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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A caminho de Sgt Pepper's

 Capítulo 43 


De minha saga  

O Universo das Canções dos Beatles


Todos os Capítulos têm acesso neste LINK 


E segue a história dos Beatles

Estamos em 3 de agosto de 1966! 

E seguem crescendo os números!!!               
Em menos de 4  anos de carreira, lançaram 112 canções, sendo 88 autorais e 24 de outros atores, filmaram dois Longas Metragens de sucesso mundial, A Hard Day's Night e HELP!, fizeram 552 shows, sendo 386 no Reino Unido, 94 na Europa Continental, 48 na América, 16 na Austrália e 8 na Ásia, ganharam 4 títulos de Membros do Império Britânico, lançaram 12 compactos e um EP de inéditas, e 7 LPs, Please Please Me (LINK)With The Beatles (LINK) A Hard Day's Night (LINK)Beatles For Sale (LINK)HELP! (LINK), Rubber Soul (LINK), e Revolver (LINK), todos chegando ao primeiro lugar (com exceção do primeiro compacto). 
Um espanto!!!               

O último LP viu a luz do dia na data em que estamos, ou seja, 3 de agosto de 1966, mas não foi exatamente um céu de brigadeiro que o esperava, havia um cumulus nimbus lá no poente, dos lados da América, ameaçador. A tempestade veio! Antes, uma ressalva: Revolver foi um sucesso, vendeu muito, e foi o mais elogiado pela crítica, que o considerou revolucionário, tudo como Dantes no quartel de Abrantes. Quase! Abrantes sofreu com a  verborragia excessiva do principal membro da banda, aquele papo de 'mais populares que Cristo' não pegou nada bem na conservadora sociedade americana, especialmente no meio-oeste. E onde eles estavam no começo desse período? Fazendo shows justamente nos Estados Unidos, alguns deles em estados do meio-oeste! Pra quê, né!

Um preocupante número de rádios americanas baniu o som dos Beatles de suas transmissões. John deu explicações, foram bem recebidas, mas em seguida embarcou em outra controvérsia, declarando ser contra a Guerra do Vietnam. Em Toronto, ele saudou os americanos que atravessavam a fronteira para escaparem da convocação obrigatória e, na volta a New York, os outros três Beatles desandaram a repudiar também a guerra, que tinha 90% de apoio da população naquele momento. Enquanto isso, Birmingham, Alabama promoveu fogueiras de seus discos em queimas públicas.

Todos os shows da turnê foram em estádios a céu aberto, esse era o novo normal dos Beatles. Dezenas de milhares de ingressos colocados à venda, mas pela primeira vez menos de 100%. Um dos organizadores teve prejuízo, pois o cachê era fixo! Um bonde da imprensa acompanhava os Beatles em todos os deslocamentos, e testemunho a tensão constante daqueles momentos. Havia ameças de morte aos rapazes, a Ku-Klux-Klan jurou-os de morte, eles levavam duas horas para saírem dos estádios, um pesado destacamento policial os protegia, foi um verdadeiro horror. Ademais, o som dos estádios nunca foi apropriado para shows de rock, eles não se ouviam, enfim.

Foi a pá-de-cal para consolidar uma decisão que vinha sendo discutida. No voo de volta de volta, de San Francisco a New York de onde partiriam imediatamente para Londres, aquele bonde de imprensa que os acompanhava ouviu de George as palavras definitivas, que já 'traduzi' no final do capítulo sobre Revolver, mas aqui coloco como foi no original, em inglês.
That’s it. I’m not a Beatle anymore.
Pessoal da imprensa se assustou, mas o que havia terminado era aquela Persona Beatle de shows, acompanhados por histeria. Era o fim da Beatlemania! Ademais, o som que produziam não era mais afeto a apenas duas guitarras, baixo e bateria.Tanto que aquela conturbada excursão não viu a cor (ou o som) de NENHUMA das canções de Revolver. O mais próximo foi a colocação de Paperback Writer, que foi gravada nas sessões do álbum, e lançada em maio, juntamente com Rain, sobre as quais falarei no último capítulo desta Saga, sobre o LP Past Masters #2. Então, não havia sentido em seguir apresentando canções antigas, caso decidissem continuar. 

