-

quarta-feira, 25 de maio de 2011

10, Nota 10

Aquela preocupação com a qualidade do som, que senti durante o pré-show esvaneceu-se aos primeiros e desconhecidos acordes de 'Hello Goodbye'.

Que som perfeito!

Tanto que adotei política diferente do show de SP, quando cantei a plenos pulmões quase todas as músicas. Neste, fiquei mais calado, ouvi e me encantei, muito mais que cantei. Maravilhoso! Teve uma hora em que meu amigo como que reclamou: "Eles aumentaram o som!". E eu disse:"Que ótimo!"

Vamos então às novidades do repertório em relação ao Meu dePAULimento (link) de SP, entre ausências e presências (porque não este neologismo?).

Dentre as novas experiências vividas por este seu amigo beatlemaníaco, duas da época da Beatlemania:
1. 'And I Love Her', que estava no primeiro disco que ouvi dos Beatles, os Reis do Iê Iê Iê, em meus tenros e rechonchudos 6 aninhos...  Paul ao violão em uma canção romântica, que mostrava em sua letra um pouco daquela noite:

Bright are the stars that shine
Dark is sky
I know this love of mine
Will never die.

Afinal, os primeiros dois versos homenageavam estrelas de várias grandezas que brilhavam naquela noite linda, iluminando uma outra estrela, de primeira grandeza, que nos brindava no palco à nossa frente. E os dois últimos  versos retratavam a relação que eu e a maioria dos ali presentes, temos com nosso ídolo...
2. 'I've Just Seen A Face', uma música do Lado B do álbum 'Help', pouco conhecida fora do círculo beatlemaníaco. Quando ela começou, Neusa, que a ouvia pela primeira vez, lembrou-se de um outro clássico do momento, 'Cadillac', da banda do momento, Los Bife (HeHeHe). Conhece 'Cadillac'? Esta é a hora (música 2 deste link):
http://blogdohomerix.blogspot.com/2011/02/los-bife-retorno-em-grande-estilo.html

Foi interessante, pois nunca eu havia identificado aquela música beatle como country ('Cadillac' é um clássico country), e, realmente, a levada é country. Uma descoberta, pra mim!

Agora, as ausências, uma sentida, outra festejada:


1. Ausência Sentida: ele não cantou 'My Love', um dos maiores clássicos de sua carreira solo, que ele cantou durante toda esta excursão durante 2010, inclusive São Paulo. Motivo, não declarado, minha opinião: Paul ficou noivo de Nancy Shevell um pouco antes de partir para a fase 2011. Devo admitir que ia ser estranho para Nancy ouvir, em todas as línguas, aquela introdução que ele fez aqui em português: "Esta música eu fiz para minha gatinha Linda!". Enfim, talvez ela aceitasse se ele não fizesse introdução nenhuma, a coisa mudava de figura...
2. Ausência Festejada: o povo carioca, ou melhor, o povo que estava presente no show do Rio, no domingo, NÃO ACOMPANHOU COM PALMAS a canção 'Here Today', uma tocante homenagem de Paul ao amigo John, como havia acontecido no show de São Paulo. Reclamei muito desse comportamento em Meu de PAULimento, e Paul também, dizendo algo como "I like clapping ... in the right time".  Tivessem batido aquelas plamas ridículas, e teria se esvaído o clima para um momento tocante: um amigo  (HH) que estava na pista Prime, me contou que seu filho de 20 anos e outras dezenas de jovens e não assim tão jovens ao seu redor soluçavam, em variados níveis, do fungar do nariz com olhos marejados ao choro compulsivo com torrentes de lágrimas. Impressionante! Pessoas comuns demonstrando sua saudade de John, tocados pela linda declaração de Paul: I love you! Um pouco mais sobre esta linda canção em
http://blogdohomerix.blogspot.com/2010/02/here-today-beatles-trivia.html

Pois é... novidades pararam por aí, no quesito musical, afinal todas as outras canções eu já havia ouvido em São Paulo. Em São Paulo ele foi mais bondoso: foram 37 canções, e aqui, 34, sendo 23 da época dos Beatles. 

