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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Virose o KCT!!!

Se você tem filho, é muito provável que tenha ficado com vontade de dizer a frase acima (*), naquela situação em que você o entregou, fraco, febril, debilitado, a um médico de plantão, geralmente mais novo que você, quase imberbe, que, depois de uma análise clínica, te entrega a criança de volta, sem nenhuma recomendação, e diz:
É uma virose!!

(*) com o nome das letras por extenso, formando uma trissílaba paroxítona)


Sai pra lá!!!

O que me lembrou esse impropério do título (desculpem-me!) que realmente pensei várias vezes em proferir, não o tendo feito por educação, limitando-me a um olhar #47 na direção do dito cujo, foi uma entrevista de um infectologista da USP, Gustavo Johansonn, que ele deu à BandNews FM. Entrevista, aliás, que eu ouvi DUAS vezes, a segunda delas, de madrugada, quando ia buscar Renata no Galeão. Achei que era um sinal, e resolvi escrever.

Nela, ele explica que uma série de doenças benignas são causadas por viroses, realmente, que vão embora praticamente como vieram, sem que nada possa ser feito pelo médico. Fala sobre cuidados que se deve ter, ao tocar maçanetas, telefones, dinheiro e logo depois coçar boca, nariz, olhos; recomenda que não se fique por tempo prolongado juntamente a outros seres humanos em locais publicos, enfim, uma boa aula do que não se fazer. Notaram que esses ambientes e comportamentos descritos realmente fazem com que nossas crianças, que deixam prematuramente o convívio da casa, nessa vida moderna, sejam vítimas naturais das viroses!!

E ele começa a entrevista dizendo:

Quando o médico declara que se trata de uma virose, NÃO É NECESSARIAMENTE que ele não saiba o motivo dos sintomas e saiu com uma resposta evasiva.

Portanto, DE VEZ EM QUANDO, eles realmente NÃO SABEM com o que estão lidando e soltam o diagnótico virótico que tanto nos irrita!!! Portanto, merecem a pouco educada declaração do título!

E tenho dito!



Homerix Viroticamente Irritado Ventura

14 comentários:

  1. Verdade, Homero, concordo com tudo o que disse e me solidarizo. Lógico que já passei por situação semelhante, de ouvir um médico dizer que estava com uma virose e perceber que ele não tinha a menor ideia do que se tratava. Mas também fico pensando na posição do médico. Imagino a ansiedade que não deve rolar no momento imediatamente anterior à entrada, no consultório, do próximo paciente e a inexorável pergunta: "Saberei do que se trata"? Quantas dezenas de doenças não devem ter sintomas semelhantes? Quantas não devem "ir embora" da mesma forma como vieram? Quais precisam de intervenção médica e quais não precisam? E, tão importante quanto, qual a expectativa do paciente? Eu, por exemplo, prefiro não ter nada e não precisar de remédio algum. Outros preferem ouvir que tem algo e sair com a receita de um "remedinho". O médico também tem que pagar o "leite das crianças" e sabe que tem concorrência (outros médicos, também com contas a pagar, dispostos a agradar seus pacientes). Na verdade, muitas vezes, esperamos encontrar deuses nos consultorios e não pessoas com estudo em medicina.

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    1. É mesmo Renato. Uma recomendação de leitura que descreve em mais detalhes o que você falou é "Todo paciente tem uma história para contar" de Lisa Sanders.

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  2. Concordo com você...mesmo porque sou mãe e acredite, já ouvi isso inúmeras vezes e sim, já soltei esse impropério!!..rs, quando o assunto são meus filhos, esqueço que sou uma dama!

    Inté!

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  3. Aqui em casa ,dizem que eu me acho medica..mas tb ja senti isso,qdo levo meus netos ..e eles examinam ..e dizem ahh deve ser uma virose....vamos aguardar..
    sempre saio insatisfeita afinal pode mesmo nao ser nada..mas pode ser tb algo grave...então melhor do que proferir ...impropéries...entregar nas mãos de DEUS!!
    ABRAÇOS PRA VC
    Grande Homerix!!!

