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quarta-feira, 24 de junho de 2020

10 anos sem Leilane


Há 25 anos, por intermédio de um amigo comum no trabalho, conheci Arnaldo, um bom sujeito, que depois aprendi ser nascido no mesmo 4 de janeiro que eu, taí uma boa razão pra ele ser um bom sujeito (HeHeHe). Outras razões, gosta (e entende) de cinema e futebol, apesar de não ter lá muito bom gosto na escolha do time. E tem uma família linda! Entre altos e baixos no nosso relacionamento (alguns desentendimentos desnecessários) e na saúde (o coração dele quase pregou-lhe uma peça), temos uma amizade firme.

Ao longo desse tempo, eram inúmeras as vezes em que ele mencionava uma amiga, que sempre comentava sobre cinema. "Almocei com a Leila...", "Recebi um e-mail da Leila ...", "A Leila me telefonou pra comentar ...", enfim, era Leila pra lá, Leila pra cá, até que, em 2006, ele nos colocou em contato por -, e aí eu descobri tratar-se de uma Leilane.

Começamos um relacionamento virtual triplo, via e-mail, que rendeu bons momentos, boas gargalhadas, ricos comentários e, claro, profícuas listas de melhores filmes de todos os tempos, e atores, atrizes, diretores, e também por gênero, comédia, drama, ficção, aventura, enfim.

Num belo dia, Arnaldo resolveu que era hora de promover um almoço triplo, de forma a podermos conversar ao vivo sobre os mesmos assuntos e outros. Esses almoços se repetiram, à razão de dois ou três por ano. E aí conheci, além de seu lado cinéfilo, seu lado filantrópico, pois trabalhava como voluntária no INCA, desenvolvendo um belo trabalho, com o qual pude contribuir.

Estava na agenda dela, para algum dia de junho de 2010, mais um memorável almoço com a gente, entretanto, neste almoço ela não compareceria. O coração lhe pregara uma peça, esta definitiva, e tirou Leilane de nosso convívio, aos 50 anos de idade, em 31 de maio.

Até aquela data, eu contabilizei, entre recebidas e enviadas, em torno de 600 mensagens 'de' e 'para' Leilane, sendo, claro, o cinema, assunto primordial.

Desde então, tem sido meio sem graça a vida cinéfila sem ela.

Num belo dia de janeiro de 2011, por exemplo, na reunião com meu chefe Alexandre, um gênio corporativo, rolava um papo sobre o filme 'A Rede Social', pois ele achava que era um bom exemplo a aplicar-se ao trabalho, a visão do 'Modelo de Negócio', a guinada, o novo, o audacioso, enfim, só ele mesmo pra enxergar uma correlação de um filme de Hollywood com o nosso trabalho. Enfim, o fato é que em um dado momento ele mencionou: "E ganhou o Globo de Ouro!"

Na minha cabeça desencadeou-se então uma série de lembranças.
... como assim, o Globo de Ouro já foi? 
... e eu nem soube  ...
... ah, se Leilane estivesse aqui, eu e o Arnaldo já teríamos sabido de tudo, dos candidatos a Melhor Comédia/Musical ou Drama, atores e atrizes, melhores séries de TV, já teríamos discutido as perspectivas em inúmeros emails, e claro, já teríamos sabido que no domingo, haveria a festa e ...
... àquela altura da reunião, eu e Arnaldo já teríamos recebido um email com comentários, protestos ou celebrações, indignações e expectativas de ver os filmes que ainda não vimos, e, principalmente, já marcaríamos o próximo almoço em que versaríamos sobre tudo aquilo, enfim, que falta ela faz...

E ainda veio o Oscar, ponto máximo de dedicação cinéfila de Leilane.

Ela não conheceu minha fase blogueira. Aliás, ela foi uma das grandes incentivadoras a que eu tomasse essa iniciativa. E era um comentário certo que eu teria em meus posts sobre o assunto, que já tem mais de 100 entradas. Como ela já fazia em minha fase email.

Mas é isso!

Hoje, completa-se 10 anos de sua partida, e 'celebraremos'  sua memória, e muitos de seus muitos amigos, com missa e chopp. Ao último não comparecerei devido a estar em tratamento...



