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terça-feira, 16 de março de 2021

As 15 Group Speech Songs dos Beatles

Capítulo 12

A saga é

O Universo das Canções dos Beatles

Todos os 30 Capítulos têm acesso neste LINK 

Num capitulo passado, eu classifiquei as 29 Speech Songs do Beatles em Classes 


As Person Speech Songs, em que o autor fala
para 
UMA Pessoa

As Group Speech Songs em que o autor fala para um GRUPO de Pessoas

As World Speech Songs, em que o autor fala para TODAS as Pessoas

E produzi a tabela resumo ao lado, por Classe e por Autor:

Agora, informarei algo sobre cada uma das canções da Classe mais numerosa!!

Vamos lá?

Discurso para Grupo - Group Speech Songs (14)

As canções que estão em vermelho já têm
análises mais aprofundadas sobre elas!
Basta clicar em seus nomes!


1. Taxman (Revolver- 1966)

George colocou voz no Primeiro Ministro (Mr.Wilson) e no Líder do Partido Conservador (Mr.Heath), que são os TAXMEN, falando com os contribuintes (O Grupo) e explicando como funciona para os mais ricos: 'É 1 pra você, 19 pra mim'! Isto significa a alíquota do Imposto de Renda para a maior faixa de renda, que era, claro à que os Beatles eram submetidos: 95%! Primeira canção de George a abrir um LP dos Beatles, o que significava muito! Ainda mais, ele teria outras duas no mesmo disco, um recorde. Destaques musicais: 1. O solo de guitarra, marcante, e que surpreendentemente, foi Paul quem fez, e não o guitarrista solo oficial, compositor da canção: deu branco em George; 2. Duelo vocal: John e Paul começando frases e George complementando, tipo J/P cantam "If you drive a car, ..." e George ..."I'll tax the street!", ou J/P "If you take a walk, ..." e George "... I'll tax your feet!" e outras.

 2. Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band (Sgt. Peppers- 1967)

Paul (com John), na pessoa do Sargento Pimenta, anuncia à platéia (O Grupo) sua Banda dos Corações Solitários, esperando que apreciem o show e dizendo que se sentem e deixem a noite fluir. Na concepção de Paul, a música, que abre o disco, e todas as canções seriam o show da banda. O disco seria o primeiro álbum conceitual da história. A idéia de tudo veio numa viagem de avião, na época em que as refeições eram servidas com requinte, Paul fixou os olhos nos recipientes de sal e pimenta, com suas letras iniciais, S e P, e daí veio tudo. Ao final da canção, Sgt Pepper's anuncia Billy Shears, um personagem fictício, na pessoa de Ringo, que entra cantando With a Little Help from My Friends'.

3. Being For the Benefit of Mr. Kite (Sgt. Peppers- 1967)

John anuncia à população da cidade (O Grupo) as atrações do circo
 de Pablo Fanque em benefício de Mr. Kite, dentre elas, os Hendersons. John teve a ideia de um cartaz do Século XIX, anunciando exatamente as atrações, conforme colocou na canção! Paul disse que a canção se fez sozinha, estão lá os malabaristas, equilibristas, o cavalo dançarino, os trapezistas, os engulidores de fogo, etc. Decerto, uma das mais complexas canções do álbum. John quis que ela soasse como um carnaval daquele século', queria 'sentir o cheiro da poeira do chão',  e para tanto, George Martin até tentou alugar um órgão a vapor, da época! Não conseguindo, acabou tocando um Hammond em velocidades diferentes e  teve uma ideia doida: numa época em que edições de som eram feitas com corte e cola de fitas magnéticas, há um trecho em que se ouve o resultado de uma montagem aleatória de centenas de pedaços de fita cortados com tesoura jogados para o alto. Um boato: quando John leu 'Henry the Horse', sabendo que as duas palavras eram apelidos para Heroína, a droga, sentiu que isso era um prenúncio de que deveria escrever a canção. John sempre negou... 

 

4. Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band Reprise (Sgt. Peppers- 1967)

Paul (com John), na pessoa do Sargento Pimenta, anunciam à platéia o final do show, que era a hora de ir embora. Aqui, os quatro Beatles cantam juntos, evento que só ocorreu outras 3 ou 4 vezes.