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  4. No Brasil,lamentavelmente, os médicos realmente não são preparados adequadamente...infelizmente, sabemos disso. Por isso que temos que confiar que estamos guardados por Deus, onde na sua palavra esta escrito: Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da Peste perniciosa...Salmo 91:3 e ainda: O SENHOR afastará de ti toda enfermidade, sobre ti não porá nenhuma das doenças malignas dos egipcíos que bem sabes... Deuteronômio 7:15, entre tantos outros textos . Uma curiosidade...sabia que esta escrito "Não temas" 365 vezes em toda a bíblia?? Bjkas Flavia Leal

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  5. Tem uma outra que, mesmo que eu compreenda, é bem mais angustiante. É quando a criança começa a ter febre, vc leva ao médico e ele diz que temos que esperar mais alguns dias para saber o que é que está causando a febre e, aí sim, combate-la de forma mais eficaz.

    Entendo que se ainda não temos uma garganta ou ouvido inflamado de forma visível, ou qualquer outra indicação detectável, não dá mesmo para saber o motivo da febre. Mas que é angustiante, isso é.

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  6. Não sou médico mas, como filho de pai e mãe médicos, acho que posso falar com alguma propriedade sobre o tema.
    Quando um médico examina um paciente e se depara com um quadro infeccioso, vai tentando ver em qual tipo de doença se encaixa para dar o diagnóstico.
    Pode ser um infecção por algum tipo de bactéria ou por virus.
    Os virus mais comuns são os do resfriado e da gripe, que podem provocar dor de garganta, febre, coriza, um pouco de dor de cabeça, etc.
    Tem virus da hepatite, do herpes, da AIDS, etc., cada um provocando um série de sintomas específicos.
    Mas o que é um vírus?
    É um fragmento encapsulado de DNA ou de RNA capaz de se reproduzir utilizando-se das estruturas das células que infectam.
    E como surgem os virus? Não sei, mas acredito que possam surgir de várias formas. Talvez a forma mais comum seja a partir de células de qualquer ser vivo que sejam "quebradas" de alguma maneira (mecanicamente, quimicamente, biologicamente, por mutação, por radiação, etc.) e um pedaço do DNA ou do RNA escapa, infecta uma célula viva, se reproduz e produz uma cápsula de proteina que o envolve, protege e lhe cria um canal para penetrar em outras células.
    Assim, todo dia podem estar surgindo milhões de novos virus. Alguns podem ser inócuos. Alguns podem infectar apenas plantas. Outros apenas animais. Outros, ainda, só seres unicelulares. Alguns infectam aves e mamíferos, dentre os quais o homem.
    Alguns vírus sofrem mutações e, se antes só infectavam porcos passam a infectar gente.
    É por isso que a gente fica gripado mesmo tendo tomado a vacina contra a gripe: Quem é vacinado está protegido contra os vírus conhecidos até o ano anterior, mas não contra novas cepas (mutações).
    Assim, é grande a probabilidade de sermos infectados por algum tipo novo de virus que provoque reações e sintomas diferentes de toda doença já catalogada anteriormente. Nesse caso o médico pode concluir que é uma infecção viral mas não há como identificar qual o vírus.
    Semana passada meu pai ficou doente. Ele é um médico experiente (formado há 57 anos!), professor da UFRJ durante muitos anos e apesar da idade ainda clinica.
    Pois mesmo com toda sua experiência não conseguiu diagnosticar com certeza o que tinha. Havia uma suspeita de dengue mas, além dos sintomas da dengue também havia um quadro de desarranjo intestinal com muita cólica e a febre não era muito alta.
    Ele já está OK mas só quando receber o resultado do exame de sangue saberá se realmente foi dengue ou uma virose desconhecida que lhe atacou o sistema digestivo.
    Conclusão: virose existe sim, pelo simples fato de ser impossível conhecer todos os virus já que novos vírus surgem todo dia.
    Um último lembrete: medicina não é ciência exata.

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    1. Em minha casa ficaram doentes, em sequência, meu filho de 2 anos, minha esposa e minha filha de 9 anos (apesar de minhas recomendações: lavar as mãos com frequência, não tocar a boca, o nariz e os olhos e não compartilhar utensílios). Os sintomas eram vômito e diarreia e no caso do bebê um pouco de tosse e sinusite, mas sem febre. Conclui que se tratava de uma virose, assim como os médicos. O curioso disso tudo é que minha filha foi a que sofreu menos, pois se tratou em casa mesmo a base de soro caseiro. Quanto a mim, não tive nada. Menos mal.

