Capítulo 37
Esta é minha saga
O Universo das Canções dos Beatles
- It Won´t Be Long (Lennon/McCartney)
- All I´ve Got to Do (Lennon/McCartney)
- All My Loving (Lennon/McCartney)
- Don´t Bother Me (George Harrison)
- Little Child (Lennon/McCartney)
- Till There Was You (Meredith Willson)
- Please Mr.Postman (Dobbins, Garrett, Gorman, Holland, Bateman)
- Roll Over Beethoven (Chuck Berry)
- Hold Me Tight (Lennon/McCartney)
- You Really Got a Hold on Me (Robinson)
- I Wanna Be Your Man (Lennon/McCartney)
- Devil in Her Heart (Drapkin)
- Not a Second Time (Lennon/McCartney)
- Money -That´s What I Want (Bradford/Gordy)
- Todas as 8 falam ao Coração (nenhuma às Mentes)
- São 5 canções no Assunto Garotas e 3 no Assunto Saudade
- Das 5 Girl Songs, 3 são de Amor, duas de Paquera
- As 3 Miss Songs relatam Tristeza, Desprezo e Retorno
1. It Won´t Be Long (Return Miss Song by John Lennon)
John anseia: "Toda noite, lágrimas escorrem pelo meu rosto. Todo dia eu não tenho feito nada além de chorar! Não vai demorar, yeah Não vai demorar, yeah Não vai demorar, yeah , para que eu seja seu"
Saudade no modo "Quero voltar pra ela". Essa quantidade toda de yeah's do refrão foi caso pensado de John. Ele estava animado com os yeah's de She Loves You (yeah yeah yeah), e queriam produzir mais um sucesso Nº1 com a mesma fórmula. Aproveitou para fazer de novo um jogo de palavras como fizera em Please Please Me, o outro N°1 anterior, juntando na mesma frase uma expressão verbal ("be-long") e um verbo ("belong") com significados diferentes ("demorar" e "pertencer")! Duas fórmulas de sucesso combinadas não podia dar errado.... mas deu! Quer dizer, não deu porque não houve um compacto com a canção! Sabe por quê? Porque eles apareceram com outra para o posto, fraquinha, chamada I Want To Hold Your Hand... Começava ali a política de lançarem canções inéditas sem colocá-las em LPs. Paul contribuiu com letras internas e com arranjos harmônicos, além dos vocais no duelo de yeah's, e com os backing vocals da ponte ("Since you left me, I'm so alone, now you're coming, you're coming on home)".
Uma ponte não existe sem versos, certo? Claro que eles estão lá, mas nesta canção, novidade, quem começa é o refrão, ou o coro, com o título da canção e aquele duelo sensacional de "yeah yeah yeah's" em que John se mostra otimista quanto ao retorno de seu amor. São três versos, bem curtos, de apenas sete compassos e cada um com letra diferente do outro, seguindo na política dos Beatles de composição. No 1º, John diz que está sozinho enquanto todo mundo se diverte, no 2º, segue em sua tristeza dizendo que não faz outra coisa senão chorar, mas depois que ele diz, na ponte, que ela voltou pra casa, no 3º Verso ele já está todo felizão e diz que nunca mais vão se separar, que lindo!
A canção foi a 1ª original a ser gravada para o LP With The Beatles na 2ª sessão de gravação para o efeito, em 30 de julho de 1963, um dia muito produtivo, em que trabalharam em outras cinco canções do LP. Foram 10 takes pela manhã, que foram desconsiderados, e de noite, outros sete foram executados, com todos em seus instrumentos usuais, e com John e Paul entregando seus perfeitos vocais, e finalmente mais seis vezes apenas com George tentando acertar os floreios descendentes em sua guitarra, após cada frase dos versos. O que se ouve até hoje é o Take 17 com os floreios do Take 21, mas então já com o vocal dobrado de John, o popular double tracking, procedimento usado aqui pela primeira vez.
A canção não saiu em compacto, mas sua força em ritmo a levou ao posto de abrir o LP, que foi lançado em 4 de dezembro de 1963. Apesar disso, os Beatles nunca a tocaram ao vivo, apenas em uma dublagem para o Ready Steady Go, na TV inglesa. Deixo aqui então, o original, neste LINK. Note como terminam a canção com John em falsete em Ttripla harmonia com Paul e George, no "Yoooou", em acorde dissonante, como haviam acabado de fazer, em "She loves you yeah yeah yeah yeeaah".
2. All I've Got To Do (Love Girl Song by John Lennon)
John declara: "E quando e-e-e-u, eu quiser te beijar, tudo que tenho que fazer é sussurrar em seu ouvido as palavras que você quer ouvir e eu estarei te beijando!
Imaginem a seguinte cena. Era 11 de setembro, a terceira sessão de gravação do álbum, John chega ao estúdio da Abbey Road e diz parra Paul, George e Ringo: "Camaradas, tenho esta canção aqui, que vocês nunca ouviram, e ela vai servir para encher o nosso álbum!" E, 15 takes depois, ela está pronta, com apenas um overdub da guitarra de George, e mais nada. Assim foi essa canção, a qual os Beatles se dedicaram, pela primeira e ÚLTIMA vez! Nunca a tocaram em nenhum show, foi pouquíssimo tocada em rádios, se é que foi, nunca lhe deram a menor atenção! E mesmo sendo uma album filler, é uma ótima canção, que nós adoramos! Era John inspirado em Smokey Robinson na melodia, e com letra mais dedicada ao público americano, pois falava em chamar a garota ao telefone, coisa que nunca fez parte da sua juventude, um recurso que ele viria a usar de novo em No Reply, um ano depois.
