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Canto X – O Inferno - Penas da Traição
Chegamos ao Círculo NOVE, o fim!
Lá embaixo encontra-se o Diabo,
O rebelde caído querubim.
Neste Canto, enfim, eu levo a cabo
A descrição do Inferno de Dante,
Missão de que decerto me gabo.
Pra começo de papo é intrigante
Que o pior dos crimes, a Traição,
Não está punido em fogo flamante.
Mas é gelo o que comanda a aflição!
São quatro as esferas de pecadores.
Caína, pois Caim matou o irmão,
Onde se castiga os vis traidores
De parentes, que tinham confiança,
Submersos em lagos congeladores
Até seus ventres, adeus,
temperança.
Antenora, do troiano Antenor,
Que com gregos fez aliança,
Pune quem da Pátria é vil
traidor.
Estão só com as cabeças de
fora.
E em um terceiro gélido horror,
A chorar pelos crimes de outrora,
Está quem traiu gente convidada.
Só a face de cada um aflora
Mantendo as lágrimas congeladas.
Ptoloméia é como chama a esfera
Lembrando na Jericó sitiada,
Simão e seus dois filhos à espera
Da boa recepção de Ptolomeu,
Que entretanto na espada os dilacera.
No último gelado perigeu,
Quem a Mestres e Reis traiu
Está sob o domínio de Asmodeu,
Submerso em seu gélido covil.
Só três tem tratamento diferente:
Satanás, em peludo corpanzil,
Com suas três cabeças, inclemente,
Mastiga os três maiores traidores,
Brutos, Cássio e apenas e tão somente,
Judas, culpado de todas as dores
De Cristo, em sua missão redentora.
Judeca, chama a esfera dos horrores.
Ai, mas que jornada assustadora
Tiveram Dante e Virgílo, seu mentor.
Seguem na viagem libertadora.
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