 

 5. Magical Mystery Tour (Magical Mystery Tour - 1967)

Paul convoca as pessoas (O Grupo) a embarcarem numa Viagem de Mistério Maravilhosa, que vai levar a todos embora.  A canção, claro, abre o filme de mesmo nome, filmado em apenas três dias, sem roteiro, feito para a TV, que foi a primeira idéia que Paul teve, após a morte do empresário Brian Epstein, de overdose de drogas, logo após o lançamento de Sgt. Peppers. O filme se constituiu no primeiro fracasso da carreira dos Beatles, foi muto mal recebido, e tal, mas hoje é considerado importantíssimo para retratar o espirito psicodélico daqueles anos. Um boato: 'Roll up' quer dizer "Inscrevam-se!" mas também é gíria para montar um baseado, então a convocação quereria dizer 'Enrole um baseado e embarque numa viagem alucinante!' Paul sempre negou...

 

 6. Your Mother Should Know (Magical Mystery Tour - 1967)

Paul sugere às pessoas (O Grupo) que elevem seus corações recordando uma canção da época de suas mães.  A canção está na trilha  do filme Magical Mistery Tour e é cantada no momento mais gracinha e menos psicodélico,do filme, numa cena antológica, em que os quatro Beatles descem dançando uma escada em curva enorme e são recebidos por garotas em movimentos coreografados! Vale o vídeo! Até me emocionei ao procurá-lo, para deixá-lo aqui, neste LINK.

 

  7. Revolution (Compacto - 1968 - Double A Side com Hey Jude)

John diz às pessoas de 'esquerda' (O Grupo) que o convocam para uma revolução, que vê que é uma evolução, mas diz que se eles querem destruir coisas, não contem com ele.  Grande, enorme, magnífico hard-rock de John, que seria um Lado A em qualquer outra oportunidade, menos, quando a outra canção em questão é Hey Jude. Quando ele a criou, era em ritmo mais lento, mais blues, mas felizmente podemos ouvi-la pois foi gravada no Álbum Branco, com o nome Revolution 1. Na versão do compacto, sua marca maior é a guitarra extremamente distorcida, que causou estranheza a ponto de alguns compradores acharem que era defeito do disco. Considerada também precursora dos rocks mais pesados. Complementa a obra um magnífico piano elétrico e ótimas palmas, de Paul, George e Ringo. Assim como Hey Jude, teve também um vídeo promocional espetacular, que mostrou que mesmo sem tocar ao vivo, os rapazes ainda estavam bem à frente dos demais! Ali eles trouxeram de volta o Out-In e o Schoo-bee-doo-waa da Revolution 1. Ficou muito legal! Quem quiser ver, está aqui, neste LINK.


8. While My Guitar Gently Weeps (Álbum Branco - 1968)

George alerta: 'Eu olho para o chão e vejo que precisa ser limpo.  E minha  guitarra ainda chora, suavementeEu não sei porque ninguém te disse como revelar seu amor'. 
 'you' e todos os 'you's da letra, na verdade, 'vocês', são direcionados a John e a Paul, que meio que voltaram da Índia meio que afastados de seu guitarrista, estavam assim-assim com a experiência que tiveram, achando que foi meio perda de tempo, e George os critica por não terem captado o âmago das mensagens, aproveitado para crescerem como pessoas, 'I don't know why were inverted,  no one  allerted you' e 'I don't know how someone controlled you, they bought and sold you'. Complicou o clima a pouca dedicação que os dois amigos deram à sua canção, justamente aquela que mostrava como George cresceu como compositor, abrindo caminho para outras duas obras-primas, Something e Here Comes The Sun, no ano seguinte. Então, ele acabou trazendo Eric Clapton para fazer um dos solos de guitarra mais cultuados da história. Não se sabe por que o guitarrista não foi creditado no álbum. O que não impediu que fizessem juntos um show histórico no Japão, quase 25 anos depois, quando Eric conseguiu se superar e sua guitarra ganhou a alcunha 'Psycho Guitar' de seu amigo, ao final da apresentação, ouça o porquê neste LINKuma pena que não há vídeo de qualidade! A força da canção sobrevive até hoje: um vídeo maravilhoso tem uma versão voz e violão incrementada com um arranjo de cordas de George Martin, e uma bailarina que brinca com a letra da música, que sai do papel, e ganha vida num personagem que dança com ela e passa por portas e janelas desenhadas no mundo real, que já foi visto por quase 60 milhões de pessoas. Lindo, lindo, lindo! Deixo aqui o LINK, para seu deleite! E note nele uma letra diferente no último verso, genial. 
I look from the wings at the play you are staging, while my guitar gently weeps
As I'm sitting here doing nothing but aging, still my guitar gently weeps 


