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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Noé Possível - O Retorno

Em maio de 2010, as enchentes no Rio motivaram a mensagem do link abaixo, que chamei de Noé Possível.
Menos de um ano depois, essa tragédia da Serra Fluminense. Mais uma lição cristã, com Deus punindo a humanidade?

Entre ações que podemos fazer, a nosso alcance, somos bombardeados por imagens da TV e relatos tocantes, de sobrevivência, ajuda, voluntariado, em meio a total falta de condições, coordenação, e colaboração do tempo, pois segue chovendo.... além de uma sucessão de helicópteros pousando com víveres e voltando com cadáveres... no momento em que escrevo, foi divulgada a morte nº 666 ...  a primeira da cidade de Bom Jardim ... infelizmente virão mais, entre as centenas de desaparecidos.

Eu estava na esperança que não se repetissem os roubos às doações vistos em tragédias pretéritas, e agora ouço falar em uma nova modalidade: casas comerciais das cidades afetadas cobrando ágio de 200% aos moradores. Falta de valores, civilidade, honestidade.

O Fantástico deste domingo selecionou três histórias de sobrevivência impressionantes: de um homem de 42 anos soterrado por 16 horas, de um pai com seu filhinho de menos de um ano, e de um menino que sobreviveu a um percurso de 4 km, levado pela enxurrada, em meio a paus e pedras.

Todas tocantes, mas a que mais ficará na memória é a segunda: o pai que acumula saliva na boca, para passá-la ao filho e mantê-lo vivo, e já sabendo que a esposa e a sogra estavam mortas. Veja como foi: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1412543-7823-PAI+SOBREVIVE+A+TRAGEDIA+E+MANTEM+FILHO+VIVO+DEBAIXO+DE+ESCOMBROS,00.html

Você pode imaginar a ligação que terão essas duas criaturas pro resto da vida, ainda maior que a ligação entre pai e filho, ainda mais sabendo-se sós, sem esposa e mãe, que se foi.

E os culpados?

Vemos os números da Austrália, onde choveu 5x mais e morreu-se 10x menos. E por mais que a força das águas tenha sido descomunal, e que nem todos os vitimados estavam em ocupações irregulars, não há como não imputar-se as responsabilidades a que se deve imputá-las.

Poupo-os da verborragia deste blogueiro no assunto, e encaminho um post que recebi hoje,de um outro, com um artigo de Ricardo Young


Uma pergunta: que mais calamidade pública o governo do estado precisava para declarar estado de calamidade pública nos sete municípios? Demorou cinco dias!!! Agora, as municipalidades ficam dispensadas de processos de licitação, dado o caráter de urgência. Se essa dispensa for usada para o bem, tudo bem, mas aí pode aparecer aquela falta de valores, civilidade, honestidade ...

Ironia: o governo promete um plano de emergência para alerta e prevenção de desastres ... pra daqui a 4 anos .... ah, bom!!!

Ironia final: parte da doação que fiz foi de água mineral, da marca Petrópolis...


Enfim, seguimos atentos...

Homero Seco e Bem Ventura

Um comentário:

  1. Homero, concordo com as críticas sobre a inépcia do governo do Estado em toda essa história, embora também penso que esse quadro seja histórico em nosso estado. Quanto aos investimentos em prevenção também não é nosso forte, talvez porque seja caro e porque se trata de trabalhar com hipóteses que sempre perdem prioridades para os milhares de problemas reais que sempre temos. Creio, na verdade, que essa é a principal raíz de nossos problemas, a falta de planejamento devido a uma visão curta de nossos gestores. Ou seja, estamos sempre "vendendo o almoço pra comprar o jantar", uma urgência constante, contínua que nos ofusca e nos impede de evoluir. Resultado: estamos sempre mal alimentados.

    Darwin.

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