O papo do telefone vem logo no 1º verso, John diz que sempre que quer ter a garota a seu lado, tudo o que tem a fazer é ligar!! No Verso 2, vem aquele papo de sussurrar as palavras certas no ouvido dela. Em ambos os versos, Paul faz harmonia vocal aguda no título da canção "All I've gotta do-oooo". Ali também note-se uma interessante mudança de ritmo, começando com uma batida sincopada, e passando ao rock balada, na 2ª parte, valeu, Ringo! Aí, vem o refrão, aumenta o clima, John diz que o mesmo vale pra ela, que sempre quiser, é só ligar, com a companhia de Paul e George em ótimas harmonias "aaaaaah, you've just gotta call on me". No verso final, que não e o final (veremos!), há um mix entre os dizeres dos Versos 1 e 2, e então repete-se o ótimo refrão, e finalmente (aqui a explicação do 'veremos!'), a conclusão é com a melodia dos versos, mas apenas murmurada, sem letra, desaparecendo no horizonte, em fade-out. Charmoso! Ouça-a aqui, neste LINK.
3. All My Loving (Love Girl Song by Paul McCartney)
Paul promete: "E enquanto eu estiver fora, escreverei para casa todo dia e mandarei todo meu amor pra você. Todo meu amor, eu mandarei pra você. Todo meu amor, querida, eu serei verdadeiro"Promessa de cartas diárias a seu amor, Jane Asher, enquanto estiver fora. Era maio de 1963, e ele estava começando um relacionamento com a atriz que conhecera um mês antes, nos camarins do show dos Beatles no Albert Hall! Foi a primeira vez que Paul escreveu primeiro a letra, depois encaixou a melodia. Ponto altíssimo do disco! A estrutura da canção difere um pouco da que vinha utilizando um refrão após dois versos, depois mais um refrão e uma ponte apenas solada, sem letra, com estrutura de acordes diferente dos versos. Depois, repete-se o Verso 1, e finaliza com um refrão modificado.
A gravação foi feita num ocupadíssimo 30 de julho de 1963, em que trabalharam em outras cinco canções do LP With The Beatles. Era a 2ª sessão para o 2º álbum da banda! Ela finalizou o dia, já de noite, e foram 11 takes, com a já famosa combinação John-Paul-George-Ringo com base-baixo-solo-bateria. E Paul cantou ao vivo em todos eles seu vocal principal. Os Takes 12 a 14 foram para Paul dobrar seu vocal nos Versos 1 e 2, e para harmonizar consigo mesmo no Verso 3. Nos shows, naturalmente seria John quem faria a segunda voz, mas não seria possível pois ele estava muitíssimo concentrado em sua es-pe-ta-cu-lar guitarra base em triplets, aquele tarara-tarara-tarara-tarara contínuo e sonoríssimo! Então, era George quem fazia esse papel, muito bem. Isso é que era uma banda. John faz um vocal de apoio, junto com George, mas apenas no refrão, em U-u-u-u-s!!!! George faz um solo de guitarra inesquecível na ponte, e Ringo sempre espanando sua bateria, como nínguém! Até deixo aqui este LINK, para poderem apreciar tudo o que foi mencionado (ver foto abaixo)!
A canção foi tocada durante todo o ano de 1964, com grande sucesso, inclusive foi escolhida para abrir, e dar o tom da primeira aparição no Ed Sullivan Show, em 9 de fevereiro de 1964, a "Noite Que Mudou A América"! John sempre considerou esta canção como uma obra-prima de Paul!
Deixo também aqui um momento muito importante em minha vida: quando ouvi All My Loving ao vivo, pela primeira vez, claro, não com os Beatles, mas com Paul McCartney. Era 2002, eu estava em Houston, e fui ver um show dele no Compaq Center, uma parada de sua Back In The US Tour. Felizmente, existe um vídeo dessa performance, em meio a imagens das reações da plateia... Quer saber como eu me sentia? Note a imagem de um sujeito de cavanhaque, totalmente emocionado, com lágrimas nos olhos.... era assim que eu estava! Neste LINK.
Para finalizar mesmo, não posso deixar de registrar como a ouvimos aqui no Brasil, em versão de Renato Barros (e seus Blue Caps), chamada Feche Os Olhos. Esqueça as particularidades do BlueCap Translator e curta muito como eram aqueles tempos por aqui. Neste LINK.
4. Don't Bother Me (Sadness Miss Song by George Harrisson)
George lamenta: " Desde que ela se foi, eu não quero ninguém pra conversar comigo. Não é a mesma coisa mas eu sou responsável, é fácil de ver. Então vá embora, me deixe sozinho, não me amole"
Primeira canção de George nos Beatles. E veio no modo GGG, Greta Garbo George, "I want to be alone!" Era uma canção de Saudade, na classe Tristeza, uma das poucas que escapavam àquele estilo 'happy-go-lucky', de garotos felizes e apaixonados dauqele início de carreira. Ela foi feita durante uma turnê em Bournemouth, em que ele mais ficou na cama por estar doente (foto), só saía de lá pra tocar, nos 6 shows. Ele passou esse climão pra letra. E mesmo sendo sua primeira, já usou o padrão Beatle de composição: fazer mais de um verso com letras diferentes. Aqui foram logo três. No 1º, ele quer ficar só e admite a culpa por seu estado. No 2º Verso, ele não pode crer que está só, que não é justo, e tal, mas quer continuar só. Então vem a ponte, com melodia diferente, onde declara que não será mais o mesmo, e que aquela garota é a certa pra ele. No Verso 3, ele confirma seu desejo: não quer ver ninguém até que ela volte! Então vem um verso quase todo instrumental, com a guitarra do autor e a finalização repetindo a repulsa final do Verso 2. Depois mais uma ponte, igual, e a finalização com um "Não me amole!" do titulo da canção repetido várias vezes em fade out.