A foto abaixo foi-nos presenteada em um dos encontros que tivemos nestes 24 meses, por seu marido José, um cara super-legal, que eu somente conheci no enterro. Mas não ele a mim, ele fez questão de dizer, já que Leilane sempre comentava com ele das conversas que ela tinha comigo e com Arnaldo. Ali, ele nos disse também que sabia do nosso próximo almoço, onde e quando, pois havia visto na agenda dela, algumas horas antes...


Eu e Arnaldo estivemos lá na hora e local marcado para lembrarmo-nos dela, com a cadeira vazia ....



Salve Leilane!

9 comentários:

  1. Òtimo Homerix... recordar é realmente viver... bom termos bons amigos, realmente amigos, que tem algo em comum com a gente, em determinado assunto, com que podemos trocar idéias, realmente numa sincera troca, em passo as minhas e fico com as suas, ou enriquecemos as nossas conjuntamente juntos... É a tal tal da empatia, definida, não sei aonde lí.. que é a "relação harmônica entre duas pessoas"... gostei, fixei e marquei em minha memória .É lindo esta sintonia que tiveram com Leilane, e o que é muito importante, os respectivos conjugues, possivelmente não se sentiram preterido, muito menos teaseados pelo "ciúmes"....
    Paulus adorou esta locução.

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  2. Homerix, muito legal a sua homenagem à Leilane! Depois comentamos mais!!! Minha sugestão: repetirmos o gesto no mesmo local no dia 8 de junho, como me parece era o dia combinado em 2010. Abração, AC

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  3. Dizem que a saudade ameniza com o tempo, não comungo muito dessa opinião. No caso Leilane era realmente unica. Na minha vida ela tem inumeras participações, todas de uma maneira bastante leve e discreta, sem cobranças ou sobressaltos.Nosso relacionamento nos ultimos anos atingiu a plenitude, não era necessario nem nos vermos para sabermos que estariamos ligadas pra sempre. Acho que é por isso que continuo em um eterno e longo papo com minha querida e gde amiga Leilane.

    Eramos cumplices desde muito pequenas. Homero, temos uma gde amiga em comum, isso e um bom começo para varios e varios papos e rememorações. Liesel

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  4. Antes de mais nada, não tenho palavras para lhe agradecer pela bela homenagem prestada à Leilane! Fiquei muito emocionado e sensibilizado ao ler sua história com ela. Não deu para segurar a choro!

    Este último ano foi o mais difícil que vivi, pois fiquei sem ela depois de quase trinta anos juntos. Mas é muito bom saber que ela teve e nós ainda temos verdadeiros amigos como você.

    Grande abraço

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  5. Luciano Marques Ribeiro5 de junho de 2011 às 12:20

    Homero
    Linda e emocionante homenagem a Leilane.
    LMR

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  6. Me emocionei ao ler o blog. Tanto que não pude deixar de registrar isto.

    Kazuo

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  7. Mariângela Góes HOMERIX! CADEIRA VAZIA, SERÁ? SUA AMIGA É DAQUELAS QUE QDO OLHAMOS NOS APAIXONAMOS, COMO SE FOSSE UM REENCONTRO DE ALMAS. LEILANE É DAQUELAS PESSOAS, QUE AO OLHARMOS, TEMOS A NÍTICA IMPRESSÃO QUE JÁ NOS CONHECEMOS E PERGUNTAMOS TB SORRINDO,COM RECIPROCIDADE. NÓS JÁ NOS CONHECEMOS? PARECE QUE SIM! rs.

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  8. Homero, como eu já havia comentado ano passado, realmente linda homenagem, que não custa nada repetir...O retrato dela continua me olhando todos os dias, o que pode até me dar saudade e tristeza em alguns momentos (como no último dia 31), mas, decerto também me dá MUITA FORÇA! Pena não termos podido almoçar na 5a.f nem termos ido à missa pelos dois anos de sua despedida de nós...Mas mesmo assim, continuamos a celebrá-la a cada dia...Depois comento o MIB 3 (ela adorava o WS, o "J" - quem não adora, né ?! e também o "K") e também agora o "O"...Com certeza, iríamos ter muito a comentar sobre o filme. Que saudade !!! Abçs, Arnaldo

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  9. Ah, by the way: não lembro se repetitivo, mas obrigado pelo "bom sujeito" - espero que seja um elogio sincero, apesar do trecho seguinte: "...taí uma boa razão pra ele ser um bom sujeito (HeHeHe)..." rs rs rs - só pra descontrair, diante de uma falta tão grande que ela nos faz...Saudações Vascaínas (aliás o time dela também)- Arnaldo

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