Para o trânsito funcionar bem, a repressão é grande, as multas são pesadas. E olha que lá não tem esta festa de pardais, de lombadas eletrônicas que temos aqui. As multas só valem se o ‘officer’ apresentar pessoalmente o auto de infração ao infrator. Então, o patrulhamento é de suma importância. E eles são super eficientes, e aparecem atrás de você, saindo não se sabe de onde, quando você menos espera, e com todas aquelas 35 luzes que piscam nas viaturas. Os limites de velocidade nas estradas até que podem ser levemente ultrapassados, menos para aquele que foi escolhido como ‘cristo’: não adianta o ‘cristo’ pregar a velha história do "puxa-mas-eu-estava-indo-na-mesma-velocidade-dos-outros", que o policial vem com a simples resposta de que "é-mas-eu-escolhi-você-he-he-he!".
Dentro da cidade, é bom respeitar as famosas 35 m/h (milhas por hora), às vezes 30 m/h, em ruas de pequeno porte, pois ali, sim, as possibilidades de materialização da repressão são maiores. Mais ainda se você está passando em área escolar, onde luzes indicam que o limite baixou para 20 m/h. E se der azar de se encaixar atrás daqueles indefectíveis ônibus escolares amarelinhos, o cuidado tem que ser dobrado: se estiver em uma zona escolar, não pode ultrapassar, e se ele parar, você pára, sem pestanejar. Aliás, o veículo vindo em sentido contrário também pára.
Eu passei invicto nos meus quatro anos de piloto, não deixei um só centavo nos cofres municipais. Bem ao contrário de meu antecessor no cargo, que, quando retornou ao Brasil, provocou uma moção de protesto dos órgãos reguladores, inconformados com a interrupção da receita de suas multas (brincadeira!). E eu digo que tive sorte, pois fui parado duas vezes pelos educados guardas, mas acabei levando apenas uma ‘verbal’, um puxão de orelhas. Quer dizer, um deles não foi lá muito calminho, deu-me, na verdade à minha esposa, uma tremenda bronca, pois ela estava a 35 m/h numa rua de 30 m/h, levamos um sermão danado, fomos lembrados da possibilidade de crianças estarem atravessando a rua, e acho que não levei a multa por estar naquela hora, fora do horário escolar. Na outra, quando levei minha filha no primeiro dia de faculdade dela, fiz uma conversão proibida à esquerda, com sinal vermelho e tudo, e logo ouvi a sirenezinha educada, só um toquinho, e vi, pelo retrovisor, aquelas luzes todas: fiquei só na advertência, pois convenci o calmo (este, sim!) policial da minha história de não estar acostumado à região, eu estava de gravata, a caminho do trabalho, enfim, tudo bem!
E não é somente nas infrações normais como velocidade, sinal vermelho e outros, que eles são firmes. Uma brasileira andava tranquilamente, passeando em seu carro, com o vidro aberto, o braço pra fora (lá, pode!), fumando seu cigarrinho, passou um tempo e ouviu aquela sirenezinha, viu aquelas luzinhas, parou o carro e, segura de si, perguntou o que estava fazendo de errado, já que dirigia muito devagar, e ele, enquanto preenchia a multa: “A senhora estava fumando até agora há pouco, e agora não está mais, não é? Pois é, eu vi a senhora jogar o cigarro no chão, ali atrás!”. A amiga, muda, sem defesa, ouviu: “Aqui está, infração grave, US$ 300,00 e nem adianta recorrer!”. Adivinha se ela até não deixou de fumar, depois daquela. É por essa e outras, que o povo é educado, na marra, e a cidade é limpa.
Já aqui ...
E é patente e eficaz a repressão ao consumo de álcool, é coisa séria: dirigir bêbado dá cadeia séria, servir álcool a menores de 21 anos dá cadeia séria, e se o menor é pego dirigindo bêbado depois de sair de uma festa dá cadeia séria para o promotor da festa. Sério! E não tem carteirada que dê jeito, vários astros de Hollywood já amargaram cana por causa da caninha 'marvada', e respondem a processos, perda da inseparável ‘driver’s license’ e tudo o mais.E sobre essa idade aí de cima paira uma interessante constatação: aos 16 anos, você já pode dirigir, mas, beber, só depois de 21. Questão de valores! E votar, a partir dos 18!
