Já ressaltei aqui a presença de uma beatlemaníaca de escol comentando meus posts sobre os Beatles (e sobre qualquer coisa). Aqui, neste LINK.
Depois de algum tempo, convidei-a para um grupo querido de WhatsApp, o 4EVER, e ela continuou nos abrilhantando com suas histórias, tanto reais como virtuais, em sonho e imaginação efervescentes, que parecem ter acontecido de verdade.
Um dia, precisava de uma informação e me acudi com o grupo. Transcrevo aqui o diálogo... bem... sempre se transforma em discurso interessantíssimo quando se trata de Virgínia de Paula! Ela é a da esquerda na foto!
Transcrevo-o aqui!
[16:04, 17/12/2021] Homerix: Gente, vocês que eram maiorzinhos, quando Os Rei do Iê Iê Iê, o filme, foi lançado no Brasil?
[16:04, 17/12/2021] Homerix: Não há meio de eu achar essa informação...Sei que o LP foi lançado em janeiro de 65
[21:02, 17/12/2021] Auro 4EVER: Homerix, eu me lembro da estreia do Help, em 1966. Só vi o o Hard day's night algum tempo depois (1967) no Bijou, cinema de arte.
[23:09, 17/12/2021] Virginia De Paula: Eu vi A Hard Day's Night no início de janeiro de 1965. Em Belo Horizonte.
[23:10, 17/12/2021] Virginia De Paula: Acho que foi exatamente quando foi lançado porque em Belo Horizonte passavam os filmes na mesma época que no Rio e São Paulo. Um ano depois chegou a Montes Claros.
[23:13, 17/12/2021] Virginia De Paula: E pronto...E só lembrarem de uma coisinha mínima e eu retorno no tempo. Eu chegando na estação em B.H. Tinha ido para o casamento de um primo. Meu irmão Virgílio que estudava lá foi nos esperar na estação. Olhou para mim e disse: "Vai entrar em cartaz um filme amanhã que você vai querer ver. Mas não vão conseguir porque não vai sozinha! E quem vai querer ir com você para ver logo os Beatles?"
[23:18, 17/12/2021] Virginia De Paula: Ele achava que seria uma grande porcaria, claro. E não era fã.
Eu me sentia fã. Apenas fã, embora suspeitasse que houvesse algo diferente. Já sentia que havia algo diferente dentro de mim por eles. Tinha tido uma grande felicidade com a chegada deles. Até falei um dia para minha mãe que me perguntou por que eu estava sorrindo tanto...E eu disse que era porque..."Os Beatles chegaram." Mas eu não tinha pressa de nada... Eu só comprei o primeiro disco deles por volta de setembro de 1964. The Beatles Again. Ganhei o Beatlemania no Natal. Presente do meu tio e padrinho João. Claro que escolheu esse presente porque sabia que eu gostava muito deles. Mas vejam só. Tinha sido lançado no primeiro semestre. Então não vi nada de chato não poder ver o filme.
[23:21, 17/12/2021] Virginia De Paula: Naquela noite fui com meus pais ao cinema ver O Professor Aloprado com Jerry Lewis. E então algo aconteceu. Passaram o trailer de Os Reis do Ié Ié Ié...E tive de segurar o grito. Eu senti forte que...eu não podia esperar um ano. Eu tinha de ver no dia seguinte, na estréia! Eu sentia vontade de chorar. Meu Deus, era a primeira vez que via os meninos se mexendo. Conversando. Só conhecia eles cantando....e fotos. Um trailer lindo. Hoje sei que foi mostrado em poucos lugares. Foi feito para a França! Estou quase sentindo a mesma coisa agora...Estou recordando a emoção.
[23:21, 17/12/2021] Virginia De Paula: Virei para minha mãe e disse: "Eu tenho de ver esse filme." E ela disse. "Claro, eu vou com você. " Pronto. Problema resolvido.
[23:24, 17/12/2021] Virginia De Paula: O casamento seria às cinco da tarde. Nem pensamos em salão de beleza. Nada assim. Fomos para o cinema, sessão das 2 horas da tarde. Estréia. Só mocinhos e mocinhas. E minha mãe comigo. Assim que escutei aquele acorde de A Hard Day's Night e vi eles correndo na rua minha vida mudou. rs rs rs. Algo espetacular aconteceu dentro de mim. Eu estava diante de algo totalmente novo...Seriam mesmo humanos? Até o inglês era diferente. Aquele sotaque que eu nunca tinha ouvido antes.
