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quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

A vida na plataforma de petróleo

"Aqui não faz frio, nem calor! Tem televisão, telefone e internet; ruins... mas tem! Aqui é morada de gente corajosa, que enfrenta a vida de frente, de lado, e de costas. Aqui o sol se põe e nasce mais bonitos do que em todos os lugares que já se viu. Aqui se aprende que a dor dói, mas que a saudade dói mais, que tudo dói mais. Aqui se perde aniversário, casamento, batizado e muitos amores, que se vão pela dificuldade dessas dificuldades. 

Cuspindo Fogo
Aqui se engorda muito! Dorme-se cedo e acorda-se cedo também! São 12 horas de trabalho, às vezes, até muito mais. Não tem sábado, nem domingo, nem feriado... são 14 segundas-feiras seguidas, ininterruptas! Cada ilha tem suas dificuldades: umas cospem fogo, outras balançam até você querer desistir. Aqui tem churrasco e festa de aniversário platônicos, sem bebidas alcoólicas, sem os parentes, sem os amigos de terra!. 

Plataforma Fixa de Pampo
Aqui tem a saudade maior do mundo, pai de primeira viagem e de segunda também, com o coração do tamanho de uma ervilha, porque seu recém nascido ficou lá.... lá às vezes leva nossos entes queridos e a sensação que fica é de que não foi dita a última palavra porque estava aqui, preso, trancado, trabalhando, sem poder dar o último adeus. Aqui tem gente de todo lado, de cada canto do mundo, de cada esquina do Brasil. Tem história e cultura de todo o mundo! 


FPSO PPMORAES

Aqui a vontade de voltar para casa é a maior de todas, aqui tem ouvidos que quando ouvem “aeronave 5 minutos fora” faz o coração disparar mais que ao encontrar o amor novo! A euforia de estar no helideck é igual à de uma criança que ganha brinquedo novo! Mas quando o helicóptero não pousa, a dor de ver aquele pássaro de aço voltando sem levar de volta o peão para o seio da família, é de arrebentar qualquer sonho.... mais uma vez se perdeu aquela viagem, aquele encontro, aquele casamento, aquela festa que já estava marcada há meses!

Já me perguntaram porque estou aqui e eu ainda não descobri a resposta para essa pergunta. Já me chamaram de doido, corajoso... mas também acho que não é nada disso! Aliás, a vida é feita de escolhas, mas ouvi uma frase que acredito muito que seja verdade: “aqui é só para loucos e corajosos!"

(Autor desconhecido)

Fui petroleiro por 35 anos, mas não chegou a 35 dias o tempo total em que embarquei naqueles gigantes de aço. Minha vida foi em escritórios.. Mas fiz estágio em em uma plataforma de perfuração de poços durante 10 dias. 

Até caí na pegadinha do engenheiro de completação que me deu a honra de acionar uma válvula lá a mais de mil metros de profundidade com o lançamento de uma esfera de 10 cm de diâmetro, lá de cima, e assim que eu a lanço, o sujeito grita: 
"Nãããão! O que você fez???"  
Fosse eu cardíaco, e já era... Iwao o nome dele, japonês sem graça

Mas enfim, como sempre trabalhei na Área Internacional, muitas foram as vezes em que servi de guia de delegações estrangeiras, da Índia, de Angola, da China, que sempre vinham e queriam conhecer a Bacia de Campos. Inclusive duas da três ilustrações que escolhi, a Plataforma Fixa de Pampo e o FPSO PPMORAES, um dos primeiros navios petroleiros a serem convertidos em Plataforma de Produção, acho que ainda está em atividade, acho que no 3º ou 4º campo de petróleo

Então tive a oportunidade de conhecer mais um pouco como é a vida em plataforma como tão emocionalmente descrito pelo autor desconhecido... aliás, que pena que não se sabe... quem descobrir, por favor me conte, que eu queria dar o crédito!


4 comentários:

  1. Belo texto porque, acima de tudo, é sincero.

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  2. Essas brincadeiras, sem graça às vezes para quem fosse o alvo, eram muito comuns com os recém chegados "calouros". Algumas desses "trotes" eram às vezes cruéis.
    Convivi pessoal e profissionalmente com o Iwao mas não conhecia esse seu lado "brincalhão" ( para você, na época, pode não ter tido nenhuma graça).
    Além de uma referência na atividade de completação, o Iwao era um faz tudo. Sabia que todas as obras de ampliação, reforma da sua residência era ele quem fazia junto um pedreiro contratado por ele em tempo integral? As vezes ia aos fins de semana visitá-lo e lá estava ele às voltas com colheres, prumo, tijolos, argamassa - e adorava pescar - pesca oceânica. Outra curiosidade: ele e a mulher foram pioneiros na introdução da raça Rottweiler no norte Fluminense. Fui um feliz comprador de alguns exemplares desse raça do canil que possuíam em Macaé.

    Um abraço a você. E, em tempo, que o seu Natal tenha sido de congraçamento e retomada do convívio familiar e com os amigos.


    Lages

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  3. Quero simplesmente, parabenizar a todos trabalhadores dessa empresa maravilhosa, que deram as suas vidas, com seus trabalhos, bem distantes dos seus entes queridos, com amor e dedicação, merecedores de elogios e agradecimentos. VALEU !!

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  4. É isso mesmo! No @mundoffshore falamos sobre essa rotina! Parabéns pelo texto. Mostrou bem como é o nosso dia a dia.

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