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segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Nowegian Wood... and Girl?

 Esta é a 2ª canção do Lado A do álbum Rubber Soul, 

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 5 canções inspiradas em Sexo, dos Beatles, 

as demais 3 canções do mesmo Assunto e Classe, aqui, neste LINK


2. Norwegian Wood   Sex Girl Song by John Lennon)

         This Bird Has Flown

John conta: 'Certa vez eu tive uma garota, ou eu deveria dizer, ela me teve. Ela me mostrou seu quarto. Não é boa? A madeira é norueguesa! Ela pediu para que eu ficasse e me sentasse em qualquer lugar, então eu olhei em volta e notei que não havia uma cadeira.!'
A insinuação de um relacionamento sexual é evidente. Já o uso do verbo 'ter' já denota um relacionamento diferente. Depois, ela o leva até o quarto, diz pra ele se sentar, mas não havia cadeiras, portanto, a cama era o único local para acomodar-se. Pronto! No dia seguinte, ela já não está mais lá, e vem aí o subtítulo 'This bird has flown', que aliás era o título de trabalho da canção até decidirem-se por Norwegian Wood, a partir do terceiro take. Bird é como os ingleses chamavam as garotas na época. Rumores corriam sobre quem seria a garota em questão. John confirmou  que foi um caso que ele teve  (pobre Cynthia!) e rumores corriam de que seria Maurreen Cleave, renomada jornalista, ou Sonny Freeman, esposa do fotógrafo de quatro capas dos discos dos Beatles até justamente este que estavam gravando, que era um casal que John e Cynthia viajavam juntos (sacanagem, John!). Ela gostava de se dizer norueguesa, e tinha decorações em madeira em seu apartamento. Rumore, apenas rumores!

A contribuição de Paul na letra é principalmente na ponte (“She asked me to stay and she told me to sit anywhere, so I looked around and I noticed there wasn't a chair”), como já vinha acontecendo em composições anteriores da dupla, pois John não era um bom ‘engenheiro’ de pontes. E é justamente na ponte que o vocal de Paul entra na canção, harmonizando lindamente com John na melodia principal assim já emendamos na parte musical da análise da canção, que é basicamente uma valsa, num compasso 3 por 4, perceba o ta-ta-pum ta-ta-pum ritmado! A percussão da canção é apenas o baixo e uma pandeirola, tocados por Ringo, além de um batuque nas próprias pernas. Tem a guitarra baixo de Paul, George num cha-kun-dun ao violão, além de um violão base de John, que abre a canção com as  notas da melodia, que depois é repetida por George, tocando, não sua guitarra, mas o astro principal daquela canção, uma CÍTARA, que, como seria testemunhado depois, constituir-se-ia num marco da história da música.

A presença do instrumento indiano era mais um ‘nunca-antes-na-história’ da carreira dos Beatles. George fora apresentado ao instrumento durante as filmagens de HELP!, depois comprou um exemplar numa loja de Londres, e começou a dedilhar no estranho artefato. O que ele aprendeu autodidaticamente não o fazia um virtuose no instrumento, mas se mostrou suficiente para tocar aquelas linhas, tanto na introdução, como ao longo, aqueles ‘drone sounds’ (que parecem um zangão zunindo), e na finalização da canção, e revolucionar a história. Depois dos Beatles, também os Rolling Stones, e os Yardbirds, e Donovan, e outros tantos abriram os olhos para aquela sonoridade, afinal, se os Beatles faziam, era porque era bom, eles já haviam desenvolvido esse sentimento no mundo da música! Posteriormente, George imergiria naquele mundo, viajou pra a Índia para imiscuir-se naquela cultura, o que mudaria também sua vida. Em Revolver, no ano seguinte, uma de suas 3 contribuições seria com instrumentos indianos, e mais um ano depois, seria a base de sua única composição em Sgt.Peppers, e ainda haveria uma full-indian-song com a distinção de ser lançada num single dos Beatles, ainda que em um Lado B, em 1968. Vejam também que finalizava aquela história de ‘várias canções por sessão de gravação’ com um recorde de 10 canções, na romântica época de Please Please Me, inaugurando-se uma configuração muito mais comum, de ‘várias sessões de gravação por canção’ cujo contador poderia chegar às dezenas de sessões, a partir de 1967. Para Norwegian Wood foram duas sessões em que, inclusive, decidiu-se mudar o tom da canção de um dia para o outro, de Dó Maior para Ré Maior! Nunca foi tocada ao vivo, nem pelos Beatles, muito menos por John, em carreira solo. Foram poucas as vezes em que ele se lembrou da época!


2 comentários:

  1. Uma das minhas músicas favoritas ... maravilhosa 👏❤️

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  2. Uma das mais belas canções dos "Beatles de estúdio". Acústica, como Girl, e harmonia vocal não usual. Dueto em quinta, na parte em tom menor...
    De fato, é tocada em Ré, mas a tonalidade fica Mi pelo uso do capotraste.
    Letra confessional disfarçada...

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