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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A caminho de Revolver!

                                                                Esta é o cenário do Capítulo 42 


De minha saga  

O Universo das Canções dos Beatles


Todos os Capítulos têm acesso neste LINK 

E agora, onde estamos na história dos Beatles?

Estamos em 3 de dezembro de 1965! 

Que não se perca a conta!!!               
Em pouco mais de 3 anos de carreira, exatamente 1.155 dias desde Love Me Do, lançaram 96 canções, sendo 72 autorais e 24 covers, filmaram dois Longas Metragens, A Hard Day's Night e HELP!, fizeram 520 shows, sendo 367 no Reino Unido, 88 na Europa Continental, 48 na América, 16 na Austrália e 1 na Ásia, ganharam 4 títulos de Membros do Império Britânico, lançaram 11 compactos e um EP de inéditas, e 7 LPs, Please Please Me (LINK)With The Beatles (LINK) A Hard Day's Night (LINK)Beatles For Sale (LINK)HELP! (LINK) e Rubber Soul (LINK), todos chegando ao primeiro lugar (com exceção do primeiro compacto). 
UFA!!!               

O último LP, justamente, que chegou ao mundo na data em que estamos, ou seja, 3 de dezembro de 1965, para ótima recepção de crítica e público, conforme descrito no final do Capítulo 41.

E aí começa o caminho os Beatles para chegarem ao álbum seguinte, mais conhecido como REVOLVER.

Aqueles adultos, como eles finalmente se sentiam, segundo disse Paul, após criarem Rubber Soul, mas ainda em seus 22 a 25 anos, já chegavam a um ponto de estrelato em que já não se submetiam a 100% das oportunidades de show. Por exemplo, naquele mesmo dia, começaram uma pequena excursão de 10 dias (mas 2 shows por dia) pelo Reino Unido, padrão, mas se recusaram a fazer os shows de Natal como ocorrera nos dois anos anteriores. E o que eram esses Christmas Concerts? Eram de 18 a 20 shows, em Londres, todos os dias, com folga apenas no dia de Natal, mas não na véspera, nem no último dia do ano, nem no primeiro do ano seguinte, onde eles abriam, com duas ou três canções, deixavam o palco para outros artistas da época, voltavam pelo meio do show, fantasiados, faziam sketches cômicos, de baixa qualidade, pouco ensaiados, mas de muuuito sucesso, satisfazendo as 100 mil pessoas que neles compareciam, em cada temporada, e voltavam ao final, com seus ternos, para fazerem mais três ou quatro canções. Foram dois Natais, 1963 e 1964. Os shows de 1965 foram anunciados, mas dessa vez, não! Eles já estavam ricos o suficiente para escolherem onde e quando tocarem. As famílias deles, penhoradamente, agradeceram.

Com a folga de Natal, George se animou e noivou com Pattie Boyd, com quem se casou em janeiro de 1966.  John e Ringo viviam em mansões, em Weybridge, na grande Londres, com suas esposas (Cynthia e Maurreen) e filhos (Julian e Zak). Apenas Paul era o solteiro do grupo, ainda em seu namoro com a atriz Jane Asher, com direito a moradia. Paul sempre otimizando os gastos, desde jovem!

Nesse meio tempo, e até março, George, John e Paul já estavam no processo de composições para o novo LP, que começaram a ser gravadas em 6 de abril, a primeira de 32 sessões de gravação, que se estenderam, por dois meses e meio, o que se constituiu num recorde da carreira até então. Ali, eles gravaram as 14 canções e mais duas lançadas em compacto (Paperback Writer e Rain), um período profícuo, em inventividade e inovação, que entraria para a história da música! 


Eles interromperam brevemente esse período para participarem e serem premiados no Empire Pool em Wembley, evento tradicional da New Music Express, na noite de 1° de maio, e que viria a se constituir na ÚLTIMA aparição dos Beatles na Inglaterra para público pago, e eram mais de 10 mil fãs enlouquecidos.  O show tinha os maiorais da época, como Rolling Stones, The Who, Dusty Springfield, Yardbirds, Roy Orbison, Stevie Winwood, Cliff Richard, the Shadows, Herman’s Hermits, nunca antes reunidos. Os Beatles estavam num visual cool, com blusas em gola rolê, e John marcou presença tocando com óculos escuros. O set list, fenomenal, teve  I Feel Fine, Nowhere Man, Day Tripper, If I Needed Someone e I’m Down.

Findas as gravações, de volta à estrada. As excursões voltaram no final de junho, com seis shows na Alemanha e uma excursão à Ásia, com cinco shows em Tokyo e dois em Manila, Filipinas. Só que esses dois países do Oriente deram dor de cabeça!!

Estavam eles a caminho de Tóquio, quando souberam de uma revolta que se formava porque iriam se apresentar no Budokan Hall, um templo dedicado até então, apenas e tão somente a lutas de Sumô e outras artes marciais veneradas pelo povo japonês. 
Isto posto, ao chegarem, foram blindados com um cerco de 35 mil policiais para garantir-lhes a integridade física e levá-los ao Hotel Hilton, onde ficariam sem mostrar a cara até a hora do show. Para passar o tempo (e sem sinal de internet), o empresário disponibilizou-lhes uma cartolina, tintas e pincéis, e então John, Paul, George e Ringo fizeram seus desenhos a partir dos cantos de uma mesma mesa de centro, em direção à base de um abajur que estava sobre a cartolina. Eles só saíam para ir ao show e voltavam, e logo voltavam a pintar! No último dia, Epstein levantou o abajur e estava pronta a primeira e única obra de arte assinada pelos quatro Beatles. Vejam como eles eram abençoados: ao se levantar o abajur, abriu-se o único espaço disponível na tela para assinat
uras. E virou uma preciosidade! Brian a presenteou para o presidente do Fã Clube da cidade, que a guardou, e lá ficou por muitos anos, até que alguém a descobriu e fez um bom dinheiro com  ela, que foi passando de mão em mão. O último colecionador que a arrematou desembolsou perto de 3 milhões de reais por ela.

