Passando à alimentação paga, pude perceber que continua a falta de boa vontade para entender um inglês não-cem-por-cento, ao pedir na lanchonete um simples ‘quarterpounder’ (nosso quarteirão-com-queijo), receber um 'Ahn?!' como resposta, repetir uma, duas vezes, até desistir e falar 'Number 2', e ouvir 'Ah, quarapaunda!'.
Depois, pude pedir um refrigerante pequeno, receber um copo e servir-me mais uma vez, depois outra, e, se quisesse, voltaria mais, graças à política dos ‘free-refills’, excelente prática. Aliás, continuo não entendendo porque americano faz questão de pedir um copo grande e pagar mais por ele, se basta ele voltar à ‘fountain’ e servir-se de novo. Um amigo chegou a perguntar a um red-neck (texano durão) o motivo, ao que ouviu como resposta: ‘Cause I’m thirsty!’, deixando-o com cara de bobo. Um outro amigo meu acho que encontrou a resposta: copo maior significa mais refrigerante para levar na última vez, para levar para o carro, daí, mais barriga!
E num restaurante a la carte, não se pode deixar de admirar a saraivada de sugestões do dia, disparadas pelo garçom de sorriso padrão, depois não entender praticamente nenhuma palavra, e escolher ‘This one’, e, em seguida, ouvir o companheiro comensal acabar optando por aquele prato que tem em qualquer restaurante, de qualquer tipo de comida, o famoso ‘The same’ ou sua variante ‘Me Too’.
No que tange à bebida, segue válida a incomprensão a uma resposta 'No, thanks'! à pergunta 'Would you like to order something to drink?'.... eles simplesmente acedem com a cabeça e trazem uma garrafa de 'tap water' com gelo, nada mineral, mas muito simpático. Felizmente, lá, a água de torneira é bebível... Até se faz campanha, contra a água mineral, promove-se um verdadeiro bicote às garrafinhas.
Já aqui...
À medida que se acostuma a comer fora, você já introjeta uma operação mental: sua conta final será o preço do prato mais 50%. Pois é, o prato, mais a bebida (se não for vinho, claro), mais a taxa estadual (que, dado o nome, é estadual, e varia de estado pra estado, mas fica entre 6 e 10%), mais a indefectível gorjeta de 15%, leva ao acréscimo citado. A gorjeta é opcional, se você está sozinho ou com mais três pessoas (party of four). Mais que isso, os 15% vem discriminados na conta.
E a conta pode trazer surpresas, se aconteceram percalços no caminho. Como falarei em capítulo sobre o consumo e o medo, o cliente é o rei. Em minha primeira viagem aos States, claro, Miami, sentei-me com a família em um restaurante e pedi um filet mignon bem passado ('well done' ... os outros são 'medium' e 'rare'). Quando o bife chegou, vi que estava 'more than extremely well done', chamei o garçom, e apenas mostrei a ele a carne preta que estava no pedaço que consegui cortar. Ele apenas pediu desculpas e passado um tempo, veio com um outro no certíssimo ponto que eu queria. Comemos, e ao vir a conta, a surpresa: eles simplesmente não cobraram o prato.
Já aqui ....
Já aqui...
ResponderExcluirEssa sua série "AWoL" está sensacional, Homero. É pra ler e depois colocar nos "Favoritos". Excelente.
Não cobrar o prato realmente foi sensacional...mas aqui não é ruim não.
ResponderExcluirA não ser que você venha para Aracaju...rs...o bife vem sola de sapato e fica difícil pedir outro, é claro que em restaurante bom não é assim.
Mas água da torneira, bem...eu sempre tomei a do Rio de Janeiro e estou aqui viva e saudável...rs..(no meu prédio limpava-se a caixa d´água regularmente, morei em botafogo 30 anos - nunca, nunca tive problemas com a agua do Rio - aliás, acho uma neura essa estória de água mineral, que pode estar adulterada, inclusive..eles não seguem nem a metade das regras para engarrafamento e venda de água mineral no Brasil).
Já aqui em Aracaju pode até ser melhor, mas se você deixa a água do cachorro um dia sem troca, (e ele não beber tudo) faz uma laminha no fundo...bebo água do filtro aqui.
Ah, Homero, mas ainda bem que não temos o tal "free-refill" por aqui. Esta prática é um incentivo ao consumo de uma bebida (ok, muita gente discorda) pouco saudável. E, no final, você acaba pagando por tudo mesmo (em média). Mas quando inventarem por aqui o "free-refill" para o suco de laranja natural... :-D
ResponderExcluirHomerix, ótimo texto.
ResponderExcluirEspero que não tenham cobrado propositalmente e não por esquecimento...rs...
Abs,
RR.
Homerix....grande Homerix...
ResponderExcluirEstamos realmente curtindo os seus textos, contativos, informativos e ilustrativos... e até surpresos aos nossos costumes. esta luxúria gastronômica é o máximo. E a ética comercial ao consumidor cliente de não cobrar pelo erro/excesso cometido.
Bárbaro ao espanto de Paulus