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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Quem Tem Pescoço Tem Medo


A torcida do Flamengo ontem mandou o Renato Gaúcho 
tomar no pescoço (em francês)...
Acho uma falta de educação impensável. Sei que se ele ganhar a Libertadores, ele é quem vai manda a torcida
tomar no pescoço (em francês)...
Imediatamente me lembrei 
de uma de minhas crônicas preferidas.
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Pode não parecer, mas o título deste post 
refere-se a uma crônica de viagem.

Substitua a palavra central do título deste post por sua correspondente tradução em francês. Uso este pequeno truque para poder mencionar ao longo do texto aquela escondida parte da anatomia humana, evitando assim o chulo som de sua denominação popular. Afinal, tem coisas que se fala, informalmente, mas não se escreve. E a tática será repetida ao longo deste pequeno ensaio, portanto, acostumem-se. Prometo limitar-me ao aspecto higiênico da coisa, ainda que meio escatológico. Afinal, pretendo que o texto possa ser lido por representantes de todas as idades. Assim, tiro o pescoço da reta.

A inspiração para o assunto veio por conta de uma visita que fiz à Turquia em 2007, quando conheci o tratamento correto que é dado pelos modernos banheiros turcos à higiene do pescoço. Chega a ser surpreendentemente simples a solução encontrada pelos construtores daquele país da Ásia. O ensaio foi escrito à época, e o ressuscito agora.


Nestes tempos de blog, entretanto, o texto original tornou-se grande, então dividi-lo-ei (permitam-me a ultrapassada, porém corretíssima, mesóclise) em capítulos. No título dos capítulos utilizei as iniciais do esquisito título -  QTPTM.


Neste intróito, questiono a minha própria colocação aí de cima, quando defini a Turquia como 'país da Ásia'. Não é mentira, mas poderia dizer 'país da Europa', ou ainda 'país do Oriente Médio', sem me afastar muito da verdade.

 São asiáticos, pois grande parte do país está na Ásia, como sua capital Ankara e a Capadócia, terra de São Jorge, e Éfeso, aonde  se diz estar enterrada Nossa Senhora, isso mesmo, que teria se instalado lá em seus últimos anos de vida.


São europeus, pois uma pequena parte do país,  aquela pontinha a noroeste, está na Europa, inclusive a maior parte de Istanbul (com ‘n’ mesmo), cidade histórica que já foi capital do Império Romano, já foi católica, e é tão central, geograficamente falando, que divide os dois continentes, operação sacramentada pelo famosíssimo Estreito de Bósforo, que liga o Mar Negro ao Mar Mediterrâneo (ou quase). 


E, finalmente, muita gente se confunde e considera a Turquia como parte do Oriente Médio, devido a sua forte origem muçulmana, religião de 99% da população, e à proximidade com países realmente do Oriente Médio: por exemplo, boa parte do sul do país é ocupada por uma minoria kurda (20% da população), regionalmente conectada à comunidade kurda do norte do Iraque, grande vizinho do sudeste, que sofria nas mãos do finado Saddam Hussein, ou seja, logo ali! Além do fato de que, aqui no Brasil, qualquer pessoa que viesse daquela região, fosse sírio, libanês, árabe, era inevitavelmente tratado como turco.


Meu conhecimento presencial da Turquia resume-se, entretanto a algumas horas em Istanbul, a capital histórica e alguns poucos dias em Ankara, a capital  oficial do país, aonde, aliás, notei a particularidade urbanístico-arquitetônica que motivou esta série e seu estranho título.

Espero que gostem!!

Todos  os episódios de QTPTM


1. A Ideia  (este)
2. Um Estado Laico

3. Istanbul 
4. O Expresso da Meia Noite 
5. Ankara e a Língua 
6. Um Hábito de Higiene 
7. A Solução Turca 
8. O Original Árabe 
9. A Evolução Oriental 





6 comentários:

  1. A explicação para chamar-se no Brasil qualquer pessoa do oriente médio de turco é que até a 1a guerra mundial toda aquela região pertencia ao Império Turco Otomano.
    Os imigrantes vindos daquela região tinham passaporte turco, fossem eles sírios, libaneses, árabes ou palestinos. Ou seja, legalmente tinham nacionalidade turca.
    Ao fim da 1a Guerra Mundial, como a Turquia era aliada do lado perdedor (Alemanha) os vencedores (França e Inglaterra)resolveram fatiar o Império Turco entre si criando países segundo seus interesses geopolíticos e entregando-os aos líderes tribais que os ajudaram a derrotar os turcos e alemães na guerra.

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  2. Salve, Homero.
    O nome Instanbul sempre foi motivo de debates... dizem que significa algo como "intra-muros"... em grego! o próprio nome Constantinopolis era aceito pelo correio turco há até pouco tempo (será que ainda é?)...
    A mistura das tradições (e os significados escondidos, esses sempre mais interessantes) é realmente instigante... a bandeira da Turquia, que deriva da bandeira de Constantinopla, tem como símbolos - quem diria - a lua crescente de ártemis e a estrela de Nossa Senhora, a quem Constantino rededicou a cidade (a própria lua, mais tarde, passaria também a ser considerada como atribuição de Nossa Senhora).
    Eis uma origem no mínimo inusitada (paganismo e cristianismo) no símbolo mais reconhecido do Islão.
    abraços,
    RAFAEL PERTUSIER

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  3. 32.213...
    Esta matéria didática, acrescentada com os comentários anteriores está"merveilheuse" para os esquecidos conhecimentos históricos e geográficos
    Paulus.

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  4. 130.053... na linha de tempo...conferindo.
    Paulus

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  5. Reitero o comentário de 22 de Julho de 2011.... acrescentando que:
    Vale lembrar... sempre os fatos geográficos ... políticos e épicos!!!
    Paulus

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  6. Tenho ótimas recordações da Turquia. Gostei muito de ter vivido 2 anos por lá

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