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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Solução Urbana Espetacular

Em "Aonde o Vento Faz a Curva", neste link, 
eu mostrei 
Aonde o Vento Faz a Curva. 

Aqui, eu proponho uma teoria para o Vento querer Fazer a Curva ali, na esquina da Lavradio com a República do Chile, na minha querida cidade do Rio de Janeiro!!!

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O fato é que ali venta pra dedéu! Tenho cá minha teoria de que o vento é parte do protesto da natureza contra a acão do homem, que tirou um morro inteiro dali, e agora incomoda com as armas que tem, aproveitando um espaço novo, outrora não existente; se bem que não deve estar tão brava assim, pois se estivesse mesmo, mandava uns terremotozinhos de leve, de 4 ou 5 graus na Escala Richter. E talvez assim não seja, pois reconhece que a mão do homem acabou proporcionando uma espetacular solução viária e urbana.

Pois é, poucos cariocas sabem que aquilo ali era um morro no final da década de 1950, o Morro de Santo Antônio. Mais especificamente, poucos petroleiros sabem que a sua pomposa Sede, aquele magnífico edifício cheio de buracos (ainda hoje uma maravilha arquitetônica, 40 anos depois de sua concepção), só está ali, pois o governador Lacerda decidiu mexer com a natureza, em prol da otimização do espaço urbano. Não sei se foi dele a idéia, mas foi ele quem a materializou.

E olha que foi uma boa idéia, os naturebas que me desculpem. Tirando aquela terra e rocha toda dali, ele criou imensa área urbana, no centro da cidade, onde ora estão, não só a Petrobras, mas os outros dois vértices do outrora conhecido como  Triângulo das Bermudas (em sua versão econômica), por onde desaparecia o dinheiro brasileiro (maldade!), o BNDES e o antigo BNH, também a moderna e nova Catedral da cidade, belíssima, (por dentro, é de cair o queixo!) completando um Quadrado Mágico de respeito, um CIEP e  três modernos edifícios comerciais.

Melhor que isso, entretanto, inventou duas avenidas ‘republicanas’, a do Chile e a do Paraguai, que equacionaram, como mágica, o trânsito da região. Vocês podem imaginar como seria, hoje, o trânsito, se tivéssemos um morro pitorescamente colocado ali? Dele, deixaram apenas a elevação onde se encontra o Convento de Santo Antônio. Deve ter sido esta a condição que o Santo impôs ao Governador, na época da negociação: tudo bem, mas não desapropria minha casa!


O Aterro e o Aeroporto
E pra onde foi aquela terra toda, caríssimos e pouco curiosos vizinhos cariocas? Nunca notaram que a arquitetura daquela região do Centro, com prédios de arquitetura arrojada, é deveras destoante de tudo o que a circunda, com prédios velhos e carcomidos? E também nunca se perguntaram por que aquela magnífica via expressa que muitos usam todos os dias a caminho do trabalho, margeando a enseada de Botafogo, depois a Praia do Flamengo, depois a Praia do Russel, distraindo-se com a estonteante visão do Pão de Açúcar, chama-se ‘Aterro’? Pois é, aquela massa toda do finado Morro de Santo Antônio está lá, roubando um pouco do espaço marinho, mas proporcionando uma espetacular solução viária, viabilizando o trânsito de uma maneira definitiva. Para completar a maravilha, o genial paisagista Burle Marx, plantou aqueles magníficos jardins que fazem a festa da visão e dos fins-de-semana dos que querem escapar um pouco da selva de pedra, curtindo um pouco de natureza. 
A idéia, apesar de genial, não é original. A solução de aplainar morros criando áreas urbanas é utilizada há séculos, e já havia acontecido na nossa amada, querida e maravilhosa Rio de Janeiro. No começo do século passado, a região do Centro hoje conhecida como Castelo, na verdade, era o Morro do Castelo, que hoje sumiu do mapa, foi usada na década de 20 para criar espaço para parques e avenidas, e parte dele vem fazendo a festa dos usuários da ponte-aérea, que não precisam se deslocar até o cafundó do Judas, e utilizam o charmosíssimo e estrategicamente posicionado Aeroporto Santos Dumont.

Aos que sabiam disso tudo, que me desculpem a ironia aplicada, mas tenho certeza da grande maioria ignorante (porque ignoram o fato). Desde que eu descobri essas coisas, comentei com algumas dezenas de colegas cariocas, e a proporção foi de 1 pra 10. A favor do desconhecimento!!!

Se eu estiver enganado, que me provem, que dou a mão à palmatória!

Nossa! Palmatória? O que é isso? Isso é do tempo do Morro do Castelo!

4 comentários:

  1. Não sei exatamente o percentual de sabedores de tudo isso. Eu sabia, e digo mais: há um pedaço do morro do castelo preservado até hoje. É a Ladeira da Misericórdia, que sai do largo do mesmo nome, junto à igreja de N.S. do Bonsucesso, ali entre o Museu Histórico Nacional e o Museu da Imagem e do Som.

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  2. Caro anonimo, o interessante dessa ladeira que ela não leva a lugar algum...

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  3. Rsrs...Belíssimo texto, Homero ! Com humor na conta certa você contou um pouco da conturbada história arquitetônica da nossa cidade. Citou locais que gosto muito e frequento...rs...A rua do Lavradio é um deles; sempre que posso almoço por ali; minha agència é próxima.Conheci a história do Morro do Castelo estudando Història e ouvindo os relatos de pais e avós; onde hoje é o Largo da Carioca era o chamado " Tabuleiro da Baiana ", terminal dos bondes no centro da cidade. A Ladeira da Misericórdia fica pertinho da Santa Casa da MIsericórdia. Você já foi na Ladeira do Sal, lá pelas bandas da Praça Mauá ? É um Rio do século XIX... Adorei o seu texto ! Muito bem escrito, solto, com humor e ainda propiciando conhecimento da nossa cidadae ! Parabéns !

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  4. Grande Homero (O Historiador)

    Não sei em que escala estou.
    Conhecia parte dessa história mas não em detalhes.

    Itamar

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