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"Quando vi Pelé jogar pela primeira vez, tive vontade de pendurar as chuteiras." (Just Fontaine, francês, maior artilheiro em uma Copa do Mundo)
"A diferença entre eu e Pelé? Fácil. Eu fui craque e ele é gênio." (Leônidas da Silva, o 'Diamante Negro')
"Pelé trata a bola por você. Já a bola o chama de Vossa Excelência." (Didi, brasileiro, melhor jogador da Copa de 1958)
Essas são as quatro frases que encabeçaram a primeira de uma série de cinco reportagens que O Globo publicou, de 23 a 27 de outubro de 2010, quando Pelé, o Rei do Futebol, o Atleta do Século XX, completou 70 anos de idade.
E não vou aqui ficar me debulhando em textos e estatísticas, posto que isso será por demais explorado nas citadas reportagens e com certeza, em tantas outras, de revistas, rádio e TV, ao longo da semana. Quer dizer, fico apenas em uma estatística, umazinha só: ele fez uma média de 0,93 gols por jogo ao longo da carreira, graças a 1284 gols em 1375 jogos. Precisa mais?
As outras frases que vieram nos 4 dias seguintes:
"Nice to meet you. I'm Ronald Reagan, and you need no introduction."
"Cheguei com a esperança de parar um grande jogador, mas fui embora convencido de que havia sido atropelado por alguém que não nasceu no mesmo planeta que nós."
"Eu sou o maior artilheiro da história do Santos; Pelé não conta, ele veio de Saturno."
Falando em frases, cito duas proferidas por ele, que foram muito criticadas na época de sua declaração, mas que hoje fazem todo o sentido.
"Pelo amor de Deus, não vamos tripudiar sobre ninguém. Há coisas mais importantes para a gente pensar. O Natal está aí mesmo. Pensemos nas crianças pobres. Pelo amor de Deus olhemos por elas” (Pelé, chorando, logo após marcar o 1000º gol, no Maracanã)
Ele foi chamado de demagogo. Já imaginou se, desde 1969, o governo tivesse cuidado realmente, como deveria, das 'criancinhas', no sentido amplo de educação, saúde, segurança? Certamente não estaríamos como estamos...
"O povo brasileiro não sabe votar." (Pelé, em plena época da ditadura, quando votar não decidia quase nada.)
Ele foi chamado de antidemocrático. Nem precisamos explicar a sapiência dessa frase, já quase cinquentona, vide as últimas eleições, em que se elegeram fichas sujas como Garotinho e Maluf, ou palhaços como Tiririca, e não vou nem falar dos dois últimos presidentes. Ou, para fixar regionalmente, mais especificamente no Rio de Janeiro, que vem de quase 40 anos de péssimos governadores, com pouquíssimas exceções...
Ainda na linha desses dizeres polêmicos, não posso deixar de lembrar-me desta:
"O Pelé calado é um poeta." (Romário, ao comentar a declaração do Rei, de que deveria se aposentar, em 2006)
É um caráter acima de qualquer suspeita? Não! Teve suas falhas, como por exemplo, a resistência em reconhecer a paternidade de uma filha, o que foi feito apenas judicialmente. Mas se for considerado o conjunto da obra, difícil encontrar algo parecido. Nunca bebeu, ou fumou (nem fez propaganda de fumo ou bebida), ou usou drogas de qualquer espécie, fossem estimulantes ou alucinógenas. Atleta exemplar, físico perfeito. Sempre foi um exemplo.
E ficando apenas no futebol, será sempre lembrado pelos gols que fez, como todo artilheiro, mas como nenhum outro, será venerado até pelos gols que NÃO FEZ (ver aqui neste link), como os maravilhosos lances da Copa de 1970, como o chute do meio de campo contra a Tchecoslováquia, ou o estonteante drible sem bola sobre o goleiro Mazurkiewicz do Uruguai.
E, por favor, não me venham com comparações com qualquer outro, muito menos Maradona. Entristece-me testemunhar enquetes via internet apontando o argentino como o melhor jogador da história e, pior ainda, ver muitos jovens brasileiros admitindo isso. Peço que vão aos livros, às histórias, ou mesmo aos DVDs já existentes, como 'Pelé Eterno' ou 'Isto é Pelé', este um pouco mais antigo. Vejam os números, as opiniões de quem o conheceu.
Como diz um amigo meu, pelamordideus!!
Eu, sendo Santista duas vezes, nascido e torcedor, não poderia deixar passar esta ocasião em branco; eu, que sou velho o suficiente para me orgulhar de ter ouvido o barulho do pisar das chuteiras reais, muitas vezes, no gramado da Vila Belmiro. Inclusive estive presente à sua última vez, em 2 de outubro de 1974, jogo contra a Ponte Preta, quando, no meio do primeiro tempo, ele recebeu a bola no centro do gramado, pegou-a com as mãos, ajoelhou-se, abriu os braços, e girou às quatro linhas do gramado, agradecendo a todos. (se fosse hoje, teria levado cartão amarelo...)
Após a interrupção do jogo, com volta olímpica, a última descida ao vestiário do Rei, e a entrada do seu reserva, o time campineiro cobrou a falta.
Sim, o último lance de Pelé, no Brasil, foi uma falta, mão na bola.
Fosse hoje, teria levado cartão amarelo.....
Abraço
Homero Sempre Com Pelé Ventura