9. Blackbird (Álbum Branco - 1968)

Paul diz às garotas negras, ou blackbirds (O Grupo), que mesmo com suas asas quebradas, aprendam a voar, este é o seu momento!  Bird é como os jovens ingleses chamavam as garotas e Paul lembrou do que ocorria do outro lado do oceano, com a luta pelos direitos civis! Quando elegerem uma canção para mostrar como os Beatles estavam começando a se separar, decerto que Blackird é uma candidata prominente. Apenas Paul, seu violão e seus pés, cujas batidas foram captadas e gravadas na oia corr-sedo quecanção. Ah, sim, e o canto de blackbirds. Um conjunto de acordes maravilhoso! Está entre as 10 canções mais regravadas da história. Ah, sim, Paul tem outras 3 nessa lista, sendo Yesterday a campeã. As outras são Eleanor Rigby e And I Love Her.

 

10. Piggies (Álbum Branco - 1968) 

George critica os consumidores ricos (O Grupo), lembrando the little piggies (os pobres) que chafurdam na lama, com a vida cada vez pior!  Magnífica crítica social, com humor satírico da melhor espécie. Em outro trecho da letra, lembra dos 'bigger piggies' com seus colarinhos brancos batendo facas e garfos comendo seu próprio bacon. Adotada pela contracultura de imediato. Sua fama acabou prejudicada porque foi também adotada por Charles Manson, como inspiradora de seus crimes, fazer o quê... Pontuada  por um magnífico cravo o tempo todo, tem um clima absolutamente barroco!

 

 11. Revolution 1 (Álbum Branco - 1968) 

John diz às pessoas de 'esquerda' (O Grupo) que pedem por uma contribuição, mas se o dinheiro é para pessoas que odeiam, eles teriam que esperar Nesta versão, que foi considerada lenta para lançar como single, há três importantes mudanças: 1. Na letra: quando John diz que se o caso é destruição, podem considerar ele fora (You can count me out), ele complementa com um 'Ou não!'  (IN!!!), o que acende uma chama de esperança de poderem contar com ele; 2. No vocal: Paul e George entoam um delicioso 'schoo-bee-doo-wa a schoo-bee-doo-wa'. 3. Nos acompanhamentos: não tem o piano elétrico nem as 'handclaps', mas tem uma sessão de metais. Além disso, John havia concebido a canção com uma longa série adicional, de mais de 8 minutos, de sons aparentemente sem nenhuma relação com o tema, mas que ele considerava parte da Revolução! Imediatamente, viram que não caberia, mas concordaram que se tornasse outra faixa do mesmo disco, que se chamou Revolution 9!!!

 

12. Only a Nothern Song (Yellow Submarine - 1969) 

George reclama dos companheiros compositores da Banda (O Grupo), que não importavam os acordes que tocava, as palavras que dizia, ela era apenas uma canção do Norte!  George sofria porque suas canções não eram levadas muito a sério por Paul e John. Além disso, Northern Songs era o nome da companhia que detinha os direitos sobre as canções, e Liverpool é uma canção do Norte da Inglaterra (Northern), daí o jogo de palavras! E o fato aconteceu com essa própria canção, que ele propôs para Sgt Pepper's em 1967, mas foi considerada muito psicodélica e diferente das demais do álbum. Cá entre nós, era mesmo! Das mais psicodélicas canções dos Beatles! Foi lançada na trilha sonora de Yellow Submarine, uma animação sensacional, o quarto filme dos Beatles!

