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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Beat Bond Trek

Perguntam-me se tenho algum hobby .... Não chamaria assim, mas tenho um prazer externo ao trabalho: escrever. E, mais recentemente, este blog, que enche minhas medidas de satisfação e trabalho noturno.

         Três fenômenos de mídia viraram manias pessoais.

         A primeira mania começou em 64. Eu tinha 6 anos e meu irmão, bem mais velho, me levou a uma loja de discos numa galeria perto de casa e pediu que eu escolhesse qualquer Long Play (lembram?), para me dar de presente. Escolhi pela capa, um LP com vários jovens fazendo variadas caretas, sobre um fundo vermelho  ... o nome do LP era: "Os Reis do Iê Iê Iê" .... o nome da banda era: "The Beatles". A música, todos sabem, era contagiante ... e me pegou para sempre. Comprei todos os seus discos e fiquei profundamente arrasado quando eles se separaram. Abandonei um pouco a paixão, até acompanhei a carreira solo deles, porém sem o mesmo entusiasmo. Vieram a faculdade, o início da carreira, o casamento, os filhos. Quando me estabilizei de novo, comprei os CDs, recuperei a paixão, comecei a ler sobre os rapazes (não falta material para isto) e escrevi alguns artigos, que compartilhei com amigos e colegas de trabalho.

         A segunda mania começou na TV e acabou nos cinemas: Jornada nas Estrelas, o seriado que imortalizou o Catitão Kirk e o Dr.Spock. Foram 3 temporadas na TV (de 1967 a 1969), em que ficava grudado toda segunda, às 7 da noite ... só depois ia jantar. A série acabou, vieram as reprises e, em 79, os filmes na telona. Não chego a ser um expert, mas li alguns livros interessantes. Live Long and Prosper!
        
        A terceira mania foi desenvolvida na década de 70, quando cheguei à idade  que me permitia entrar nos cinemas para ver os filmes de James Bond, já àquela altura, comandados por Roger Moore. Com o advento do video-cassete, pude recuperar o tempo perdido e assistir aos filmes capitanedos por Sean Connery, na década de 60. Li alguns livros, colecionei artigos, enfim sou um conhecedor de 007 acima da média.

         Bom, pelo menos uma dessas manias me rendeu frutos!

         Fui agraciado em Maio de 1998 com o 1º lugar do concurso de âmbito nacional "007 por um dia", promovido pelo canal Telecine da Net-Rio. Não deu pra acreditar quando recebi o telegrama (antigo, não?).

         O pedido era fazer uma frase com, no máximo, 5 linhas, respondendo à pergunta:
         "O que você faria se fosse 007 por um dia?"

         Ganhei com esta frase:
_________
1
Após a conclusão de mais uma missão, à saída da sala de "M", sem pronunciar palavra, sapecaria um beijo em Moneypenny. Iria ao laboratório de "Q" para entregar-lhe as chaves do BMW especial intacto, sem um arranhão. Despentearia o cabelo, jogaria o terno fora, me disfarçaria com o chapéu de Oddjob, a dentadura de Jaws, pegava o primeiro jato para o Rio com o gatinho de Blofeld no colo, para participar como destaque do desfile da Mangueira com o enredo: "007 07 08   .....  Tá na hora de molhar o biscoito".


       Em tempo, para os não aficionados, cabe esclarecimento:
  • Oddjob é o capanga coreano do chapéu cortante do vilão Goldfinger em Goldfinger, de 1964;
  • Jaws é o capanga gigante dos vilões Stromberg em The Spy Who Loved Me, de 1977 e Hugo Drax em Moonraker, de 1979;
  • Blofeld é o inimigo mor da maioria dos filmes estrelados por Sean Connery, que sempre aparecia acariciando um lindo gatinho branco
  • M é o chefe de 007;
  • Moneypenny é a secretaria de M, que nunca levou um beijo de 007 apesar de sempre o desejar, porém nunca o admitir;
  • Q é o cérebro do Serviço Secreto, the gadget provider, que, apesar de sempre recomendar ao contrário, sempre recebeu apenas os restos mortais dos carros especiais que preparava para 007.
  • Nunca se viu 007 despenteado e sem um impecável terno de Savile Row (claro, em ambiente social!)