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  7. Também concordo que a formação dos médicos hoje é pior do que na época em que meu pai se formou.
    Hoje quase todos são especialistas. Há carência de clínicos gerais, profissionais que dediquem tempo e atenção para examinar cada paciente. A maioria nem toca o paciente.
    Como têm que sobreviver, quase todos atendem a planos de saúde que pagam por uma consulta 20% do valor de uma consulta particular. Para compensar, reduzem o tempo de atendimento, atendendo 5 pacientes por hora em vez de 2. Nem examinam: pedem para a gente fazer exames, o que gera uma nova consulta e lucros enormes para os laboratórios.
    Os novos médicos não examinam os pacientes. Examinam exames!

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  8. Achei interessantes estes artigos sobre o tema e podem ajudar a entender.
    http://revistavivasaude.uol.com.br/Edicoes/70/artigo124616-1.asp

    http://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADrus#A_origem_dos_v.C3.ADrus

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  9. Graças a um médico antigo, cerca de setenta anos de idade, não tive problemas maiores de saúde.
    Fui a ele indicado pelo periódico da Braspetro.
    Ele pediu um exame que foi contestado pelo médico da Petrobras/Braspetro e, então, não fiz o tal exame.
    Um ano depois, esse médico setentão ligou para mim dando a maior bronca e, então, resolvi fazer o exame por minha conta.
    Resultado do exame indicou início de uma doença grave que, Graças a Deus e a esse médico dos antigos, fui tratado no momento certo.
    Hoje quando pagamos uma consulta de R$ 200,00, normalmente é para conseguir um pedido de hemograma e isto eu já faço por minha conta. Fica mais barato.
    Se aparecer alguma coisa fora dos parâmetros, ai sim, vou ao médico para ele ver os exames e indicar tratamento.

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  10. Homerix,

    Faço coro com a sua indignação. Esse tipo de "diagnóstico" é análogo ao do pessoal das empresas de petróleo, quando na falta de explicação convincente para justificar determinado investimento, costuma dizer que é "estratégico".

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  11. Como bióloga, achei melhor esclarecer umas coisas:

    Não se sabe ainda nem como, nem quando os vírus surgiram. Devido a falta de fósseis de vírus, é impossível datar seu surgimento, e não há evidência alguma de surgimento de vírus a partir da quebra de células. Oq acontece com alguns tipos virais é a replicação do material genético dentro de uma célula hospedeira e a posterior lise ("quebra") dessa célula, e liberação das novas partículas virais. Mas isso não é o surgimento do vírus, é apenas sua reprodução.
    As novas viroses, na verdade são originadas de mutações de virus já existentes.
    Essas mutações podem gerar tanto novas cepas (vírus com características bem parecidas ao originário, só com algumas pequenas diferenças, que geram vírus "irreconhecíveis" ao nosso sistema imunológico, mesmo quando já fomos vacinados para aquela virose- caso do vírus da gripe, por exemplo) ou novas espécies virais, como oq aconteceu com o vírus do HIV, que acredita-se que tenha sido gerado a partir de diversas mutações nos vírus SIV, (que infectam macacos)dando-os a capacidade de infectar células humanas.

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  12. Devemos também observar que em muitos casos as doenças são viroses mesmo e que tais doenças não devem ser tratadas com antibióticos, já que o uso indiscriminado deles pode causar a resistência de muitas bactérias. E realmente é que vem acontecendo com algumas bactérias que já são resistentes a todos os antibióticos existentes, para confirmação procurem pela proteína NDM1 (http://blog.kanitz.com.br/2012/05/um-mundo-sem-antibi%C3%B3ticos-em-breve.html) que confere a esses micro-organismos essa resistência.
    Muito embora não tenhamos muito o que fazer na área de saúde humana, já que os antibióticos são usados em escala maior na pecuária, principalmente no gado criado em confinamento (referência no livro "O Dilema do Onívoro" de Michael Pollan).
    Infelizmente o futuro nessa área não é muito promissor.

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