estão, sem qualquer clemência,
Avaros, pródigos, luxuriosos,
Que dos crimes não tomaram tenência,
Assim como heréticos e gulosos,
Também os rancorosos, iracundos.
Tivessem alguns em vida, ditosos,
Se arrependido dos atos imundos,
Teriam um lugar no Purgatório,
Apenados por seus erros rotundos,
Mas em pleno processo expiatório,
Com chances de ascender ao Paraíso.
Retornemos, então ao falatório,
(ai, não consigo ser mesmo conciso)
Descrevendo as vis penas capitais
Pelos pecados de mesmo juízo.
As Luxúrias na vida são banais
Mas ali se lhes pune o negro vento
A sacudi-las pra frente e pra trás
Provocando permanente lamento.
Decerto é menor que os pares da Gula,
Submergidos em solo lamacento,
Açodados por neve, chuva fula,
Granizo, e não só isso, ameaçados,
Por Cérbero, que sempre perambula
Co’as três cabeças por todos os lados
A intimidar, espancar, incessante,
Os pecadores, pra sempre acordados.
A crueza da pena avilta Dante
Que não entende tamanho tormento,
Porém segue seu caminho adiante.
Não se perca que segue o sofrimento.
A Avareza está no Círculo QUATRO
Co’a Gastança, mesmo fim virulento.
Um bloco incomensurável e atro
É empurrado por sobre enorme aro
Por um pródigo em lúgubre teatro,
Vendo igual tarefa de um par avaro
Percorrendo o outro lado da figura
Até encontrar o violento amparo
Do grande bloco d’outra criatura.
E se voltam pelo mesmo caminho
Pra seguir repetindo a desventura,
Um pro outro, em enorme burburinho
“Por que poupas?” ou “Por que dilapidas?”,
E tudo sob o comando daninho
De Plutão, amplificando as feridas,
O demônio horroroso e assustador.
No CINCO, os que tiveram suas vidas
Dominadas pela Ira e Rancor,
Mergulhadas no Estige em negro lodo,
Os irados em módulo agressor,
Esmurrando-se febris o tempo todo,
Os outros, submersos por completo,
Borbulhando e lamentando o engodo
Das vidas a somarem desafetos.
No último círculo incontinente,
Que é o SEIS, para ser mais correto,
Apena-se quem viveu resistente
Aos dogmas ditados pela Igreja.
Aos heréticos, o fogo inclemente
Envolve cada tumba malfazeja,
Sem tampa, mas sem deixar saída
E pra que cada tortura se veja.
Escapam da punição vil, doída,
Os outros três Pecados Capitais
Que apenas ganham firme guarida
Fora destas câmaras infernais.
Então o Orgulho, a Inveja e Preguiça
São sujeitos a injunções penais
No Purgatório, sob outra premissa:
A expiação, de onde vão ao Paraíso
Em verdadeira ponte levadiça!
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