Se o assunto é estômago, muito há o que admirar. Pude aproveitar um pouco do conforto dos grandes supermercados, onde vou apenas para comprar os víveres do ‘café-da-manhã’ para os dias em que lá fico, mas claro que aproveito para fazer um tour de apreciação de seus corredores, largos, refrigerados, confortáveis, iluminados e fartos, de variedade constrangedora de marcas, tipos, teores, jaezes e tamanhos:
• A oferta de guloseimas dos mais variados estilos e calorias, bolos, doces, ‘dough-nuts’ puros ou recheados, ‘bagels’ com ‘cream-cheese’ ou ‘peanut-butter’, esta última a ser usada também na mistura mais estranha da merenda infantil, a popularíssima pinabâtageli (manteiga de amendoim com geléia - aaargh);
• Bolos de desmanchar na boca, com ou sem cremes ‘very rich’, tudo muito difícil de resistir, mesmo os simples pães-de-forma com aquela maciez não encontrada por aqui, com fatias finas, médias, grossas, gigantes, e falando em pão, tem o francês , sim, mas não só o pronto fresquinho, mas o quase pronto, o nada pronto, que se prepara no forno;
• Leites de ‘fat-free’ a ‘super-fat’, de sem gosto aos mais variados sabores, achocolatados, amorangados, acerejados; isso sem contar os eggnogs, com uma concentração estúpida de ovos, goles de colesterol puro, denso, calórico até dizer chega, mas muito gostoso...
• Refrigerantes de todos os tipos, tamanhos, latas, latinhas, garrafas, garrafinhas, garrafões, sabores e teores de açúcar e cafeína e cerejina, até mesmo aqueles que só americano suporta, como o tal do Root Beer, que tem gosto de dentista, ou o surpreendente Dr. Pepper, que todos os demais humanos da espécie homo-brasiliensis dizem ter gosto de remédio, afora este que vos escreve, que adora a iguaria. Aliás ela tem a mesma idade, ou quase, da Coca-Cola;
• Os sorvetes, para os quais se dedica um corredor inteiro, de ‘light’ a ‘super-heavy’, de americanos a dinamarqueses, de cremosos a frugais, com e sem gordura, trans ou não, de quadrados a redondos, com e sem palito, com e sem recheio, com e sem cobertura, ih, chega;
• Ainda nas bebidas, sucos, de todas as frutas, cítricas, ácidas, básicas ou não, recipientes de todos os tamanhos, de copo a galão, prontos para beber ou concentrados de todos os níveis; e se é da família das laranjas (tangerina, lima, limão, grape-fruit), então, pode-se escolher entre variados níveis polpa (no pulp; some pulp; lots of pulp)....
• E os cereais? É mania nacional. Teve um amigo que recebeu a missão de trazer um sucrilhos pras crianças, logo em sua primeira compra quando chegou lá, foi ao super-mercado e voltou de mão vazias. A missão era impossível: havia um corredor inteirinho com infinitas variações e categorias...;
• Ou então, migrando para as gôndolas mais saudáveis, os hortifrutigranjeiros, um show de cores vivas, verduras super-verdes, maçãs super-vermelhas, limões do tamanho de maçãs, maçãs do tamanho de melões, e por aí vai ... e veja só, que maçãs, todas brilhosas, lindas, imaculadas, parecendo que foram lustradas uma a uma....
• Na mesma foto, ao fundo, outra maravilha, as saladas prontas, lavadas, saborosas, para todos os gostos e cores de folhas, de todas as qualidades, prontinhas para comer, com apenas sal e azeite ou com uma infinidade de molhos disponíveis, de todas as nacionalidades, até a romana Cæsar, para a qual se escolhe o tamanho e a qualidade do crouton, bem, deixa pra lá....
Finalmente, desfrutei o pagamento da comprinha básica na passagem pelos balcões de pagamento automático, sem a presença humana, parando logo depois para observar os caixas normais, e admirar a presença de pessoas da terceira, quarta (!) idade, trabalhando dignamente, e a fazer a pergunta que não quer calar: “Paper or Plastic?”.
E termino com uma historinha que ouvi recentemente, para atestar a qualidade dos produtos oferecidos. Uma amiga, que está com vida dupla, morando em Houston e no Rio (com o mesmo marido!), foi ao supermercado americano e, desafiada pelo marido, foi conduzida até a frente da bancada de tomates, de olhos fechados, e pegou 12 exemplares do vermelho fruto. Ao abrir os olhos, verificou: todos perfeitos, suculentos, sem qualquer mácula, mancha, defeito, e além disso, com uma uniformidade de tamanho invejável...
Já aqui .....
É, mas cuidado, pai. Para ficar tudo perfeitinho e enorme desse jeito colocam muuuuito agrotóxico, muuuuita porcaria nas frutas e verduras.
ResponderExcluirVocê está elogiando a aparência sem se importar com o conteúdo. Já testou o quanto de vitaminas e minerais há de verdade nessas maçãs de tamanho de melões, etc? Não deve ter muito. As frutas mais orgânicas, mais naturais, mais cheias de vitaminas, são bem menores.
As bananas americanas, por exemplo, são enormes, lindas, maravilhosas, e não têm gosto de NADA.
ResponderExcluirConcordo em gênero, número e grau com a Esperantrix (Homerix filha).E os que foram jogados fora porque não seguiam o padrão de perfeição? Não precisa nem ir nos EUA para ver frutas maravilhosas...no México os morangos são lindos...mas o gôsto....(de NADA). Duvido que nos EUA tenha bombom de cupuaçu...rs....(e saputi, tem?...rs..)
ResponderExcluirBjs, Carol
Olha ai Homerix... fala de filha é coisa séria... nós vê o exterior, eles a produção, proteção agrotóxica e por ai afora... Te segura bicho!!!!!!!!!
ResponderExcluirPaulus