A 1ª tentativa para a 1ª canção de George foi feita na 3ª sessão de gravação para o 2º LP dos Beatles teve 4 takes em 11 de setembro de 1963, apenas os 4 Beatles tocando seus 4 instrumentos usuais, mas tantos números ordinais e cardinais não serviram pra nada! Minto! John estava em sua guitarra base, sim, mas introduziu um toque diferente, um trêmulo, constituindo-se na 1ª vez em que um equipamento eletrônico foi usado na carreira dos Beatles! Decidiram começar do zero, mas numeraram a 1ª tentativa como Take 10, sabe-se lá por quê. E ela foi quase perfeita, já com vocal e solo de George, mas decidiram colocar aquela parada (Beatles break) logo após a introdução. Mais 3 Takes e o Take 14, que na verdade era o 9º, ah, chega de números, foi a base para overdubs. George dobrou seu vocal, com umas poucas falhas, afinal era a 1ª vez que fazia!), e aí resolveram abrir a sala de instrumentos de percussão da EMI: Paul pegou duas claves e Ringo, um bongô árabe. Os Takes 15 a 19 foram executados, sendo o primeiro deles considerado final!
Por incrível que possa parecer, Don't Bother Me nunca mais foi tocada pelos Beatles, e nem por George em sua carreira solo, e nem por seus amigos no concerto de despedida, um ano depois de sua morte! Felizmente, ela acabou entrando para a posteridade pois aparece no filme A Hard Day's Night no ano seguinte ao seu lançamento, mas apenas como música incidental, é uma das que toca enquanto os Beatles dança, é a 2ª, neste LINK.
5. Little Child (Flirt Girl Song by John Lennon)
John propõe: "Se você quer alguém que te faça feliz, então nos divertiremos quando você for minha. Então vamos lá"
A canção era considerada, mais um uma canção de trabalho, apenas um album filler, mais de John que de Paul, para Ringo cantar, mas ele não se sentiu bem cantando a letra "I'm so sad and lonely", ele gostava de entrar no clima da canção, e ele não estava nem triste nem solitário. Foi John, então, que levou o vocal principal dessa canção de paquera simples e direta, até um pouco direta demais com algum apelo sexual. Instrumentos usuais mais um piano de Paul e uma gaita de John! Outra que também não viu a luz do sol de uma apresentação ao vivo! Pra um breve resumo, estaria bom, né? Mas a canção merece um pouco mais de detalhe!
Letra? "Paquera um pouco direta demais com algum apelo sexual"? Talvez sim, talvez não, mas leva jeito, pois "I'll make you feel so fine" e o "have some fun" e o "Come on Come on Come on!" trazem essa conotação, e o "Little child" sempre lembra a menor idade da moça, e tal, meio perigoso isso... Aqui, os versos não variam de letra, são sempre como na imagem ao lado, delicioso, que é repetido três vezes, entremeados dor duas pontes, com letras diferentes, e mais um solo instrumental, com uma estrutura de acordes diferente tanto dos versos como das pontes! Riqueza considerável! Mas aí já invadi o campo do próximo parágrafo.
Música? Ali em cima, no resumo, eu falei muito sem cerimônia "mais um piano de Paul mais uma gaita de John"... Nããão! Tinha que ter sido mais enfático, porque foi um MAGNÍFICO piano de Paul, pela primeira vez assumindo o instrumento, que o maestro Martin havia tocado em outras canções, e uma ESPETACULAR gaita de John, que perpassa TODA a canção, em todos os versos e pontes. Mas antes vamos à base. Ela foi gravada primeiro em dois takes no dia 11 de setembro e mais cinco no dia seguinte, quando então passaram aos overdubs. A gaita de John levou outros seis takes para se chegar àquela sensação, começando pela introdução solo de quatro compassos, as respostas nos versos, o acompanhamento nas pontes, a seção solo em 12 compassos, tudo perfeito. Paul acertou tudo em duas vezes, e tão bem, que foi colocado alto na mixagem e quase não se ouve o próprio baixo de Paul. Fizeram a conta, né, estamos no Take 15. Eles se juntam de novo para mais três performances, com John tocando sua gaita na seção solo, que ficou tão estupenda na 3ª vez, que foi escolhida para ser colocada por sobre aquele Take 15 do piano de Paul, e essa combinação é o que ouvimos na versão final, operação feita no dia 30. John e Paul ainda retornaram três dias depois para acertarem seus vocais, John dobrando o dele no principal e Paul agregando a linda harmonia em "I'm so sad and lonely". Mesmo tão especial, Little Child nunca viu a luz do sol de um palco, não foi nem tentada na BBC. Então, não tenho outro jeito senão deixar aqui o LINK original.
6. Till There Was You (by Meredith Wilson )
A canção foi composta para o musical da Broadway 'The Music Man' do final da década anterior. Gravada por muitos, inclusive nossas conhecidas Shirley Jones e Peggy Lee, sendo a versão desta última a base utilizada por Paul para sua performance. A importância dela na carreira dos Beatles, poucos sabem, é transcendental. Brian Epstein a selecionou para o teste na gravadora Decca, para mostrar a versatilidade dos rapazes. Após serem recusados pelo gênio de plantão, Brian levou a fita daquela sessão para outras gravadoras, inclusive a EMI, onde um tal de George Martin mostrou interesse especial justamente por ela. Não foi à toa que resolveram oficializá-la no catálogo Beatle, com sua gravação para o 2º LP. E foi logo no 1º dia de gravação para o efeito, no dia 18 de julho de 1963, ali realizando três takes, ainda com Ringo em sua bateria! Já nos cinco takes seguintes, no dia 30, George Martin usou sua prerrogativa de produtor e entregou dois atabaques para Ringo tocar, deixando de lado a bateria naquela canção. Todos tocaram ao vivo, Paul cantou ao vivo e nada mais foi necessário,. A canção estava pronta! E foi a primeira cover a aparecer no LP! Destaque merecido!
