-

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Na EuroCopa e na EuroVida, Alemanha x Grécia,

Na Eurocopa 2012, 
uma das quartas de final será Alemanha x Grécia!!

Revivo, então, um debate que publiquei há uns meses!
Que ainda está bem atual, face à crise, que perdura...
____________________________________

Na revista Stern, um embate interessante...
1. Primeiro, foi uma carta de um alemão chamado Walter!

Depois de a Alemanha ter tido de salvar os bancos, agora tem de salvar também a Grécia
Os gregos, que primeiros fizeram alquimias com o euro, agora, em vez de fazerem economias, fazem greves
Caros gregos,
    Desde 1981, pertencemos à mesma família. Nós, os alemães, contribuímos como ninguém mais para um Fundo comum, com mais de 200 mil milhões de euros, enquanto a Grécia recebeu cerca de 100 mil milhões dessa verba, ou seja a maior parcela per capita do que qualquer outro povo da U.E.
    Nunca nenhum povo até agora ajudou tanto outro povo e durante tanto tempo. Vocês são, sinceramente, os amigos mais caros que nós temos. O caso é que não só se enganam a vocês mesmos, como nos enganam a nós.    No essencial, vocês nunca mostraram ser merecedores do nosso Euro. Desde sua incorporação como moeda da Grécia, nunca conseguiram, até agora, cumprir os critérios de estabilidade. Dentro da U.E., são o povo que mais gasta em bens de consumo.
    Vocês descobriram a democracia, por isso devem saber que se governa através da vontade do povo, que é, no fundo, quem tem a responsabilidade.
    Não digam, por isso, que só os políticos têm a responsabilidade do desastre. Ninguém vos obrigou a durante anos fugir aos impostos, a opor-se a qualquer política coerente para reduzir os gastos públicos e ninguém vos obrigou a eleger os governantes que têm tido e têm.    Os gregos foram quem nos mostrou o caminho da Democracia, da Filosofia e dos primeiros conhecimentos da Economia Nacional.
    Mas, agora, mostram-nos um caminho errado. E chegaram onde chegaram, não vão mais adiante!

