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terça-feira, 19 de julho de 2011

Politicamente Imbecil!


Uma piada e um texto chegaram-me às mãos, e me fizeram lembrar um post meu. Tudo correlato, tudo atual, tudo gerando muita polêmica. 

Leiam, divirtam-se e comentem!!

Vamos lá?

O Post: Caçadas em Risco
Autor: Homerix Ventura


Pairou por um certo tempo uma ameaça à integridade de uma obra-prima de Monteiro Lobato.


Leia o post, e junte o seu aos outros 15 comentários:






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A Piada: Síndrome da Nega Maluca

Autor: Desconhecido
 
Uma senhora entra na confeitaria e pede  um Bolo "Nega Maluca".


Trava-se o seguintre diálogo:

- Senhora, usar o nome "nega maluca", hoje em dia, pode dar cadeia, por causa da Lei Affonso Arinos; da Lei Eusébio de Queiroz; do Artigo 5º da Constituição; do Código Penal; do Código Civil; do Código do Consumidor; do Código Comercial; do Código de Ética; do Moral e Bons Costumes. Além da Lei 'Maria da Penha' ...




- Então, meu filho, como peço a porcaria desse bolo?




- Bolo Afro-descendente feminino 
com distúrbio neuro psiquiátrico.


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O Texto: O Cravo Não Brigou com a Rosa


Autor: Luiz Antônio Simas


Chegamos ao limite da insanidade da onda do politicamente correto.

Soube dia desses que as crianças, nas creches e escolas, não cantam mais O cravo brigou com a rosa. A explicação da professora do filho de um camarada foi comovente: a briga entre o cravo - o homem - e a rosa - a mulher - estimula a violência entre os casais. Na nova letra "o cravo encontrou a rosa debaixo de uma sacada/o cravo ficou feliz /e a rosa ficou encantada".

Que diabos é isso? O próximo passo é enquadrar o cravo na Lei Maria da Penha.
Será que esses doidos sabem que 'O cravo brigou com a rosa' faz parte de uma suíte de 16 peças que Villa Lobos criou a partir de temas recolhidos no folclore brasileiro?

É Villa Lobos, cacete!
Outra música infantil que mudou de letra foi Samba Lelê. Na versão da minha infância o negócio era o seguinte: Samba Lelê tá doente/ Tá com a cabeça quebrada/ Samba Lelê precisava/ É de umas boas palmadas.

A palmada na bunda está proibida. Incita a violência contra a menina Lelê. A tia do maternal agora ensina assim: Samba Lelê tá doente/ Com uma febre malvada/  Assim que a febre passar/ A Lelê vai estudar.

Se eu fosse a Lelê, com uma versão dessas, torcia pra febre não passar nunca. Os amigos sabem de quem é  Samba Lelê? Villa Lobos de novo. Podiam até registrar a parceria. Ficaria assim: Samba Lelê, de Heitor Villa Lobos e Tia Nilda do Jardim Escola Criança Feliz.

Comunico também que não se pode mais atirar o pau no gato, já que a música desperta nas crianças o desejo de maltratar os bichinhos. Quem entra na roda dança, nos dias atuais, não pode mais ter sete namorados para se casar com um. Sete namorados é coisa de menina fácil. Ninguém  mais é pobre ou rico de marré-de-si, para não despertar na garotada o sentido da desigualdade social entre os homens.

Dia desses alguém [não me lembro exatamente quem se saiu com essa e não procurei a referência no meu babalorixá virtual,  Pai Google da Aruanda] foi espinafrado porque disse que ecologia era, nos anos setenta, coisa de viado. Qual é o problema da frase? Ecologia, de fato,  era vista como coisa de viado. Eu imagino se meu avô, com a alma de cangaceiro que possuía, soubesse, em mil novecentos e setenta e poucos, que algum filho estava militando na causa da preservação do mico leão dourado, em defesa das bromélias ou coisa que o valha. Bicha louca, diria o velho.

Vivemos tempos de não me toques que eu magôo. Quer dizer que ninguém mais pode usar a expressão coisa de viado ? Que me desculpem os paladinos da cartilha da correção, mas isso é uma tremenda babaquice. O politicamente correto é a sepultura do bom humor, da criatividade, da boa sacanagem. A expressão coisa de viado não é, nem a pau (sem duplo sentido), ofensa a bicha alguma.

