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domingo, 24 de janeiro de 2021

Tomorrow Never Knows, Ringo disse

Esta canção fecha o álbum Revolver 

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 5 canções sobre Drogas, na Classe Viagem

as demais 4 canções do mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas

14. Tomorrow Never Knows  (Trip Acid Song by John Lennon)

John viaja: 'Desligue sua mente, relaxe e flutue correnteza abaixo, isso não é morrer, isso não é morrer. Renuncie a todos os pensamentos, renda-se ao vazio, isso é brilhar, isso é brilhar. Ainda você pode ver o significado de dentro, isso é ser, isto é ser'
John tirou inspiração do Livro Tibetano dos Mortos, na visão de Timothy Leary, o guru dos anos 60, defensor das propriedades terapêuticas do LSD. Pronto! Nem preciso mais justificar minha classificação, né! O nome da canção foi por muito tempo Mark 1, depois The Void (que John não queria, porque atrelava ao estado da mente de um viajante do LSD - O Vazio), e acabou num malapropismo de Ringo, mais uma vez (remember A Hard Day's Night), que disse essa frase aparentemente sem sentido, que John adorou e adotou, mesmo não aparecendo na letra, coisa que aconteceu apenas em outras 6 canções na carreira (A Day In The Life, The Ballad of John & Yoko, Revolution 9, dele, e Love You To, The Inner Light e For You Blue, de George, Paul nunca se utilizou da prática).  Estruturalmente, é uma sucessão de oito versos (sem ponte, sem refrão) diferentes, sendo um deles ocupado por um "solo"... mais abaixo explico as aspas... Rimas? Nenhuma! Mesmo os verbos em gerúndio, terminando em "ing" podem ser assim considerados. Aliás, com essa viagem, quem se importa com rimas? Renda-se ao vazio, desligue sua mente, renuncie à ignorância e ao ódio, amor é tudo, jogue o jogo da existência até o fim, do começo, do começo.

Musicalmente, a canção é uma verdadeira revolução.... apesar de ser apenas um acorde, um MI Maior. Ela abriu os trabalhos de estúdio para o álbum Revolver, em abril de 1966, com os Beatles já dedicando bem mais tempo ao estúdio, ainda iriam excursionar, mas não teriam mais nenhum filme para tomar seu tempo. Então, começou a experimentação. Coincidiu com a promoção do Engenheiro de Som Geoff Emmerick a Produtor, e o álbum foi seu primeiro trabalho nesse papel. Ao mesmo tempo que tinha boas idéias, ele materializava os desejos dos rapazes. Por exemplo, John queria soar como um monge tibetano no alto de uma montanha, sugeriu até que colocassem-no pendurado de cabeça para baixo enquanto girava em torno do microfone, gravando (!!!). Emmerick arrumou uma solução menos radical, passando a voz de John por um alto-falante Leslie, uma geringonça enorme usada para órgãos, que teve um efeito espetacular na voz de John e na excepcional bateria de Ringo, ambos foram gravados no Leslie! Dá pra notar o efeito. 
E a revolução passava por invenções! John estava cansado de gravar sua voz por cima de sua voz (pra deixar o som mais cheio, dá pra notar, por causa de pequenos desvios em canções anteriores), Emmerick encomendou a Ken Thousend, um colega engenheiro da casa, e ele apareceu com uma engenhoca eletrônica a que deram o nome ADT - Authomatic Double Tracking, que produz o efeito sem falhas. O ADT foi usado até o fim da carreira dos Beatles e 'exportado' para outros estúdios. Finalmente, a bateria de Ringo precisava ficar de acordo com o peso da canção, e Emmerick autorizou um microfone grudado na bateria, prática que era proibida, Ringo adorou, enfim, uma penca de novidades. Afora isso, foi a primeira vez em que tiveram a ideia de gravar a guitarra de George invertida, coisa que apareceu ao mundo em Rain, gravada depois, porém lançada em compacto antes do LP. Outra inovação foi o uso e abuso de tape loops: os quatro Beatles produziram sons em suas casas, e trouxeram no dia seguinte e que se materializaram na versão final. Parte dessa salada de sons foi utilizada no "solo", agora dá pra entender as aspas!! Pra completar, George trouxe um tambura, instrumento indiano que produz um zunido tipo zangão, e que abre a canção. Foi uma festa! E estavam todos animados com as experimentações!
A canção é considerada um marco na tecnologia de gravação! Geoff Emmerick ganhou um Grammy de Produção pelo álbum Revover, aos 21 anos de idade, ele era mais jovem que os Beatles!
 

4 comentários:

  1. Totalmente revolucionário
    Realmente uma viagem

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  2. Uma experimentação lisergica mesmo pra quem não toma LSD... E estes meninos conseguiram traduzir isto em MÚSICA de verdade !!! O que falar mais ???

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  3. Primeira música eletrônica da história.. primeiro"beat"

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