2. A resposta de um grego, chamado Georgios



Caro Walter,
    Chamo-me Georgios Psomás. Sou funcionário público e não “empregado público” como, depreciativamente, como insulto, se referem a nós os meus compatriotas e os teus compatriotas.
    O meu salário é de 1.000 euros. Por mês, hem!... não vás pensar que por dia, como te querem fazer crer no teu País. Repara que ganho um número que nem sequer é inferior em 1.000 euros ao teu, que é de vários milhares.
    Desde 1981, tens razão, estamos na mesma família. Só que nós vos concedemos, em exclusividade, um montão de privilégios, como serem os principais fornecedores do povo grego de tecnologia, armas, infraestruturas (duas autoestradas e dois aeroportos internacionais), telecomunicações, produtos de consumo, automóveis, etc.. Se me esqueço de alguma coisa, desculpa. Chamo-te a atenção para o facto de sermos, dentro da U.E., os maiores importadores de produtos de consumo que são fabricados nas fábricas alemãs.
    A verdade é que não responsabilizamos apenas os nossos políticos pelo desastre da Grécia. Para ele contribuíram muito algumas grandes empresas alemãs, as que pagaram enormes “comissões” aos nossos políticos para terem contratos, para nos venderem de tudo e uns quantos submarinos fora de uso, que postos no mar, continuam tombados de costas para o ar.
    Sei que ainda não dás crédito ao que te escrevo. Tem paciência, espera, lê toda a carta e se não conseguir convencer-te, autorizo-te a que me expulses da Eurozona, esse lugar de VERDADE, de PROSPERIDADE, da JUSTIÇA e do CORRETO.
    Estimado Walter, Passou mais de meio século desde que a 2ª Guerra Mundial terminou. QUER DIZER MAIS DE 50 ANOS desde a época em que a Alemanha deveria ter saldado as suas obrigações para com a Grécia. Estas dívidas, QUE SÓ A ALEMANHA até agora resiste a saldar com a Grécia (Bulgária e Roménia cumpriram, ao pagar as indenizações estipuladas), e que consistem em:
1. Uma dívida de 80 milhões de marcos alemães por indenizações, que ficou por pagar da 1ª Guerra Mundial;
2. Dívidas por diferenças de clearing, no período entre-guerras, que ascendem hoje a 593.873.000 dólares EUA.
3. Os empréstimos em obrigações que contraíu o III Reich em nome da Grécia, na ocupação alemã, que ascendem a 3,5 mil milhões de dólares durante todo o período de ocupação.
4. As reparações que deve a Alemanha à Grécia, pelas confiscações, perseguições, execuções e destruições de povoados inteiros, estradas, pontes, linhas férreas, portos, produto do III Reich, e que, segundo o determinado pelos tribunais aliados, ascende a 7,1 mil milhões de dólares, dos quais a Grécia não viu sequer uma nota.
5. As imensuráveis reparações da Alemanha pela morte de 1.125.960 gregos (38,960 executados, 12 mil mortos como dano colateral, 70 mil mortos em combate, 105 mil mortos em campos de concentração na Alemanha, 600 mil mortos de fome, etc., et. 6. A
 tremenda e imensurável ofensa moral provocada ao povo grego e aos ideais humanísticos da cultura grega.
    Amigo Walter, sei que não te deve agradar nada o que escrevo. Lamento-o. Mas mais me magoa o que a Alemanha quer fazer comigo e com os meus compatriotas.
    Amigo Walter: na Grécia laboram 130 empresas alemãs, entre as quais se incluem todos os colossos da indústria do teu País, as que têm lucros anuais de 6,5 mil milhões de euros. Muito em breve, se as coisas continuarem assim, não poderei comprar mais produtos alemães porque cada vez tenho menos dinheiro. Eu e os meus compatriotas crescemos sempre com privações, vamos aguentar, não tenhas problema. Podemos viver sem BMW, sem Mercedes, sem Opel, sem Skoda. Deixaremos de comprar produtos do Lidl, do Praktiker, da IKEA.
    Mas vocês, Walter, como se vão arranjar com os desempregados que esta situação criará, que por ai os vai obrigar a baixar o seu nível de vida, perder os seus carros de luxo, as suas férias no estrangeiro, as suas excursões sexuais à Tailândia?
    Vocês (alemães, suecos, holandeses, e restantes “compatriotas” da Eurozona) pretendem que saiamos da Europa, da Eurozona e não sei mais de onde.
    Creio firmemente que devemos fazê-lo, para nos salvarmos de uma União que é um bando de especuladores financeiros, uma equipa em que jogamos se consumirmos os produtos que vocês oferecem: empréstimos, bens industriais, bens de consumo, obras faraónicas, etc.
    E, finalmente, Walter, devemos “acertar” um outro ponto importante, já que vocês também disso são devedores da Grécia: EXIGIMOS QUE NOS DEVOLVAM A CIVILIZAÇÃO QUE NOS ROUBARAM!
    Queremos de volta à Grécia as imortais obras dos nossos antepassados, que estão guardadas nos museus de Berlim, de Munique, de Paris, de Roma e de Londres.
    E EXIJO QUE SEJA AGORA! Já que posso morrer de fome, quero morrer ao lado das obras dos meus antepassados.
_______________________________________
E nós aqui doutro lado, o que achamos disso!!
Quem ganhou o embate?
  1. O Alemão
  2. O Grego
  3. Os Dois
  4. Nenhum Dos Dois


Homerixen Von Venturapoulos

5 comentários:

  1. Na realidade, o alemão foi racional e se refere ao presente. O grego foi sentimental e se refere ao passado. Ambos têm razão, mas o fato de hoje é que: ou todos trabalham direito ou a coisa degringola. Alguns governos irresponsáveis (não só na Europa) acham que podem gastar mais do que arrecadam, mas chega uma hora em que a conta tem que ser paga. Essa hora chegou para os gregos, italianos, portugueses e também para os espanhois que estão fingindo que não sabem de nada. Ninguém tem dúvidas de que o ajuste será dolorido, mas tem que ser feito. Para os inconformados, sugiro se lembrarem de como foi bom enquanto durou...