A imprensa achou que era o fim da banda, até porque o contrato com a EMI havia expirado, não havia notícias de que outro viria, e notaram que cada um foi prum canto, literalmente!! Não havia necessidade de produzir os costumeiros trabalhos de final de ano, e então eles sumiram! Eram mais que milionários. E o que fizeram os quatro gênios? Todos (ou quase todos) viveram experiências que mudariam suas vidas (ou não)... 

George Harrison... 


...foi, junto com a esposa Pattie, para a Índia, e lá ficou por seis semanas. Logo que foram 'descobertos', registraram-se como Sr. e Sra. Sam Wells!! Imergiu na cultura indiana, aprendeu cítara com Ravi Shankar, e por causa dela, que se toca sentado no chão, teve dores horríveis e aprendeu Ioga, e lá se foram as dores. No final, passou dias divinos numa casa flutuante num lago em Kashmir, no alto do Himalaia. Nunca mais foi o mesmo! Voltou encantado! E ainda deu ao mundo as primeiras selfies de famosos de que se tem notícia!! 

John Lennon... 

cortou o cabelo e partiu filmar na Alemanha e na Espanha, How I Won The War, de Richard Lester, que dirigira os Beatles em seus dois filmes. Em Almeria, ele escreveu os primeiros acordes e letras de mais uma obra-prima, Strawbery Fields Forever! Na volta, começou a perambular pela cidade e num 9 de novembro entrou numa galeria de arte, aonde expunha seus trabalhos uma artista japonesa radicada em New York. Encantou-se!

Paul McCartney...

... se emburacou na cultura londrina, a Swinging London estava bombando, e ele era figurinha fácil de tudo que era show de vanguarda, teatros do East End, exposições especiais, vernissages. Mais importante que aquilo tudo, entretanto, foi uma viagem para a África, onde fez um Safari no Quênia, e no voo da volta teve uma epifania, com os potes de Sal e Pimenta de sua refeição de bordo, que viria a ser a semente para o próximo trabalho deles! Outra coisa que abriu seus horizontes mentais foi que sucumbiu à peer pressure dos três amigos, e teve sua primeira viagem alucinógena com LSD, ainda que bem menos que John, mas que o colocou no mesmo nível mental, entendendo o que se passava na cabeça seu parceiro. Falavam agora a mesma língua. 

Ringo Starr...

... ficou em casa curtindo com a família!

Voltando ao voo de volta de Nairóbi mencionado, o 'S' de 'Sal' e o 'P' de 'Pimenta' (Pepper em inglês) parece que brilharam, piscaram na mente de Paul, ele manteve Pepper na cabeça, e imaginou fosse o nome de uma pessoa e que o 'S' fosse a patente militar 'Sergeant', e que o Sargento Pimenta fosse o líder de banda militar no estilo Eduardiano, do começo do Século XX, e ficou com essa ideia na cabeça para uma nova canção. A ideia de que os liderados seriam associados do Clube dos Corações Solitários veio somente depois!! E foi bem depois, lá pra frente, quando a nova canção começou a ser gravada,já em 1967, que veio a expansão do conceito e a proposta de Paul de que na verdade os Lonely Hearts seriam os alter egos dos próprios Beatles, com liberdade para criar e variar os estilos e técnicas de performance, e eles é quem tocariam as canções do álbum, em seus trajes. Entre a imersão de Paul na noite londrina, ampliando os horizontes de sua mente e o lançamento do produto final, foram quase nove meses, portanto, como que uma gestação, da Mãe Música, cujo parto revelou  um filho genial e revolucionário.

Num glorioso 24 de novembro de 1966, os Beatles entraram em estúdio para gravar a canção que Lennon criou na Espanha. Ela não entraria no álbum, assim como Penny Lane, que começou em seguida. Aquela seria a primeira de 57 sessões de gravação que seriam dedicadas à conclusão da obra, um número jamais antes experimentado, nem pelos Beatles, nem por ninguém, e ao longo de quase 6 meses, um tempo igualmente jamais antes dedicado a apenas um disco, nem pelos Beatles nem por nenhuma outra banda.  Foram 700 Horas de gravação, bem mais que as 9 horas e 15 minutos que levaram pra gravar o primeiro álbum deles, apenas quatro anos antes... Considerado o primeiro álbum de Art Rock da história, precursor do Rock Progressivo, e o criador da Era dos Álbuns, que, mais que um conjunto de músicas, carregavam um conceito. "Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band" seria o primeiro Concept Album da história.

