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sexta-feira, 9 de julho de 2021

The Ballad of John And Yoko - A Lua de Mel

 Esta é a 11ª canção da coletânea Past Masters #2, 15º Álbum Oficial dos Beatles

a história do álbum, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 8 canções com Histórias na 1ª Pessoa

                                        as demais 7 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

11. The Ballad of John And Yoko (Self Story Song by John Lennon)

John conta: "'Ele me disse que poderíamos nos casar em Gibraltar, perto da Espanha. Cristo, não vai ser fácil! Do jeito que está, vão me crucificar!" 
 
Imagine a situação: John volta da lua-de-mel com Yoko, por Paris, Amsterdam e Viena, com direito ao primeiro bed-in (ele e Yoko deitados na cama durante uma semana, recebendo a imprensa), e já tem essa história pra contar numa canção, mas George está de férias e Ringo está filmando seu segundo filme como ator solo (The Magic Christian)! Somente Paul está em Londres. John não tem dúvida, passa na casa de Paul e diz: ‘Bora pra Abbey Road!’ E assim, foi, Paul tocou baixo e bateria e piano, John tocou guitarras base e solo e percussão. Ficou famoso o seguinte diálogo: John (no violão) - "It got a o a bit faster, Ringo!"; Paul (na bateria)- "OK, George!". Esse encontro e camaradagem entre os dois foi a última oportunidade em que reviveram a antiga dupla, meio balançada por contingências comerciais. Foi lançada em compacto, tendo no Lado B Old Brown Shoe, de George. No lançamento, algumas rádios americanas se recusaram a tocá-la por causa das referências a Cristo e crucificação. Foi o último compacto Beatle a atingir o topo das paradas no Reino Unido. Muito marcante pra mim é a harmonia vocal de Paul nos últimos versos e refrão, que descreve quando o casal volta a Londres. Inesquecível! Tanto que resolvi colocar o trecho aqui pra vocês, neste LINK. NÃO DEIXE DE OUVIR! Mas este até aqui foi o resumo que fiz no capítulo sobre as Story Self Songs, na 1ª parte de minha Saga. Vamos a um pouco mais de detalhes! 
 
John contou onde casou com Yoko, contou onde esteve e o que fez em sua lua-de-mel ao longo de 5 versos acompanhados de refrão, mais uma ponte usada como uma parada para reflexão. O refrão que vem após cada verso é onde ele se preocupa no que vão pensar dele, e é onde reside o motivo pelo qual a canção foi banida de algumas rádios americanas tradicionais, numa decisão estapafúrdia, já que a menção a Cristo é apenas uma interjeição. Talvez se ele tivesse colocado "God", os conservadores nem haveriam percebido:  

Christ you know it ain't easy, you know how hard it can be

The way things are going they're going to crucify me 
 
No Verso 1, John conta que intencionavam cruzar o Canal da Mancha, para França ou Holanda, e casar durante a travessia, mas o capitão disse "You've got to go back", primeiro porque Yoko não era inglesa e eles não teriam o Visa para a travessia, depois porque ele não ia casar ninguém. No Verso 2, viajaram de avião fretado para Paris, onde ficaram "honeymooning down by the Seine", tudo bem que navegaram pelo Rio Sena, mas ainda não era lua-se-mel, pois não estavam casados. Nesse meio tempo, receberam a ligação de Peter Brown, seu agente, dizendo que "You can get married in Gibraltar near Spain". Interessante que esse "near" foi ideia de Paul, em vez de "in", para evitar problemas internacionais, porque Espanha e Inglaterra disputavam a 'propriedade' da localidade de Gibraltar, ali à entrada do Mar Mediterrâneo, até hoje um território britânico. E a métrica coube perfeitamente! O Verso 3 começa com uma incorreção logística "Drove from Paris to the Amsterdam Hilton", não, eles não foram de carro entre os dois países, porque na verdade, nesse meio tempo, eles voaram pra Gibraltar em 20 de março, ficaram lá apenas os minutos necessários para a cerimônia, e voaram para Amsterdam. E o resto do verso é contar sobre o famoso "bed-in", uma semana de pijamas na suíte presidencial do Hotel Hilton, chamando a imprensa para dentro do quarto e falando sobre paz. Esse climão levou à reflexão, e levou John a criar uma ponte, uma nova melodia, pra contar sobre as intenções do casal de doar roupas para os mais necessitados, porque afinal, quando morrerem, não levarão nada mais que a alma, como disse Yoko "oh, boy when you're dead, you don't take nothing with you, but your soul, think!". De volta aos versos, o 4º conta de uma viagem rápida a Viena e, pra explicar o "eating chocolate cake in a bag", há que se saber que eles foram lá para uma première de um filme que ele e Yoko fizeram, e convocaram a imprensa para uma conferência, e apareceram envoltos em um enorme saco (bag) branco, o que levou a imprensa a dizer "She's gone to his had, they look just like two gurus in drag", afinal, era Yoko fazendo a cabeça de John. O 5º Verso conta que mandaram um saco com duas sementes de carvalho para 50 líderes mundiais, "Fifty acorns tied in a sack", como mensagem de paz, e termina com a viagem de volta (em 1º de abril), e John conta de sua surpresa, pois pensava que iam crucificá-lo, no entanto, a imprensa disse: "We wish you success. It's good to have the both of you back!" Genial!! É a história contada na canção! Fiz um diagrama da pitoresca viagem do casal mais falado da história da música. 
 