Era uma balada romântica que Paul fazia questão de cantar para mostrar a versatilidade do grupo. Ela fez parte de shows importantes dos Beatles, como a apresentação para a realeza britânica no final de 1963, e o que fizeram no programa de Ed Sullivan, quando conquistaram a América no início de 1964, nas duas ocasiões fazendo questão de apresentar a canção como da trilha do citado musical, que foi sucesso nos dois países! Ah... esse Paul, sempre antenado! O vídeo que deixo aqui, neste LINK, foi o o do show real, vejam que gracinha o vocal de Paul, o magnífico solo de guitarra de George e notem ao fundo, o hit hat da bateria de Ringo. Vale lembrar também de uma versão brasileira, de Beto Guedes da canção, que fez muito sucesso aqui (LINK)
A canção já era um sucesso mundial e ganhou uma versão espetacular dos Beatles. Os quatro autores aí de cima a fizeram para um grupo vocal feminino, uma referência para os Beatles, The Marvelettes! Tudo foi gravado na 2ª sessão de With The Beatles. Foram apenas sete takes, todos tocando e cantando ao vivo, sendo que só nos finais foi adotada aquela sensacional parada no final somente acompanhada por palmas, que vieram em mais dois takes, de overdubs posteriores, juntamente com o vocal dobrado de John.
Aliás, John, apresentou vigoroso vocal principal, que implorava ao carteiro por uma carta de seu amor. Paul e George capricharam na harmonia vocal, tanto no contracanto perfeito nos refrães, que imploram ao carteiro, como nos u-u-u-u's acompanhando John nos versos, que contam a história. Destaque para os magníficos handclaps (palmas), na introdução, enquanto chama o carteiro, e nas paradas das cordas do fim da gravação, tão singelas que resolvi colocar aqui este LINK para as pessoas se deliciarem numa apresentação ao vivo, em que dublaram a gravação de estúdio! Imperdível! Vale o destaque de que a canção teve a letra modificada para a perspectiva masculina, e teve inúmeras versões cover, uma delas que ouvi muito, dos Carpenters, 10 anos depois.
LADO B
Uma favorita de John, Paul e George, feita pelo compositor americano guindado por John ao posto de Rei do Rock & Roll. Era um dos compactos que chegaram às docas de Liverpool antes do resto da Europa, e que os três tiraram em suas guitarras, desde 1956, e que eles tocavam sempre, e continuaram a tocar até as turnês de 1964 pelos EUA. Foi George quem deu vocal a esse hino, direcionado ao compositor clássico Beethoven (e Tchaikovski e outros), dizendo pra ele se revirar no túmulo porque o Rock chegou! Aliás, foi uma de três faixas de With The Beatles que têm George como Lead Singer, sendo uma delas sua primeira autoral.
O clássico de Chuck Berry foi gravado rapidamente, primeiramente ao vivo, em cinco takes, com todos tocando, e George cantando ao vivo, na 2ª sessão de gravação para o álbum, em 30 de julho de 1963, depois, mais dois takes de overdubs, para melhoras na guitarra de e no vocal de George e um final de mixagem, entre melhores momentos de takes anteriores, total de 8!!! Veja como George era inspirado ao cantar Chuck Berry e realizar excelente solos em sua guitarra, seguro... neste LINK.
9. Hold Me Tight (Love Girl Song by Paul McCartney)
Paul pede à garota: "Sinta agora, segure-me forte, diga-me que sou o eu, e então eu poderia nunca estar sozinho. Então segure-me forte esta noite (esta noite), é você você, você, você, oo"
Olha, prestando atenção mais na letra dessa canção que eu ADORO, poderia muito bem tê-la classificado como Sex Song, "making love" e "alone tonight with you", humm, decerto era, e só não teve problemas com a censura porque não foi muito tocada nas rádios. Hold Me Tight era pra sair no primeiro LP, Please Please Me! Ela foi gravada naquela sessão histórica em que gravaram e finalizaram 10 canções em um só dia, o já famoso 11 de fevereiro de 1963. Pois é, foram 11! Entretanto, apesar de finalizada, considerada pronta após 13 takes, ela foi considerada mais fraca, e deixada de lado. Na imagem, encontrei a Recording Sheet da prova de que Hol Me Tight foi gravada no mesmo dia que outras canções do '1º LP dos Beatles. Oito meses depois, na ânsia de angariar canções para o novo álbum, lembraram-se dela, só que... não acharam o tape! Ou gravaram por cima! Então, começaram do zero! E foi um primor!!
A canção é de Paul com pouquíssima participação de John. Muitas escolhas magníficas,
- o começo "It feels so right now..." com o final da ponte, que reaparece mais duas vezes, lá do meio da canção,
- a guitarra de George, pulsante, brilhante, o tempo todo,
- o duelo pergunta-resposta, com Paul chamando e George/John atendendo "Hold (Hold) Me tight (Me tight) Tonight (Tonight)" nos versos,
- a brilhante transição do final do 2º verso com o começo da ponte, ambas peças estruturais compartilhando um mesmo compasso na palavra "YOU", perceba: "It's you, you, you, you, you, YOU don't know what it means to hold you tight",
- as palmas o tempo TODO,(vi)
- as harmonias vocais quase em toda a canção,
- o final desacelerando, inédito.
Sete pontos! Um número mágico para uma canção idem. Um espetáculo! Era uma daquelas que eu ouvia e repetia e repetia, em meu LP Beatles Again, já mencionado! É uma canção injustamente subavaliada na minha opinião!