Entretanto, aquela tensão toda, que até acabou em arte, foi fichinha perto da que teriam em Manila. Após os dois shows no mesmo 4 de julho, os Beatles teriam se recusado a comparecer a um jantar com Imelda Marcos, a primeira dama dos 5 mil sapatos. Eles garantem que não sabiam! O fato é que ela considerou aquilo uma afronta, anunciou-a em rede nacional, a polícia retirou a proteção que lhes dava, foram sob chuva de vaias ao longo do caminho do aeroporto, conseguiram embarcar, mas não Brian Epstein e o faz-tudo Mal Evans, o gigante gentil, que chegou a temer pela vida, recomendando aos rapazes: “Digam à minha esposa que eu a amo!”. Epstein só conseguiu embarcar quando devolveu todo o dinheiro ganho pelos shows. Ufa!

Pra completar uma tríade, vem John com suas opiniões ferinas. Uma delas, gerada naquele período entre álbuns, acabou tendo consequências logo no início da vida do álbum seguinte, ora analisado. Vocês devem se lembrar de Maurreen Cleave, que mencionei como uma das suspeitas de ter inspirado John em Norwegiam Wood, pois bem, ela foi uma das precursoras do jornalismo musical. Patrocinada pelo Evening Standard, ela acompanhara os Beatles uma primeira excursão aos EUA, e fez, em fevereiro, entrevistas individuais com os rapazes. De John, ele obteve a seguinte declaração:
O cristianismo irá acabar. Vai encolher e sumir. Eu não preciso discutir sobre isso; estou certo e serei provado certo. Somos mais populares que Jesus agora; eu não sei qual acabará antes – o rock 'n' roll ou o cristianismo. Jesus era bom, mas seus discípulos eram cabeças-duras e ordinários. Eles distorcem isso, e é o que estraga tudo pra mim.

Polêmico, né? Bem, na sociedade britânica da época, já com a mente um pouco aberta a mudanças de comportamento, a Swinging London começando, Summer of Love se aproximando, as palavras de Lennon foram adequadas ao ambiente de vanguarda e causaram pouco ou nenhum impacto. Já no EUA, uma sociedade conservadora ao extremo, causaram uma pequena hecatombe, mas foi somente quatro meses depois, quando Revolver já havia sido lançado, então, sobre esse evento, eu falarei no último sub-capítulo deste 42°capítulo de minha saga, quando comentarei sobre Recepção e Legado da revolucionária bolacha de vinil!

O período entre os dois notáveis  álbuns acentuou uma tendência que já vinha ocorrendo no binômio Dias De Show versus Dias De Estúdio, na carreira dos Beatles: cada vez menos faziam shows, cada vez mais passavam no estúdio, que se constituía cada vez mais em sua segunda casa, substituindo os quartos de hotéis dos tempos da Beatlemania!



Colocado em termos percentuais, em relação ao tempo decorrido entre lançamentos dos álbuns, os Beatles passaram 90% do tempo na estrada, até o lançamento de With The Beatles, passando a 50% até lançarem Beatles For Sale, ficaram em 20% no interstício até HELP! e, daí por diante, uma média de 10% do tempo, até lançarem Sgt. Pepper's,  após o qual, nunca mais!

Finalmente, se Rubber Soul foi considerado o 'Pot Album', devido aos efeitos da marijuana nas mentes dos compositores (veja neste LINK), Revolver subiu um degrau além na alucinogenia, e foi considerado o 'Acid Album'. Eu contarei essas histórias ao longo deste capítulo, quando esmiuçar  as influências das canções correspondentes, mas antes, na tabulação dos assuntos das letras das canções, que virá a seguir!

Aqui começava mais uma aventura Beatle, 
mais um degrau rumo ao topo, 
mais um estágio do foguete, 
em busca de novos sons, 
novas técnicas, 
novas harmonizações, 
audaciosamente indo 
onde nenhuma banda jamais esteve!

Próximo Assunto: Os Assuntos de Revolver (LINK)

Depois: As Canções de Revolver (a elaborar)

E finalmente: Recepção e Legado de Revolver (a elaborar)



2 comentários:

  1. Minha fase preferida dos FAB4
    Muito bom 👏

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  2. Excelente paisagem para suas esperadas análises do "Revolver". Clareza e objetividade no panorama do momento. Comparação, em gráfico, do números de shows ao vivo versus produção musical consolida o que já escreveu: quando decidiram parar com shows ao vivo e apurar suas criações em estúdio evidenciou-um salto astronômico na qualidade das canções e das técnicas de gravação. Lembramos que o gravador da EMI tinha apenas 4 canais... Mas aqui começa também a história do engenheiro de gravação Geoff Emerick (20 anos de idade!), dando nó em pingo d'água para atender as necessidades geradas pelos delírios criativos dos Beatles. Estou relendo o livro do Geoff para entrar no espírito. Sua abertura de cena está ótima!

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