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quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Think For Yourself ... e nos outros!!

Esta é a 5ª canção do Lado A do álbum Rubber Soul, 

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de duas canções dos Beatles no tema Saudade, mas com Desprezo, 

a outra canção do mesmo Assunto e Classe, aqui, neste LINK


5. Think for Yourself  (Disdain Miss Song by George Harrison)       

George desdenha: 'Faça o que você precisa fazer e vá onde você precisar ir. Pense por você mesmopois eu não quero ficar la com você. Embora sua mente seja opaca, tente pensar mais do que em apenas sua própria causa'
George Harrison finalmente se consolida como a terceira força compositora dos Beatles, com duas contribuições no 6°disco da banda, repetindo o feito de HELP!, apenas quatro meses antes. E sendo assim atesta uma melhora sensível em seu desempenho, porque vivia dizendo que era muito preguiçoso e que levava meses pra concluir uma canção. E suas canções já eram conhecidas como Harrisongs! E abre sua participação com uma pérola, tanto em letra como em música. Aqui ele descasca duramente com uma ex-namorada, que não se pode identificar com ninguém em especial, muito menos com Pattie Boyd, com quem ele estava in love, e com quem se casaria meses depois. Em uma entrevista bem posterior, ele disfarça, e diz que era uma mensagem política, e que a entidade vítima de suas declarações seria o próprio governo. Eu acho que não! Tem certas coisas que não se fala para uma entidade, tipo, ‘fique com sua mente ruinosa’, ‘acabe-se em seu egoísmo’, e até o nome da canção ‘pense por você mesmo’, enfim, era uma garota que o havia magoado profundamente e pronto! Ampliando um pouco o conceito, George dava uma mensagem a todas as pessoas, para que pensem menos em si mesmas e mais nos outros, uma espécie de começo de sua revolução espiritual.  Seguindo a política de seus parceiros maiorais, George não repete letra nos 3 versos da canção, usa rimas ricas, como "do"  com  "to" com "you""behind" com "mind""see" com "misery""sake" com "opaque", inclusive este último adjetivo seria difícil encontrar em outras canções da época, de qualquer gênero, assim como o verbo "rectify".
Com que então, falamos em acordes e entramos sem querer na parte musical. A base da canção, além de ‘voiceless’ como era a regra daquele ano em diante, foi também ‘Johnless’, tinha apenas George no ritmo, Paul no baixo e Ringo na bateria, John chegou apenas nos overdubs, no órgão, esmurrando os acordes oito vezes a cada passagem! Gosto muito da sincopada de Ringo no segundo refrão, que infelizmente ele se esquece de fazer nos demais. Sua percussão é enriquecida com pandeirolas nos versos e maracas dobradas nos refrões. E, ponto altíssimo nos overdubs, Paul repete, basicamente, sua linha de baixo, porém usando uma caixa de ‘fuzz’, alterando o som de seu instrumento de forma marcante, conferindo-lhe um ar eletrônico. Ele começa logo na introdução ameaçadora e segue perfeitamente ao longo de toda a canção, notável, constituindo-se na primeira vez que utilizavam esse recurso, que foi copiado, claro, por muitas outras bandas posteriormente, como soía acontecer com tudo o que eles inventavam. Paul e John completam harmonia tripla nas segundas frases dos versos, e apenas Paul acompanha George no refrão em suas segunda e terceira ações, após o “Do what you want to do” solo do compositor, com a costumeira qualidade vocal Beatles, incomparável! Ao vivo? Nunca foi tocada! Felizmente, a outra Harrisong de Rubber Soul teve sua oportunidade de brilhar nos palcos, e se constituir na ÚNICA canção do Quiet Beatle a encantar as plateias!

4 comentários:

  1. Também penso ser uma canção sobre relacionamentos pessoais, onde GH começa, de fato, a mostrar sua personalidade:"tenha autonomia!"
    E, mais uma vez, nem usa a palavra "amor".
    O baixo com Fuzz é genial, assim como vocais, batera, órgão... Well, tudo!

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  2. Se a composição em si já é ótima, melhor fica quando tratada com a riqueza de detalhes dos seus comentários

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  3. Esse baixo com Fuzz é sensacional

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  4. Nâo sabia que ele tinha dito ser sobre política. E agora fui ouvir...e não é que parece ser política mesmo? Ele falava do governo! Parecendo os compositores brasileiros que tinham de enganar a censura. Lá não havia ditadtura mas havia censura sim. No disco seguinte ele já foi direto e chega a citar Mr Wilson que era o primeiro ministro.
    Muito bom seu comentário sobre a música e acrescentou detalhes que eu desconhecia. Agradeço.

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