Essa maravilha toda se materializou em canção num único maravilhoso dia de gravação, o histórico 14 de abril de 1969. John estava muito animado e não quis esperar a volta de George nem o fim das filmagens do filme de Ringo e apareceu com Yoko na casa de Paul dizendo: 'Você toca baixo e bateria! Vamos lá!!" . Os dois finalizaram detalhes da letra, combinaram arranjos e partiram pra EMI ali pertinho. Naquele meio tempo, John dera uma missão a Peter Brown: "Ligue para Geoff Emmerick e diga a ele que quero que ele volte a trabalhar comigo!". Pra quem não sabe, Emmerick havia deixado de trabalhar com os Beatles por causa do climão das gravações do Álbum Branco no ano anterior! George Martin produziu a faixa! A base, só com dois componentes, foi John no violão e vocal, e Paul na bateria. Usaram um equipamento de 8 canais recém-instalado. Foram gravados 11 takes, apenas 4 deles (1, 7, 10 e 11) indo ate o final, os outros interrompendo antes por vários motivos, uma corda arrebentada de John (como sempre!), vários deles no mesmo ponto da canção, a entrada do Verso 4 após a ponte, num erro de bateria de Paul, no famoso Beatle break (que Ringo teria tirado de letra, mas Paul teve que suar), e tal, mas o mais famoso foi quando Paul acelerou a batida na bateria (ele não tinha o senso de ritmo de Ringo), John estranhou e aconteceu aquele diálogo histórico, que mencionei ali em cima. O Take 10 foi eleito como o melhor e partiram para os overdubs: John espetacular na guitarra solo (George teria aprovado com louvor!) em seguidas entradas em resposta ao próprio vocal, e no riff da conclusão, Paul no baixo, naquela batida firme de rock, desde a introdução, e também Paul no piano e também Paul no chocalho, e John batendo na caixa do violão, mas principalmente o backing vocal de Paul ressaltado no LINK ali de cima, ele entra nas duas linhas finais da ponte e aqui e ali no Verso 4, harmonizando no agudo nos finais de frase ("bag - said - head - drag"), lindo, e depois no final do Refrão 4 ("the way things are going, thei'll gonna crucify me") e final e maravilhosamente harmonizando a totalidade do Verso 5 e do Refrão 5 (com exceção de "Christ", que John faz sozinho, com vigor), e com direito a uma repetição da frase final.... Ah, como eu queria mais!! Pareciam os dois parceiros do começo da carreira. Momento mágico!!! Mas já estava acabando... 
 
Como disse, o compacto, lançado em junho de 1969, com Old Borwn Shoe, de George, no Lado B, atingiu o topo da parada inglesa, mas não passou do 8º lugar na parada americana, devido ao boicote nas rádios, o que não impediu que os Beatles conseguissem mais um Disco de Ouro, por mais de 1 milhão de copias vendidas! No Brasil, não tenho ideia de como foi recebido, mas sei, sim, de uma divertidíssima versão feita pelos Titãs, com alguma semelhança com a letra original e também umas viagens legais, que foi lançada no primeiro LP deles, junto com Marvin e Sonífera Ilha, divirta-se aqui, neste LINK.

7 comentários:

  1. Olá!! Tem uma comentarista querida aquim que assina exatamente como eu, aparece Homerix!! hehehe
    Querida, se não for difícil, tenta trocar, senão parece que eu estou me elogiando!!!
    Obrigado pelas palavras de incentivo!!!