A sessão em que a Fênix ressuscitou das cinzas foi em 12 de setembro, a 4ª sessão de gravação para o 2º LP, With The Beatles. Apesar de terem passados 13 takes, lá em fevereiro, o primeiro da sessão foi numerado 20! Daí até o Take 23, considerado base, seriam 4 vezes, né, só que não.... em vários deles se falou "Ah esse não valeu!", porque houve um erro de vocal ali, um de bateria ali, uma guitarra acolá e voltava-se à mesma numeração, um pouco de indisciplina foi verificado. Então, começou uma série de 6 takes até acertarem as palmas e vocais adicionai Um erro que acabou ficando foi John dizendo "so" ao invés de "now", após o "It feels so nice...". O que se houve no disco é uma combinação dos Takes 26 e 29.
Embora tocada nos tempos do Cavern Club, nunca mais foi tocada ao vivo após seu lançamento. Felizmente, alguma justiça lhe foi feita ao ser lembrada para a sequência inicial do filme Across The Universe. Deixo com vocês um trabalhi impressionante de um espanhol Frudua, que faz incríveis pesquisas de harmonias vocais nos Beatles. Vale a pena ver todos eles. Aqui neste LINK, ele destrincha Hold Me Tight.
Surpreendentemente, é George quem faz harmonia com John, enquanto Paul entra esporadicamente. O Robinson do título é de Smokey Robinson, um favorito de John, em quem ele se inspirou em muitas de suas canções. Em homenagem a essa idolatria, deixo aqui um LINK com e sua banda backing vocal The Miracles.
Ela foi a 1ª canção gravada na 1ª sessão de gravação do LP, em 18 de julho. Foram 7 takes iniciais, com o auxílio luxuoso de George Martin ao piano, já na base, como se fosse um membro da banda, na introdução, que volta no meio e no final! Depois, foram mais 4 takes para reforço do riff final de guitarra e, particularmente, dos "baby"s, que John quis melhorar! You Really Got A Hold On Me foi tocada ao vivo em sessões da BBC, e depois aparece no filme Let It Be, das sessões do Projeto Get Back, de 1969.
11. I Wanna Be Your Man (Flirt Girl Song by Paul McCartney)
Ringo se declara à garota: "Quero ser seu amor, garota, quero ser seu homem, amo você como ninguém, quero ser seu homem"
Com a recusa de Ringo em cantar Little Child, John e Paul tinham que arrumar outra para seu baterista, afinal era regra que ele deveria cantar ao menos uma em todo LP, dado seu número crescente de fãs! John teve a ideia do título, Paul fez o resto. E o resto não é muito! A letra quase toda está ali em cima! Simples, simples, simples, e com amplitude vocal reduzida, para Ringo poder cantar tocando bateria, ao vivo! Mais interessante porém, na história dessa canção, é que numa certa tarde, de 10 de setembro de 1963, tendo a canção ainda em começo de estruturação, John e Paul caminhavam em Londres (quando eles podiam!) e viram Mick Jaegger e Keith Richards num táxi e pegaram uma carona com eles, sabe, né, aqueles táxis negros, espaçosíssimos, em que se sentam 5 pessoas de frente umas pras outras, com espaço para uma mesinha entre eles, um táxi social, enfim. Conversa vai, conversa vem, Mick pergunta: "Got any songs?", Paul e John se entreolharam, com a mesma ideia, e responderam uníssono: "Yes!", seguiram com eles até o estúdio, finalizaram a canção, em 10 minutos, quando John fez o título e colocou como refrão, e depois os Rolling Stones a gravaram, constituindo-se em seu primeiro Hit nas paradas inglesas, atingindo o posto N°12. Fui buscar a imagem desse compacto, especialmente para mostra a gravadora, conhecem? Sim, Decca, a mesma que recusou The Beatles em janeiro de 1962. Felizmente para o visionário gerente de plantão, um raio caiu duas vezes no mesmo lugar e ele pôde salvar sua biografia!
A letra toda tem apenas 17 palavras, em sua totalidade, "I-wanna-be-your-lover-baby-man-love-you-like-no-other-can-tell-me-let-understand" distribuídas em uma estrutura verso-refrão-verso-refrão, tão curta, mesmo assim, com letras diferentes nos versos! No 1º, Ringo paquera a garota indo direto ao ponto: "Quero ser seu homem!" e apresentando suas credenciais "Ninguém a amará como eu!". No 2º Verso, implora que ela diga que o ama, ele precisa entender! O Verso 3, após o solo instrumental, repete o Verso 1. Simples assim! Para agregar ao cardápio de curiosidades Beatle, I Wanna Be Your Man, é a 4ª em menor número de palavras do cancioneiro da banda, perdendo apenas Wild Honey Pie, com 5, The End com 11, e I Want You, com 15 palavras. Bem, caso se desconsidere Wild Honey Pie como canção, I Wanna Be Your Man leva Medalha de Bronze, subindo ao pódio da modalidade!!
No dia seguinte àquele encontro com os Stones, os Beatles fizeram um take da canção, e partiram para outras canções, retornando no Dia 12, onde fizeram mais seis takes, todos em seus instrumentos e com Ringo cantando ao vivo! John e Paul também harmonizaram com Ringo nos refrães e ficaram doidos durante o solo de George, gritando e brincando! No final do mês, George Martin acrescentou um órgão Hammond, em seis tentativas, e aos três dias de outubro, Ringo apareceu para mais duas, uma dobrando sem vocal e outra acrescentando chocalho! Era o Take 13, final!
I Wanna Be Your Man sucedeu Boys, nas apresentações ao vivo da banda, sendo a primeira de cinco canções Lennon/McCartney que cantaria ao longo da carreira, e Ringo cantou-a muita vezes para delírio de suas muitas fãs, uma delas inclusive no histórico show no Washington Colliseum, na semana da conquista da América! Queria deixar uma delas aqui pra vocês mas não achei imagens, então deixo esta aqui, dele, aos 70 anos, e tocando sua bateria com sua All Star Band! Neste LINK.
