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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

BonDubai 2 - O FIlme

Na expectativa do 25º filme de 007, lembro a crônica que fiz sobre Bond 21, Casino Royale, à época do lançamento, em dezembro de 2006. Era o primeiro filme com Daniel Craig. Este de agora será o último. A Crônica era parte de uma viagem que fazia e que teve lances no mínimo, interessantes. Era o 2º Episódio de 7, de uma série que chamei de BonDubai!

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Aqui, continua a descrição, em capítulos, de uma viagem que fiz em dezembro de 2006. O destino era Dubai, maravilhosa invenção árabe, mas a envoltória de uma paixão acabou por causar alguns percalços, em época de caos aéreo, que hoje considero divertidos...

-->Aqui, neste link, o 1º Capítulo: O Plano, onde descrevo a polêmica sobre a escolha do novo ator para interpretar 007.


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Capítulo 2  - O FIlme: 007 - Casino Royale

         Em branco e preto, a primeira cena mostra as primeiras mortes do agente, ainda sem a distinta categoria ‘Double 0’ do Serviço Secreto Britânico MI-6, que lhe conferia permissão para matar. A cena termina com a famosa mira do revólver para a platéia, pela primeira vez como parte da própria cena. Depois, na abertura, alusões a naipes e cartas de baralho, pano de fundo para a trama que se desencadearia ao longo do filme.

          Na primeira missão do agente, já colorida, já como 007, uma fenomenal perseguição, não com jatos, helicópteros, motos, esquis, pára-quedas, ou tanques, mas a pé, pelas ruas de Madagascar. O criminoso é magnificamente desempenhado pelo campeão mundial de corrida de rua, ou ‘le parkour’, nome francês, que significa ‘o percurso’, uma febre mundial que hoje contagia jovens dispostos a chegar aos lugares pelo caminho mais rápido e mais difícil, somente com mãos e pés, sem ajuda de nada mecânico. Primeiro sinal de que o enfoque mudou: o agente está usando a parte física, literalmente suando a camisa, nada do arrumadinho, impecável, terno ou smoking.
         Não vou antecipar mais nada do resto do filme, apenas declarar minha satisfação com as mudanças. Depois do mais fantasioso dos filmes de 007 (Um Novo Dia Para Morrer - 2003) em que até carro invisível tinha, os produtores resolveram dar uma guinada, ainda que aquele tenha sido o filme com mais bem sucedido da franquia, e trazer o personagem de volta à Terra.  Desta vez não há geringonças, equipamentos mirabolantes e, portanto, tornou-se desnecessária a presença de Q, o gadget provider. Caramba, até Miss Moneypenny eles ‘mataram’. E, por incrível que pareça, nenhum deles faz falta: estou me sentindo um traidor! Felizmente, mantiveram M, a impassível chefe, (magistralmente, como sempre, interpretada por Dame Judi Dench), com quem James trava diálogos memoráveis.

          Levaram para a tela o primeiro romance de Ian Fleming, com adaptações para o dia de hoje, que de forma nenhuma conflitaram com o idealizado pelo autor: o vilão não é patrocinado pela Rússia, mas financiador do terrorismo; ordens de pagamento foram trocadas por transferências eletrônicas; bilhetinhos entregues pelo garçon foram trocados por  chamadas em celular; e trocaram o bacará pelo pôquer, claro, muito mais entendível pela platéia.  Enriqueceram o enredo com situações plausíveis e atuais. Aliás, isto era absolutamente necessário: quando eu acabei de ler o livro, há algumas semanas, tive a certeza de que ali não havia materialidade suficiente para um longa-metragem.

         James está mais humano, menos superpoderoso,  tem conflitos internos, está mais pé no chão, mais próximo da realidade. Acerta, mas também erra! Sofre! Bate e apanha! Sangra! Está mais sensível! Tem uma cena tocante, em que consola a bond girl, debaixo do chuveiro (ambos vestidos!), depois que ela ajuda o agente em uma briga que resultou na morte dos malfeitores. Jamais se esperaria uma atitude como esta em filmes anteriores, aliás, nem na idéia original de Mr. Fleming, diga-se de passagem. Veja aqui, neste trecho do livro, como Mr. Fleming revela o que Bond pensa das mulheres:

 “And then there was this pest of a girl. Women were for recreation. On a job, they got in the way and fogged things up with sex and hurt feelings and all the emotional baggage they carried around. One had to look out for them and take care of them."


         Uau, nada mais machista que isso!

         Cenas de sexo no novo filme, só insinuadas, sem aparição de partes íntimas,  no máximo aqueles pezinhos entrelaçados, ao pé do colchão.

          Para terminar o relato: a forma espetacular com que Daniel Craig diz a fala mais famosa do cinema (The name is Bond ..... James Bond) é de arrepiar! Nunca antes (nesse país!), a cena esteve tão enquadrada ao enredo e à situação extra-filme. James está se apresentando, não somente ao interlocutor na cena (e o cartão de visitas é bem doloroso!), mas ao mundo todo, já que o filme é uma recriação do personagem. Além do que, o próprio ator se apresenta para o papel. Não há mais dúvidas:

Daniel Craig É James Bond! 

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Próximo capítulo: Do Brasil a Dubai




4 comentários:

  1. Correção: o filme em questão é UM NOVO DIA PARA MORRER, e não UM DIA MARCADO PARA MORRER. E é de 2002.
    Abraço,

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  2. foi bom ler o que ...acho que não li... ou deixei de registrar..
    Perfeita a sua "crônica"... como de costume.
    Paulus

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  3. Continuo achando o DC um dos piores. Volto a sugerir a enquete para sabermos quem seriam os 3 mais populares...Sds, A2

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  4. Lendo os comentários sobre o desempenho de Daniel Craig, como James Bond, o *007, em _Casino Royale_*, concluo que ele é o ator certo e com o adequado preparo físico para o papel. Não imagino Roger Moore, nem mesmo Sean Connery, o inesquecível primeiro Bond, nas correrias de _parkour_, escalando e pulando, sem se limitar ao uso de aparatos eletrônicos.
    Esse James Bond, de _Casino Royale_ , é mais humano, sofre, sangra e ama; as cenas de sexo são apenas insinuadas, ele não se limita a usar as mulheres, como os anteriores, não é o machista criado por Ian Fleming, dos outros 20 filmes exibidos antes. Daniel Craig realmente incorpora James Bond. Tomara que não seja o último que faz, como ele anuncia.

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