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sábado, 6 de junho de 2020

Dante XII – Purgatório – Arrependimento e Severidade

Como disse, estou a ler a Divina Comédia de Dante.... e venho publicando aqui bits and pieces.


Na praia daquela gigante ilha,
Donde se vê montanha até o céu
Continuamente chegam camarilhas

De almas em colossal escarcéu,
A ver em que estágios ficarão,
Penando até descerrarem o véu

Que lhes dificulta a sublimação.
Ancião, legista da Roma Antiga,
Do Purgatório, é sagaz Guardião.

O arrependimento dá a liga:
Se já faz tempo, Catão já libera
Para o devido círculo que abriga

Os pecadores de igual quimera.
Já os arrependidos tardiamente,
Não já. Vão ter que amargar dura espera

Em tempo ao mínimo suficiente,
No assim chamado Ante-Purgatório,
Ao tempo de quando, enquanto viventes,

Habitaram pecador território.
Tendo vencido essa fase, então vão
Ao devido círculo expiatório,

Onde pacientemente cumprirão
As penas assim estabelecidas,
Até que preces em sã profusão,

Daqueles que aqui ficaram na vida,
Os façam merecedores de alta,
E então possam proceder à subida

Até paradisíaca ribalta.
Para finalizar a arquitetura,
Um interessante aspecto ressalta:

É que a severidade da aventura
Decresce ao se subir o grande monte.
Veja o Orgulho, maior desventura,

Inveja e Ira, a seguir se confronte
Preguiça e Avareza, ora se enfrente
Gula e Luxúria, antes da sacra ponte,


À entrada do Paraíso clemente.


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