Há também as incongruências. Por exemplo, lá, não estão nem um pouco preocupados se está ou não de capacete dirigindo moto. O raciocínio é o seguinte: se você está segurado, o problema é seu, o Estado não vai gastar um centavo se você se estropiar e for parar no hospital. No Texas, não se preocupam também se você está falando ao celular ou não (acho que é proibido em 5 estados). Deve ser, penso, porque se proibirem o uso de celular, terão que proibir uma instituição americana: o café enquanto dirigem! Acho que o advento do local para colocar copos em carros foi inventado por causa disso. São raríssimos os americanos que estão sem o copo estacionado no porta-copos, e aquecidos na bateria. E, como o c(h)afé é fraco como chá, quase água, os copos são grandes. É muito comum, por causa disso, encontrarmos os americanos com seus indefectíveis copos no caminho da garagem para o escritório.
Mais uma sobre trânsito? Clique aqui:
http://blogdohomerix.blogspot.com.br/2008/10/awol-transporte.html
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Nós somos recordistas mundiais em acidentes de transito e isto de todos os tipos: batidas e atropelamentos. O número de mortos anuais por acidentes no Brasil é indecente. E igualmente indecente é o número de pessoas presas por direção perigosa: zero (ou algo muito próximo disso)! Essa repressão toda que vc menciona tem reflexo enorme nas estatísticas. Mas o que esperar de um país que não prende (e mantem assim) sequer os assassinos confessos?
ResponderExcluirHomero, concordo plenamento com o método americano de só multar entregando o auto de infração pessoalmente. Isso acaba com a indústria das multas eletrônicas, bem como com os guardas maul preparados e/ou mau intencionados que te multam em ruas onde você nuca esteve. Eu mesmo já fui multado por estar dirigindo o meu carro sem capacete e tive a maior dor de cabeça para cancelar a multa.A diferença é que nos EUA eles se preocupam em educar e aqui em arrecadar. O Eduardo Paes colocou no orçamento aumento de 40% na arrecadação de multas para 2011. Caso ele consiga será uma grande derrota para todos, pois demonstrará que a política adotada não está adiantando nada para melhorar o trensito e/ou estão multando "indevidamente".Outro ponto é essa lei seca extremamente rígida adotada no RJ, onde se você sair para jantar fora com a esposa e tomar uma taça de vinho é considerado embriagado e responde processo criminal.Sds,
ResponderExcluirÉ Homerix... a legislação americana no trãnsito funciona bem... pelo que sabemos, e por sua reportagem. Aqui, seria maravilhoso a entrega do auto pelo mu(l)tante ... ótima oportunidade para o subornante agir!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirPaulus
Já tive a oportunidade de viver em países, em que a legislação de trânsito é religiosamente respeitada, a exemplo dos EUA e do Reino Unido. E o macête para isso é simples: educação e punição exemplares, não há jeitinho. Passei invicto nesses dois admiráveis e efetivos sistemas.
ResponderExcluirNo Brasil, não funciona adequadamente, pois além do "jeitinho" tupiniquim, há a contumaz falta de educação, o abuso do álcool e, entre os malefícios, as boçais "carteiradas" que desmoralizam a legislação e os policiais que desejam trabalhar corretamente. Não sai da minha memória, o caso vergonhoso daquele desembargador, quem deu umna carteirada na policial de trânsito que multara o filho daquela "autoridade" por estacionamento irregular. Mais grave, soube que um importante matutino teria sido instado a pagar indenização ao dito cujo, por publicar o caso. Estranho isso tudo e não entendi o porquê da OAB não ter caçado os direitos profissionais daquele que deveria ser o guardião da Lei. Assim, seguimos com uma legislação de trânsito desmoralizada; e cada vez mais no grupo que lidera o campeonanto mundial dos acidentes de trânsito.
Impressionante essa do cigarro!!!
ResponderExcluirPor outro lado, acho que o celular deveria sim ser proibido, pois pode causar acidentes para terceiros. O café acabaria entrando na lista também né, pois provoca o mesmo efeito (uma mão fora do volante). O celular ainda tem o agravante da distração.