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  2. Exaltação à lua de mel de John e Yoko - é o que se depreende da “Balada de John e Yoko” (_The balad of John and Yoko_), gravada apenas por John e Paul, em 1969, lembrando a camaradagem do início da banda. George e Ringo tinham outros compromissos e a pressa de John era muita, por isso chegou com Yoko na casa de Paul e sugeriu irem a Abbey Road gravar. Paul ficou com o baixo, bateria e piano; John, com as guitarras e percussão. O resultado do compacto, com _Old Brown Shoe_, de George, do outro lado, foi um sucesso estrondoso, no topo das paradas do Reino Unido, mas com banimento de algumas rádios americanas, pela letra com menção a Cristo (“Cristo, você sabe que não é fácil, você sabe como pode ser duro...”). John e Yoko se casaram em Gibraltar, percorreram vários países, e, irreverentes, de pijamas, no quarto do Hotel Hilton, em Amsterdam, chamaram os repórteres e fotógrafos para entrevistas sobre Paz e Amor.
    No Brasil, a balada teve uma versão dos Titãs, com letra bem diferente.

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  3. Novidades. Não sabia de Paul mudando in para near. Paul antenado porque poderia mesmo haver problemas. Como você sabe detalhes, hein?
    Eu gosto da música e...como você, deliro com o final que comprova como foram feitos um para o outro. A música cresce enormemente quando cantam juntos.
    Mas tenho de discordar, (se concordasse em tudo não seria Virgínia) quanto a essa parte: "Fiz um diagrama da pitoresca viagem do casal mais influente da história da música".
    O casal em nada influenciou na música. E sendo assim não tem como ser o mais influente. Influencia zero. John Lennon claro que sim, pois era um Beatle, o quarteto mais influente na História da Música sem dúvida alguma. Ela porém em nada contribuiu a não ser para atrapalhar e muito. Já estou ouvindo pessoas dizendo que tenho raiva demais de Yoko .Costumam chegar a essa equivocada conclusão apenas por dizer a verdade.

    Em que ela colaborou? Qual música dela pode ser ouvível? Não vale dizer que foi Imagine visto que Imagine é de John, não dela. Ter inspirado não conta, senão posso dizer que Martha foi co autora de Martha my Dear porque inspirou Paul. Ser musa inspiradora não é a mesma coisa. Poderão lembrar da tal frase que inspirou John a dizer que o may say I am a dreamer but I am not the only one. Novamente foi inspiração. John leu a frase meio tosca dela e fez outra realmente boa. Quanto ao poema dela chamado Imagine tem outro tema. Imaginar uma pena caindo, imaginar uma flor se abrindo...nada político. E grande inspirador na verdade foi Karl Marx. E mesmo assim não podemos dizer que Marx foi co autor da música.


    Ela só comandou nas coisas rdículas como entrar no saco. Por causa de coisas assim John considerado, não sei mais por qual públicação como O Palhaço do Ano. Aquilo era palhaçada mesmo, com as devidas desculpas aos palhaços que são de fato dignos dos nossos aplausos.

    A letra da música é bem legal, mas incompleta. Bem sei que John não poderia contar tudo. Muito menos contar sobre as bobagens que fez. Então fica perdoado. So que falta exatamente o motivo do casamento, o que seria o mais importante. Ele se apressou para se casar apenas porque Paul tinha casado. Acho que tudos conhecem a historia do seu susto ao saber do casamento. Paul não tinha mandado convite, não tinha falado nada com ele. Ficou em estado de choque ao ver o convite na Apple para todos. Pediu logo uma caneta, riscou a palavra casamento e escreveu funeral em cima. E ainda declarou que considerava Paul morto.
    Dia seguinte chega dizendo que tinha de se casar com urgência porque Paul tinha se casado. Peter Brown foi quem informou ser possivel em Gibraltar porque lá não tinha de esperar correr os proclames. Pode ser notícia falsa? Claro que sim. Nunca é possível ter certeza de nada em se tratando de Beatles. Mas contou essa história foi Paul. Acho que, pelo menos em parte, é verdade.

    Apesar disso John corre atrás de Paul para gravar a música. Paul se esqueceu que tinha morrido ( de acordo com John) e foi correndo com ele para o estúdio...e juntos fizeram essa balada tão saborosa, principalmente pelo final cantando juntos. Lindo, lindo, lindo. Obrigada pelo Link.

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  4. Pois eu não conhecia a música dos Titas. Adorei. Obrigada por nos contar.

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  5. Como aqu não há como editar voltei para corrigir o que escrevi antes. Não é a música dos Titâs. É a versão deles para a música dos Beatles, claro. A letra adaptada mantendo o sentido está genial.

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  6. Homerix, seu estudo e exposição são sensacionais! Grato pelas dicas!

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  7. Amei sua análise! Obrigada

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