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quinta-feira, 25 de março de 2021

Os Lusíadas de Homero

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Não calma, sei que o correto seria
A Odisséia de Homero
ou
Os Lusíadas de Camões
Ocorre que eu li o último recentemente e preparei uma resenha, no estilo adotado pelo poeta português no épico poema, daí, o título!!

Vamos lá?

1
''As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana, 
Por mares nunca dantes navegados. 
Passaram ainda além da Taprobana'
Era o que conhecia do legado
De Camões, de sua lavra soberana.
Era preciso tirar esse atraso,
Debrucei com afinco até o ocaso.

2
Elogie-se do poeta o afinco
Com que o grande épico ele fez:
Verso Um se rima com Três e Cinco
Verso Dois faz igual com Quatro e Seis.
Versos Sete e o Oito irmanam vinco,
São sempre rimados, com altivez.
Inda por luxo findam, (purq’não¿)
O tema elaborado até então!

3
Estrofes bem montadas, mais de 1000,
Distribuídas, fartas, em 10 cantos. 
Entretanto, tamanho corpanzil,
Permitido se foi quebrar o encanto.
A métrica perfeita e varonil
Se quebra algumas vezes, entretanto:
O Um, o Dois e o Cinco formam rima,
E o Três, Quatro e Seis completam o clima.

4
Se há um problema que se apresente
Em luminar e brilhante obra-prima,
Usado é muitas vezes precedente
Que na escrita até parece dar rima
Mas na fala, o som aberto e pungente
Faz par com som fechado que aproxima.
Mas claro que isso tudo é perdoado,
Em obra de tão gigântico fado!

5
A técnica ao declamar tantos fados
Em decassílabos mostra-se espartana.
Logo nos dois primeiros entoados
A métrica lá’shtá, nobre e soberana:
‘As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana’
Nã-Nã-Nã,   Nã-Nã-Nã,   Nã-Nã-Nã-Nã,
Nã-Nã-Nã-Nã,   Nã-Nã,   Nã-Nã-Nã-Nã

6
É Três, Três, Quatro ou Quatro, Dois, Quatro...
São muitas formas de somar-se DEZ
Declamar é integral do teatro.
Ó sílaba, poética que és,
Em ritmo que tanto idolatro, 
Corriges da contagem o viés,
Pois que aqui, a operação da vez
No’é contar como manda o Português.

7
Enfim, terminei longa batalha!
Venci Camões em seu épico poema.
Acabei Os Lusíadas admirando
Sua cultura exemplar e extrema
Pois que em 8 mil linhas versando,
Descreveu muito além do tema,
Além da linda história lusitana,
Geografia bem além da Taprobana.

8
Ele o realizava muito evocando
Deidades mitológicas romanas,
Bem ardilosas, influenciando
Movimentos e decisões humanas,
E o clima e os ventos alterando,
Transtornando as idéias capitanas.
Como acontece em muita epopéia,
Aprendi ao ler a ‘minha’ Odisséia.

9
Começaram muito bem, explicando
Termos, nomes, notas de rodapé,
Mas em breve foram escasseando,
Quando mais me parecia um banzé.
Às vezes me sentia afundando
Até quase não me dar mais o pé.
Na moral, toda estrofe requeria
Um bom parágrafo de tutoria!!

10
Reconheço, portanto que li,
Entendendo, sim, bem menos que tudo.
Muitas coisas, nomes que nunca ouvi, 
Tive que, solene, pular, contudo,
Não cheguei cogitar haraquiri
Por não contar com saber tão agudo.
Compreendia, sim, o sentido geral,
E lá cheguei, muito bem, ao final. 

11
Era o navegador Vasco da Gama,
Que singrou dois oceanos em busca
De aventura, riquezas mil e fama.
Porém, o deus Baco sempre lhe ofusca
Os movimentos, tornando-os drama,
De forma sempre reles e brusca.
Baco quer evitar novas quimeras
A ofuscar outras de priscas eras.

