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Uma falha de minha cobertura blogueira é falar pouco sobre um ídolo de minha infância, e depois da adolescência e depois da vida adulta e depois da memória eterna, pois ela morreu. Sou do tempo de 'O Fino da Bossa' e de outros programas noturnos da Record, e da Jovem Guarda aos domingos, da década de 1960, com que o público paulista era brindado... parece que o povo do Rio não ligava muito pra música, ficava meio ao largo dessa revolução, enfim. Até fiz um post sobre o ótimo filme que fizeram sobre ela, em que preservaram sua voz, ajudado na perfeita mímica da atriz, mas nunca dediquei umas palavras à maior cantora brasileira, ainda não superada.
O fato é que eu acompanhei os festivais, e vi aquele ventilador humano de cabelo comprido com fivelas, cantando 'ei, tem jangada no mar ... ei ei ei, hoje tem arrastão!", e via as maluquices de Jair Rodrigues com ela, tudo era muito sem LP em casa, mas com muita televisão, muito 'upa neguinho pra lá e pra cá', enfim, mas o primeiro disco que lembro de ter foi 'Ela', já em 1971, com a impressionante extensão vocal atestada em 'Black is Beautiful'... e mais tarde fui abençoado com a oportunidade de assistir a 'Falso Brilhante', no teatro, e acompanhei os 'fracos' compositores que ela lançava, ou promovia, como Edu Lobo, Marcos Valle, Belchior, João Bosco, Renato Teixeira, Ivan Lins, Milton Nascimento, Chico Buarque, Gilberto Gil, Tom Jobim ou, traduzindo, 'Arrastão', 'Eu Preciso Aprender A Ser Só ‘, 'Como Nossos Pais', 'O Bêbado e o Equilibrista', 'Romaria', 'Madalena', 'Maria, Maria', 'Atrás da Porta', 'Ladeira da Preguiça', 'Águas de Março' (na melhor versão de todos os tempos em dueto com o gênio), coisa pouca, enfim, e falando em extensão vocal, não se pode esquecer de 'Para Lennon e McCartney', deixei o link aqui pra você, não deixe de ouvir, e por aí foi, até que me afastei um pouco, com a faculdade e ao começar minha vida profissional, a tragédia, que perda... não houve sucessora ... segue sendo a rainha!
É naquele momento de tragédia nacional, e de como era sua aversão a drogas até pouco tempo antes, que João Marcello, filho dela com Ronaldo Bôscoli, começa seu livro 'Elis e Eu', onde ele se utiliza apenas de suas memórias, como filho de sua Mãe, com maiúscula mesmo, que é como ele sempre se refere na escrita, para ressaltar a super-Mãe que ela foi, também de outros dois filhos, Pedro e Maria Rita, do grande César Camargo Mariano. Foram muitos os momentos em que me emocionei, me arrepiei, e mesmo lacrimejei, ao longo das menos de 200 páginas do livro... a começar pelo prefácio, de Rita Lee que sempre agradeceu a Elis como a única do meio artístico a visitá-la, na cadeia, aonde estava, grávida, visita que João Marcello se lembra perfeitamente, pois foi com sua Mãe. Rita disse que se soubesse do estado de espírito do menino, teria levado ele pra criar...
Então, o que se lê são apenas as lembranças dele em seus 11 anos de vida com ela, sem consultas ou números da carreira, do pai ausente (na verdade, 'ausentado' pela Mãe por continuar tendo vida de solteiro, mesmo casado), do maravilhoso padrasto, da chegada dos irmãos, ambos queridos, das viagens para gravações, da relação com os instrumentistas, das lições que recebia da Mãe por ser tão sapeca.... a última delas, expulso de casa, tipo assim, dormindo em colchão no corredor, só entrando pra comer e tomar banho, por vários dias, por ter passado o fim de semana na casa de um vice-governador corrupto, mesmo com toda a recomendação que ela lhe dera. Caramba! E lembrou, claro, dos anos de chumbo, pois que eram monitorados pela ditadura!
Descreve também o aumento gradual da admiração pela Elis, que foi aprimorada por testemunhar o respeito que as pessoas tinham por ela, a atenção que os instrumentistas lhe davam, os testemunhos de como sua voz não falhava, e depois o cortejo e comoção na época da grande perda, o que foi confirmado em sua vida de produtor, quando remasterizou quatro LP's dela e via que ela precisava de apenas do primeiro take em 7 de cada 10 músicas, uma eficiência ímpar. E ele diz isso do alto de sua carreira de produtor (dono da Trama) que vendeu mais de 3 milhões de discos de seus artistas produzidos.
Leitura rápida, reveladora e tocante!
Recomendo!
Então, o que se lê são apenas as lembranças dele em seus 11 anos de vida com ela, sem consultas ou números da carreira, do pai ausente (na verdade, 'ausentado' pela Mãe por continuar tendo vida de solteiro, mesmo casado), do maravilhoso padrasto, da chegada dos irmãos, ambos queridos, das viagens para gravações, da relação com os instrumentistas, das lições que recebia da Mãe por ser tão sapeca.... a última delas, expulso de casa, tipo assim, dormindo em colchão no corredor, só entrando pra comer e tomar banho, por vários dias, por ter passado o fim de semana na casa de um vice-governador corrupto, mesmo com toda a recomendação que ela lhe dera. Caramba! E lembrou, claro, dos anos de chumbo, pois que eram monitorados pela ditadura!
Descreve também o aumento gradual da admiração pela Elis, que foi aprimorada por testemunhar o respeito que as pessoas tinham por ela, a atenção que os instrumentistas lhe davam, os testemunhos de como sua voz não falhava, e depois o cortejo e comoção na época da grande perda, o que foi confirmado em sua vida de produtor, quando remasterizou quatro LP's dela e via que ela precisava de apenas do primeiro take em 7 de cada 10 músicas, uma eficiência ímpar. E ele diz isso do alto de sua carreira de produtor (dono da Trama) que vendeu mais de 3 milhões de discos de seus artistas produzidos.
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