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Canto XVIII – Purgatório – Gula e Luxúria
Com apenas dois P’s em sua testa,
Dante, ansioso, parte resoluto
Para o fim do caminho que lhe resta.
Inda com Virgílio em salvo-conduto,
Segue seu passo rumo ao Paraíso.
Encontra árvores, com lindos frutos,
Porém tendo seu topo como piso,
Como se fosse um pinheiro invertido,
Causando às almas duro prejuízo,
Distantes do alimento tão querido,
Que em vida afagaram o paladar.
A Gula é o pecado aqui punido,
A fome traz contínuo definhar,
Saudosos da extrema comilança,
E agora estando sempre a escutar
Exemplos de notável temperança
E também dos históricos pecados.
E lá também se encontra a lembrança,
Da árvore dos frutos consagrados,
Da serpente que nos causou a treva,
Que nos deixou milênios condenados,
Por atiçar Gula fatal em Eva.
Agora só resta o ‘P’ da Luxúria,
Que Dante, sofregante, ainda leva.
As almas, em permanente lamúria,
Declaram seus pecados em voz alta
Em meio a fogo crepitando em fúria.
O fluxo em oposto aos olhos salta,
Vão prum lado os heterossexuais,
Vêm os que o sexo oposto não lhes falta.
E se ouvem cantos angelicais
Com exemplos de desejo em excesso,
E outros de castidades cabais.
O maior deles, claramente expresso,
De Maria, quando foi anunciada,
E retorquiu em espanto confesso:
‘Virum non cognosco’, estava intrigada,
“Como pode, se homem não conheço?”.
Por fim, Dante vê sua testa aliviada,
Mas ainda lhe surgia um tropeço,
Uma parede de fogo a atravessar,
A qual seria do fim o começo.
Após ela, um anjo a clamar
“Veniti benedictis Patris mei”
“Vinde os benditos de meu Pai”, a dar
Boas-vindas ao Palácio do Rei
Daquele Reino de Todas as Coisas.
Dante é prestes a bradar “Agnus Dei!”
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Minha unica duvida é onde encontra tanta criatividade!!!
ResponderExcluirMuito bom. Excelente!!!!
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