    ResponderExcluir
  2. O grego se refere sim ao presente. Sem, descuidar do passado, e o passado tem que ser reparado e entendido tb. Presente: a alemnha é tipo EUA, um país que explora os outros via seu governo e suas megaempresas que se sustentam na base da propina e até mesmo do roubo. Se os gregos, que não tem indústria, pararem de comprar da Alemanha, esta terá muita quebradeira, com certeza. Passado: a Alemanha tem dívidas não pagas com a Grécia e com outras nações, além de ter roubado e ainda roubar obras raras gregas e de outras regiçoes do mundo, para depois expor a turistas por preços exorbitantes. Afinal, tirem os turistas da europa e essa quebra de vez, com certeza.

    ResponderExcluir
  3. Caro Homero,

    Conhecendo a situação como poucos, afinal, vivo em Portugal e os meus estudos favoritos incluem a História e a Economia, sei que o grego está mais perto da verdade do que o alemão.
    No caso português, os partidos que tomaram conta dessa nação depois do 25 de Abril foram todos financiados por dinheiro alemão, e os portugueses não pediram para entrar na então CEE, e desde então nunca foram consultados acerca das medidas impostas por este órgão totalitário.
    Enviaram dinheiro para Portugal, ou melhor, para o seus políticos corruptos apoiados por dinheiros das corporações alemãs, em trocado desmantelamento da economia nacional, acabando com a indústria pesada, com a agricultura e com o sector naval, incluindo as pescas.
    Em troca, abriram o mercado dos têxteis. Entretanto, pouco tempo depois a União Europeia, onde a Alemanha tem o peso que tem, abriu o mercado dos tecidos para a China e para a Índia, conseguindo em troca abrir esses mercados para as corporações alemãs.
    Ao impõr o euro ao continente, mais tarde, se acordou nos chamados critérios de Maastricht para manter a disciplina fiscal. E o que aconteceu depois? Os critérios foram jogados no lixo por pressão da França e com a anuência da Alemanha.
    A partir daí foi a farra fiscal, e o rsultado está aí. Entretanto, as corporações alemãs ganharam muito com o consumismo induzido pelas taxas de juro artificialmente baixas do BCE.
    Não é por acaso que Margareth Thatcher foi contra a reunificação alemã, e também não foi por acaso que caiu, traída pelo próprio partido (imagine de onde veio o dinheiro para subornar a rapaziada...), o que permitiu que o Tratado de Maastricht, o primeiro grande golpe contra as soberanias das nações europeias, fosse aprovado pelo cãozinho do John Major.
    Enfim, diz um dos comentários que a História não interessa. Isso é uma visão infantil. Para se entender o que se passa na Europa, somos obrigados a recorrer à História.
    Darei um exemplo do tipo de coisas que uma pessoa deve conhecer para opinar sobre esse assunto:

    http://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&ved=0CC8QFjAC&url=http%3A%2F%2Fwww.silentmajority.co.uk%2FEUrorealist%2Freports%2Fwordfiles%2FGERMANY%2527S%2520FOUR%2520REICHS%2520by%2520Harry%2520BECKHOUGH.doc&ei=R8gAT9egB83m-gaMzuGHAw&usg=AFQjCNFnQHAojC3udvmA8IB7-enTOpGlRQ

    Um grande abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A Alemanha não passa de um "Mau samaritano"!

      Vejam que até hoje eles não cumpriram a obrigação de abrir mão da parte estatal da empresa Volkswagen.

      Excluir
  4. Sigo acreditando que a situação de um país é sempre devida a seu povo. É o povo que elege e destitui seus governantes, seus políticos. E são os políticos que decidem, que legislam, enfim, que dirigem o país. Mas culpar terceiros é muito mais cômodo.
    Se você contrata um motorista sabidamente "barbeiro" e ele bate o carro, de quem é a culpa: dele, de quem mais estava na batida ou sua que o contratou?
    Olhando para o Brasil, nós elegemos Sarney e Collor para o senado, Maluf para deputado federal. Será que esperar comportamento ético, honesto e voltado única e exclusivamente para o bem estar do povo e do país seria inteligente? Elegemos até o palhaço Tiririca!

    ResponderExcluir