No quesito emoção, as novidades foram muito mais adiante. As falas em português foram mais ou menos as mesmas, às vezes adaptadas ao Rio: 'Aí, galera.'. 'vocês são maravilhosos' ... 'tudo bem, tudo ótimo' ... 'vou falar português ' ... 'agora só os homens', 'agora só as mulheres', 'agora continuem as mulheres', enfim, nada de novo, apenas a eterna simpatia e o esforço em pronunciar bem os 'erres' e 'esses'.

Primeiro, um voto de louvor à minha própria decisão de ver o show de cima, ao invés da opção Prime de São Paulo, quando pude ver até as poucas rugas de Paul. Agora, na arquibancada superior, eu não senti o calor e o impacto das bombas que estouram em 'Live And Let Die', mas vi o espetacular espetáculo de fogos de artifício por trás do palco, e a eletrizante movimentação das imagens nos telões, duas coisas que eu pouco percebi em São Paulo, ali de cara para o palco.

Além disso, eu pude ver, lá de cima, o efeito do público, sua movimentação como um todo, como ele ocupava todos o espaços, como ele cativava o cantor com coreografias inusitadas. A melhor delas foi na canção 'Hey Jude', que termina o show, antes dos super esperados e mais que manjados retornos, para cantar mais sete músicas. Nesta que é uma das melhores, e seguramente a mais cantarolada das músicas dos Beatles, por causa do longo NaNaNa, o povão caprichou, e emocionou nosso astro. Primeiro com os balões, coloridos, que voaram no exato instante do berro após o sétimo 'better', que antecede o NaNaNa. Depois, com o alçamento de milhares de folhas, um pouco maiores que A4, com as letras N e A, durante a performance do NaNaNa, que foi comandado por um Paul de pé, falando português muito bom. O efeito visual foi mais que perfeito. E reconhecido por Paul, que colocava as mãos na cabeça, incrédulo, falava 'Beautiful' incontáveis vezes.


Outro fato muito marcante, para nós que fomos juntos assistir ao show da arquibancada, foi meu amigo HH que estava na pista Prime, que mencionei lá em cima. Ele foi com seus três filhos. Intencionalmente ou não, ele colocou uma camisa amarelo berrante, de mangas compridas, e intencionalmente, com certeza, postou-se bem ali perto do palco, a sete cabeças do fosso que separava o povo do palco. Nossa amiga reconheceu-o no telão, uma, duas, três vezes, quando as câmeras mostravam o público ali de perto do palco. E nós, os outros, não pegamos, até que a partir da 3ª vez, ficamos atentos, e finalmente conseguimos uma 4ª, uma 5ª, uma 6ª vez, acho que o vimos umas 20 vezes. A câmera parece que grudava naquela figura de cabeça branca, camisa berrante, dançando como um menino. E ele nem beatlemaníaco é. Foi uma atração à parte para nós, e motivo de tremenda gozação e papo nos dias seguintes. Segundo HH, foi uma questão de charme, magnetismo pessoal e beleza, os fatores que atraíam a câmera em sua direção. O amigo  MM que estava comigo disse que na verdade, o que atraiu foi o fato de ele ser o único a fazer sinal de Paz e Amor com as duas mãos levantadas, em meio a uma multidão jovem que nem sabe mais o que é isso. Veja aqui:



Depois, ficamos sabendo de mais uma história interessante deste meu amigo. Seu filho mais novo não conseguia ver nada, o pai tentou colocá-lo no cangote, foi educadamente vaiado, desistiu da idéia, mas senbilizou um outro pai que estava na mesma situação mais na frente, que chamou-o para ficar ali, em melhores condições. 
  • Melhor que isso, o pessoal da organização ao ver os dois meninos prejudicados, chamou-os para ficarem sentadinhos ali no fosso!!! E eles assistiram ao show inteirinho, sem nenhum obstáculo até seu ídolo, a mais espetacular 'unrestricted view' de todos os tempos. 
  • Melhor que isso, Paul deu um tchauzinho pra eles (nós víramos o tchauzinho lá do telão). 
  • Melhor que isso, Paul jogou uma palheta sagrada para cada um deles.
Quer mais? Não, impossível, melhor não podia!!