12
Porém, Gama conta sempre ao seu lado
Com Vênus, que em toda sabedoria,
Convence Júpiter, seu pai amado,
Que o bom lusitano, sim, merecia
Sucesso pleno a ele destinado.
Todas tramas de Baco desfazia,
Quer lhe contando das vis traições,
Quer dissipando enormes furacões.

13
Em 10 cantos se divide o poema
No primeiro, vem a Proposição.
Com a apresentação dos heróis e lema.
Em seguida, vem a Invocação
Das ninfas do Tejo, força suprema.
E a Dedicatória ao Rei Dom Sebastião.
Só então a Narração se inicia.
São mais de 1000 oitavas de porfia.

14

E não se pode acusar de linear
O estilo do poeta em sua dança
Pois que começa bem após dobrar
O austral Cabo da Boa Esperança.
E depois de intensamente lutar
Com vários nativos de má lembrança,
Só então, as naus aportam no Quênia.
Em Melinde, eles recebem a vênia.

15
É, na cidade africana, instigado
Pelo curioso soberano local. 
Vasco da Gama conta, de bom grado,
A famosa história de Portugal.
Reis e rainhas, reinado a reinado,
De conquistas, ditoso manancial,
Lutas contra Mouros e Castelanos
Até começar a navegar oceanos.

16
Destaca-se o relato escaldante
Da desventura de Pedro Primeiro
Que teve executada sua amante
Inês de Castro, amor belo e fruteiro,
E seu cadáver coroou, galante,
Um lustro depois do ar derradeiro.
Assim surgiu dito que se reporta
Do "Qu’importa, se agora Inês é morta!"

17
Só então se desenrola o novelo
Da viagem a partir de Lisboa,
Onde o orador Velho do Restelo
Que lhes brama ser mau para a Coroa,
Contrassenso, abandono e desmazelo.
Com furor e alarde ele apregoa
Que aqueles homens fortes qual touros,
Deviam ficar e lutar co’s mouros.

18
Rumo ao sul pela costa ocidental,
Hostilidades de povo agressor,
Fogo de Santelmo fenomenal,
Encontram o gigante Adamastor
Ao contornar o cabo mais austral,
Que Das Tormentas era assustador.
Para o norte, além de brigas, o luto
Por causa de baixas por escorbuto.

19
Em Melinde, a boa prudência incute
Que com Da Gama embarque um prático
Que os leve a salvo a Calicute,
Evitando um caminho errático.
Sua chegada às Índias repercute,
Lhes recebe um povo simpático.
Rei Samorim bem acolhe, mas Baco
Logo aparece para encher o saco!

20
Convence o Brâmane de plantão
Que o que quer Vasco Da Gama é pilhagem,
O Rei prende gente da expedição
Pra lhes retardar a volta, a viagem.
O plano é dar à frota a destruição.
Monçaide, aliado, vê sacanagem,
E revela o vil plano ao Capitão, 
Que logra resolver a situação.

21
Na volta, Vênus protetora os brinda
Co’a parada numa Ilha dos Amores
Cheia de ninfas de beleza infinda,
Amorflechadas p'ra prover favores
Aos cansados navegantes e ainda
Banquete de celestiais odores,
Onde Tétis revela ao Capitão
O bom ‘futuro’ da pátria expansão.

22
E finalmente, Vênus garantiu
Uma volta tranquila aos navegantes.
Não mais do importuno Baco se ouviu,
Não houve mais tormentas torturantes.
Com isso o grande Camões concluiu
A viagem do bravo comandante,
Maior obra da Língua Portuguesa!
Disso você pode, sim, ter certeza!




4 comentários:

  1. Uau! Estou estupefata! Você me fez entender Camões!!!!!!!!!!!!! Preciso de um tempo pra rever com calma essa emulação. Parabéns, amigo!

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  2. Uauuuu também. Que viagem fiz agora. Quanto saber. Parabéns👏🏻👏🏻👏🏻

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  3. CAMÕES bem explicado só pode ser por Homerix ainda por cima em versos ao estilo do grande poeta épico português.Gerson Braune

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