Aqui, o segundo capítulo da Série 'The Quiet Beatle',
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Adiantei que era assunto para um longo papo. E para autoflagelações de minha parte.
Tratava-se de uma dívida histórica que eu tinha com George, e que este projeto resgata, em parte!
Já escrevera sobre a carreira solo de Paul, sobre a vida de John, sobre a magia (e mitos) da parceria entre John e Paul, até escrevi sobre um show de George, mas a verdade é que não dediquei tanto tempo a ele como aos demais. E esqueci também de Ringo ... mas Ringo era o baterista ... querido, carismático, importantíssimo para o grupo, como músico e como figura humana. Mas já me redimi com ele também!
Não sei da carreira solo de George do mesmo nível que a dos outros. De Paul, eu tenho somente TODOS os discos. De John, tenho a coletânea LENNON, que Yoko produziu em 1990, aos 10 anos de sua morte, com 4 CDs maravilhosos coletando tudo o que tinha de bom. E tenho uns outros 3 discos. E de George, bem, de George, antes de dizer o que tenho dele, começo a pagar parte da minha dívida, escrevendo um pouco sobre a carreira do Beatle.
Ele era conhecido como 'The Quiet Beatle' já que eram mais os outros que falavam. Mesmo assim, tinha ótimas tiradas, como a piadinha sobre a gravata de George Martin logo na primeira reunião entre eles. Era o mais novinho dos quatro, nove meses mais novo que Paul, e quase 3 anos mais novo que Ringo (sim, Ringo é o mais velho Beatle, sabia?). Foi trazido ao grupo por Paul, que estudava na mesma escola que ele. Tão novinho que foi expulso da Alemanha, que proibia menores de idade de tocarem em casas noturnas, que os Beatles usaram para ganhar cancha e experiência, e que experiência! Tímido, era alvo das brincadeiras dos demais, então demorou a encontrar seu caminho. Seguramente, era o mais boa gente dos quatro, disputando o posto pau a pau com o pobre (!!) baterista.
ATENÇÃO: os títulos das canções remetem a análises minha sobre elas!
Ele sempre foi mais reservado e voltado para seu interior, daí ter mergulhado de cabeça na cultura indiana. Trouxe a cítara para o rock. E ela abriu, ainda que simplesinha, mas magnífica, a canção de Lennon 'Norwegian Wood' no álbum Rubber Soul. A esta altura ele já havia tido seu primeiro grande sucesso como Beatle, com 'I Need You' no album Help, de 1965.
Antes de continuar, vou deixar aqui O Caldeirão do George, com suas participações nesta fase. Segue depois da figura!
Antes disso, a contribuição autoral era tímida: apenas uma canção no segundo álbum With The Beatles, chamada 'Don't Bother Me', que é melhor nem bother you com ela, bem fraquinha. Como cantor, ele estava sempre presente, cantando covers de outros artistas (Chains, Roll Over Beethoven, Devil in Her Heart)
e alguns clássicos de Lennon/McCartney: no primeiro disco Please Please Me, levou 'Do You Want To Know A Secret', e no terceiro, 'I'm Happy Just To Dance With You' que ele até cantou no primeiro filme beatle 'A Hard Day's Night'. Desta maneira, as fãs que pediam a voz de George ficavam felizes.
Finalmente, no quarto ano beatle, ele compôs e cantou 'You don't realize how much I need you', no quinto álbum, Help, juntamente com ‘You Like Me Too Much’, também muito boazinha. Depois, vieram 'Think For Yourself', 'If I Needed Someone', em Rubber Soul, esta última tocada ao vivo em várias apresentações.
O ano de 1966 assistiu à maior contribuição Harrison para um disco beatle até então, de três canções, em Revolver, a fantástica 'Taxman', que inclusive abria um álbum o que era uma grande distinção, a somente ótima 'I Want To Tell You', e a totalmente indiana 'Love You To'.
- Na primeira, uma fenomenal ironia com relação ao Brittish Lion, que cobrava uma alíquota de 95% sobre a faixa de rendimentos obscenos, aonde os Beatles se encontravam: ' ... It's one four you nineteen for you ... should five percent appear too small, be thankfull I don't take it all'.
- Na segunda, ele dava o recado 'I want to tell you, my head is filled with things to say' de que sua criatividade estava querendo produzir mais, mas ficava intimidada pela proximidade de dois monstros sagrados, que tinham uma produção estupenda, a pressão era grande. Pelo menos eu interpreto assim!
- E na terceira, mostra um lado meio amargo 'There’s people standing round, who’ll screw you in the ground, they’ll fill you in with their sins', que pode ou não ser também um recado a seus todo-poderosos pares.
E foi George quem disse:
'Não agüento mais!!'
No próximo capítulo, o florescer do terceiro beatle!!
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1. http://blogdohomerix.blogspot.com/2011/12/quiet-beatle-10-anos-sem-ele.html
3. http://blogdohomerix.blogspot.com/2011/12/quiet-beatle-o-apice-durante-os-beatles.html
4. http://blogdohomerix.blogspot.com/2011/12/quiet-beatle-o-inicio-solo-e-os-amigos.html
5. http://blogdohomerix.blogspot.
6. http://blogdohomerix.blogspot.com/2011/12/quiet-beatle-grandes-sucessos-solo.html
Homero,
ResponderExcluirVc conhece muiiiito sobre os Beatles. Legal!
Bjs, Claira
Brilhante meu irmão...