Daqui a pouco só chamaremos o anão - o popular pintor de roda-pé ou leão de chácara de baile infantil - de deficiente vertical . O crioulo - vulgo picolé de asfalto ou bola sete (depende do peso) - só pode ser chamado de afrodescendente. O branquelo - o famoso branco azedo ou Omo total - é um cidadão caucasiano desprovido de pigmentação mais evidente. A mulher feia - aquela que nasceu pelo avesso, a soldado do quinto batalhão de artilharia pesada, também conhecida como o rascunho do mapa do inferno - é apenas a dona de um padrão divergente dos preceitos estéticos da contemporaneidade. O gordo - outrora conhecido como rolha de poço, chupeta do Vesúvio, Orca, baleia assassina e bujão - é o cidadão que está fora do peso ideal. O magricela não pode ser chamado de morto de fome, pau de virar tripa e Olívia Palito. O careca não é mais o aeroporto de mosquito, tobogã de piolho e pouca telha.

Nas aulas sobre o barroco mineiro, não poderei mais citar o Aleijadinho. Direi o seguinte: o escultor Antônio Francisco Lisboa tinha necessidades especiais... Não dá. O politicamente correto também gera a morte do apelido, essa tradição fabulosa do Brasil.

O recente Estatuto do Torcedor quer, com os olhos gordos na Copa e 2014, disciplinar as manifestações das torcidas de futebol. Ao invés de mandar o juiz pra putaqueopariu e o centroavante pereba tomar no..., cantaremos nas arquibancadas o "allegro" da Nona Sinfonia de Beethoven, entremeado pelo coro de "Jesus, alegria dos homens", do velho Bach.

Falei em velho Bach e me lembrei de outra. A velhice não existe mais. O sujeito cheio de pelancas, doente, acabado, o famoso pé na cova,  aquele que dobrou o Cabo da Boa Esperança, o cliente do seguro funeral, o popular tá mais pra lá do que pra cá,  já tem motivos para sorrir na beira da sepultura. A velhice agora é simplesmente a "melhor idade".

Se Deus quiser morreremos, todos, gozando da mais perfeita saúde.

Defuntos? Não. Seremos os inquilinos do condomínio Cidade do pé junto.

Luiz Antônio Simas

(Mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor de História do ensino médio)

7 comentários:

  1. "Não atire o pau no gato to
    porque isso so
    não se faz faz faz.
    O gatinho nho
    é nosso amigo go.
    Não devemos maltratar os animais."

    E é assim que minha enteada aprendeu a cantar "Atirei o pau no gato".

    Já na minha versão, a música termina com "Ele passa, ele passa toxoplasmose.", mas isso é outra história.

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  2. Concordo, Homero... Tudo anda MUITO CHATO MESMO!

    TV Pirata, hoje em dia, nem iria pro ar.

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  3. Homero V: Preconceito, comportamento, torcidas não vão ser nunca corrigidos por leis feitas por nossos brilhantes parlamentares. Esta melhoria se consegue com EDUCAÇÃO de boa qualidade, que é um item em que temos muuuuuuuuito que melhorar. Abraço, Brandão

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  4. Espero que essa maré não alcance a obra do incomparável Carlos Zéfiro.

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  5. Já faz bastante tempo, mas alguem se lembra da época em que os estúdios Hanna-Barbera tentaram ser "politicamente corretos" e lançaram uma série de desenhos de "Tom & Jerry" nos quais o gato era amiguinho do rato? Foi um fracasso! Chaaaato toda vida! Mas todos devem se lembrar do Tom com a cara amassada ao levar uma frigideirada. É isso aí: piada boa tem que ser politicamente incorreta!

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  6. 31.785... Concordei e me distraí com a sua derivação de politicamente correto... todo depende de entonações de voz, as vezes, sorriso nos lábios, por exemplo dizer numa brincadeira, por exemplo... vc tá brincando... vá a mmmm é a força jocosa da expressão... mas vc mandar o outro com cara raivosa, ou mesmo mais sério, é um xingamento, pode gerar uma briga!!!!!!
    A coisa complicou de vez, temos que levar para o tribunal superior (STF) para estabelecer o conceito, os enquadramentos com a constituição, e outras coisas. Acho até que é um caso de per si.
    Paulus

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  7. Como sempre, a patrulha ideológica não se importa com o que é realmente importante: educãção das crianças para serem cidadãos e ter espirito critico, respeitarem as pessoas, os bichos e o mundo a o redor. Os adultos só dão exemplo de crueldade e insanidade...o Estado, formado por estes adultos, oficializa tudo. E ficam preocupados com a musiquinha que de tão repetida e conhecida, não carrega nada do que as palavras dela dizem...fica com o sentido de desenho animado do Tom e Jerry. É por aí que vamos...

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