Demais estágios da análise de Sgt.Pepper's. 

43.2 Neste LINK, os Assuntos tratados nas canções 

43.3 Neste LINK, as análises de cada uma das 13 canções.

43.4 Neste LINKa capa, a recepção e o legado

5 comentários:

  1. Excelente abertura para uma obra revolucionária. Riqueza em detalhes que nos ajudam a entender o fim dos Beatles-que-dão-shows e o começo dos Beatles-de-estúdio, definitivamente.
    Sigamos em frente!

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  2. Pura versatilidade, aliada a muito talento e alguns insumos alucinógenos. Enfim, deu no que deu.

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  3. Só tenho a algo a discordar. Não foi o fim da Beatlemania Foi o fim das tours. A Beatlemania nunca teve fim. No ano de 1968 na noite da estreia de Yellow Submarine vemos como estava exatamente como antes. Como foi complicado eles descerem dos seus carros para entrarem no cinema. Rua lotada e fans querendo correr atrás deles. Há videos por aó que provam isso.
    E aquela gritaria no casamento de Paul? E aquele chororô danado? Eu também chorei daqui. rs rs rs
    Mas o mais impressinante foi o desespero no dia que assinaram o documento do fim dos Beatles. George rezando Hare Krishna...Foi Triste. E lá fora o pânico geral. O reporter comparou o fim dos Beatles com o fim do impérido britânico. Isso é Beatlemania.

    A Beatlemania mais bem comportada é realidade ainda hoje. Mais bem compartada porque aguentamos ver Paul nos shows sem gritar enquanto ele canta. E ele pode se ouvir e podemos ouvir...Mesmo assim eu vi duas situações que podem ser classificadas como Beatlemania original.
    Uma delas foi em Belo HOrizonte. Uma senhora desorientada e chorando sem parar. Horas antes de começar o show e ela preocupada com medo de não poder ver visto que não estava encontrando a porta de entrada do Mineirão. Eu não a conhecia, mas tive de parar e conversar um pouco para acalmá-la. Claro que encontráriamos a porta de entrada. Eu também a estava procurando. " Eu tenho de ver ele. Eu não posso chegar até aqui e não ver Paul..." E as lágrimas descendo. ERa emoção além da conta. Vi um jovem por perto que parecia estar com ela .." Por favor, encontre o portão para ela ( o meu era em outro ponto), dê uma força aqui..." Ele ficou rindo. "Ela está nervosa sem motivo." Sim, ela tinha um motivo. Paul McCartney ali pertinho! Claro que dá para entender. Isso se chama Beatlemania. Porque Paul ali representava todos eles.
    O outro caso aconteceu com uma senhora mais idosa de seus 60 e tantos anos. Até que estava normal. Apenas muito feliz vendo o show. Então ele começa a cantar And I love Her...Pois ela não aguenta e grita com toda a força de seus pulmões..." Paul, I love youuuuuu". Pois, para sua surpresa ele olha na sua direção e responde. "I love you Too"..
    Pronto. Aquele calor maravilhoso por dentro...só pode ser Beatlemania. Carregando aquele amor no coração desde então, se sentindo protegida porque carrega o amor de Paul...E até o compartilha ao redor com todos sabendo que quanto mais compartilha mais ele cresce dentro dela. Como sei com certeza disso? Porque essa senhora sou eu. :)
    Detalhe: juro que não vi a hora que gritei. Quando dei por mim já tinha gritado. E como valeu aquele grito.


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    1. Antes de mais nada, adorei a história da 'senhora' que declarou seu amor a Paul!! Claro, amiga, que a Beatlemania continua, senão nem eu nem você estaríamos discutindo ainda hoje letras, músicas, palavras e vidas de 4 sujeitos que resolveram se aposentar há 51 anos, e que nos deixaria sem palavras, caso os encontrássemos, com eles já aos 80 anos,, Referi-me à Beatlemania das hordas de estridentes garotas (e garotos também) que os cercavam na chegada e saída de shows, deixando-os doidos, isso ele deixaram pra trás.

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