Se as quatro covers até aqui foram sucesso na América, este não foi o caso de Devil In Her Heart. Canção obscura, de um selo obscuro, não chegou às paradas nem nos Estados Unidos, muito menos na Inglaterra. Mas encantou aos Beatles. Sendo mais uma composição feita para mulheres cantarem (inclusive seu nome falava em His Heart), eles adaptaram a letra para a perspectiva masculina. Tocaram-na em shows, e inclusive na BBC, após o que resolveram que era uma boa opção para seu 2º álbum! E foi! E somente então a canção chegou ao estrelato, com que seu autor nunca sonhou! E foi George quem a vocalizou, constituindo-se na sua 3ª aparição no LP, coisa que só se repetiria em Revolver, dois anos depois. Ela foi gravada na 1º sessão de gravação do LP, em 18 de julho de 1963. Executaram-na três vezes, ao vivo, com vocais, principal e de apoio, perfeitos. Em mais 3 takes, aperfeiçoaram partes da guitarra, dobraram o vocal de George e Ringo acrescentou um chocalho. Aqui, neste LINK, o som original.12. Devil in Her Heart (by Drapkin)Se as quatro covers até aqui foram sucesso na América, este não foi o caso de Devil In Her Heart. Canção obscura, de um selo obscuro, não chegou às paradas nem nos Estados Unidos, muito menos na Inglaterra. Mas encantou aos Beatles. Sendo mais uma composição feita para mulheres cantarem (inclusive seu nome falava em His Heart), eles adaptaram a letra para a perspectiva masculina. Tocaram-na em shows, e inclusive na BBC, após o que resolveram que era uma boa opção para seu 2º álbum! E foi! E somente então a canção chegou ao estrelato, com que seu autor nunca sonhou! E foi George quem a vocalizou, constituindo-se na sua 3ª aparição no LP, coisa que só se repetiria em Revolver, dois anos depois. Ela foi gravada na 1º sessão de gravação do LP, em 18 de julho de 1963. Executaram-na três vezes, ao vivo, com vocais, principal e de apoio, perfeitos. Em mais 3 takes, aperfeiçoaram partes da guitarra, dobraram o vocal de George e Ringo acrescentou um chocalho. Aqui, neste LINK, o som original.
13. Not a Second Time (Disdain Miss Song by John Lennon)
John despreza a ex-namorada: "Você está contando a mesma velha história e eu me pergunto para quê! Você me magoou e agora voltou. Não, não, não, não uma segunda vez"
Se há uma canção que parece mais solo que Beatles, essa é Not A Second Time. A música é apenas de John, abandonado pela namorada (portanto, uma Miss Song), mas nem aí para as tentativas de volta (Disdain Class), apenas John canta, quase não se ouve o baixo de Paul, suplantado pelo magnífico piano de George Martin, inclusive na seção solo, e a guitarra de George está bem escondida. Ringo aparece um pouco mais, principalmente porque a bateria não entra de imediato mas somente ao final do primeiro verso, bem sonora!
"A estrutura de acordes da canção era complexa, com as tônicas maiores em sétimas e nonas, além de apresentar heterodoxias na relação entre harmonia e melodia, mudanças de tom peculiares, tão naturais na cadência eólica de Not A Second Time", dizia um artigo de um crítico musical do tradicionalíssimo The Times, um certo Mr. William Mann, um mês após o lançamento, que elevou o trabalho dos 'meninos' a um nível bem acima dos cabeludos-fazendo-música-barulhenta-enlouquecendo-fãs, que era o que a imprensa estava acostumada a exaltar. Para se ter uma ideia, comparou seu trabalho a Mahler! Tanto John como Paul referiam-se a esse autor em entrevistas posteriores, mesmo admitindo que nem percebiam o que faziam.
Eram apenas gênios, afinal!
Mas olha, eu fui buscar os acordes da canção para ilustrar as tais sétimas e nonas levantadas pelo artigo, mas não encontrei, apenas os acordes maiores usuais, tendo apenas um Ré com 7ª para quebrar a onda. Decerto, os Beatles têm em seu catálogo canções muito mais complexas que esta, mas enfim, o artigo foi importante para elevar a impressão que os Beatles despertavam na imprensa a um 'outro patamar', para usar uma expressão moderna. A própria Ask Me Why, do 1º LP, esta sim, tem uma profusão de acordes bem complexos. Também, a tal da cadência eólica levantada pelo especialista, não consigo entender ou captar, aliás, John morreu sem saber também, mas morreu feliz com o artigo. Neste LINK, está o artigo todo, inclusive transcrito, muito bom, em que ele fala de outra meia-dúzia de canções, vale a leitura!
Em termos estruturais, é um simples verso-verso-ponte, depois uma ponte instrumental (com o piano de Martin entoando a melodia), e repetem-se as três peças iniciais, e vem a conclusão. Os dois versos são curtos (apenas sete compassos) e letras diferentes, o 1º está com John sem saber por que chora por ela, no 2º, ele percebe que ela mudou de ideia, mas ele, não. E na ponte, que está todinha ali no caput, ele diz: "Aqui não, bebê!! De novo, não!!".
A criação em estúdio de Not A Second Time, entretanto, foi bastante simples e rápida! Foram apenas cinco takes, em 11 de setembro, com a banda em seus instrumentos tradicionais. Depois, mais quatro somente com o piano de George Martin e a dobra de vocal de John em momentos selecionados! Como outras cinco originais de With The Beatles, a canção nunca foi tocada ao vivo. Conheça-a, ou lembre-se dela, aqui, neste LINK.
