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De engraçada A Comédia nada tem
Não é fácil ver as penas destinadas
Àqueles que não praticam o bem.
E se vê isso inda logo na entrada,
Aonde vagam os tristes ignavos,
Que não fizeram mal em sua estrada,
Mas relaxaram ao negar centavos
A instâncias de qualquer bem, moral
Ou físico, o que lhes gerou agravos,
E fadados são até o final
A correrem de malvados enxames
De vespas, em castigo bestial.
Ao final do vestíbulo, há exames
Feitos à beira do Rio Aqueronte
E o vil responsável pelos ditames
É o deplorável barqueiro Caronte
Que analisa os crimes dos danados,
E não há alma sequer que o afronte
Ao ditar os andares destinados.
O Inferno é uma grande cratera
Como gigantesco cone avessado
Cujo vértice é o centro da esfera
Onde mora Satanás, o Anjo Caído.
Lá, entretanto, é o frio que impera.
Em suas garras estão os punidos
Pelo crime maior, a traição,
A sentirem os piores pruridos,
No Círculo NOVE da construção.
Depois dos ignavos, lá em cima,
O Círculo UM nos chama a atenção:
Num ‘Nobre Castelo’, a pantomima,
Para os sempre fadados a vagar
Ainda que sem pena que os oprima,
Por motivo muito peculiar:
A falta do Diploma de Batismo!
Por ali, em eterno caminhar,
Os precedentes ao Cristianismo!
Nesse Limbo, estão Horácio e Homero,
Ovídio e Lucano, pais do lirismo.
Dali saiu Virgílio, com esmero
Para cumprir a missão lá do Céu.
Dali escapou o Primeiro Clero,
Quando Jesus, em enorme escarcéu,
Antes de ascender, ressuscitado,
Derrubou a porta do mau quartel
Pra resgatar profetas do passado,
Davi e Noé, Moisés e Abraão,
E outros, assim, beatificados!
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