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domingo, 31 de maio de 2020

Dante VII - Inferno - Penas da Violência e Bestialidade

Como disse, estou a ler a Divina Comédia de Dante.... e venho publicando aqui bits and pieces.

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Canto VII – O Inferno - Penas da Violência e Bestialidade

É, parece que não tem jeito mesmo
Achei que ia ficar em alguns cantos
E fui criando umas terças a esmo

E acabei me envolvendo tanto, tanto,
Que o canto acabou ficando enorme.
Porém, não vamos nos encher de prantos 

Mas sim, seguir em frente nos conformes.
Não vou poupar verso, métrica ou rima
Pra que uma correta ideia se forme.

A Segunda Transgressão se aproxima:
Violência e Bestialidade!
É o Círculo SETE, torpe vindima

De castigos sem sinal de bondade.
O círculo é dividido em três giros,
Conforme a vítima, a severidade,
Cada pena que era melhor um tiro:
Contra Si Próprio, o Próximo ou Deus.
Maldades que só de ler eu transpiro!

Giro 1, Contra o Próximo, um liceu
De aulas em rio de sangue fervente,
Centauros a flechar o fariseu

Que do nível da pena saliente,
Os Tiranos, até cobrir a visão
Os Homicidas, com garganta quente

Salteadores, com menor aflição, 
Com sangue até a altura do peito.
Giro 2, numa selva em profusão,

Suicidas se arrependem do feito,
Transformados em árvores frondosas,
Hárpias a atacar sem preconceitos

Sangrando-lhes em dores horrorosas.
Em companhia estão os perdulários
Sempre a fugir de cadelas raivosas.

Mutilados em eternos calvários,
Com os membros refeitos em seguida,
Para retornar aos ritos sumários.

Giro 3, é muito duro o pós-vida
De blasfemos, em areião ardente,
Deitados em perene desvalida

Em chuva de chispas incandescentes,
Os usurários, ali a sentar,
Enquanto os sodomitas, inclementes,

Fadados a eterno caminhar
No mesmo deserto avassalador.
Se estranham a pena espetacular

Para o modo homossexual de amor,
É só lembrar que no Século Vinte
O gênio Alan Turing, o inventor

Do computador, sofreu o acinte
De uma torpe química castração,
Imagine então, por conseguinte,

Como era a triste situação
Daqueles irmãos em 1300.
Porém, não consegui explicação,

Nas escrituras e procedimentos,
Da razão de se tachar a usura
Como heresia a Deus, aos olhos bentos.

Seguiremos , agora, sem brandura
À próxima transgressão infernal.
Aconselho preparar a armadura...

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Próximos Capítulos

Canto VIII – Inferno - Penas da Fraude Simples - Parte I
Canto IX – Inferno - Penas da Fraude Simples - Parte II
Canto X – Inferno - Penas da Traição
Canto XI - Arquitetura do Purgatório
Canto XII – Purgatório – Arrependimento e Severidade
Canto XIII – O Portal do Purgatório
Canto XIV – Purgatório - As Penas do Orgulho
Canto XV – Purgatório - O Pai Nosso de Dante
Canto XVI – Purgatório – Inveja e Ira
Canto XVII – Purgatório – Preguiça e Avareza
Canto XVIII – Purgatório – Gula e Luxúria
Canto XIX – No Paraíso Terrestre
Canto XX – A Arquitetura do Paraíso
Canto XXI - Paraíso - Lua, Mercúrio, Vênus
Canto XXII – Paraíso – Sol e Marte
Canto XXIII – Paraíso – Júpiter e Saturno
Canto XXIV – Paraíso – Estrelas Fixas
Canto XXV – Paraíso – Primum Nóbile e Inteligências Angélicas
Canto XXVI – Paraíso – Rosa Mística e Empíreo
Canto XXVII – Epílogo
Canto XXVIII – Nota AO Tradutor

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