Money era minha preferida aos 7 anos de idade, quando ouvia o Beatles Again, que foi o LP onde saiu por aqui. Versão muito melhor que a original e muuuuito melhor ainda que a versão que os Rolling Stones fizeram dela, a voz de John está áspera, as respostas vocais de Paul e George, imbatíveis, só Beatles faziam daquele jeito, E sem se esquecer do perfeito piano de George Martin, cada vez mais ativo nas faixas dos Beatles! Na voz de Barret Strong, a canção foi o 1º sucesso da Motown Records, fundada por um de seus compositores Berry Gordy.
A canção fez parte do famoso teste da Decca que foi recusado pelo cara que disse que grupos de guitarra estavam com dias contados .. só que o contador está em 21.775 e crescendo! Ouvindo hoje, dá pra perceber como o grupo cresceu em pouco tempo, pois a versão da virada do ano de 1962 é muitos pontos inferior à que se materializou nos estúdios da EMI ano e meio depois!
Começaram a gravá-la logo na 1ª sessão do LP With The Beatles, dia 18 de julho, foram 6 takes, todos juntos, inclusive vocais, principal e duelos, e com George Martin ao piano, desde sempre, aliás, ele fez mais um take sozinho ao piano. Numa 2ª sessão, 12 dias depois, somente ele ao piano em mais 7 takes, que acabaram não sendo utilizados. Então o que se ouve hoje é o resultado do 1º dia, sensacional, dando um final ao álbum sem nada deixar a dever ao final do 1º álbum, Please Please Me, com a indefectível Twist And Shout, mais um espetacular desempenho de John Lennon e seus pares. Neste LINK, um raro desempenho deles ao vivo, desta canção, onde já podemos notar o destaque da bateria de Ringo, no alto, Paul e George com suas guitarras lado a lado apontando para a plateia, porque Paul é canhoto, muito mágoic, dividindo um microfone, no "That's what I want", e John soltando sua voz, e o encanto das meninas com o som e a imagem dos rapazes. O único defeito é que não está, claro, o piano de George Martin.
O LP 'With The Beatles' foi lançado na Inglaterra em 22 de novembro de 1963, direto para o topo das parada, tirando de lá 'Please Please Me', o primeiro LP, e lá ficou por mais 21 semanas, fazendo dos Beatles a primeira banda a conquistar a façanha!
O ano transcorrera de forma maravilhosa para os Beatles, sua fama era crescente, exponencial, um fenômeno que foi denominado Beatlemania pelos jornais, após eventos inimagináveis de histeria coletiva após um show no London Palladium em 13 de outubro, num frenesi incontrolável, que até ameaçou a integridade física dos rapazes.
E o ano não terminaria com o lançamento de 'With The Beatles'. Apenas seis dias depois, em 29 de novembro, viria ao mundo a canção que abriria as portas da America para os Beatles: I Want To Hold Your Hand, num compacto simples com This Boy na Lado B.
O mundo estava prestes a testemunhar um feito: uma banda de rock parando o aeroporto de New York. O ano de 1964 seria o ano auge da Beatlemania!
Postagem maravilhosa e com detalhes que usualmente não chegam para nós, reles mortais. Esta é a diferença entre ser fã dos Beatles daquele que é um estudioso profundamente apaixonado pela banda. Obrigado!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirWith the Beatles. Obrigada por falar sobre este disco com tantos detalhes. Claro que faria assim pois está fazendo assim com todos os álbums. Não seria diferente com esta preciosidade recheada de músicas que mexem com nossos corações, nós que já pssamos dos setenta. Mas é bom lembrar que para nós brasileiros ele só chegou muitos anos depois, quando eu já estava na meia idade. Na minha adolescência fui tocada por todas as músicas citadas...em outros LPs. Digo Lps porque era assim que eram chamados naquele tempo. O primeiro se chamava Beatlemania e tinha essa capa icônica aí, que atualmente resolveram criminosamente colorir. Esta foto nunca poderia ser tocada. É como colocar bigode na Mona Lisa.
ResponderExcluirEnfim, meu primeiro album foi Beatlemania com várias das músicas citadas. Poucos depois veio The Beatles Again com capa inventada aqui pela Odeon. Hoje eu sei que os discos originais são muito melhores que os nossos. Eles sabiam como escolher as músicas, qual que deveria vir depois, qual devia abrir e concluir. Aqui eles colocam qualquer uma sem pensar no assunto. Mesmo amei demais e guardo com carinho meu Beatlemania e Beatles Again.
Ouvir o Beatlemania pela primeira vez foi algo indescritível. Eu estava com um namorado que também gostava deles e me emprestou o disco. Julho de 1964. Revejo a cena. Eu chegando em casa literalmente abraçada com o disco e mostrando para minha irma assim que entrei na sala. Fomos direto ouvir. Eu não sabia o que esperar, pois só conhecia I wanna hold your hands e She loves you. Tudo era novidade. Eu querendo saber quem estava cantando, de quem seria aquela voz? E fascinada com a harmonia que fazia, com o som porque era totalmente diferente do que já tinha ouvido antes. Meu irmão mais velho tinha simpatia por eles, mas achava que eram 'amadores'. Nâo pareciam profissionais. Mas o que de fato acontecia é que não pareciam com os profissioinais que conhecíamos. Inventaram seu próprio som não só com os intrumentos como com o vocal. E assim como seus rostos saiam do convencional, também suas vozes saía do convencional. Com isso, a primeira reação do meu irmão foi pensar que não pareciam profissionais. Não muito tempo depois ele se tornou um admirador. Mas ele não dizia que eram amadores como critica negativa. Achava legal, embora soassem como amadores. Isto é, tinham um jeito totalmente diferente dos profissionais conhecidos.
Outro dia li uma coisa que ainda não tinha lido, mas eu já tinha pensado. Apenas não sabia que outros tinham notado. Eles, naquele tempo,gravavam músicas da Tamla Motown que foram compostas para garotas cantaram! Aquilo foi total novidade para os americanos, porque eles ainda por cima, cantavam mantando a harmonia feita pelas meninas. Caso do Mr. Postman.
