Esta é a 3ª canção do Lado A do LP Abbey Road
a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK
É uma de 7 canções com histórias engraçadas
as demais 6 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK
Atenção, canções com títulos em vermelho
são links que levam a análises sobre elas.
3. Maxwell´s Silver Hammer (Funny Story Song by Paul McCartney)
Paul conta 'Posso levá-la ao cinema, Joan? Ela aceita e quando se apronta para ir, Maxwell chega à sua porta e 'Bang Bang, o martelo de prata de Maxwell atinge a cabeça dela, até ele ter a certeza de que ela está morta!'
D-I-V-E-R-T-I-D-Í-S-S-I-M-A!!!Caramba, Paul, what the hell? E tem mais, ele ainda vai à escola e a coisa se repete com a professora que lhe deu o castigo de escrever 50 vezes que não deve ser assim, e só depois o rapaz é preso, mas na hora do julgamento, aclamado por Rose e Vallery, repete a dose no juiz! Ah, Paul, mas que humor negro é esse?! Ah, eu gosto muito! E vou repetir aqui:
A estrutura da canção é composta de 3 Versos, um para cada martelada, cada um seguido por uma ponte, com letras diferentes, e depois o refrão "Bang! Bang! Maxwell's silver hammer came down upon her head. Bang! Bang! Maxwell's silver hammer made sure that she was dead" nos Versos 1 (Joan) e 2 (Professora) e trocando por "his/he" no Verso 3 (Juiz). Destaque-se o Paul de sempre em suas rimas internas ("Science in the home, Late nights all alone...", ("Teacher gets annoyed. Wishing to avoid ...", "So he waits behind, Writing fifty times" e "Maxwell stands alone, Painting testimonial pictures" ), e com a escolha de nomes dos personagens de sua historinha que se encaixassem no tema "Edison-Medicine", "phone -Joan", "Vallery-gallery". Isso, claro, além da multissilábica rima em "P.C. Thirty One, says 'we got a dirty one!'". Gênio, sem dúvida!
Musicalmente? Um Vaudeville (*) delicioso, estilo dos anos 1920! Mas sou minoria! Críticos arrasaram.... e os demais Beatles detestaram. É que foi muita insistência de Paul. Ele começou a compor em Rishikesh, pretendia que fosse pro Álbum Branco, não deu, tentou nas sessões em Twickenham, no Projeto Get Back, não deu, queria até que fosse single, não deu. Então, de Abbey Road, não escapava, mas ele infernizou a vida de George e Ringo até chegar ao ponto que queria, foram muuuitos takes! Interessante o som do martelo, que foi obtido por Mal Evans batendo numa bigorna! E o sintetizador Moog, já definitivamente na lista dos instrumentos preferidos pelos Beatles.
Mas vamos a mais um pouco de
detalhe sobre o tal 'inferno'. A coisa começou ok, em 3 de janeiro, num estúdio de filmagem (Twickenham), onde tudo era filmado, o projeto Get Back. Paul apresentou a canção ao piano, e ensaiaram 10 vezes, primeiro com Paul no baixo, depois George assumiu, passando Paul ao piano. Dia seguinte, além de George ensaiar um backing vocal, a novidade foi a bigorna que Mal Evans trouxe para ser martelada, sugestão de Paul, e o roadie assumiu o martelo, primeiro batalhando pra acertar as horas certas de martelar. Nesse dia, foram mais 18 ensaios. E num terceiro dia, vai contando, mais 13 ensaios. E o quarto dia foi o infausto 10 de janeiro, quando George se desentendeu com Paul e foi-se embora! Mesmo naquele climão, Paul botou os outros dois pra mais 4 ensaios, com direito a vocais irônicos de Paul e John, que certamente veremos na nova versão do filme que está pra sair neste ano. George voltaria 10 dias depois, com Billy Preston, que aparece na foto da bigorna acima.
Pulemos 6 meses e algumas estações de metrô adiante, e encontremo-nos em Abbey Road, estúdios da EMI, no glorioso 9 de julho de 1969, e imaginemos Paul, George e Ringo ansiosos pela volta de John após 10 dias de molho por causa daquele acidente de carro que mencionei em Come Together!
Pausa para um evento marcante
John chega aparentemente bem, com Yoko, como sempre, mas ela está meio combalida, grávida de risco, e logo depois abrem-se as grandes portas do estúdio e quatro carregadores invadem, com uma cama hospitalar, com rodinhas, e logo chegam camareiras com lençóis, travesseiros e colchas, fazem a cama, e Yoko lá se instala. Imagine-se as bocas abertas de todos. John comanda a instalação de um microfone para o caso de Yoko participar (!!). Constrangimento geral. Essa pantomima se repetiria por muitos dias, com a cama viajando em suas rodinhas entre os estúdios 2 e 3, conforme fosse o estúdio onde John trabalharia.