ResponderExcluirHomero, você é SHOW, SHOW, SHOW! Além de saber tudo de Beatles ainda se dispõe a pesquisar para informar a gente. Parabéns e ótimo dia!
ResponderExcluirParabéns por ter dedicado seu trabalho também ao George. O xará Martin sentiu o mesmo que você (deveria ter dado mais atenção ao George), mas igualmente admite que o guitarrista demorou a aprender a criar e a compor em estilo pessoal que encontrasse espaço entre a obra dos dois monstros L&M.
ResponderExcluirDe fato, George era tímido e não recebia, inicialmente, estímulo dos outros dois. Era o "caçulinha" do grupo (em idade) e nunca entrou para o time dos profissionais "compositores de sucessos pré-fabricados" dos primeiros anos.
Aguardamos suas análises da evolução do garoto, por caminhos que os dois não ousaram: individualidade total.
Sobre a idade do Ringo, lembro-me do fime "sessão da tarde" em que uns adolescentes americanos fazem de tudo para ganhar ingressos e ver os Beatlos no Ed Sullivan. Uma das perguntas de um radialista, valendo o ingresso:
" - Qual é o mais velho e mais novo Beatle?"
Todos diziam "George e Ringo". Só o protagonista acerta:
" - É Ringo! É o mais velho, mas o último a entrar no quarteto!"
Bingo!
Era quieto, mas quando abriu a boca contra os 95% de impostos, soltou os cachorros no governo! E o aviso aos que morrem para que declarem as moedinhas colocadas para manter os olhos do cadáver fechados é sarcástica, mórbida e agressiva. Mexeu no dim-dim dele, ficava fera!
ResponderExcluirParabéns, George merece, tenho todos os discos solo dele e é sem duvida um grande músico que como os outros, evolui muito ao longo da banda
ResponderExcluirNuma entrevista George disse que realmente não compunha muito quando tudo começou. Muito raramente se sentia inspirado. De repente, a partir de 1966, a inspiração não parava de chegar. Foi quando se deu conta que ter espaço para apenas duas músicas suas não era suficiente. O que fazer com tanta musica? Acabou musicando um filme chamado Wonderwall. Fez a trilha sonora.
ResponderExcluirEntão essa história muito repetida por aí que ele sempre viveu à sombra de dois monstros sagrados é fake. Quando foi resolvido que os discos deveriam ter uma alta porcentagem de músicas de Lennon/McCartney ele achou natural pois quase nunca compunha! E há provas disso. Eu gosto de ver fatos comprovados porque especulação não são confiáveis. Podemos até acertar por acaso. Mas o correto é ver o que de fato aconteceu. E de fato George costumava usar seu espaço para cantar músicas de outros compositores. Isso porque ele não tinha musicas prontas, evidentemente.
Mas algo aconteceu, ele se inspirou, e realmente seria preciso mudar aquele esquema e apenas duas músicas de sua autoria. Bom lembrar que era apenas isso que faltava...músicas de sua autoria. Não a sua presença. George nunca jamais deixou de brilhar em todas as músicas com sua guitarra tão linda quanto ele e ainda inovando, como foi o caso da cítara. E ainda criando os riffs. Sim, mesmo nas músicas de John e Paul podia acontecer contribuições dele. Um exemplo é na muaica And I love Her. Paul reconhece que é exatamente aquela introdução que dá sabor especial à musica e que sem ela não seria tão bom. De certa forma And I love Her é de Lennon/McCartney/Harrison. Como entao sempre viveu à sombra? Nunca. George sempre brilhou tanto quanto os demais. The Beatles foi a única banda com os quatro envolvidos pela mesma aura de luz.
HOmero, jura que não gosta de Don't Bother Me? Eu adoro essa música. Sabe aquela parte que a voz sobe..( desculpe, eu não sei falar bonito como você sobre as músicas, eu falo como amadora mesmo) a voz sobe cantando...because I know she always be...the only girl for me. Eu choro, Homero. Eu sinto uma energia subindo do estomago para cima e vai nos olhos que ficam úmidos e descem lágrimas. Aquela música é magia pura. Nâo peça para que esqueçamos dela. Impossível. rs rs rs
Bem lembrado os comentários que fazia. Eu confesso não saber porque diziam que era o quieto. Nunca foi. Basta vermos os vídeos das entrevistas...George sempre falando e falando bem de forma engraçadissima. Tiradas geniais. "Vocês prentendem cortar os cabelos?" "Eu cortei os meus ontem!" Qual seu tipo de mulher?" A mulher de John"..Ele sempre foi muito sarcástico. Tanto que deram a ele aquela sequencia de A Hard Day's Night onde ele encabula...uai, esqueci quem. Vou ter de rever o filme. Mas você sabe a sequencia. Usoa uma espresssão desconheida. Gente, onde estava? Um salão de beleza? Alguém vendendo algo da moda e ele ironizando.
Existe uma conversa sobre uma fita encontrada não sei onde com Paul, George e John conversando. E decidindo que no próximo disco George teria espaço para quatro canções. Seria o mesmo espaço de John e Paul. Infelizmente eles se separaram pouco depois. Mas o caso da falta de espaço para George tinha sido resolvido.
Cara, esse capítulo está muito legal, mas lhe peço licença para destacar uma frase que realmente tem um significado diferenciado, ao falar sobre Ringo: “era apenas o baterista”. Óbvio que não pensamos realmente isso, ao mesmo tempo eu penso . Entendeu ? Nem eu
ResponderExcluirForte abraço
Roberto Bazolli