[23:32, 17/12/2021] Virginia De Paula: Então vem a hora mais misteriosa de todas. Porque para mim tudo sumiu ficando apenas a tela e eu meio que flutuando olhando Paul cantando And I love Her. Será que aquele silêncio era real? Ou deixei de ouvir qualquer coisa exceto ele cantando? Foi um fenômeno. Sabe aquele final, ele de perfil, e fica uma sombra em seu rosto...Ali eu falei comigo: And I love him. Fiquei totalmente apaixonada, de verdade. rs rs rs Forte mesmo. Estava amando todos...mas aquele menino Paul ...era um pouco mais o que eu senti ali por ele. Meu príncipe encantado. Eu não acreditei no que sentia. E então o filme continua e eu já com medo do fim...porque como viveria sem eles? Na saída me dei conta..." É a Beatlemania! Eu sou uma beatlemaníaca!" Mudei para Pepper Land ou algo…
[23:35, 17/12/2021] Virginia De Paula: Teve o casamento do primo. E festa. Vi Paul na festa. Era uma moça com rosto parecido e que tinha cortado cortado o cabelo igualzinho ao dos Beatles. A franjinha...Que nem a de Paul. E escutei minha mãe conversando com a irmã do noivo..."Hoje eu fui levar Virginia para ver o filme dos Beatles. Se não fosse, ela morreria...precisa ver como estava." " Que bacana, Tia Fina. E a senhora gostou do filme.? "Sim, Marlene. Eu até que gostei. Eles cantam..." Essa parte do "eles cantam" me fez rir. Claro que cantavam...Mas foi bem assim que ela disse. Grande surpresa....Os Beatles cantam. :)
[23:36, 17/12/2021] Virginia De Paula: Pensando bem...ela tinha razão. Pois eram muito mais que cantores. Se fossem só cantores, excelentes cantores, compositores, não seria o suficiente para causar tanta emoção. Eles, além de tudo mais, ainda cantavam.
[23:39, 17/12/2021] Virginia De Paula: Dia seguinte, fomos para o Rio de Janeiro. Primeira vez que fui lá Acho que era dia 16 de janeiro. Veio notícia que Alain Delon chegaria no dia 18. A gente ainda estaria lá. Ficaria no Copacabana Palace. E a gente estava em Copacabana. No dia 18, fomos para a porta do hotel. Esperamos em vão. Ele adoeceu com pleurisia e adiou a ida ao Rio. Fiquei tão desolada. Muito mesmo. Meu pai dizendo..."Olhe a beleza do mar! As gaivotas...Que paisagem linda...esquece Alain Delon que deu o bolo." E eu cantei a música Inútil Paisagem...Devem conhecer.
[23:40, 17/12/2021] Virginia De Paula: Mas pra que? Pra que tanto céu, para que tanto mar pra que? De que servem as ondas que quebram e o vento da tarde, de que serve a tarde, inútil paisagem. Pode ser que não venhas mais, que não voltes nunca mais...De que valem as flores que nascem pelos caminhos, se o meu caminho, sozinho, é nada. "
[23:43, 17/12/2021] Virginia De Paula: Mas foi logo depois que, ao passar por uma loja de discos, vi que havia ali A Hard Day's Night...Entramos..." Papai, pode me comprar o disco dos Beatles?" Sim! E me senti bem melhor. Uma parte engraçada foi que achamos os recém casados em lua de mel. E saímos juntos, fomos jantar juntos...fomos ver um filme com Steve McQueen juntos...Nunca vi isso. Eles na lua de mel com os tios e a prima.
[23:46, 17/12/2021] Virginia De Paula: Como eu disse, um ano depois o filme chegou a Montes claros,. Vi bem umas quatro vezes. E minha mãe também foi rever. Já tinha visto, não precisava me acompanhar porque fui com amigas...Foi porque queria revê-los. Foi com meu pai. Afinal...eles cantavam.
[23:46, 17/12/2021] Virginia De Paula: Além de tudo mais, também cantavam.
[02:00, 18/12/2021] Virginia De Paula: Vi Help primeiro também em Belo Horizonte. Ideia de minha mãe. Viu que estava entrando em cartaz lá. E perguntou...Vamos? E fomos só para ver o filme. Aconteceu a mesma coisa. Quando chegou aqui lá foi minha mãe ver de novo com meu pai. Esse eu vi 16 vezes. Mas foram apenas 14 vezes no cinema. Apenas. Depois vi na TV duas vezes sendo que a última vez foi agora já nesse século. E acreditem: só então vi Stonehenge. Nunca tinha visto. Sempre tem algo novo.