 

 13. All Together Now (Yellow Submarine - 1969) 

Paul chama crianças (O Grupo) a cantarem todos juntos!  Paul queria fazer uma nova canção para crianças, ao estilo de Yellow Submarine. E fez. Em 1967, mas foi lançada apenas na trilha sonora de Yellow Submarine. Ela aparece acompanhando uma cena do filme, mas os Beatles gostaram tanto da animação que fizeram um filmezinho bem divertido, com eles mesmos atuando no final, acompanhando a canção com motivos do filme. Foi muito simpático. Veja aqui neste LINK.

 

 14. Here Comes the Sun (Abbey Road - 1969) 

George celebra com os compatriotas (O Grupo) o fim de um longo inverno e o retorno dos sorrisos!  Na verdade, ele usa um 'Little Darling' mas  penso que se dirige a todos os saudosos do sol em seu país! De fato, ele começou a escrever a canção (na casa de campo de Eric Clapton) num abril de 1969 que foi o abril mais ensolarado em décadas, antes e depois, e após um fevereiro e março mais frios também em décadas. A inspiração bateu em cheio. A canção tem muuuitas novidades musicais, como a presença de um sintetizador não usado antes, variações em tempos e acordes bastante inovadoras. Acresça-se um rico arranjo de cordas de George Martin, uma bateria inspirada de Ringo, backing vocal de Paul (John não participou por estar se recuperando de um acidente de carro, aliás, onde Yoko perdeu um bebê). Ah, e que não se esqueça das sempre oportunas palmas, que marcam o ritmo maravilhosamente! A recepção à canção foi magnífica, colocando George Harrison, cuja outra contribuição ao disco foi Something, no mesmo nível de Lennon e McCartney! E, para se ter uma ideia da aceitação, vá ao Spotify e veja qual é a canção mais baixada dos Beatles, hoje, 51 anos depois!!

 

 15. Dig a Pony (Let It Be - 1970) 

John celebra a liberdade dizendo a seus amigos (O Grupo) que eles podem fazer o que quiserem, e no caso do trecho escolhido, podem imitar quem vocês quiserem. Bem, o título significa 'Fazer um brinde' mas, mais especificamente, entornar aquele shot de uma bebida forte. Eu escolhi esse trecho porque eu não posso deixar de associá-lo a um recado a Mick Jagger, já que ele começa o verso com 'I-ha-ha-ha-hai roll a stoney' e havia essa fama de que os Stones imitavam os Beatles, e tal. Bem, ao longo da letra ele também incentiva a 'penetrar qualquer lugar que você queira', ou 'você pode irradiar tudo o que você é' e outros, além do refrão que diz 'Tudo tem que ser exatamente do jeito que você quer que seja!'. Aliás, antes disso ele coloca um 'Tudo o que eu quero é você', o que indicaria que ele se referia a Yoko, mas eu tenho a firme convicção de que é uma Group Speech Song! Musicalmente, o riff de entrada é sensacional, tem Billy Preston, companheiro das sessões do Projeto Get Back no piano elétrico, backing vocals perfeitos de Paul e George, e o destaque supremo de fazer parte do set list das canções que foram tocadas no telhado, na última apresentação ao vivo dos Beatles! Não é pouco, não!


Próximos capítulos

13. Neste LINK, comentários e trechos da Classe 'Person’ das Speech Songs

14. Neste LINK, comentários e trechos da Classe 'World’ das Speech Songs

 

4 comentários:

  1. Homerix, como sempre, dando aula perfeita com "traducoes" das musicas para melhor entendimento dos fans dos Beatles. E como fan tambem dos Stones nao acredito que tentassem imitar os Beatles, tinham e tem estilo proprio ateh hoje em dia.

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  2. Um grupo realmente sensacional. Excelentes compositores, cantores, multi-instrumentistas e quando não, um cara bacana cheio de boas atitudes e ideias (isso aprendi aqui no blog). Sem dúvida ao se ouvir as suas músicas, aquele ditado "Tudo tem um fim", pesa.

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  3. Todo este Compêndio é fantastico. Creio que muitos fã-Clubes dos Beatles , mundo afora, não conhecem metade do que está retratado/relatado por ti. Passe tudo para o idioma de Shakespeare e espalhe para estes Clubes.

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  4. É muita dedicação. Se eu tivesse um chapéu eu o tiraria agora para você.

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