Esta é a 2ª canção do Lado B do LP Abbey Road
a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK
É uma de 27 canções de Amor, no Assunto Garotas
as demais 26 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK
Atenção, canções com títulos em vermelho
são links que levam a análises sobre elas.
8. Because (Love Girl Song by John Lennon)
John se declara: 'O amor é velho, o amor é novo. O amor é tudo, o amor é você'
Era agosto de 1969, e John apresentou aos demais sua última canção, que seria a última da dupla Lennon/McCartney a ser gravado pelo Beatles, no último disco gravado pela maior banda de todos os tempos. E foi gravada com o requinte de ter o envolvimento sincero de todos como um time, cada um no seu papel, mesmo o de Ringo sendo maracar o ritmo com palmas na base em um dia, e simplesmente o estar presente e o sentir com os olhos fechados o estupendo desempenho vocal de seus companheiros, nos dias seguintes. A melodia surgira a John quando pediu que Yoko tocasse em reverso no piano a melodia que estava tocando. Era a Sonata ao Luar de Bethoven, embora haja controvérsias sobre que melodia realmente ela tocava, e também sobre se há realmente uma melodia ao reverso. O que interessa é que John disse que foi assim, então só sei que foi assim, como diria o seu xará João Grilo aqui destas bandas paraibano-pernamucanas de Ariano Suassuna. E se Yoko teve essa parcela de contribuição na melodia, decerto também houve algo na letra, ainda que indiretamente. O mundo, o vento e o céu eram temas recorrentes no poemário da artista japonesa, e veja como são os 3 versos da canção, todos começando pelo seu nome:
Verso 1- Because the world is round, it turns me onVerso 2- Because the wind is high, it blows my mindVerso 3- Because the sky is blue, it makes me cry
e entre os Versos 2 e 3, a breve ponte, com a declaração de amor e aonde está a única rima da canção: Love is old, love is new. Love is all, love is you
Quando John apresentou Because no estúdio a seus companheiros e a George Martin, tocando-a em sua guitarra, o Maestro ficou encantado e sugeriu que ele replicasse a melodia num cravo, o que foi imediatamente aceito pelo autor. Logo se viu que a base não requeriria nem George nem Ringo, mas o baterista seria fundamental na base, com seu enorme senso de ritmo, marcando o tempo com palmas. E o guitarrista solo seria fundamental no vocal, e em outro overdub que descreverei oportunamente! Então, naquele dia 1 de agosto, foram gravados 23 takes na configuração descrita, mais o baixo de Paul, um instrumento em cada faixa do gravador de 8 canais, mais as palmas de Ringo na faixa 4. O cravo abre sozinho os quatro primeiros compassos, entrando a seguir a guitarra de John nas mesmas notas, e o baixo de Paul. O Take 1 estava quase perfeito, mas o baixista, sempre exigente, achou que poderiam melhorar. Depois, apenas os Takes 16 e 23 foram até o final, sendo o último considerado a base para ser acrescida com overdubs no dia seguinte.
Para os vocais, George Martin elaborou 9 linhas, sendo 3 pra cada um dos seus excelentes vocalistas. O que acabou acontecendo, pela falta de espaço nas trilhas, foi que cada um cantou sua parte principal 3 vezes, cada uma delas em um canal. John fazia a linha mestra, Paul, mais agudo e George, mais grave. Muito treino, cada um fazendo entre 20 e 30 vezes sua parte, até que veio a intimista sessão, luzes baixas no estúdio, cada um em princípio em pé em frente a um microfone, depois sentados em cadeiras, e Ringo fechando o quadrilátero, dando força aos demais, sentindo o show, imerso no clima, de olhos fechados, um time.
George e o Sintetizador Moog
Uma banda, unida, pela última vez.
O resultado foi estonteante. Tendo a primeira parte terminada, o sexto canal preenchido, já se fazia tarde, e as outras duas foram feitas na sessão seguinte, 4 de agosto. Todos estavam orgulhosos. Posteriormente, mais um overdub foi acrescentado, o sintetizador Moog havia saído da casa de George e estava instalado em uma das salas da EMI, e conectado por cabo à sala de Controle. Ouve-se-o, tocado por George Harrison, na ponte, fazendo as mesmas notas do cravo e da guitarra, e num verso instrumental no final fazendo a melodia, enquanto os três finalizam num fenomenal "aaaahh" triplamente harmonizado. Foi a primeira vez que o equipamento foi utilizado. Dias depois, outras duas canções se beneficiariam do simpático som: Here Comes the Sun e Maxwell's Silver Hammer
Vamos aos LINKs. Claro que as palmas de Ringo desaparecem na versão final, mas aquele Take 1 foi lançado na celebração dos 50 anos de Abbey Road, e o coloco aqui, neste LINK pra vocês, sem os vocais, nem o sintetizador, claro. George Martin, sempe muito orgulhoso dele e de seus meninos, produziu décadas depois uma versão a capella, lançado no Anthology 3, veja que lindo, neste LINK. E, para finalizar, deixo o excepcional trabalho de um especialista, neste LINK.
Alguns consideram Yoko
como pivô da separação dos Beatles,
mas pode levar consigo a glória de ter sido
a inspiração para uma obra-prima!
Magnífico!! Após essa maravilhosa resenha devo definitivamente repensar minha opinião e ouvir mil vezes Because só pra ter a mesma opinião que você (levando em conta que ela está sempre certa). Mais um texto magnífico, maestro. And still counting!
ResponderExcluirBecause, é realmente um canção em linguagem diferenciada ( mais uma). Ele conversa com a alma.
ResponderExcluirHá muita intimidade na canção e seu post ajuda a compreender isso
Excelente
Parece um coral de anjos
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