terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Love You To All Day Long

Esta é a 4ª canção do Lado A do álbum Revolver 

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 5 canções Discursos para o Mundo

as demais 4 canções do mesmo Assunto e Classe, aqui, neste LINK


4. Love You To   World Speech Song by George Harrison)

George prega: "A vida é tão curta, uma nova não pode ser comprada, e o que você tem significa tanto pra mim. Faça amor o dia todo! Faça amor cantando canções"
Ora, ora, seu George Harrison estava com tudo mesmo. Abre pela primeira vez um álbum Beatles (Taxman), depois ouve Paul (Eleanor Rigby) e John (I'm Only Sleeping) apresentarem seus trabalhos, e logo emplaca sua segunda canção em um Lado A de um LP Beatle, outra primeira vez, e que seria a única! E ainda por cima, não deixa nenhum dos seus companheiros tocarem nada: "Fiquem aí ouvindo!". E eu acrescentaria "... e viajando em minha mensagem!".   Como eu disse, os outros Beatles quase não têm vez, as estrelas são os instrumentos indianos (cítara, tabla e tambura) na canção, bem, em verdade, Ringo toca um pandeiro! E Paul faz um backing vocal! A linha é tênue entre considerá-la uma World Speech Song, ou uma Love Song, porque ele fala 'I'll make love to you if you want me to', mas eu prefiro a outra interpretação devido à imersão que George fazia na cultura indiana, de interesses mais planetários, sugerindo que pratique o amor, no sentido amplo, na mesma linha de John fez em Rubber Soul, na canção The Word. No último verso, o alerta é pra tomar tenência, porque podem "screw you in the ground", e complementa com "They'll fill you in with their sins you'll see". Fique atento!
George segue firme na regra Beatle: tente não repetir letra! E ele vem com três versos diferentes, intercalados com três refrões diferentes,  o que é absolutamente inédito!!! O apoio vocal de Paul, como sempre é no agudo, mas o diferente é que consta apenas de uma nota na sílaba final de cada refrão, três vezes um "me" e uma vez um "see", ao que nem pronuncia as consoantes "m" e"s", apenas a vogal "e", enquanto George faz a mesma sílaba, mas em melismas, variando as notas seis vezes. Como assim, três mais um igual a quatro, não eram três refrões? Sim, mas o principal deles  ("Make love all day long...") é repetido após um verso instrumental. A outra parte da regra informal dos autorqualidade das rimas, está presente, gloriosamente: TODAS elas são ricas, não vou listar aqui, mas pode verificar. Ah, vou listar, sim, mas tudo seguidinho, "fast-past-can-man-short-bought-long-songs-round-ground-you-to", isso sem contar com o "me-see", entre versos!


O grande charme da canção, claro, são os instrumentos indianos! E a cítara é o grande astro. George a toca na introdução, mas um outro citarista entra em campo ao longo da canção, afinal George não era o virtuose no instrumento para tocar daquele jeito. Seu ponto alto é o riff de 7 notas, e o primeiro antecede à entrada, monumental, dos outros instrumentos, que enchem o aambiente até o final. O riff introduz cada verso, e é repetido três vezes em cada refrão. A cítara segue ativa ao longo de toda a canção em improvisos. A percussão é fornecida por uma tabla, que foi microfonada bem de pertinho por Geoff Emmerick, o produtor de campo que assumiu a batuta em Revolver, enquanto George Martin ficava na salinha do aquário, supervi
sionando tudo de cima! Os instrumentistas indianos ficaram estupefatos com o resultado, nunca visto!! O som que se ouve ao longo de toda a canção, numa mesma nota, zumbida (drone sound) sem parar, grave, é produzida por um tambura. 
Entretanto, há a presença de um instrumento ocidental: é George, com sua guitarra alterada pelo pedal de volume (Tone Bender), que Paul havia usado no baixo em Think For Yourself, de Rubber Soul. Você percebe o som quatro vezes em cada refrão, sempre na mesma nota. Foi a terceira vez que eu falei em "mesma nota" nesta análise, com tambura, com guitarra e com voz!  
A canção foi muito bem recebida pela crítica e pelos doutos da contracultura da época, e considerada revolucionária. Era a quarta em quatro canções instigantes do instigante Revolver!  Nem precisa dizer que nunca foi tocada ao vivo, mas ela volta, linda, no filme Yellow Submarine, introduzindo o próprio George Harrison, cabelos ao vento! Ouça aqui, neste LINK, como saiu no filme.

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3 Comentários:

Às 20 de janeiro de 2021 às 22:00 , Blogger Martinho disse...

Parece que a imersão de George no universo indiano foi uma viagem sem volta. Se retornou, deixou um dos pés nas terras do Taj Marral.

 
Às 22 de janeiro de 2021 às 16:22 , Blogger Cani disse...

Não existe uma música ruim no Revolver
Todas inclusive essa fantásticas !! 👏

 
Às 23 de janeiro de 2021 às 18:45 , Blogger carlos linhares disse...

Todas as músicas são obras de arte
Fantástico álbum

 

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