[02:08, 18/12/2021] Virginia De Paula: O que poucos parecem se lembrar é que Help foi muito apreciado pela turma do cinema brasileiro. Eu vejo sempre pessoas dizendo que não é essas coisas, que o primeiro é melhor...e quase como se não tivesse valor cinematográfico. Então os americanos vivem falando isso. Outro dia aí vi um vídeo ótimo,. muito bom mesmo, sobre a importância dos Beatles no cinema. Um carinha jovem. Brasileiro. E muito antenado. Mas repetiu essa coisa de que seria um filme inferior e que só serve para fãs, que pessoas do cinema não se interessariam...Pois é bem o contrário. Não sei de nenhum prêmio para A Hard Day's Night. Teve algum? Help teve. Foi premiado com a Gaivota de Ouro no Festival do Rio de Janeiro. Só que dividiu o prêmio com um filme francês chamado A Velha Dama Indigna…
[02:10, 18/12/2021] Virginia De Paula: Meu irmão Walmor, que só gostava de filmes cabeça da Nouvelle Vague e do Néo-Realismo Italiano e por aí seguia...Ficou fascinado por Help! Quando chegamos lá para ver o filme, ele veio nos dizer que tinha visto no dia anterior, e veria novamente. "È uma delícia de loucura genial..." definiu ele. Adorou o papel de Mal Evans. Sem saber que era Mal Evans, claro. O mergulhador.
[02:12, 18/12/2021] Virginia De Paula: O filme passou aqui em 67. E em 68 voltou para o nosso Festival de Cinema. Promovido pelo CEC...Eu era da diretoria. Não sei se já era presidente... Acho que ainda não. Mas fui presidente. Só filmes ...'cabeça'... I ali estava Help no meio por merecimento. CEC era sigla de Centro de Estudos Cinematográficos.
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[07:41, 18/12/2021] Homerix: E você já havia falado sobre suas relações com o primeiro filme, mas agora com o segundo filme também, ficou um Combo maravilhoso. Vai assim mesmo para o blog, com os horários. Você teve pai, mãe e irmão antenados, além do tempo. Adorei a contribuição deles a sua paixão!
“E eles ainda cantam!!’
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É ou não é um 'asset' a presença de Virgínia em nosso grupo??
Minha alma sorri feliz. Você não sabe...mas nem sempre sou apreciada...Tenho mania de falar tudo que sinto e nem sempre o que sinto combina com os outros sentimentos. E talvez não saiba como falar direito...Fica parecendo crítica. Não! O pensar dos outros é respeitado por mim. Apenas acho bom trocar ideias e com isso aprender mais, ver por outro ângulo. Tenho aprendido com você. E ver alguém que aceita meu jeito é algo que não há como explicar em palavras. Poder ser Beatlemaníaca com orgulho envolta a outros Beatlemaníacos é um presente dos céus. Abençoado seja o nosso grupo. Abençoados somos todos nós que nos encontramos, abraçamos o Espirito Beatle e todos que espalham amorosamente pelo mundo. Você está até em Angola! Maravilha.
ResponderExcluirCom a foto ficou ainda melhor. Pena que apenas eu apareci para comentar. :)
ResponderExcluirUm pouco atrasado mas vou comentar. A Virgínia é mesmo fora de série. Seus conhecimentos e amor pelos Beatles nos deixa embevecido. Suas estórias de vida demonstram também ser uma apreciadora de bons filmes. Eu me identifico com quem gosta de boas músicas,bons filmes e bons livros. Parabéns a ela pelas lindas narrativas e ao Homerix por dividir conosco. Faltou dizer qual foi o filme com o Steve Macqueen que ela assistiu. Eu não perdia nenhum.Pena que morreu cedo.
ResponderExcluirAi, não me recordo mais qual foi. Talvez tenha no meu diário da época. Vou buscar.
ResponderExcluir7 homens e um destino! Achei no diário. rs rs rs. Agora meus agradecimentos a Gerson pelas palavras bonitas a meu respeito. Que bom que veio comentar. Gerson, eu fazia parte de um cine clube aqui. Fui presidente desse cine clube. Sempre gostei muito de cinema. Comentarei mais no grupo.
ResponderExcluirVirgínia, o seu sonho fez parte de uma egregora fantástica, nada silenciosa, é verdade, mas com um poder de mudar o mundo. Esse já não seria, nunca mais, o mesmo. Ainda bem né?
ResponderExcluirHomero, Virginia, que narrativa incrível! Essas lembranças vívidas da estreia do filme capturam de maneira envolvente a magia daquele momento. A decisão espontânea de assistir ao filme no dia da estreia, a conexão profunda com os Beatles, especialmente Paul, e a busca pelo LP são relatos que encantam.
ResponderExcluirA forma como descreve a emoção ao ver os Beatles se movendo e falando pela primeira vez é comovente. Suas histórias sobre a paixão duradoura, expressa nas múltiplas visualizações do filme ao longo dos anos, destacam o impacto duradouro da influência dos Beatles em sua vida.
Além disso, suas reflexões sobre o valor cinematográfico de "Help" e sua premiação ressaltam a importância desses filmes não apenas para os fãs, mas também para a crítica cinematográfica. A maneira como conecta suas experiências pessoais com a recepção mais ampla desses filmes enriquece ainda mais a narrativa.
Obrigado por compartilhar essas memórias especiais. Sua paixão pelos Beatles e as histórias que eles proporcionaram são verdadeiramente inspiradoras, refletindo o impacto duradouro da música e do cinema na vida das pessoas.