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Canto XIX – No Paraíso Terrestre
Dante entra no Paraíso Terrestre,
Já sem a companhia do Mentor.
Em um cenário mui puro e silvestre,
Flores, frutos de toda forma e cor,
Águas correntes de ímpar frescura,
Ali, nem Eva ou Adão sentiram dor.
À beira de um riacho de água pura,
Dante assiste donzela do outro lado
A colher flores com doce ternura.
Matelda é seu nome, após, revelado,
Que lhe explica que o local foi feito
Pra o prazer do homem abençoado,
E que aquele Rio Letes, com efeito,
Vem da mesma fonte que o Eunoé,
E agora ele vai entender direito.
Aquele anula a culpa como é,
Desde que devidamente expiada,
E o último recobra a sana fé
Nas boas ações já realizadas,
Dois banhos que serão fundamentais
Para permitir no céu a entrada.
Explicações necessárias não mais,
Dante nota estupenda procissão
A brilhar nas rotas celestiais.
Candelabros, Livros, em sucessão,
Evangelhos, Virtudes, vêm trazendo
Um carro triunfal em suspensão,
Vem puxado por um Grifo estupendo.
Ao som d’O Cântico, vem Beatriz,
O que deixa pobre Dante tremendo.
Ela invoca seu poder de Juiz,
Outorgado pelo Pai aos beatos,
Pede a Dante que cure a cicatriz
Da vida, seus feitos, fatos e atos
Para serem limpos em confissão,
O que ele faz, em penitente acato,
Imergindo depois em contrição,
Após despertar, Matelda o conduz
Através do Letes, em ablução,
Após despertar, Matelda o conduz
Através do Letes, em ablução,
E afasta qualquer vestígio de pus,
Mergulhando a cabeça, qual Batista.
Finalmente livre de sua cruz,
Num pequeno séquito segue a pista,
Estácio, um que entrou junto com Dante,
As Sete Virtudes e a banhista,
Todos no rumo da fonte abundante.
Beatriz vai revelando segredos,
Enquanto seguem firmes adiante.
Quando chegaram, fim dos enredos,
Para o banho santo no Eunoé,
Repondo-lhes os pensamentos ledos
Da vida, renovando-lhes a fé.
Agora as duas almas estão prontas
E galgarão do Paraíso o sopé.
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