Mas eu tive de devolver o disco..não era meu. Só tive o meu em dezembro, presente do meu padrinho e tio João. Presente de Natal. Então, o disco que mais escutei naquele 1964 foi The Beatles again porque o comprei no segundo semestre. Foi quando passei a ouvir cada faixa diversas vezes prestando atenção nos instrumentos. Bem assim: eu ouvia prestando atenção apenas nas guitarras. Depois só na bateria. E depois só no baixo. Nossa...Foi quando eu descobri o baixo. Nâo sabia quem tocava. Mas aquele som parecia dialogar comigo. Eu nunca tinha prestado atenção antes nesse instrumento. Por isso, para mim, foi Paul Mccartney quem o inventou. De certa forma foi mesmo, porque passou a tocá-lo de forma diferente fazendo com que fosse ouvido. Na verdade eu resolvi fazer essa coisa de ouvir cada instrumento em separado graças ao baixo. Eu tinha notado que havia aquele som que parecia acompanhar a música numa melodia nova. E depois que fiz isso com o baixo resolvi ouvir os demais instrumentos. Só no ano seguinte, ao ver o filme A Hard Day's Night fiquei sabendo que era Paul o baixista.
ResponderExcluirE finalmente algo que penso que não vão concordar. Mas eu gostava principalmente das músicas deles. Que Chuck Berry me perdoe, mas sabe quando havia certa pausa nas emoções? Quando entrava músicas como Roll Over Beethoven. Por isso o disco deles que gosto menos é Beatles 65 cheio de covers. Mas é verdade que alguns covers me pegaram também, como Twist and Shout que virou deles. E Till There Was You. Pois é, muita gente acha que é deles, mas é de Meredith Wilson. E sei de pessoas que acham ser de Beto Guedes que a gravou em português. Então descobrem que não é de Beto...É dos Beatles!' rs rs rs.
ResponderExcluirSo mais uma coisinha...Sempre vejo até fás dedicados de George Harrison que ele se revelou como grande compositor mais tarde com While My Guitar gently weeps...Que coisa. Pois eu adoro 'Don't Bother me". Meus olhos até umedecem quando ele canta...because I know she always be the only girl for me..." Gosto da melodia, daquel subida...E ele sempre foi bem considerado no Brasil, não sei de onde tiraram essa que ele vivia à sombra dos outros. Acho que falta vivência e memória. Nossa, I Need You foi sucesso até em português com The Golden Boys. E o bacana era que ninguém falava que era música de George...Era música dos Beatles. Ninguém também falava que She loves era de Paul e que I wanna Hold your hands era de John. Todas eram dos Beatles. Resolveram separá-los...mesmo quando estavam juntos. Para mim sempre nos mostraram as maravilhosas músicas dos Beatles: the fab four.
ResponderExcluirPaula arrebentou 👏👏👏
ResponderExcluirVi seu comentário agora, Carlos. Agradecida! :) São eles que nos inspiram. The Beatles!
ExcluirCada música vale um comentário especial. Mas vou esperar até que cada uma delas tenha sua página. Porém vale um comentário agora aqui sobre "All my Loving'. Não sei os detalhes, mas com certeza ela surgiu ali no hospital bem na hora que John falecia. Quando soube disso pensei ser algo inventado. Sabemos que inventam sempre coisas nunca acontecidas. Resolvi investigar. Pois é verdade. O som da sala do hospital tocou All my Loving bem quando John se despedia, bem quando realmente fechava seus olhos para sempre...e como sentimos saudade. Close your eyes and I'll kiss you tomorrow I'll miss you...É de chorar.
ResponderExcluirSão musicas de um tempo em que, me parece, não falavam sobre o que viviam. Algumas coisas talvez...mas nem sempre. Bom lembrar que a primeira canção de Paul, I lost my little girl, é assim. Ele não tinha perdido nenhuma namorada. Era quase uma criança. Tanto que costuma pensar que, inconscientemente, ele pensava na mãe que tinha morrido. Enfim, muitas eram história ficticias. Ainda não sabiam que podiam e até deviam falar sobre pessoas reais e vivências. É bem possível que john não tivesse side desdenhado por ninguém ao compor Not a Second Time.
ResponderExcluirVocê acha mesmo que parece uma canção solo? Para mim é puro Beatles. Afinal o som dos Beatles não se resume à composição. O som deles e o som faziam juntos. E nessa música temos a bateria de Ringo, a guitarra de George e o baixo de John soando exatamente como nas outras canções. Aposto que se fosse ele realmente sozinho com outros instrumentistas ela não teria o mesmo sabor.
Como não estou achando os textos com a músicas em separado conto aqui parte do meu sonho. Muito longo para contar por inteiro. Eu sonhei que tinha me casado com os quatro Beatles. Impossível ficar com apenas um porque o bacana são eles juntos. Então aconteceu este casamento que tinha um significado diferente que não sei qual é Fiquei sem graça de dizer que não sabia quando a bruxa me perguntou. Sim, era um bruxa boa lá da Irlanda. Ela me perguntou se eu sabia o significado e a importancia daquele casamente que nada tinha a ver com os casamentos que conhecemos. E eu respondi que sim! Então fiquei sem saber.
John foi me buscar lá no cottage da bruxinha boa e sesguimos à pé pela charneca...numa noite escura. Até que chegamos numa casa muito iluminada e bonita. Ali estavam os outros Beatles. Eu fiquei um tempo num quarto com Paul onde havia um piano. E ele tocou Little Child para mim. Só eu conheço a versão de Paul. rs rs rs.
Muito boa matéria Homerix, excelente trabalho! Me parece que o Frudua é italiano e não espanhol, abraço.
ResponderExcluir