Fim da pausa para um evento marcante
John não participou das gravações naquele dia, aliás em nenhum outro da canção. Recusou-se a participar. Naquele famoso dia, Paul comandou 16 takes, na mesma configuração dos ensaios de seis meses antes, piano-baixo-bateria. Paul também gravou seu vocal, completo nos Versos 1 e 2, e incompleto no Verso 3, ainda sem letra definitiva (ouça neste LINK). Paul foi muito impositivo com Ringo e George nas sugestões de como queria os instrumentos em sua canção. Paul e George também tocaram guitarra, harmonizando conjuntamente, e cantaram os "tchutchururu" dos refrões. No dia seguinte, mais overdubs, incluindo agora a famosa bigorna e martelo, para serem tocados nos Bang-Bang's, desta vez, por Ringo. E também George Martin num órgão. E Paul e George nos backing vocals em falsete de "Mawxell must go free" do Verso 3, e chamando Ringo para o grave de "Maxwell hammer man". Paul fez arpejos ao piano que se ouvem antes do Verso 3, e finalmente acrescentou o vocal com as letras finais desse mesmo verso, o do julgamento. John ouvia aquilo tudo de longe, impassível, de um canto do estúdio.... Bem, se você pensa que acabou, está enganado! Um mês depois, Paul acrescentou o tal sintetizador Moog em diferentes modos, nos interlúdios instrumentais logo antes do verso 2, e ao longo deles, ao fundo, e próximo à conclusão, todas as inclusões com um efeito maravilhoso.
A canção fecha, com chave de ouro, um pentateuco de fofurice explícita de Paul McCartney, que embarcou nessa onda e surfou muito bem nela, gênio, sempre em homenagem às canções que seu pai colocava ele pra escutar, quando criança. Vejam quais foram, todas fofíssimas, e cliquem em seus nomes para mais detalhes:
When I'm Sixty Four - Sgt.Pepper's Lonely Hearts Club Band - 1967
Your Mother Should Know - Magical Mistery Tour - 1967
Honey Pie - Álbum Branco - 1968
All Together Now - Yellow Submarine - 1969
Maxwell's Silver Hammer - Abbey Road - 1969
Bem, gente, nada melhor do que esta animação (LINK) para contar a história que Paul contou!!
Sensacional!!
ResponderExcluirCara vc é bom demais...seria o quinto Beatle?! Kkk
ResponderExcluirAparentemente as frases dessa música não inspiraram nenhum louco tal como ocorreu com o SHOOT ME de Come Together. Ou será que sim?
ResponderExcluirGenial, o resultado final da gravação de _Maxwell’s Silver Hammer_, composição de Paul sobre o garoto Maxwell, com seu martelo prateado, fazendo bang-bang-bang, matando uma garota e, depois, a professora. Ensaiaram 10 vezes, houve desentendimento de George e Paul, saída de George, voltando dez dias mais tarde; presença imposta de Yoko, grávida de risco, acompanhando a gravação numa cama hospitalar de rodinha. Entre tantas, duas coisas espetaculares: o _link_ onde se ouve Paul falando e fazendo o vocal, e o filme de animação, sobre a matança feita por Maxwell com seu martelo prateado. Show!
ResponderExcluirGênio!! Isso define Paul!! Adoro Maxwell!! E te adoro também, Homero! Ótimo texto, as always. BANG BANG!
ResponderExcluirTudo maravilhoso, música e analise
ResponderExcluirÓtimo texto!Quem ouve por ouvir não faz idéia do que é a história bolada pelo Paul McCartney, gênio criativo e as vezes incompreendido pelos próprios amigos da banda.
ResponderExcluirTambém gosto da música
ResponderExcluirBela e interessante descrição
Ha, ha, ha! Não conhecia a animação! Canção divertida, british humor negro do Paul. Som límpido, vocais bem-humorados. E - pela falta de ritmos das marteladas de Mal, vistas no filme Let it be - Ringo assumiu o martelo na gravação 😁.
ResponderExcluirPelo que Ringo disse detestaram a gravação. As gravações. Era um nunca acabar aborrecendo a todos. Nada contra a música em si. Soube que tem uma de George com mais takes ainda. Uma que nem foi lançada.
ResponderExcluirSobre a música...eu gosto também. Isto é, gosto do som. E acho a letra muito bem bolada, o uso da palavras. Patafísico! Mas o significa ainda não entendi até os dias de hoje. Não vi graça alguma . Sou por demais anti violência para achar graça num serial killer. Charles Chaplin, genial, também fez um filme sem a menor graça para mim e sobre o mesmo tema. Paul deu alguma explicação? Há algum sentido oculto que nunca fiquei sabendo? Seria Paul querendo se livrar do peso de ser considerado bonzinho demais? Se bem que naquela época ele não era considerado bonzinho. Essa fama veio depois da separação.