O fato é que Paul McCartney ficou verdadeiramente emocionado. No segundo show, segundo me contou aquele meu outro amigo RR, aquele dos 5.000 discos beatle, e que foi nos dois dias, ele estava mais à vontade ainda, mais confiante, sabendo-se dominador e dominado por aquele público cativante. Chegou a bater no peito e dizer "Carioca"!!

Ele estava feliz como pinto no lixo (como se eu já tivesse presenciado  um pinto feliz no lixo...). Quando 'Mrs. Vandebilt' acabou, o povo continuou cantando o refrão pulando, Paul acompanhou com a voz, depois pegou o violão de novo e começou a tocar, e depois a banda toda acionou seus instrumentos novamente. Uma festa!

Em um outro momento já esperado, quando ele diz que vai falar português, ele não termina a fala decorada e diz: "I'd rather just look to you all", como que querendo registrar na memória uma imagem daquele povo que o recebia tão bem. Se havia ainda alguém presente indiferente àquele bolodoro, certamente deixou de ser e definitivamente apaixonou-se por ele. Paul ganhou, naquele momento, o resto da platéia!



 E ainda realizou o sonho de quatro garotas, que estavam ali na frente. Uma delas segurava um cartaz dizendo apenas 'Hug'. Foi uma demonstração de carinho, Paul abraçou uma a uma, duas delas chorando copiosamente, duas só um pouquinho, uma delas até levantando o astro no abraço.

No dia seguinte, Paul deu entrevistas para um site inglês, dizendo o que sentiu com o NaNaNa, que foi muito emocional, elogiou os fãs que tiveram o trabalho de se organizarem. Também 
registrou o prazer de sua visita ao Rio em seu próprio site. Não há nada parecido no site sobre as visitas a Peru e Chile recentemente ou à Argentina no ano passado.

O Rio de Janeiro entrou para a história de Paul McCartney, mais uma vez! Se ele já elegia o Rio como o ponto alto de sua carreira solo, pelo show do Maracanã, agora o Engenhão entra na linha também, sem dúvidas. 

Acho até que caberia uma moção à Câmara de Vereadores da Cidade do Rio de Janeiro, que em vez de comprar veículos de luxo, propusess a concessão a Sir Paul McCartney, do título de cidadão honorário da cidade!!


Em resumo:

10, Nota 10 
Para usar uma expressão de um carioca ilustre
(... safado, mas ilustre)
Para Paul McCartney
E para seu público carioca!










4 comentários:

  1. ... e nota 10 para a sua resenha também !!!!!
    Ricard Loureiro

    ResponderExcluir
  2. Homero

    Como complemento ao seu excelente texto, gostaria de lembrar as 3 últimas palavras ditas no microfone pelo carioca Paul, para todos nós ouvirmos, imediatamente antes de deixar definitivamente o palco do 2º show no Rio:

    "ATÉ A PRÓXIMA"

    Já começamos a contagem regressiva.

    Finalizando: Que cara de sorte é este seu amigo de camisa amarela berrante, hein.

    ResponderExcluir
  3. Antes tarde do que nunca........
    Homerix. homem de afortunada sorte... que soube idealizar, vontalizar ( esta é minha) e REALIZAR, com saboreio por todo o seu tempo/ imaginação.
    Paulus

    ResponderExcluir
  4. Como gostei de ler seu texto. Fiquei me sentindo lá no Rio! Olha, Paul gostou mesmo. Falou sobre esse show algumas vezes.
    Adorei a hisória do HH...Pois é, foi pelo carisma sem dúvida...Mas pode ter sido pelo sinal de Paz e Amor tão apreciado ainda hoje por Ringo. E Paul também costuma usá-lo como usa o simbolo dos anos hippie. E uma vez hippie hippie para sempre.
    Os menininhos que acharam um bom lugar. Maravilhoso. Gosto de ler esses detalhes que passam desapercebidos para muitos..e não devia porque dão sabor extra.

    ResponderExcluir