         Mandei também as outras 3 frases abaixo, que não foram selecionadas, apesar de eu gostar muito delas:

2
Jogaria o celular na lata do lixo para evitar o chamado de "M". Convidaria minha primeira namorada, a única que amo de  verdade e que ainda me espera, para almoçar no restaurante do nosso antigo bairro. Passearíamos à beira do mar a tarde toda. À noite, iríamos a um parque de diversões para andar de roda gigante e comer algodão doce. Passaríamos a noite juntos, ao luar, trocando carícias e juras de amor eterno. Pela manhã, a levaria para casa. Seria um verdadeiro sonho, voltar a ser um homem comum!

3
Utilizando a última invenção de  "Q", devidamente autorizado por Sua Majestade, me teleportaria ao palácio de Saddam Hussein, e usaria nele,  minha permissão para matar. Pela manhã, faria  o mesmo com todos os outros ditadores do mundo. Durante a tarde, iria aos maiores milionários do planeta e os faria ceder metade de suas fortunas para diminuir a fome nos países pobres. À noite, iluminaria as mentes dos pesquisadores que encontrariam, finalmente, a cura para o câncer, AIDS e todas as  doenças da Terra.

4
Se eu estivesse na pele de George Lazenby, iria aos laboratórios de "Q", faria com que me dessem a beleza de Pierce Brosnan, a classe de Sean Connery, o humor de Roger Moore e a frieza de Timothy Dalton. Traria Lois Maxwell, manteria seu fino humor inglês,  faria com que lhe dessem o corpo de Ursula Andress, a beleza de Barbara Bach, a liderança de Maud Adams, a delicadeza de Shirley Eaton e a agilidade de Michelle Yeoh. Nos apresentaríamos, então, a "M", para nossa primeira missão juntos.


         Em tempo:
  1. George Lazenby fez o papel de James Bond em apenas um filme da série oficial, o On Her Majesty's Secret Service, de 1969, pois Sean Connery, o primeiro, estava cansado do papel, após 5 filmes. O filme de Lazenby, que era muito bom, foi um relativo fracasso de público, muito devido à canastrice do digníssimo intérprete, que, aliás, nem ator era. Logo depois, Sean Connery foi chamado de volta, a peso de ouro, para fazer seu 6º filme Diamonds are Forever, em 1971.
  2. Lois Maxwell é a atriz que interpretou Moneypenny em 14 dos filmes oficiais e é adoradísssima pelos bondmaníacos. 
  3. As demais beldades citadas são Bond Girls que interpretaram papéis marcantes nos filmes oficiais.

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         Não deu pra acreditar também quando recebi, em casa, uma semana depois do telegrama, pelo correio, uma caixa de mais ou menos 50 cm x 50 cm x 50 cm recheada com os prêmios abaixo:
        
1.       Relógio Omega Seamaster; o mesmo usado por James Bond;
2.       Aparelho de Telefone Celular Ericson;
3.       Coleção VHS com os 17 filmes oficiais 007  (naquele ano) mais 2 Bonus.
4.       Maleta Samsonite 007 Tomorrow Never Dies;
5.       Miniatura BMW;
6.       Miniatura Moto BMW;
7.       Mini calculadora 007 e outros badulaques;
8.       Jaqueta 007 Tomorrow Never Dies;
9.       Boné 007 Tomorrow Never Dies; 
10.      10 Bottoms 007 Tomorrow Never Dies;

         O segundo colocado ganhou todos os acima, MENOS, o relógio; o terceiro ganhou todos MENOS o relógio, MENOS o celular, e assim por diante.

         E eu, além dos prêmios, a imensa satisfação deste sucesso particular, que guardarei para toda a vida.
         E olha que eu não bebo Martini, nem batido, muito menos misturado.

Um comentário:

  1. Esse kit do 007 e realmente demais,mas acho que hoje muitos não dariam o devido valor. A elegancia do 'shaken not stirred' perdeu lugar no cinema para pseudos herois anabolizados que sao esquecidos apos poucas horas. Quanto ao relogio, confesso que e o modelo mais bonito da Omega, que combina o estilo e a esportividade do 007. Ja foram vistos Breitling e Rolex nos pulsos de diferentes 007s, mas o Seamaster e o que ligou definitivamente o heroi ao relogio. Que fique em seu pulso por longos e longos anos. E parabens pelo mimo.

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