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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Chile Fuerte!

(3ª breve crônica sobre breve viagem ao Chile)


O Chile não não é um país de petróleo.  O país produz apenas 13% de suas necessidades de óleo e gás. Importa o resto.

Mas é um país desenvolvido, com baixíssima taxa de analfabetismo, tem grau de investimento segundo as agências classificadoras, atrai muito investimento direto externo. Tem uma economia de mercado,  não-intervencionista nem quando deveria, uma dívida líquida negativa, portanto alta capacidade fiscal. Quer mais? É o melhor país da América Latina em índice de desenvolvimento humano, competitividade, qualidade de vida, globalização, liberdade econômica, há baixa percepção de corrupção e tem índices baixos de pobreza. Pra coroar esses índices todos, o Chile é, desde maio de 2010 , o primeiro país sul-americano a aderir à OCDE. O país mantém acordos de Livre Comércio com China, Coréia do Sul, EUA, Comunidade Européia etc. Não tem terrorismo, nem grupos radicais.

Que mantiene Chile tan fuerte?

Bem tudo é muito ajudado por las minerías!!! Grandes reservas minerais, no norte do país, especialmente cobre, cujas exportações suplantam em larga escala as importações de óleo e gás. E isso faz tempo. O Cu do Chile (lembre-se da Tabela Periódica). Agora, então, com a China bombando, compra quase tudo que o Chile produz.

E a educação então? Em uma reunião que tivemos, um colega expatriado falava sobre o programa Bolsa Escola, do governo FHC, como funcionava, quando foi educadamente interrompido por um local, que perguntou:

- Tus estás hablando de Educación Básica?
- Sí.
- No, acá ya resolvemos este problema hace mucho tiempo!
Eu e meus colegas de primeira viagem nos entreolhamos e balbuciamos:

- Igualzinho lá!
Paradoxalmente, entretanto, o número de mestres e doutores no país é pífio, bem inferior, por exemplo, ao do Brasil, em razão per capita. Há problemas na administração do nível superior. Enquanto lá estivemos, aconteceram revoltas estudantis reclamando ajuda para cursar faculdade. E quando deixamos o país, a Universidade do Chile permanecia ocupada.

E veja que o país tem uma geografia complicada que em nada contribue para o desenvolvimento. Tenho certeza que você já viu o mapa do Chile: aquela tripa de 5 mil quilômetros que vai do Peru ao fim do mundo, a terra do Fogo, lááá no sul, perto da Antártida. Mas veja como sua forma fica bem mais estranha quando se vê o Chile sozinho, sem a companhia de seu vizinho do leste, a Argentina. Imagina como deve ser complicada a logística de se abastecer uma país comprido, e que tem quase metade de sua área tomada pela Cordilheira dos Andes com altitude que chegam a 6 mil metros!!! Isso sem contar a profusão de terremotos e de vulcões ativos...

Eles tem problemas com todos os seus vizinhos em geral. Com Peru e Bolívia teve guerras territorias  e ganhou todas, inclusive condenando esta última a ficar encaixotada sem um tequinho de mar. E o primeiro tem desentendimentos seculares, tanto que o seu atual presidente, ao ser perguntado, SM sua primeira camanha, se aproximaria de Santiago, ele disse que, sim, dentro de um tanque! Por conta dessas diferenças, as forças armadas chilenas são muito bem armadas, e preparadas para o combate. E são levados muito a sério pelo governo: enquanto estive lá, o Presidente participou de corpo presente de exercício militares navais, embarcando em submarinos, e tudo mais.

Com a Argentina, não sei de guerras, afinal, há uma muralha gigantesca que os divide. Interessante é que os dois povos se tratam mutuamente como los trans-andinos. Mas sei que los hermanos do leste não pensaram duas vezes quando tiveram que cortar a Zero os grandes volumes de gás que forneciam através de gasodutos que cortavam os Andes. O que causou um rebuliço geral na economia chilena, que teve rapidamente que mudar sua matriz para diesel, e desenvolver logística de GNL - Gás Natural Liquefeito.

Outro componente importante de sua matriz energética é o carvão, que responde por 13% de suas necessidades de energia. Só que ele evitam usar esta energia suja na região central onde fica Santiago, que mesmo  com essa proteção, é uma das cidades mais poluídas do mundo. Muito porque, diga-se, ela fica meio que encaixotada entre montanhas, não tendo muito ajuda dos ventos para dissipar o verdadeiro smog que se forma. Além dos problemas de saúde que isso acarreta, é muito raro haver um dia totalmente limpo, que possibilite uma visão clara das magníficas cordilheiras que crescem em seus arredores.

Pra completar, os índices de criminalidade são baixíssimos e Santiago é uma das localidades mais seguras da América Latina, amparada por uma polícia que não aceita propina e prende quem oferece.

Igualzinho lá!

Aqui, todas as breves crônicas:
1. A Partida 
2. O Frio
3. O País  (Esta)
4. O Terremoto 
5. O Presidente
6. Comida e Imposto



4 comentários:

  1. "Conta a lenda" que na época da Guerra das Malvinas, os chilenos passavam aos ingleses, informações de inteligencia sobre os argentinos. Talvez por isso, nuestros hermanos no les gusta.

    Abs,
    RR.

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  2. Passamos poucos dias em Santiago, mas foi o suficiente para perceber que o forte deles é, realmente, a qualidade de vida. Santiago é muito bela, com ótimo planejamento urbano e muito limpa. Não tenho quase nenhuma experiência em viagens internacionais, mas do pouco que vi até hoje, Santiago é a que mais me surpreendeu. Positivamente. Só os caras do balcão de embarque da LAN que precisam ser mais cordiais, mas isso é outra estória... Hehehehehe...

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  3. Em matéria sobre "Indice de Felicidade" publicada no jornal El Mercurio, diz que "Nuevo índice señala que chilenos son menos felices en relación con el resto de países de América Latina". O índice é de 67 (entre 0 e 100), enquanto a média sul-americana é de 75. Pra mim não é novidade, já que tenho escutado desde que cheguei em Santiago de chilenos falando que eles são fechados, "tristes" e elogiam o modo de ser dos brasilerios.

    Interessante notar que uma possível razão para o resultado é justamente o nível de riqueza do país: "una de las teorías que explicarían esta realidad es que los países más pobres, al tener necesidades más básicas, impulsan a que su población se contente con mayor facilidad."

    Entretanto, ressaltam que "2010 fue un año peak de felicidad para el país. Esto, marcado por la clasificación al Mundial, las fiestas patrias y el rescate de los mineros, según respondieron los miles de encuestados".

    Fui testemunha disso!

    Abs,
    Igrejas

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  4. Sendo o 28.961ºcorrendo pois antes de terminar, já vira o placar.... bela síntese sobre Chile... A qualidade de vida é realmente, sempre muito importante, numericamente falando um índice muito importante,pois engloba um conjunto de fatores de condições de bem viver... o aproveitamento pessoal, a qualificação é individualmente cidadã nica (aproveitamento de cada cidadão).
    Paulus

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