Resolvi investigar. Pois tem sim uma explicação de Paul. Seria algo como uma analogia às coisas desagradáveis que de repente chegam nas nossas vidas. O martelo prateado é um simbolo dos acidentes, das tragédias....Tudo vai vem e de repente algo ruim acontece. Esta pandemia seria um martelo prateado. Faz sentido, mas mesmo assim onde está a graça em tanto sofrimento?
ResponderExcluirE foi apenas Ringo que revelou mais tarde que foi a gravação mais torturante que fizeram. Sem querer dizer que a música era ruim. Apenas foi algo chatíssimo de fazer. Porém John realmente detestou a música. E afirmou que todos os outros a detestaram. Mesmo assim foi incluída no disco quando podia ter sido vetada devido ao acordo oral que tinham. Penso que esse acordo tinha deixado de existir quando John, sem consetimento de Paul, incluiu Revolution 9 no The Beatles. E ainda contratou um empresário que ele não queria. Sendo assim ele tambem poderia incluir uma música não aprovada pelos outros. Isso sou eu especulando.
Na pesquisa achei dois informações curiosas. Uma é verdadeira, a outra pode ser da cabeça de pessoas que gostam de fake news. A primeira é que realmente correu um boato uma vez que quando um papa morria davam uma machadada nas cabeças deles para terem certeza que estavam mesmo mortos. O Vaticano informou ser boato. Mas Paul pode ter lido o boato e se inspirado.
A segundo é que John teria batido na cabeça de Stuart com um martelo. E que isso ocasionou sua morte alguns anos depois. Parecendo fake, não parece? Nunca tinha lido sobre isso antes. Mas vamos supor que seja verdade ou que tenha um fundo de verdade. John teria forte motivo de não gostar da música, não por ser ruim, mas por lembra-lo de algo que ele nunca deveria ter feito. Mas deve ser fake,
Outra especulação. John realmente achava que Paul se referia a Yoko Ono como o tal martelo que apareceu de repente e que estava matando os Beatles. Nesse caso O Maxwell seria John. O martelo mortal seria Yoko. Nenhuma comprovação sobre isso.
A história contada aqui sobre a cama no estúdio para Yoko ficar ali deitada mostra como havia algo muito louco acontecendo. Era realmente preocupante ver John se comportando daquela forma. Impondo Yoko na marra. E ela se sentava sobre os microfones. Chegou a quebrar um.
Para George foi exasperante porque ela teria mentido ao dizer que não podia se levantar, não podia se movimentar. Pois ela se levantou, achou os biscoitinhos de George e comeu todos! rs rs rs. Todo mundo ri da infantilidade de George por ter quase derrubado a casa ao ver que Yoko tinha devorado os biscoitos. Mas a raiva dele foi ver que ela podia se levantar muito bem e dizia que tinha de ficar ali atrapahando todo mundo a se locomover naquela cama no meio do caminho. Mas mesmo se fosse só pelos biscoitos...eu entenderia George.
George nunca engoliu Yoko. Todos (brigas à parte) se respeitavam, mas John quebrou um acordo não-verbal de não permitir pessoas nas Interferindo gravações. A presença dela - e seu estilo "dona do mundo" - tirou a vivacidade do grupo. Paul e Ringo toleraram, mas George fez cara feia pra ela todo o tempo.
ResponderExcluirEu não sabia desse acordo. Sabia do acordo verbal de para se fazer qualquer coisa, tomar qualquer decisão de qualquer tipo seria preciso a aprovação de todos. Não era documentado. Apenas verbal mesmo. E, me parece que John começou a quebrar esse acordo com a chegada de Yoko. Ex: Paul foi contra a inclusão de Revolution 9 no album branco. Então teve de viajar. Ao chegar ela tinha sido incluída. E qual o motivo disso? Porque Yoko fazia parte da gravação.
ResponderExcluirDepois veio o contrato de Alan Klein. Quem foi conversar com ele? John e Yoko. Com ela no comando. Klein disse que também trabalharia para promove-la então ela o queria. John o contratou sem falar com os outros. Isso foi totalmente contra o acordo. Conseguiu convencer Geore e Ringo que ele era o empresário perfeito para eles. O pai de Linda ( ou teria sido o irmão?) não servia ( e todos, incluíndo John, já tinha aprovado a ideia de Paul) porque era da família de Linda e com certeza Paul seria beneficiado mais que os outros. De onde tiraram isso? Nunca fiquei sabendo, mas não me parece coisa de John porque ele tinha concordado. Mudou de ideia após conversar com Klein. Enfim Paul nunca concordou e não assinou no contrato. Podem pensar que era apenas porque preferia o pessoal de Linda. Mas a verdade é que ele não confiava em Klein. Alguns anos mais tarde todos viram que Paul tinha razão. E processaram Klein.
Mas já que o acordo dizia que todos deviam concordar, e como ninguém concordava com a presença de Yoko também cantando horrivelmente nos discos, ela ali também foi quebra do acordo.
Onde está o link para Mean Mr. Mustard?
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